Verdade Ou Desafio? - 9a Temporada escrita por Eica


Capítulo 13
Encontros


Notas iniciais do capítulo

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Bruno

A casa estava cheirando a carne e molho. Quando fui à cozinha, Marco estava parado em frente do fogão. Andei até ele e o abracei por trás. Aspirei o perfume de sua camisa e o apertei.

- Está com fome?

- Estou. – respondi. – Eu te comeria inteirinho.

- Falo de comida.

- É, eu sei. Estou, um pouco.

Soltei-o e observei-o mexer o ensopado de carne.

- Já vai ficar pronto?

- É, só deixar mais um pouco. A carne já está praticamente mole. Quero dizer, comestível.

- O Du tá demorando pra chegar.

Olhei para o relógio de parede atrás de mim. Já era quase meio dia e meio e nada de Eduardo chegar.

-Vou lá pra sala, Mi.

- Certo... Hei!

Virei o rosto para trás quando já estava quase próximo da porta.

- Ponha uma calça. Não sei como consegue ficar só de cueca com este tempo frio.

- Ah!

Que vergonha! Havia me esquecido de vestir alguma coisa depois que acordei! De fato, desde que levantei da cama só estava vestindo uma camisa (de Marco) e uma cueca. Já era meu costume fazer isso que nem percebi. Fui até o quarto, vesti um moletom e fui para a sala. Fucei os canais da TV e assisti o início de “Casamento Grego”. Depois ouvi uma buzina, olhei para a janela e gritei para Mi: “Eles chegaram!”. Fui até o portão social e o abri. Donatelo e Eduardo saíram de dentro do carro e sorriram para mim. Observei Duda tirar Sofia do automóvel.

- Aaaaaaai, que coisa mais fofa! – disse, quando vi Sofia.

Vestia um vestidinho marrom cujas mangas compridas tinham listras amarelas, verdes, brancas, vermelhas e de bolinhas brancas. E na cabeça, um laço verde que prendia uma pequena mecha de cabelo. Quando Duda se aproximou com Sofia no colo, beijei-lhe as bochechas gorduchas e ela se contraiu, encabulada.

- Sempre uma princesinha. – disse, passando a mão no cabelo de Sofia. – Oooooh, você trouxe a Tashinha? Oi, Tashinha!

Donatelo se aproximou de nós. Cumprimentei-o com um beijo no rosto.

- E você, papai? Como está? Trabalhando muito?

- É, me desdobrando pra trabalhar pra empresa e cuidar da Sofia ao mesmo tempo. Mas de boa. De boa. – riu.

- Vamos entrando. O Mi já está terminando o almoço.

Entramos. Fomos para a cozinha onde Du e Dodô cumprimentaram Marco. Sentaram-se à mesa de jantar (Sofia no colo de Duda).

- Agiliza aí que eu estou com fome, Marco! – disse Donatelo, batendo as mãos.

- Não tomaram café da manhã? – indaguei, olhando de um para outro.

- É, mas já faz um tempinho. – disse Donatelo. - Está cheirando bem essa comida.

- O tempero é bom. – comentou Marco.

- E a vida de casados? – indagou Eduardo.

- Uma maravilha, né, Mi?

Marco virou-se e sorriu para mim.

- Agora eu não desgrudo dele, ele não desgruda de mim... Adoro mostrar minha aliança e gosto de olhar para ela... Vocês deveriam se casar também.

Donatelo e Eduardo se entreolharam e riram.

- Não, casamento? – disse um.

- Está fora de questão. – disse o outro.

- É, fora de questão.

- Por que não?- questionei. – Já moram juntos, se amam... Que mais precisam para se casarem?

- O almoço está pronto. – disse Marco.

Fiquei sem a resposta. A mesa já estava arrumada, por isso só foi preciso colocar a panela do ensopado sobre a mesa e se servir. Durante o almoço, contei outros detalhes da nossa viagem ao Caribe que ainda não havia revelado aos dois e tornei a falar sobre casamento. Assim que terminamos o almoço, fomos à sala. Marco deixou a TV ligada num canal que passava desenhos para Sofia assistir e a princesinha ficou quietinha no colo de Donatelo o tempo inteiro. No instante em que Duda foi ao banheiro, sentei ao lado de Dodô e murmurei:

- Mês que vem é o aniversário do Du. Pensei em fazer uma festa surpresa aqui em casa, que acha?

