- Por que está tão brava assim? – Ele me perguntou enquanto eu jogava com força meus livros dentro do armário.

- Luck e Sunny vão passar o dia comigo. – Eu o respondi friamente. Luck e Sunny eram meus sobrinhos. E sim, Jade West já é tia. Tudo é culpa do meu irmão mais velho, o Jake; quando a uns 5 anos atrás ele resolveu brincar com a namorada ... É agora, parece que o dia da titia aqui vai estar lotado  com criancinhas.

- Luck e Sunny? – Ele me perguntou. Acho que nunca disse ao Beck sobre aqueles pirralhos de pele branca e de cabelos pretos.

- É. Luck e Sunny meus sobrinhos. – Eu disse amargadamente.

- Você é tia?Você tem sobrinhos? – Ele me perguntou sorrindo.Confuso e surpreso. Beck era um coração mole com crianças. Eu odiava isso!

- É. Não espalhe. Vou parecer mais velha. – Eu disse fechando meu armário com força.

- Jade você nunca vai parecer mais velha. – Ele disse sorridente, e eu revirei os olhos. - Por que nunca disse isso a mim? – Ele me perguntou.

- Não importa! – Eu gritei de volta. Meus olhos pairaram sobre o café que ele estava levando. – Me dá! – Eu rapidamente peguei o copo de café dele. – Como se atreve a ter café e não dividir comigo?

- Jade, um terço da sua vida você tem café e não divide comigo. E nem por isso eu fico bravo com você. – Ele realmente foi sincero. Sorri. Beck era o único que me deixava feliz. Só ele poderia me animar. Talvez com ele eu possa sobreviver a essa tarde.

- Bom, então você vai passar a tarde com eles? – Ele perguntou, enquanto passava um braço ao meu redor.

- É. Isso. Nesta tarde, justamente nesta tarde. Vão atrapalhar nosso encontro! – Eu resmunguei.

- Não vão. Crianças são adoráveis. – Ele disse. Iríamos passar a tarde juntos em minha casa. Já fazemos isso a um tempo atrás, eram tardes lotadas de filmes, jogos estúpidos e um romance no começo da noite... - Beck, como  faremos coisas com aquelas crianças olhando? É um encontro,não um passeio de família.A gente pode apenas nos beijar que eles vão falar “Ecaa!” – Eu resmunguei novamente, imitando uma voz de uma pobre e enojada criança de 5 anos.

- Se acalme. Vai ser divertido. – Ele disse sorridente, pegando gentilmente o copo de café da minha mão e bebendo. Eu revirei meus olhos, Beck não conhecia Luck e Sunny.

Havíamos chegado em minha casa. Meu pai estava em Chicago, e minha mãe o acompanhou nessa viagem de negócios... Como sempre. Meu irmão e a esposa dele, marcaram um dia “romântico” longe dos pirralhos, então por isso, eles apenas estragaram o meu dia romântico com o Beck.

Segui meu caminho sorrateiramente pelo canto da casa,passei pela sala e vi que aquelas miniaturas de pessoas, estavam vendo algum programa infantil. Fui em direção a cozinha e  rapidamente avistei o Beck, no telefone novamente... Mandando alguma mensagem de texto.

- Deixe-me ver, destinarei a Tori Vega ou Wendy Bulier? –O perguntei, me lembrando das garotas de recentes flertes do Beck. Eu coloquei aquelas sacolas em cima do balcão.

- Jade, Tori é apenas uma amiga.Ela e Wendy apenas fizeram peças comigo, e eu tive que beijá-las!– Ele me respondeu. Eu revirei os olhos.

- E como sempre,você não pode fazer nada contra aqueles beijos ardentes que elas davam em você, não é?

- Jade, era apenas atuação! – Ele disse novamente. – Já conversamos sobre isso. Com elas, era apenas atuação,mentiras... Com você é... – E então o que meus olhos conseguiram ver foi o Beck vindo até mim, e me beijando.  -... Minha maravilhosa realidade.

Eu realmente não consegui deixar de sorrir. Não importava o que acontecia, ou o quanto eu ficava brava com ele. Beck sempre tinha argumentos melhores do que os meus. Eram argumentos românticos e invencíveis. Eu ficava feliz com isso. Cada palavra,cada toque doce dele em mim... Acalmava-me, me deixava segura. Eu me sentia bem com o Beck, apenas com ele. Chega Jade! Não estamos em um filme meloso para mulheres.

- Pare de ser uma seiva! – Eu o respondi,desviando meus pensamentos românticos.

- Apenas para te beijar. – Ele disse, me puxando para outro beijo.

- Eca! – Luck gritou. Paramos de nos beijar,  Sunny estava ao lado de Luck, segurando um ursinho. Eu  revirei meus olhos.

