O Coração de um Caçador escrita por Joanna


Capítulo 29
A nova regra.




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Aquele pacificador permitiu que conversasse com Katniss! Permitiu que eu me despedisse! Ele deve trabalhar com isso há pouco tempo, já que foi tão piedoso. Ou a profissão de pacificador fora uma escolha errada. Mas isso não importa, se aquela pessoa permitiu o meu adeus, é tudo que eu preciso saber.

O entrevistador percebe que de mim não arrancará nada deveras interessante, e após um silêncio inquietante ao final da última resposta, ele aceita que não direi nada; Junta seu equipamento de filmagem e vai embora.

O pequeno relógio na estante indica que são onze horas. Antes mesmo que qualquer coisa, troco de roupa e pego minha mochila. Eu pensei mesmo que conseguiria passar um dia todo sem caçar?

Chego na floresta e repasso todas as respostas da entrevista. “Apenas tente não ser hostil” – A voz de Darius ecoa em meus ouvidos. - A única coisa que ele pediu para que evitasse, eu fiz. Mas não me arrependo. A última coisa que quero é que ficar fazendo poses e sorrindo para pessoas que não querem o bem de Catnip. Ela entenderia o que quero dizer.

Procurando por ovos de pássaros, eu encontro um tordo chocando seus ovos, aconchegado em seu ninho. Não consigo esquecer de Rue assobiando as notas para o pássaro, e tento repetir com um assobio. Quatro notas. De que ela está salva. O tordo devolve a melodia com simplicidade e cada nota passa por meus ouvidos como uma dose de esperança. Esperança em saber que mesmo depois de tudo isso, todos nós estaremos salvos.

Reviro a terra atrás de raízes e encho parte da bolsa. Colho nozes, frutas e ervas diversas e guardo em minha bolsa, e desço até o vale onde tem verduras.

Não fiz armadilhas na tarde passada, portanto preparo algumas arapucas grandes e pego meu arco e flecha. Silenciosamente cada passo é dado, com a flecha posicionada, ouvidos atentos e os olhos semicerrados, e acerto um coelho. Continuo caçando até pegar três coelhos e um esquilo. Guardo tudo e sento, recostado em uma pedra. Pela posição do sol, ainda tenho bastante tempo antes do anoitecer. Devem ter acabado de preparar a entrevista de Prim – um sorriso percorre meu rosto – ela é a salvação de Catnip. Quem não se apaixonaria por Prim, com seu jeito doce, o talento para cuidar de pessoas e animais, o motivo que fez Katniss ir ser hesitar para a arena?

Depois de um tempo, levanto e arrasto os olhos pela paisagem. Pouco tempo até o pôr-do-sol. Passo pelo pequeno cercado que construí em volta do campo de morangos e recolho alguns.

No final do dia, caminho até o Prego e vendo um coelho para Greasy Sae, junto com algumas verduras. O dinheiro guardo para o patrocínio e caminho em direção á padaria. O padeiro abre a porta e sorri. Com um saco enorme de farinha nas costas, ele joga o saco sem qualquer cuidado e sinto o barulho no chão. Ele está vermelho e suado, provavelmente trabalhando nisso o dia todo. Mas o rosto manchado de lágrimas não deve ser de tanto carregar peso. Vendo o esquilo a ele e pego três pequenos pães, em silêncio tomo o caminho de volta, e assim chego até a casa do prefeito. Pela porta dos fundos, uma figura loira abre a porta e sorri:

- Gale. Você não vem faz tempo.

- Eu passo aqui sempre que posso. E eu te escuto cantar – digo, com um sorriso travesso.

- Mentira! Eu não canto!

- Canta que eu vi, mentirosa. Canta mal pra caramba, mas canta.

- Há-há! Quem mandou você ficar ouvindo? – Com o rosto enrubescido e cara de brava, a filha do prefeito responde.

- Mal-educada também. Come um morango e para de ser chata. – Retiro um morango da bolsa e passo no seu rosto, manchando toda a pele de Madge. – Pronto.

- Idiota - Diz ela, sem segurar o riso.

Madge me entrega o dinheiro e volto para a Costura. Prim me entrega leite de cabra e queijo, assim que passo em sua casa. Entro em casa e retiro a carne da bolsa, faço uma refeição para todos e sentamos no sofá, como sempre. Posy foi para seu quarto com minha mãe, não posso culpá-la por não querer assistir.

Thresh está sentado na saída da caverna, olhando para o céu. Meia-noite. A contagem dos tributos mortos vai começar e ele aguarda paciente. A primeira imagem é de Marvel, com seu sorriso cético. Thresh sorri. A explosão ocorrida aumentou as suas chances ainda mais – Thresh tem comida á vontade, sombra, a fonte dos carreiristas – Tudo isso faz com sua confiança aumente. O distrito 11 foi o distrito que mais ganhou os jogos, com a exceção dos distritos carreiristas. Um pouco de inteligência pode superar a sua preparação, suas mentes sedentas por mais e mais mortes. Pergunto-me quais seriam os brinquedos dos carreiristas quando crianças. Adagas?

Mas então o rostinho de Rue aparece. Exatamente como eu me lembrava. Olhos grandes e escuros, boca pequena, rostinho redondo. Essa parece a descrição de um bebê. Mas era essa a imagem que decorava o céu naquela noite. O tributo assiste com incredulidade o rosto da pequena se esvair na noite, e o brilho sutil ir embora. Passando os dedos na caverna, lentamente ele senta no chão, como se não suportasse mais seu próprio peso. Pode ser que eles se conhecessem em casa. Ou talvez seja a vergonha de não ter protegido menina tão doce, que querendo ou não fazia parte do seu distrito, da sua casa. Sentado no chão gélido da caverna, com o rosto entre as mãos, está um dos potenciais vencedores dos Jogos.

Finch está, novamente, na sua árvore. A parte cinza que ela salvou eram restos de um saco de dormir, que a manteriam quente – o que conseguissem cobrir, ao menos – e essa era uma preocupação a menos. Os carreiristas passarão por noites longas a partir de agora.

Cato e Clove estão desolados. Ainda de vez em quando os dois chutam a terra, atrás de qualquer coisa que tenha se perdido por entre a distração, quando o hino começa. A imagem de Marvel. Clove e Cato apertam as mãos, ao saber que algum tributo matou Marvel, o carreirista assassino e cruel, com talento considerável com a lança. Talvez pensem que seja Thresh. O distrito 11 teria motivos para vingar a morte da menininha – afinal, eles não pertenciam ao mesmo distrito? – mas no fim das contas, fora Katniss aquela que ficou com Rue no leito de morte.

O som de trombetas anuncia uma notícia importante para os tributos, geralmente um ágape. Seria útil agora que todos estão buscando por novas fontes de alimentos, e Thresh poderia dar o ar da graça: Quem não ficaria com raiva dos carreiristas, por serem tão cruéis e matarem sua perceira? Mas não. Claudius Templesmith parabeniza os sobreviventes, que agora são seis e dá a notícia que todos esperam: Uma mudança nas regras. Sinto minha boca abrir em formato de um O. Desde quando existem regras nos Jogos? A partir daquele momento, dois tributos de um mesmo distrito poderiam vencer juntos. Juntos.

Katniss e fica boquiaberta com a notícia, e logo depois, faz o que eu nunca esperaria: Grita o nome de Peeta.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Daqui alguns capítulos vem o beijo evellark, e no próximo cap a Katniss encontra o Peeta :3 Deixem reviews e recomendações, pleeease;