love. escrita por Taengoo


Capítulo 19
Chapter 19: Playing Dangerous




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♫ I've been bad, I've been wrong

Playing a dangerous game

I'm in love, I'm in love

Love in a hurricane 

“Eu gosto de deixar minha vida mais interessante, me metendo nas piores situações possíveis. O que é a vida sem um pouco de emoção? Sem um pouco de perigo? As pessoas costumam dizer que eu adoro ver o “circo pegar fogo”,  mas o que elas não sabem é que eu mesma prefiro causar o fogo e me queimar junto com ele”

— Denise. Abr23

[...♥...]

— Amiga? – a dentuça bate na porta.

Do Contra e Magali entraram em pânico, mas nenhum dos dois conseguiram sequer se mover dali. A comilona só desejava que aquilo tudo fosse um pesadelo. Estava na pior das situações, e pra piorar... Não estava coberta com nada. Seu corpo molhado havia sido pressionado contra parede pelo corpo de Do Contra, que por sorte, ainda não tinha visto nada.

Com os olhos fechados, Do Contra ainda tapava a boca da morena, com medo que ela fizesse um escândalo. Sua atitude foi bem errada. Sabia disso. Mas foi a primeira coisa que pensou em fazer quando ouviu a voz de Mônica do outro lado.

— Por favor, Magali... Não grita. Eu te imploro – sussurra ele.

Do Contra engole em seco, e tira lentamente a mão do rosto da comilona para que ela pudesse responder a dentuça.

Quando a garota enche o pulmão de ar, ele aperta os olhos, crente que ela não ia obedece-lo.  

— Tá tudo bem, Mônica!

O moreno solta um ar de alivio ao ouvir aquilo.

— Tem certeza? Jurei que te ouvi gritar.

— E-eu me assustei com uma barata, só isso.

— Barata? Ai, credo! Enfim, vê se não demora tá? O lanche que minha mãe fez já está pronto.

— J-já vou descer.

— Vou aproveitar e ligar pro DC que sumiu. Ele estava aqui agora pouco, mas parece que foi embora... Aquele garoto está cada dia mais estranho...

Eles escutam os passos de Mônica se afastarem, porém continuam no mesmo lugar, na mesma posição e... Sem tirar os olhos um do outro.

Como iam reagir depois disso? Conseguirem se encarar durante os dias já estava sendo complicado, e agora com essa situação só esperavam pelo pior.

— Por quanto tempo você ainda vai me prender aqui? – pergunta ela quebrando o silêncio, e aquele clima.

— Ahm... Desculpa... – ele se afasta de Magali, e sai do box tentando ao máximo não olhar pra ela. 

Do Contra pega uma toalha rosa que estava pendurada e entrega a comilona, ainda de costas. Ela agarra com fúria e rapidez e se enrola.

Ao cruzar os braços, olha para ele ainda extremamente vermelha. De vergonha, de raiva, de tudo que podia sentir.

— Eu espero que você tenha uma boa desculpa para explicar o motivo de estar aqui dentro!

— Er.. Eu... – diz ele passando a mão na nuca. – Eu não sabia que você estava a-aqui, foi mal.

— Foi mal? Foi péssimo, Do Contra!

— Desculpa, sério. Foi sem querer...

— Estou cansada de você me colocar nessas situações! Parece que você faz de propósito, não é possível!

— Já disse que foi sem querer, Magali.

— Claro... É sempre sem querer.

— Não precisa desse drama. Eu não vi nada...

A morena aperta os lábios e tenta se controlar pra não voar em cima do garoto. Tinha muitas chances da sua toalha acabar caindo se o fizesse. Respira fundo e fecha os olhos.

— Eu vou te dar cinco segundos pra sair daqui...

— Eu já pedi desculpas!

— Um...

— Magali, para infantilidade.

— Dois...

— Eu não posso sair daqui agora. Se a Mônica ainda estiver no corredor, o que eu vou dizer?

— Três...

— Magali...

— Quatro! – sua raiva começa a aumentar.

— Ok. Ok. Eu saio! – ele joga as mãos pra cima, se rendendo. – Garota chata...

Magali finge que não ouve e para de contar. Do Contra abre a porta do banheiro devagar e muito cauteloso, coloca a cabeça para fora olhando para os dois lados. Quando põe o primeiro pé pra fora, ouve passos e a voz de Mônica.

