Elizabeth Brown não se considerava especial

Ela estava sentada na cama, ouvindo Oasis no último volume e lendo Orgulho e Preconceito.

Não se achava bonita

O cabelo loiro escuro, tão sem graça quanto ela, como Elizabeth dizia, estava preso num rabo de cavalo mal feito, com uma mecha de cabelo que Lizzie precisava colocar atrás da orelha a cada cinco minutos. Os olhos azuis prestavam tanta atenção ao texto que ela nem percebeu que um de seus irmãos a esperava na porta de seu quarto.

Mas era alguém gentil

Ela só percebeu que o garoto estava na porta quando ele jogou um pano em seu colo. Ela tirou o fone, sorrindo docemente para o irmão:

- Ah, oi Jake. Não vi você aí. O que foi?

Ele deu uma risada.

- Olha, você não tem algumas coisas para fazer antes de ir visitar a mamãe?

Elizabeth olhou no relógio em seu pulso, arregalando os olhos. Ela levantou da cama com um pulo, jogando o IPod e o livro no colchão. Correu até o armário, pegando um casaco e saindo correndo pela porta, sem antes dar um beijo na bochecha do irmão e o agradecer por lembra-lá dos compromissos.

E por mais que não quisesse acreditar, era amada.

Ela correu escada a baixo, desviando de todas as coisas largadas pelos degraus. Quando entrou na cozinha, viu mais dois de seus irmãos discutindo por um... Cookie?

- Escuta aqui Dean, EU vi o cookie primeiro. Então sou eu quem vai comer ele - o mais novo dos dois reclamou.

- Mas fui eu quem peguei primeiro, seu retardado. Além do mais, você já comeu um pacote de salgadinhos. Não pode estar com fome! - o moreno respondeu, com um tom entediado.

- Me desculpe se eu estou em fase de crescimento!

- Você tem 19 anos. Não pode estar em fase de crescimento.

- Ei! Sem brigas, ok? - Elizabeth disse, enquanto pegava um pacote - quando eu voltar preparo um prato de cookies para os dois, ok? 

Eles continuaram a discutir, ignorando a irmã. Ela apenas suspirou, enquanto se dirigia aos fundos da casa. Ela abriu a porta de um pequeno galpão, gritando:

- Papai? Eu vou visitar a mamãe, ok? Volto mais tarde.

Mas ela tinha um segredo.

Ela nem esperou a resposta do pai, saiu correndo novamente, em direção ao portão. Pegou sua bicicleta, colocando o pacote na cesta da bicicleta. Começou a pedalar, descendo morro a baixo. O vento batia em seu rosto e ela observava o sol se por. Virou a esquina, parando na primeira casa. Largou a bicicleta no jardim, andando até a porta da frente. Tocou a campainha, até uma mulher idosa aparecer.

- Boa Tarde Sra. Parker! Trouxe as geléias que a senhora encomendou.

- Ah Bethie, muito obrigado! Espero que estejam tão deliciosas como as ultimas – a mulher sorriu, entregando a Elizabeth o dinheiro.

- Então espero que goste. E Sra. Parker – a mulher olhou para Elizabeth – ninguém me chama de Bethie a muito tempo... É Lizzie agora.

A idosa fez uma expressão de surpresa, abrindo a boca e levanto as sobrancelhas levemente. Ela pediu desculpas, mas Lizzie apenas sorriu e foi embora. Pegou a bicicleta, voltando a pedalar. Andou por mais uma hora, até chegar ao hospital, St. Mungus. Prendeu a bicicleta num poste e entrou no recinto. As enfermeiras, já conhecidas pela menina, acenaram para Elizabeth, que deu seu doce sorriso habitual.

Entrou na área da UTI, indo para o quarto de sua mãe. Finalmente, chegou ao quarto 411. Ela estava abrindo a porta, quando ouviu uma barulheira no final do corredor. Elizabeth olhou para o lado, vendo uma confusão de médicos e uma mulher gritando. No meio da muvuca, ela conseguiu ver um corpo deitado em uma maca, indo em direção á área de cirurgias.

Uma mulher e um homem entraram logo depois da maca. A mulher estava gritando e o homem apenas tinha uma cara de profunda depressão. Eles se sentaram e logo um médico apareceu. A mulher se levantou, olhando de um modo desesperado para o médico. O mesmo apenas fez um sinal: balançou a cabeça negativamente. A mulher começou a chorar mais, e o homem a abraçou.

Elizabeth não havia percebido que tinha aberto um pouco a porta, só finalmente se ligou quando ouviu sua mãe dizer, com a voz extremamente fraca:

- Elizabeth? Querida, é você?

A menina parou de prestar atenção no casal que chorava, entrando no quarto da mãe. Lilá Brown estava deitada na cama, com uma aparência depressiva. Havia profundas olheiras roxas em volta de seus olhos, seu rosto estava pálido e não restava muito de seu cabelo.

Elizabeth sentiu um aperto no coração, o mesmo que sentia toda vez que olhava para a mãe. A loira deu uma ultima olhada no casal, que estava sentado, sendo confortados pelo médico. Depois se voltou para a mãe, deu o sorriso mais alegre que podia e disse:

-  Oi mamãe.