- Legal! – disse ele, me fitando. – O Marco está de acordo?

- Sim. – respondeu Marco.

- Podemos convidar uns amigos, comprar uns comes e bebes, - sugeri. – se todos contribuírem poderemos fazer algo bem bacana. Mais tarde a gente combina.

Balançou a cabeça.

Rafael

Domingão. Estava no Shopping Sorocaba com Lucas e Danilo. Quando nos encontramos, sentamos num banco de um dos corredores do andar térreo para aguardar a chegada de Leonardo.

- O Leonardo é um professor chato? – indaguei a Danilo, em certo momento.

- Não, longe disso. É muito divertido e explica super bem.

- Você gosta dele, né?

- É, mas não conte a ele. Não quero que fique sabendo. Ainda não. Não sei se tenho chance com ele.

- Tudo bem, não vou contar. Como eu disse, o que quero fazer aqui é juntar vocês dois na medida do possível se as partes consentirem.

- Acha que tenho chance? – indagou ele, parecendo ansioso.

- Bem, vejamos... – disse, olhando para cima e levando a mão ao queixo. Depois olhei para ele e acrescentei: – Você tem um look legal. É bonitinho, é bacaninha, o problema aqui não será a aparência e nem a personalidade. O problema, como eu disse, é o ex do Leonardo. Eu falei pra você que o Leonardo foi muito apaixonado por ele. Mas vamos ver o que vai rolar. Vamos ver.

Em pouco tempo, Leonardo apareceu no fim do corredor. Viu-nos e veio até a gente. Levantamos do banco e caminhamos pelo shopping.

- Vamos ali no restaurante. Faz tempo que quero comer. Só tomei um iogurte hoje de manhã. – disse.

Estávamos de frente para a praça de alimentação do shopping. Chegamos ao Lollo’s Restaurante cujas mesas ocupavam uma boa área da praça. Fomos até o balcão, pedimos nossos lanches e depois sentamos numa mesa no exterior do restaurante. Havia umas vinte mesas ocupadas. Uma garçonete chegou trazendo minha bandeja com o Lollo’s Bacon (lanche com bacon que acompanha fritas e refrigerante), e o Beirute de frango de Leonardo. Mais tarde trouxe o lanche de frango de Lucas e o lanche especial de Danilo. Não posso esquecer-me de mencionar que, como estratégia, fiz com que Lucas sentasse ao meu lado, para que assim a cadeira ao lado de Leonardo fosse ocupada por Danilo.

- Você costuma vir ao shopping? – indaguei a Danilo.

- De vez em quando. Vou mais a boates com os amigos.

- Tem amigas?

- Tenho.

- São bonitas?

- Você é um sacana incurável, sabia, Rafael? – disse Leonardo, balançando a cabeça.

- Tem mais algum piercing?

- Não, só esse.

- E tatuagem?

- Não, não tenho. Você tem?

- É, aqui está. – disse, mostrando sua tatuagem. – E, me diz uma coisa: é filho único?

- Sou.

- O Leonardo tem uma irmã que mora em São Paulo, né?

- É, verdade. – confirmou Leonardo, olhando rapidamente para Danilo.

Como estratégia, também fiz várias perguntas a Danilo para que Leonardo escutasse e assim o conhecesse um pouco melhor. Da mesma maneira, falei sobre Leonardo e consegui ser eficazmente sutil durante o “interrogatório” sobre sua vida. Após terminarmos de comer, passeamos pelo shopping. Leonardo foi ele mesmo durante nossas conversas. Não tentou ser quem ele não era na frente do aluno. Já Danilo, parecia um pouco encabulado, mas entendi que fosse apenas nervosismo e logo ele se soltou um pouco.

Dali a pouco tempo paramos num quiosque do Mc Donald’s para comprarmos sorvete e depois continuamos nosso passeio. Quando se passaram trinta minutos, pedi a todos que parássemos no banheiro do andar térreo (onde estávamos) e entrei, puxando Lucas junto comigo. Levei-o até uma cabine vaga e me tranquei com ele ali dentro.