— Mãe! Você viu a minha calça vermelha?! – a dentuçinha se aproximava novamente do banheiro e apavorado, ele volta pra dentro fechando a porta.

— Do Contra! – reclama a comilona quando ele entra.

— A Mônica está ai fora! – sussurra ele revoltado. – Como você quer que eu saia daqui?

Sem outra alternativa, ela suspira e se encosta na parede com os braços ainda cruzados. Ele faz o mesmo e se encosta na pia, ficando de frente para ela.

— O jeito é esperar ela descer...

— Eu não acredito nisso... – murmura. – Por que essas coisas só acontecem comigo?

— Podia ser pior.

— Dúvido muito... – diz revirando os olhos.

— Sabe que te olhando daqui... – diz ele abrindo um daqueles sorrisos. – Me lembrei da ultima vez em que te vi assim... Molhada.

— DC... Não começa.

— Começar o que? Só fiz uma observação.

— Eu sei muito bem onde você quer chegar com essa “observação” – ela faz aspas no ar.

— Ah é? – ele dá um passo pra frente. – E onde eu quero chegar, Magali?

— Do Contra... – ela impede que ele se aproxime, colocando uma mão na frente. – Nem mais um passo.

— A pergunta que sempre quis te fazer é... Se você odeia quando eu chego perto de você... Se você detesta tanto assim quando eu te beijo...

O garoto tira o braço de Magali da frente, se acerca de seu ouvido e sussurra com sua voz rouca:

— Por quê você nunca me para?          

Magali treme na base. Sente todos os pelos do braço arrepiarem de uma só vez.

— Será que se eu decidir te agarrar aqui nesse banheiro... Você vai gritar? – Do Contra pressiona as duas mãos de Magali contra a parede, e continua sussurrando em seu ouvido, deixando-a ainda mais trêmula. – Fala a verdade... Se eu quiser te tocar de novo... Você vai fugir como da ultima vez?

A voz dele não poderia ser mais suave naquele momento. A morena começou a sentir uma onda de sensações que jamais sentiu em toda sua vida. Um desejo incontrolável e estranho ao mesmo tempo de ter aquele garoto novamente tocando em seus lábios. Ela foi pega de surpresa das duas vezes que eles se beijaram, mas agora... Agora era ela que queria.

Com os olhos fechados, Magali permanecia intacta. Com uma velocidade indescritível de batimentos cardíacos, ela rezava pra alguma coisa acontecer, pois não conseguia, e talvez nem quisesse para-lo.

Do Contra por fim cola sua testa na da morena e ela abre lentamente os olhos.

— Será que se eu te beijar... Aqui e agora... Você vai me impedir?

Magali nada diz. Continua encarando aqueles lábios, que de repente se formam em um sorriso estranho.

— Foi o que eu pensei... – diz e se afasta da comilona. Ela engole a saliva sem acreditar que ele realmente tinha feito isso.

— Você é doente... – diz ela ainda meio em choque.

— Talvez. Pelo menos te provei que estava certo.

— Some logo daqui antes que eu mude de ideia e comece a gritar.

— Você não faria isso...

— Quer apostar?

Do Contra olha desconfiado para ela, que tinha uma expressão sinistra no olhar. Ele prefere não ficar pra ter certeza, e abre a porta do banheiro, deixando-a sozinha. Assim que ele some, Magali solta um grande ar pela boca, abrindo a torneira e jogando água fria em seu rosto.

Com certeza aquele garoto tinha passado de todos os limites. Tudo que podia acontecer em uma noite, aconteceu. Magali não tinha forças psicológicas pra aguentar passar por outro acontecimento igual aquele. Seu coração ainda batia em desespero, e ela só pensava em como ia conseguir voltar pra sala e se comportar como se nada tivesse acontecido.

Podia até ter seus momentos bons de atuação, mas depois desse dia... Ela não sabia se ia conseguir continuar com sua personagem. Do Contra gostava de viver perigosamente e escolheu exatamente ela como seu “esporte radical”.  

Porém, a comilona não tinha dom pra isso.

Absolutamente nenhum dom.

[...♥...]

Como imaginou. Magali não conseguiu prestar atenção no filme, e em nada que a dentuçinha dizia. A cena que tinha acontecido poucas horas atrás não saia da sua cabeça e se repetia continuamente. Ela nunca sentiu um desejo tão grande de beijar Do Contra como naquele dia. Se sentiu um lixo, uma péssima pessoa.

