- Jade, por que você está andando assim, babe? – Ele perguntou a encarando. Ela gelou, pensando qualquer coisa para dar desculpas. Nessa altura ela não conseguia mais disfarçar a dor de andar normalmente, e então começou a tropeçar em seus próprios pés e cambalear. - ...Seu pé dói, seu sapato machuca, ou algo assim?

Era por volta das 10 da manhã, em um sábado. E eles tinham acabado de voltar da casa da Tori. Estavam no cemitério, sim... Jade havia obrigado a vir com o Beck para o cemitério novamente.

- Ah, nada. – Jade pensou em uma desculpa. Sim, ela havia quebrado o pé (especificamente, torcido o tornozelo) e isso foi há um dia atrás. E ela não contou ao Beck, ela não contou para ninguém. – É bom, meu sapato machuca.

Desde que acordou, ela havia ficado sentada o tempo inteiro, de um modo discreto. Ela apenas levantou para ir e voltar da casa da Tori, e entrar no carro do Beck. E é claro que sempre fazendo de tudo para andar normalmente. Só que agora, ela não conseguiu.

- Não parece isso. Pois se seu sapato machuca, você estaria cambaleando dos dois pés. – Ele disse, pegando um dos braços dela e passando por seus ombros, a segurando pela cintura.

- Não precisa disso, Beck! Eu estou bem. Posso andar sozinha. – Ela disse tentando sair de perto dele, só que ... não iria conseguir mesmo.

- Eu vejo isso... E não é o que parece. – Ele disse, ainda com o braço na cintura dela, a sustentando e a puxando para mais perto, colando os corpos deles juntos. Ela estava amando aquilo secretamente... Pois, não era sempre em que o Beck mostrava um afeto em especial. Ele normalmente não demonstrava emoções ou sentimentos. Ele chegava a ser até um pouco frio, em relação a isso... Mas  a Jade, não. Mesmo que ela tentasse esconder isso, ela não conseguia. Ela não tinha muros fortes o suficiente para esconder seus sentimentos, era claro que as outras pessoas não viam. Mas o Beck... Ele via, ele conseguia enxergar. Ele cuidava dela, de qualquer forma que fosse possível, ela era sua responsabilidade, ele se sentia responsável por ela, e ele amava isso. Ela, odiava.

Como sendo tão diferentes, podem combinar, sendo perfeitos? Era tão difícil explicar isso... Mas, o melhor exemplo que se dão para estudar, é Beck e Jade. Jade e Beck.

- Cale a boca. – Ela disse em sua insistência. E ele,se calou. Não era para o Beck ser tratado como escravo, não era para Jade mandar nele. Mas isso acontecia, ele aceitava, ela nem percebia. E não era atoa. Era apenas por amor...

Mas de qualquer maneira, Beck parecia gostar de irritar ela.

- Eu ainda acho que não é seu sapato que machuca. – Ele disse. – Você está muito pesada para alguém que tem um sapato apertado,Jade.

- Nossa Beck! Isso realmente é uma coisa que se diz para namorada, quando quer manter um namoro? Pois se sua resposta for sim, eu saio daqui agora. – Ela disse, se zangando. Beck vacilou, não nos sentidos de falar que ela estava pesada, era por que ela estava se irritando com ele. Beck era tão insistente em certos assuntos, e ela não gostava disso.

E aquele termo “ que estava pesada” não tinha a ver com gordura alguma. Jade era magra. Tinha um corpo de modelo, embora não fosse esquelética como modelos internacionais, e não tão magra como a Tori. Ela tinha um corpo bonito, com curvas brasileiras, o que todas as garotas sonhariam ter.

Beck estava pensando nisso, agora. – Não foi isso que eu quis dizer.

- Ah é, então por que simplesmente falou? Se não queria dizer, ficava calado. Como eu havia mandado. – Ela se tornou furiosa com isso. Ele suspirou.

