Highway To Glory escrita por ThequeenL


Capítulo 4
Quatro - Cato


Notas iniciais do capítulo

Gente desculpe por não ter postado nenhum capítulo sábado, é que eu tive prova à tarde e fiquei toda enrolada. Talvez hoje eu coloque dois capítulos, rs. :)



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Eu a beijei. Beijei-a quando devia tê-la machucado. Realmente não sei o que deu em mim, se já tinha planejado tudo desde o momento em que ela resolveu me confrontar na frente de todos e me dar as costas: Eu iria dizer aos outros para irem na frente enquanto lhe dava cobertura , e assim que Clove retornasse eu iria repreendê-la de alguma forma. Talvez com gritos, um corte ou um soco, mas não com um beijo. Tive vontade de esmagá-la quando ela me humilhou, mas ao tê-la entre meus braços, olhando fundo nos meus olhos, eu simplesmente não o fiz, algum tipo de entorpecente tomou conta do meu cérebro e me mandou beijá-la. Fiquei por um tempo pressionando-a com força e ela inesperadamente colocou os braços no meu pescoço, cedendo ao meu contato repentino. E eu ergui Clove no ar, puxando-a para mais perto ao invés de repeli-la. Estávamos ambos desarmados. Não sei por quanto tempo ficamos assim, até que recuperei o controle do meu corpo e a soltei de imediato. Ela caiu no chão com um baque e olhou para mim completamente desnorteada. Eu não sabia explicar o que tinha acabado de acontecer, mas tampouco poderia deixar que ela soubesse disso. Então esbocei minha melhor cara de sagaz e fitei-a por cima. Ela pareceu recobrar os sentidos e começou a gritar comigo.

“O que você pensa que estava fazendo, seu verme?”

“O que você pensa que eu estava fazendo? Essa é a minha vingança”

“Tem razão, nenhuma punição seria maior do que ficar tão próxima assim de você, seu idiota gigante. Ai! Acho que destronquei o tornozelo com essa queda” Disse ela enquanto avaliava o inchaço do lugar, que mesmo à pouca luz dava para ser percebido. Agachei-me ao lado dela e busquei por seus olhos enquanto forçava minha mente a me obedecer.

“Da próxima vez que você fizer algum comentário irônico daquele tipo, um tornozelo destroncado será sua menor preocupação, estamos entendidos?”

Clove rosnou para mim igual um animal encurralado, e virou o rosto tentando parecer nobre. Ela sabe muito bem mascarar a dor, mas o lugar torcido já estava com o dobro do tamanho natural e eu não tinha outra escolha a não ser carregá-la de volta para o acampamento. Avancei para pegar seu braço, mas ela teve os reflexos rápidos e continuou no mesmo tom de voz indignado

“E essa agora? Vai tentar quebrar o que sobrou de mim? Lembre-se que sou do mesmo distrito que você, Cato!”

“Estou tentando te levar para a concentração, será que você poderia ser um pouco mais agradecida?”

“AH, você quer agradecimentos? Bem, vamos ver, obrigada por me arrastar pela floresta, me atacar do nada, me fazer cair em queda livre no chão e ficar debilitada. E não toque em mim de novo, eu prefiro ir rastejando até a cornucópia do que chegar lá sendo carregada por você! Vão pensar que aquela garota idiota quem me machucou.”

“Para mim é melhor ainda então. Será isso que falaremos para os outros, que a garota te puxou pelo pé e você caiu.”

“Mas o que...!? CATO ME PÕE NO CHÃO AGORA!” Ela se debatia cheia de ódio enquanto eu a erguia e levava em direção à campina. Clove puxou uma adaga de dentro do moletom, mas ela é tão leve que consigo segurá-la com apenas um braço, e com a mão livre seguro seu pulso e puxo-a para perto, colocando minha boca próxima a sua orelha para que só ela ouvisse meu sussurro

“Se você continuar arisca desse jeito eu vou ter que contar para todos sobre o beijo, e deixarei Glimmer mesma cuidar de você. Eles já estão olhando para cá então finge que você é uma garota normal e aproveita porque não é todo dia que um cara como eu se dispõe a carregar uma garota como você” Ela estremeceu ao ouvir a palavra ‘beijo’ e ficou muda, mas de cara fechada. Quando chegamos perto da fogueira coloquei-a sentada numa pedra e os outros tributos vieram rápidos.

“O que aconteceu com ela?” Perguntou Marvel enquanto reparava no tornozelo de Clove, que já estava do tamanho de uma bola de tênis e avermelhado. Clove me lançou um olhar de rapina e pude ouvir sua voz em minha mente alertando: “uma palavra sequer sobre o que acabou de acontecer e eu corto sua garganta enquanto você dorme, seu verme”

“ela caiu enquanto corria de volta para cá. Tinha um buraco no caminho e estava escuro demais, eu mesmo quase tropecei nele.”

“Não me lembro de ter visto nenhum buraco por aqui” Argumentou Glimmer, que estava claramente feliz por Clove ter machucado, mas não tão contente por ela ter chegado carregada por mim.

“Talvez você não estivesse olhando com atenção.” Retruquei impaciente.

“É verdade, tinha um buraco lá perto” Quem confirmou foi o Lover Boy, e eu e Clove levantamos as sobrancelhas surpresos. Porque ele estava nos acobertando? Será que ele tinha visto alguma coisa? Sabia que a gente devia ter matado ele desde o princípio.

Mesmo estando desconfiado sobre o comentário resolvi deixar para descobrir a razão dele no dia seguinte, precisava dormir bem se quisesse acordar amanhã com disposição. A cabana que Miela e Filos construíram não era nenhuma maravilha, mas dava para passar a noite. Como havia apenas seis sacos de dormir e éramos sete, ordenei que fosse feita a vigia alternada entre eu, Glimmer, Marvel, Clove e Miela, pois não confiava nos novatos para deixá-los na guarda por enquanto. Tiramos na sorte e a seqüência não podia ser pior: Clove, Eu, Marvel, Miela e Glimmer. Clove torceu o nariz para mim e foi mancando para a abertura da tenda, onde se sentou imóvel, mas bem acordada. Lá dentro eu arrumava tudo para a chegada do sono, que veio rápido.

Sonhei que estava na festa da vitória conversando com os outros ganhadores dos Jogos Vorazes e fãs da Capital, em um enorme salão. O presidente Snow apertou minha mão e me anunciou como o melhor Tributo de todos os tempos, e ordenou que todos dançassem em minha honra. Foi quando desceu pela escadaria uma garota baixa de olhos verdes e sardas no rosto com um vestido que a deixava bonita, mas destoada um pouco de sua natureza hostil. Ela parou diante de mim e estendeu a mão para que eu a guiasse pelo salão lotado, e assim o fiz. E depois de uma seqüência de músicas levantei-a do chão com facilidade e a beijei no meio de todos no salão. E o beijo era tão real que consegui sentir seus lábios tocando os meus. Abri os olhos e realmente estava sendo beijado... Por Glimmer.



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