Como poderia pensar em cometer um ato desses bem debaixo do teto da sua melhor amiga? E como ele não conseguia pensar o mesmo? Do Contra sabia dos erros que estava cometendo quando chegava perto da comilona, e das palavras que dizia, mas mesmo assim... Parecia esquecer que tinha uma namorada. E que essa namorada era nada mais, nada menos que Mônica. A garota por quem ele era apaixonado na infância, e consequentemente uma das pessoas mais importantes que tinha.

Eles conseguiam esquecer desses “pequenos” detalhes quando estavam juntos...

Durante os créditos do filme, Mônica se levantou para guardar as coisas na cozinha, enquanto Magali tirava o filme do aparelho. Quando subiram para o quarto, Mônica continuou querendo conversar com a amiga, mas ela estava longe... Bem longe. O perfume de Do Contra continuava na sua pele, e ela ainda podia sentir. Cada vez que fechava os olhos podia vê-lo em sua frente. Essa imagem de fato lhe fez perder o sono por completo aquela noite.

[...♥...]

Só de lembrar do que aconteceu na noite passada, o estômago da comilona revirava tanto que até pensou em matar aula. Também porque quase não conseguiu pregar o olho durante a madrugada. Porém ela tinha dormido na casa de Mônica, ou seja, se decidisse faltar com certeza teria que dar alguma explicação a amiga.

Resolveu ir de qualquer jeito, mesmo não se sentindo disposta.

Durante a aula de Biologia, o professor Rubens pediu para que todos da sala formassem uma dupla. Mônica se sentiu culpada por ter deixado Do Contra sozinho na noite anterior, por isso quis fazer a tarefa com ele. Magali não se importa e como Marina e Aninha tinham faltado, se senta perto de Cascão.

— E aí, Cas? Quer fazer o trabalho comigo?

— Claro – diz ele puxando uma cadeira, e eles ficam de frente um para o outro.

— Será que o Cebola não vai se importar? – pergunta olhando em volta, mas não encontra o careca que tinha se ausentado para ir no banheiro.

— Nem.. Ele faz com o Xaveco.

— E... Como você tá?

— Melhorando... Ainda é difícil encontrar com a Cascuda aqui... – responde observando a ex-namorada de longe, conversando com Denise.

— Eu sei que é. Vai passar... – diz ela acariciando o seu braço.

— Mas e você? Pretende ficar sozinha até quando? – ri ele.

— Como assim?

— Dês de que você e o Quim terminaram que você não sai com ninguém... Não tá na hora de seguir em frente?

— Mas eu já segui... – ela dá de ombros. – O problema é achar algum garoto que preste...

— Olha... Juro que se eu não fosse seu melhor amigo, te chamaria pra sair.

— Juro que se eu não fosse sua melhor amiga, aceitaria na hora – brinca ela e eles dão risada, que logo são interrompidas pelo professor que os encara.

Durante o trabalho em dupla, Magali tenta ao máximo focar no que estava fazendo, mas os olhares que Do Contra lhe lançava a cada minuto, deixava tudo ainda mais complicado.

Ela se perguntava até quando seria assim...

[...♥...]

Como havia apenas uma aula de Biologia naquela terça-feira, a maioria dos alunos não puderam entregar o trabalho completo, porém o professor Rubens disse que eles tinham a oportunidade de entregar na próxima aula. Magali como sempre, quis fazer o quanto antes, convidando Cascão para realizarem a tarefa juntos na sua casa.

O sujinho antes de sair, lembrou que tinha emprestado o seu livro para Cebola durante a aula, então decidiu ir até lá para busca-lo, pois iria precisar.

Ao tocar a campainha, é atendido por Maria Cebolinha.

— Oi Cascão – diz a garotinha sorrindo.

— E aí, Maria – responde bagunçando o seu cabelo. – O careca do seu irmão tá ai?

— Tá trancado no quarto dês de que aquela namorada dele chegou.

— Que namorada?

— Não conheço... Mas não gosto muito dela... – diz cruzando os braços. – Prefiro a Mônica.

— O Cebola namorando? Eu não tô sabendo disso.

— Sobe lá então.

— Essa eu quero ver – Cascão solta uma risada e corre para o quarto do amigo.

Como Maria tinha dito, o quarto estava realmente trancado quando gira a maçaneta. O sujinho então resolve bater na porta, mas não obtém nenhuma resposta.