- Ótimo! Tudo está saindo como planejado.

- Você acha? – indagou ele, não muito convencido.

- Não viu que estão se dando bem? É o destino!

- Quanto tempo ficaremos aqui?

- Hmmm... – olhei para as horas no meu celular. – Cinco minutos ou ao menos tempo suficiente para fingirmos que fizemos alguma coisa no banheiro.

Danilo

Encostamos na parede ao lado da porta do banheiro para esperá-los. Depois Leonardo me chamou para sentar num banco próximo. Sentei ao seu lado. Cruzei as pernas e pus as mãos no banco. Ele apoiou os cotovelos nas coxas e observou o corredor praticamente vazio. Como ele virou o rosto para a sua esquerda, pude espiá-lo sem pudor. Estava super charmoso.

- Nunca conheci ninguém como ele. – comentei, de súbito.

- Ele quem? – indagou o professor, olhando para mim.

- Rafael.

Riu.

- Por isso meus amigos e eu gostamos dele. Não se acha mais ninguém maluco como ele por aí. Está mesmo disposto a entrar para o nosso grupo? É como ele disse: quem entra não sai mais.

- Estou disposto a correr este risco.

Rimos.

- Quem mais eu devo conhecer dos seus amigos mais chegados?

- Hmmm, Michelangelo, Donatelo, Bruno, Marco e Eduardo.

- Eduardo é o mesmo Eduardo da sua tatuagem? – indaguei, desajeitado.

- É.

- Vocês ainda se falam?

- Sim, mas somos amigos agora. Só amigos.

- Hm.

- O que pretende fazer agora que está de férias? Já planejou alguma coisa? – indagou, sorrindo.

- Não planejei nada, mas pretendo curtir, sair com os amigos...

Neste momento ele apoiou as mãos no banco de maneira que seu corpo ficara inclinado para trás.

- Na sua idade eu fazia isso também. – comentou ele. – Sabia a hora de curtir e a hora de estudar. Como eu dei duro para entrar na faculdade, dava mais valor às coisas.

- Ah, eu... Você estaria interessado em guardar o número do meu celular? – indaguei, pausadamente.

- Claro!

Leonardo levantou o corpo, recolheu o celular do bolso e assim pude ditar meu número a ele.

- É a primeira vez que gravo o número de um aluno no celular. – declarou ele, rindo suavemente.

- Sério?

Balançou a cabeça, confirmando.

- Mas você deve ser bastante procurado pelos alunos e pelas alunas. – arrisquei.

- Um pouco. – disse, rindo. – Mas nunca cheguei a pegar um número ou aceitar um convite para passeio ou coisa parecida.

Enquanto ele mexia no celular, olhou para a porta do banheiro e acrescentou:

- Estão demorando, não acha? Vou ver o que houve. Me espere aqui.

Leonardo

Levantei do banco e entrei no banheiro. Aproximei-me das cabines e percebi que somente três estavam com as portas fechadas. Vi, curiosamente, quatro pés debaixo de uma delas. Aproximei-me da porta e bati nela.

- Rafael? Lucas?

- Que? – disse Rafael, sem abrir a porta.

- Que estão fazendo aí??

- Nada.

Rafael saiu da cabine, seguido de Lucas.

- Entraram juntos no banheiro pra fazer o que?

- Eu, hein! Que cara desconfiado! Vamos sair, vamos sair.

Danilo

Quando os três saíram do banheiro, passeamos mais um pouco pelo shopping por mais uma hora mais ou menos até que Leonardo ofertou-nos carona. Recusei, obviamente, pois não queria dar trabalho ao professor. Contudo, ele acabou convencendo-me. Sendo assim, nós três (Lucas, Rafael e eu), entramos em seu carro que estava no estacionamento do shopping. Assim que sentei no banco de trás e fechei a porta, notei que o carro tinha um cheiro muito agradável. O banco era confortável e bastante espaçoso. Pelo caminho, Rafael e Leonardo conversaram. Lucas participou das conversas e eu muito pouco, ainda que Rafael me fizesse muitas perguntas.