Eu já havia dito que o Beck era um coração mole com crianças, e sim, ele sempre fazia questão de reforçar os motivos nesta frase toda vez que tinha a oportunidade. Não havia se passado nem 5 minutos, que Sunny,Luck e Beck viraram super amigos.

Começamos com algo divertido para eles (contra a minha vontade), fomos jogar aqueles jogos extremamente fáceis de tabuleiro. Mas tarde, foi uma maratona de “Barney e seus amigos”, até que meu tédio triplicou.

- Vamos sair? – Eu disse, chamando a atenção de todos. – Ah... Um parque,talvez?

- É parece bom. – O rosto de Beck se iluminou com um sorriso, talvez pelo fato de que ele poderia parar de ver o estúpido e gordo dinossauro roxo, ou então, por ver eu interagindo pela primeira vez.

-

- Sun e Luck. – Beck havia apelidado Sunny de “Sun”.Isso me irritava.- Não fiquem muito distante da gente, se divirtam apenas. – Ele disse sorridente.

- É... Uh ... Ei Sunny,vamos brincar de pega-pega? – Ouvi Luck dizer animado. Talvez crianças não sejam tão horríveis assim, ou talvez, minha forma de pensamento esteja mudando enquanto o Beck passa o braço pela minha cintura. Eu apenas não sei...

- É, eu me escondo. Você procura! – Ouvi Sun dizer, enquanto corria animadamente para o outro lado das árvores.

- Não vá muito longe! – Eu gritei para ela. Minha voz não saiu forte ou rude, apenas normal.

- Ok, Jadey! – Ela gritou,sem ao menos olhar para trás.

Quando Luck contou até 10, ele foi atrás dela.

- 1.

Me virei e pude confirmar que aquela voz era do Beck.

- 2.

Ele continuou.

- 3. - Agora ele me olhava sorridente.

Eu levantei minha sobrancelha.

- 4.

- O que? – Eu perguntei. Ele queria brincar de pega-pega?

- 5.

- Beck? Qual é o seu problema? Afinal, isso não é para criançinhas?

-6.

Se ele queria isso. Tudo bem. Eu me desencostei dele, e avancei alguns passos para trás. Eu sabia o quanto isso era estúpido, mais e ai? Por algum motivo eu não parava de sorrir... Acho que eu não teria chance de ter outro momento como esse.

- 7.

Eu comecei a correr, ainda olhando para trás. Corri como eu corria quando tinha apenas 5 anos. Aquilo era divertido, tão estúpido  e infantil,mais ainda era divertido.

-8.

Sentir novamente o vento balançando o meu cabelo,enquanto batia em minha pele. Aquela sensação boa de me sentir livre, solta. Deus! Como isso soou piegas...

- 9 e 10! – Ouvi ele gritando animadamente. Não estava tão longe de mim. Comecei a correr pelas árvores,na direção oposta em que Luck e Sunny estavam;

O gramado agora estava em níveis diferente,havia uma grande descida,como um morro. Olhei para trás, minha respiração ofegante; Ele estava perto.A única coisa que senti foram as mãos do Beck pousando em minha cintura. E então...

Havíamos caído. Rolamos juntos,abraçados. Ele me segurava, enquanto descíamos rapidamente o morro. Não parávamos de rir e gritar. Aquilo era tão hilário. Tão diferente.

Uma vez ele em cima, depois eu. Ele em cima,depois eu. Não iríamos nos soltar tão cedo. A descida havia acabado, e então ele caiu de costas do chão já reto, eu em cima dele. Ainda riamos como loucos. Mas em momento nenhum ele havia me soltado. Minhas mãos estavam nos ombros dele. Eu sabia que meu cabelo era uma espécie de bagunça, lotada com grama ao redor... Mas era isso que deixava a situação mais engraçada.

Depois de rir bastante até ficar sem ar, percebemos que mal faltava dois centímetros de distancia para nossos lábios se encostarem. E bom,ao mesmo tempo acabamos com o resto de espaço que tinha entre a gente.

Um beijo doce e intenso. Eu afagava o cabelo macio dele, ele tinha uma mão no meu rosto, e a outra no meu corpo.

- Que nojo! – Fomos interrompidos por uma voz, mais não demoramos muito para descobrir que quem era a voz : Luck.

- Não é nojento. É  fofo! – Sun respondeu virando para o Luck. –Beck e Tia Jade são fofos juntos!

Bom isso me deixou feliz. Pode até ser que crianças não sejam tão horríveis como eu havia imaginado.Elas podem nos achar fofos. Bom, fofo pode ser algo clichê, mas ... Como já havia dito uma vez, era eu e Beck.