Enchanted. escrita por Jones


Capítulo 3
2 AM, who do you love?




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I'll spend forever wondering if you knew: I was enchanted to meet you.

Draco não sabia que Tori era apelido para Astoria, a bela moça de vestido vermelho e cabelos negros que sorriu abobada até aparatar em casa.

Todas as vezes que se pegava pensando que beijara um completo estranho e que gostara do beijo, corava instantaneamente. Tudo o que conseguia pensar era que gostaria de beijá-lo novamente, que gostaria de vê-lo novamente... Estava se perguntando se ele também estava achando que a noite ganhara um brilho a mais. Se perguntaria para sempre se ele estava tão encantado quanto ela.

– Viu um passarinho verde, Tori? – Dafne perguntou para uma Astoria distraída.

– Anh? O que? – Astoria perguntou tirando a máscara dourada do rosto. – Só estou um pouco distraída.

– Você sumiu durante todo o baile! – Dafne reclamou, armando um enorme bico no rosto. – Nem tive chance de te apresentar o meu noivo, não que eu o tenha encontrado de qualquer maneira.

– Então pronto. – Astoria odiava quando a irmã assumia aquela personalidade mimada e irritante. – Sem contar que não estava morrendo para conhecer um rapaz que nem teve a decência de vir pedir sua mão em casamento.

– Os Malfoy são ocupados, Tori. – Dafne pronunciou a família do futuro noivo com um tom acima do esnobe. – De qualquer maneira, você vai acabar por conhecê-lo em breve.

– Espero que não. – Astoria disse sinceramente. – Espero que nossos pais desistam dessa ideia louca de séculos passados de te arranjarem um casamento. E que fique claro que se você concorda com isso, eu tenho todas as objeções possíveis.

– O que você quer? Se apaixonar, namorar e casar? – Ela riu de Astoria como se a ideia fosse absurda.

– É o que todas as pessoas nesse século fazem, Dafne. – Astoria disse exasperada. – É o que as pessoas normais fazem.

– Não. – Dafne falou lixando as unhas. – É o que as pessoas pobres, ordinárias, mestiças e trouxas fazem.

– Boa noite, Dafne. – Astoria disse, retirando-se da grande sala de estar da Mansão Greengrass.

Não podia dizer que odiava a irmã.

Eram apenas muito diferentes, na verdade opostas as definia melhor.

Se Astoria dissesse que não tinha nenhuma vaidade, estaria mentindo, mas sua irmã parecia só viver em função das vaidades, do nome e do luxo; enquanto ela se pudesse, se livraria até do sobrenome.

Principalmente do sobrenome.

O sobrenome era respeitado em qualquer parte do mundo, Greengrass estava mais para uma marca que para uma família e isso irritava Astoria até a raiz dos cabelos. Quando questionou sair de casa, conhecer o mundo, realizar os próprios sonhos, a resposta que recebera foi: e os negócios da família ficariam nas mãos de quem? Dafne?

Por mais que o casamento arranjado fosse uma opção que beneficiaria – em termos – a todos, a família Greengrass jamais confiaria todos os bens nas mãos de um Malfoy e é por isso que a Astoria, a filha caçula e ajuizada, cabiam os negócios da família. Até porque Dafne era mimada demais, deslumbrada demais, irresponsável demais; enfim, alguém que precisava de cuidados demais.

Como se Astoria tivesse culpa pela personalidade da irmã, ou pela inconveniência de a família do noivo ser apontada como indigna de confiança. Não tinha nada a ver com aquilo tudo.

Sempre que esse pensamento lhe passava pela cabeça, Astoria suspirava inconformada.

De repente se reencontrasse o rapaz loiro dos olhos tristes e beijo bom, o convenceria a fugir com ela. Fugir era uma solução shakespeariana para um amor impossível ou para um destino fadado a infeliz. Ela fugiria se tivesse um motivo. Se tivesse uma promessa de felicidade em algum lugar longe daquela mansão de paredes frias. Se ele a tirasse dali.

The lingering question kept me up, 2am: who do you love? I wonder 'till I'm wide awake.