Primeiramente Lucas foi deixado em sua casa. Em seguida, Rafael insistiu em ser deixado na sua logo após. Sabia bem o motivo disso. E, assim que fiquei sozinho com o professor em seu carro, meu nervosismo só aumentou ao ter que sentar ao seu lado no banco da frente para poder explicar-lhe o caminho. Se bem que ele conhecia bem a avenida que tivemos de pegar para chegar a Vila Hortência (meu bairro) por isso não lhe foi dificultoso.

Eu morava na rua Comandante Salgado. Sim. Um nome idiota para uma rua e ainda mais idiota para um comandante. Sabe-se lá quem foi o pobre homem. Enfim, o professor teve que pegar uma próxima rua para poder sair da avenida e chegar à rua de minha casa. Depois, virou à esquerda e parou em frente ao sobrado de número 97 cuja parede era toda revestida com tijolo palha.

- Uau! Que casa bonita. – disse ele.

- É, eu gosto da minha casa também. Quando meu pai aposentou, ele fez uma reforma nela. – comentei. – Bem, obrigado pela carona, professor.

- Leonardo. Não estamos na sala de aula.

- É, verdade. Leonardo.

Tirei o cinto e abri a porta. Sorri para ele e saí do carro. Fechei a porta. Acenei quando ele partiu.

Uma semana se passou após meu encontro com Leonardo. Ao acordar pela manhã num dia de sábado, pensei em lhe enviar uma mensagem pelo celular e isto me deixou nervoso. Refleti muito antes de fazer qualquer coisa, até que acabei escrevendo-lhe: “Bom dia, professor. Tudo bem? Tenha um bom sábado”. Assim que a mensagem foi, senti vontade de esconder minha cara no travesseiro da cama.

- Aaaaaaaaaaaah! Outro mico!

- Dani?

- Oi! – gritei para minha mãe.

Ela abriu a porta do meu quarto e avisou que o almoço estava pronto.

- Já estou indo.

Saí do quarto e desci para a cozinha. Meu pai já se servia. Hoje minha mãe fez lombo de porco para o almoço. Meu pai foi almoçar na sala e eu fiquei na cozinha com minha mãe.

- Que foi, Dani? Aconteceu alguma coisa?

- Nada.

Mexi na comida com o garfo, sentindo um nó no estômago. “Ele verá minha mensagem. Ele verá”. Após algum tempo, enquanto ainda tentava acalmar os nervos, meu celular ao lado de meu prato vibrou. Peguei-o e vi que havia recebido uma mensagem. Do professor! Escrevera: “Para você também! Abraço!”. O nervosismo diminuiu um pouco e fiquei bastante contente que ele tenha me respondido e não me ignorado. Fui para meu quarto após almoçar, mais tranqüilo, para dar uma folheada nos meus livros do curso quando recebi uma ligação de Rafael. Disse ele que os pais fariam um churrasco e queria que eu comparecesse.

- O Leonardo vai, por isso seria interessante se você viesse.

- Ah, não sei, eu não me sentiria bem.

- Por que não??

- Bem, porque você não me conhece e...

- Aaaah, que isso! Se o problema é esse, vamos usar este churrasco para nos conhecermos melhor. É assim que funciona. Somos amigos agora, cara.

- Bem, tudo bem então.

- Beleza. Anota o endereço da minha casa e venha. O churrasco está marcado para o meio dia, mas pode vir mais cedo se quiser, pra gente conversar.

- Certo.

Não consegui sossegar neste sábado pensando no meu compromisso de domingo e, quando o dia do churrasco chegou, meu pai fez o imenso favor de me deixar na porta da casa de Rafael.

- Quer que eu venha te pegar?

- Tudo bem. Eu aviso quando quiser ir embora.

- Certo. Divirta-se.

- Valeu.

Saí do carro, meu pai foi embora e bati palma em frente do portão. Uma mulher veio me atender.

- Você deve ser o Danilo?

- É, isso mesmo.

Ela, muito sorridente, veio até o portão social e o abriu para mim.

- O Rafael está lá no quintal. Pode ir entrando.

Como quis evitar o desconforto, só entrei na casa quando a senhora me indicou a direção do quintal. Passei pela sala, pela cozinha, por um corredor e cheguei ao quintal, onde encontrei Rafael ao lado de um homem (seu pai, acho) e um rapaz em frente a uma churrasqueira de tijolos, ao fundo da casa. Rafael me viu e, muito contente, me apresentou a seu pai e a seu irmão.