- Olha, Jade... – Beck a puxou mais para si, acabando com o espaço de centímetros que os separavam. - ... Só quis dizer de que o modo em como você anda, está se tornando pesado. Deixando toda a força em seu braço, que vai me deixar com torcicolo mais tarde, pois seu braço esta ao redor do meu pescoço. E bom, provavelmente eu saíria daqui enforcado...

- Não seja tão fraco, Beck. – Ela disse olhando para a frente. Mais dois metros, e chegariam ao lago. Na parte de trás, logo bem depois dos túmulos e a administração, há um grande espaço preenchido com grama e com grandes árvores ao redor, e andando 7 metros à frente, no final mesmo do cemitério, havia um lago bonito, parado... A Jade o considerava perfeito. Ela gostava de lagos, rios ... essas coisas.

Eles se sentaram no chão, Jade estava quase que completamente no colo do Beck. As pernas deles estavam esticadas, Beck ainda tinha seus dois braços pela cintura dela, e as mãos deles estavam entrelaçadas.

- Jade...  – Beck chamou.

- Hãn? – Ela perguntou, baixinho, ainda olhando o lago.

- Pode me contar a verdade agora. – Ele disse.

- O que? – Ela se virou para olhar para ele.

- Eu vi seu tornozelo esquerdo enfaixado. – Ele respondeu. Ela congelou. Ele havia a pego na mentira. Jade olhou para o chão, subitamente corada. Ele deixou escapar um sorriso.

- Ok... – Ela começou. - ... Ontem a noite, em minha casa, eu havia  tropeçado em um dos degraus da escada,e  sai rolando. E como meu pé doía muito, e eu achei que tivesse torcido o tornozelo, e então eu fui ao hospital.

- O que? – Beck perguntou. Ele esperava que a Cat havia dirigido para ela, ou alguém, ate mesmo sua mãe. – Jade por que não me ligou? Eu te levaria. Por que não me disse nada sobre isso?

- Por que eu posso sobreviver sem ter você ou alguém por perto, Beck. –  Essa frase que ela havia dito, era uma mentira... Jade não conseguiria sobreviver sem Beck, mas ela disse do mesmo jeito. E ela viu que o tinha magoado, pois Beck não conseguiria sobreviver sem ela por perto. – Olha... – Jade suspirou. - ...Você não é obrigado a saber de tudo...

- Jade, minha namorada torce o tornozelo. Eu tenho que saber disso!- Ele disse, a fitando nos olhos. Ela os fecha, evitando um contato visual. 

- Por que você não me disse? – Beck perguntou, depois que vi que ela não falaria nada.

- É mais você ficaria muito preocupado comigo, Beck. E eu não queria isso.Eu não queria te ver cansado, depois de me insistir em me carregar toda a vez que eu fosse andar, por que eu me recusaria a usar muletas. Você não precisa cuidar de mim,Beck. – Ela suspirou. De alguma forma ela se tornou tão pacífica.

Desse modo ela se sentia tão fraca, ela odiava isso. E ele também odiava ver ela se sentindo fraca, pois ela de alguma forma, era a pessoa mais forte que ele conhecia.

O vento soprou novamente, levantando os cabelos dela. Jogando uns, espalhando-os em seu rosto. Ela piscou com isso. Ele sorriu, ela parecia um anjo. Ele se inclinou, e a puxou delicadamente pelo rosto, a beijando. Ela retribuiu de imediato, aprofundando o beijo.

Eles pararam por a maldita falta de ar, voltaram ao jeito em que estavam sentados antes, ele beijou a mão dela, que ainda estava entrelaçada com a sua... O tempo todo.

- Eu sei. Eu sei que não preciso cuidar de você, meu amor... Você é muito forte, consegue se virar sozinha, Jade... Mas, eu sinto... Eu quero cuidar de você, não importa quando ou quanto. – Ela deu um sorriso, que iluminava seu rosto. Beck continuou - Eu só sei que eu necessito te ver bem.