– Onde você se meteu a noite inteira? – Lúcio perguntou, atirando as luvas em um elfo doméstico que recolhia as roupas que ele espalhava.

– Socializando, andando, como o senhor queria que eu fizesse. – Draco respondeu subindo as escadas. – Feliz?

Não deu tempo para o Sr. Malfoy responder, subiu as escadas rapidamente e fechou a porta, que foi aberta minutos depois.

– Agora não, mãe, quero ficar sozinho. – Draco disse de costas para a porta.

– Draco, onde você esteve? – Ela perguntou baixinho.
– Me divertindo para variar. – Draco virou-se para ela, com um sorriso nos lábios.

– Eu o vi beijando aquela moça. – Narcisa disse preocupada. – Quem era aquela moça?

– Não sei. – Draco respondeu sinceramente, fechando os olhos, e lembrando-se do rosto de Tori. Tinha um nome para suas fantasias até encontra-la novamente.

– Draco, e se a família da sua noiva o viu beijando uma desconhecida? – Narcisa perguntou alarmada. – Draco, nós temos um compromisso com aquela família.

– Não. – Draco disse levantando-se da cama. – Vocês têm um compromisso com os Greengrass, eu não tenho nada a ver com isso. Eu nunca disse que concordava em me casar com Dafne.

– Você não vai colocar tudo a perder por uma garota que você não sabe nem o nome. – Narcisa tentou controlar o tom de voz. – A família Greengrass não vai tolerar ser envergonhada por conta de uma aventura infantil.

– É o preço que se paga por acordos feitos sem o consentimento das partes envolvidas. – Draco sorriu cínico.

– Draco. – Narcisa colocou a mão esquerda na têmpora. – Não seja esse garoto mimado uma vez na vida.

– Mãe, não seja essa mulher irracional uma vez na vida. – Draco falou a empurrando para fora de seu quarto. – Não me prive de uma remota felicidade quando vocês já me trouxeram tanta infelicidade.

– Nós sempre te demos tudo o que você quis, Draco. – Narcisa falou duramente. – E agora você vai se casar com Dafne Greengrass que é o melhor partido da atualidade.

– Se você acha, então por que não se casa com ela? – Draco disse batendo a porta do quarto.

Trancou a porta com um feitiço simples.

Não deixaria que a preocupação de como escapar de um casamento – por causa de uma moça com quem conversara por uma hora. – perturbasse seu sono. Não hoje.

Na verdade, outra coisa perturbou seu sono: Tori.

Rolou na cama até duas da manhã, quando acordou definitivamente com a seguinte pergunta na cabeça: será que ela já estava apaixonada por alguém?

Andando de um lado para o outro no quarto, imaginou como seria encontrar sua casa, bater em sua porta apenas para dizer que também fora encantador conhece-la. Será que ela interpretaria como um gesto esquisito de um rapaz que a perseguiu, ou como algo romântico? Aliás, ele não fazia ideia de como ser romântico.

Quando estudava em Hogwarts, sempre tivera garotas oferecidas a disposição, nenhuma que valesse a pena se conquistar. Nunca fizera nenhum esforço.

Mas aquele sorriso fazia com que valesse a pena se esforçar, com que valesse a pena ser o mais romântico dos românticos, com que valesse a pena mudar. Ela parecia ser a mudança que ele precisava, ela traria o lado bom que ele nem sabia que existia nele.

Ela seria sua salvação.

Era verdade que estava muito diferente dos tempos de escola, engraçado como quase morrer e ser salvo pela pessoa que você mais odiava, te faz ver a vida com outros olhos. Por que se a situação fosse contrária, o Draco da época o deixaria morrer.

Odiou Harry por ser boa pessoa por muito tempo, mas percebeu que esse ódio não era maior do que o que sentia por si mesmo. O ódio por não ter ficado e lutado quando a vida de muitas pessoas estava em jogo, quando as pessoas que o cara que salvou sua vida amava, estavam morrendo.

Mas a ideia de que uma pessoa boa talvez pudesse amá-lo, trazia nova esperança.

Talvez ela fosse mesmo sua última esperança de felicidade.


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