- Tenho uma irmã também, mas ela vive com o namorado, por isso não virá ao churrasco.

- E o seu namorado? Lucas. Já veio? – indaguei.

- Errr... - disse, coçando a nuca. – A gente brigou. Quero dizer, ele brigou comigo, por isso não vem. Ah! Vem conhecer o meu quarto.

Fábio nos acompanhou. Quando entrei em seu quarto, percebi que se tratava de um quarto extremamente hetero. Havia roupas jogadas pelos cantos, um vídeo game ao lado da TV sobre uma cômoda e DVDs ou CDs de jogos sobre a cama. Não havia nada feminino no quarto como havia no meu.

- Bem, você não se topará com o ex do Lê hoje, porque ele não vem. Precisa ajudar o namorado, o Donatelo, aquele de quem eu te falei, a cuidar da filha. O Mick também não virá porque vai sair com o namorado, o Samurai. Você só verá o Leonardo e meus amigos Bruno e Marco.

Estes três chegaram mais tarde. Devo acrescentar que, quando Leonardo me viu, surpreendeu-se, pois não sabia que eu estaria ali. Contudo, pareceu feliz. Todos ficamos no quintal da casa, sentados em frente a mesas de armar comendo e bebendo. De acordo com Rafael, Bruno e Marco eram casados. Realmente nunca conheci um casal gay antes e fiquei bastante curioso a respeito deles. Permaneci mais para o lado do professor, já que era o único com quem eu tinha mais contato. Não comi muito. Preferi encher minha barriga com refrigerante. Enquanto em silêncio em frente à mesa, observei aqueles ao meu redor.

Marco e Bruno eram muito carinhosos um com o outro. Leonardo e os seus amigos se davam bem. Na verdade pareciam se conhecer como nunca. Senti-me um tanto deslocado, mas tentei me enturmar sem parecer um intrometido inconveniente. Rafael ajudou-me nisso, pois sempre que pôde, jogava-me para dentro das conversas e situava-me sobre os assuntos em pauta. Adorei-o e achei-o muito engraçado. Na verdade, creio que me sentia mais à vontade ao lado dele.

A certo momento do churrasco, quando a maioria pareceu ter-se satisfeito, Bruno e Marco levantaram-se da mesa e despediram-se de todos. Assim que foram embora, disse a Rafael que já estava indo também.

- Dá uma carona para ele, Leo! – adiantou-se.

- Não, não precisa. Meu pai disse que me buscaria.

- Tudo bem. Eu posso te levar. Estou indo também. – disse Leonardo, levantando da cadeira.

Sem escolha, despedi-me de todos e fui até a calçada com Leonardo. Fomos até seu carro. Entramos.

- Não quero te dar trabalho. – esclareci.

- Que isso! Eu ia mesmo perguntar quando você iria embora para te levar.

Ligou o carro e saímos da rua. Durante os primeiros momentos da viagem, enquanto aspirava seu perfume que incendiara o carro, não disse uma palavra porque não sabia o que dizer, ainda que estivesse a fim de puxar assunto.

- Você conhece bem Sorocaba? – disse, por fim.

- Até que sim. Um pouco, eu acho. Ao menos conheci muitos bairros quando ainda não dava aulas na universidade. Tive que rodar bastante por aí.

Dali a um minuto, Leonardo ligou o rádio e deixou uma música tocar bem baixinho (acho que era rock, ou algo parecido).

- O que tem feito durante a semana?

- Absolutamente nada. – respondeu. – Fico acordado até altas horas, levanto tarde... Assisto a filmes... Esse tipo de coisa.

- É, eu também tenho feito isso, e... Essa semana agora... Você tem compromisso?

- Nenhum, que eu me lembre.

- Se tiver tempo e quiser, podíamos sair de novo...

Quando ele virou o rosto para o meu lado, corei e desviei o olhar dele.

- Danilo?

Olhei-o novamente.

- Tem algum interesse em mim?

- O que? Não, professor. – respondi rapidamente, já sentindo altas dores de barriga. – Se pareceu, desculpe. O convite pra sair não foi com essa intenção...

- Então estou entendendo errado? Desculpe a mim, é que geralmente eu acerto essas coisas. Na maioria das vezes consigo identificar quem tem interesse em mim só pela sua maneira de agir.

- O que eu fiz para o senhor achar que...

- Algumas coisas.

Olhei para frente outra vez, sentindo mal estar.

- Danilo, eu realmente estou errado? Hm?

- Não. – respondi, após algum tempo.

- Tudo bem. Não tem porque ficar envergonhado. Fico lisonjeado por isso. Se quer sair, podemos sair.

Olhei-o.

- Eu não sei, eu...

Tapei o rosto e esfreguei os dedos nos olhos, sentindo-me muito envergonhado.

- Se não me fosse interessante sair com você, eu já o teria dispensado.

Quando o olhei, ele prosseguiu:

- Não me envolvo com alunos porque depois pode haver problemas futuros para ambas as partes, mas não vejo porque não possamos nos conhecer melhor.

- Sério?

- É, sério. – disse, sorrindo.

Após um tempo de silêncio entre nós, declarei:

- É, eu... Estava... Estou interessado no senhor. Em você... Eu sou muito óbvio?

- Até que não. – respondeu, rindo.

- Que vergonha! – disse, tapando o rosto outra vez. – Não sei onde botar a cara!

- Que isso! Você disse que gosta de ir a boates, não? Conhece alguma onde possamos ir esta semana?

- Ah, eu... É, conheço. Três. – respondi, um pouco atordoado.

- Podemos combinar de sair. Que acha?

- Tudo bem.

Quando o carro parou em frente de casa, saí dele e me despedi do professor. Somente quando o carro dele sumiu ao virar a esquina é que me dei conta de que sairia com ele novamente.

Na quarta-feira à noite, combinamos de ir ao Pub Danceteria, uma boate que eu costumava freqüentar com meus amigos. Produzi-me todo. Passei creme no rosto, vesti minha melhor roupa, tirei toda e qualquer imperfeição que pudesse acabar com meu visual e me encontrei com o professor no Pub. Ele estava maravilhoso como de costume e eu francamente me senti super bem desfilando com um homem tão lindo dentro da boate. As garotas me olharam cheias de inveja (“inveja” não é a palavra mais adequada para descrever suas expressões), mas sei que se impressionaram muito com o meu “acompanhante”.

Na sexta-feira da outra semana, fomos ao cinema assistir uma comédia. Ele, muito gentilmente, pagou minha entrada, minha pipoca e meu refrigerante. Conversamos bastante neste dia e cada vez mais me sentia mais próximo dele.

No domingo, fomos à outra boate, Studio Bar. E desta vez, dançamos na pista. Algumas garotas intrometidas se aproximaram do professor durante a dança. Agüentei aquilo por um tempo até que disse a ele que pararia de dançar, pois sentia sede. Deste modo ele me seguiu até o bar (dentro da boate) e compramos garrafinhas de água.

- Faz tempo que não dançava assim. – comentou ele, sorrindo.

- Não imaginei que dançasse tão bem.

- É, até que eu me mexo bem.

Rimos.

Bebemos água.

- Quer voltar a dançar?

- Vou dar uma descansada. – respondeu. – Só há jovens por aqui. Estou me sentindo um tanto velho.

- Ah, isso não é verdade.

Permanecemos num canto da boate, de pé, observando os jovens dançar. De repente, três garotas se aproximaram de nós e puxaram assunto. Me confundiram com uma garota e quando descobriram que eu não era uma, se aproveitaram para dar em cima do professor. Senti-me irritado com a atitude delas, embora soubesse que ele jamais se envolveria com elas. Durante o nosso “encontro”, dificilmente conseguimos tempo para curtir a sós porque sempre um grupinho de garotas aparecia para nos importunar.

Mais tarde, quando saímos da boate, caminhamos pela calçada e chegamos ao carro do professor, que me oferecera carona até em casa. Conversa vai conversa vem, convidou-me para, numa época de calor, nadar na piscina de sua casa. Planejou, ainda, fazer um churrasco ou um almoço especial neste dia em questão. Quando já estávamos em frente de casa, agradeci a ele pela companhia e perguntei se podia ligar amanhã.

- Quando quiser. – respondeu, sorrindo.


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