— Ei, careca!

— Er... J-já vou abrir Cascão! – grita ele de volta.

Após uns dois minutos de espera, Cebola finalmente abre a porta consertando o cabelo.

— Entra ai...

— Tá tudo bem? – ele olha em volta mas parecia que não tinha nenhuma garota lá dentro.

— T-tudo ótimo... Veio fazer o que aqui uma hora dessas?

— Ahm... Ah é! Eu vim pegar meu livro de Biologia de volta. Vou precisar.

— Ah tá – o careca vai até sua mochila.

Cascão continua passando os olhos pelo quarto, e de repente ele vê um estranho movimento na porta do guarda-roupa do amigo. Ele logo constata que a garota provavelmente tinha se escondido ali.

— Escuta... Sua irmã me falou de uma tal namorada sua...

Cebola se engasga ao ouvir aquilo e nervoso deixa o livro cair.

— Q-Que namorada? E-ela deve ta sonhando.

— É... É verdade... Tipo, eu não também não acreditei. Logo você namorando, que piada – provoca o sujinho, deixando Cebola sem entender.

— Piada por que? Eu não posso namorar?

— Claro que pode. Mas... Você namorando com outra pessoa além da Mônica... Meio difícil de imaginar.

— Tá bom, Cascão. Já pegou seu livro, agora pode ir – diz ele começando a ficar impaciente.

— Sabe... Acho que vou ficar aqui mais um pouquinho – responde ele se jogando na cama do careca.

— O que?!

— Eu e a Magali marcamos até as quatro horas... Ainda falta um pouco.

— C-Cascão, eu tô ocupado!

— Ocupado com o que?

— Coisa minha – diz ele puxando o braço do sujinho para ele poder se levantar. – Agora sai daqui, fazendo o favor.

— Ok, eu saio – Cascão caminha até a porta e Cebola solta um ar de alivio. – Só que você vai ter que pedir pra pessoa que tá escondida no seu armário sair também... Se não de que adianta?

Cebola olha espantando para o sujinho, que retribui com um sorriso.

— D-do que você tá falando, Cascão? N-não tem ninguém no meu armálio, tá maluco?

— Ah não? – o garoto vai até o guarda-roupa de Cebola, e abre a porta, dando de cara com nada mais, nada menos que Denise. Ele não esperava se surpreender tanto assim.

— Denise?! – ele franze a testa, confuso.

It’s me!— sorridente, ela sai do armário e se senta na cama como se nada tivesse acontecido.

— Perai... Ela é a sua nova namorada?

— Que mané namorada! A Denise e eu estamos ficando, só isso – tenta se explicar.

— Mas vocês não perdem tempo mesmo né? – o sujinho nega com a cabeça, incrédulo. – Careca, você esqueceu que foi por causa dela que você a Mônica...

— Sim, ele sabe – interrompe a ruiva. – Ele sabe, mas está comigo agora.

Cebola se vira novamente pro amigo.

— Olha Cascão... A gente não tá fazendo nada demais. Você sabe que a Mônica agora não tá nem ai pra mim... E provavelmente não vai me perdoar tão cedo.

— E você acha que vai conseguir isso mais rápido ficando com a Denise?

— Não! Ela não precisa saber disso... Por favor, não conta pra ninguém!

Cascão lança um olhar de reprovação para a ruiva de maria-chiquinhas, e ela devolve com um sorriso convencido. Ele então suspira e abre a porta do quarto.

— Relaxa, não faço o tipo fofoqueiro como a sua “namoradinha” – faz aspas no ar. – Mas que fique claro que eu não quero me envolver nessa...  Relação... Lance... Seja lá o que for que vocês estejam tendo

— Valeu cara...

— Eu vou indo – Cascão dá uma leve batidinha no ombro do careca e saí, deixando os dois sozinhos.

Cebola senta na cama e coloca as mãos no rosto.

— Ótimo. Agora mais um que já sabe...

— A Cascuda não conta... Ela é minha melhor amiga, e pode ajudar a gente quando precisarmos.

— O Cascão também é o meu melhor amigo. Mas não queria que ele ficasse sabendo assim, desse jeito. Tenho que arrumar um jeito de calar a boca da minha irmã. Ela vai contar pra todo mundo que vier aqui em casa. Argh! – Ele se joga pra trás e Denise acaricia o seu cabelo.

— Esquece isso gatinho... Nosso segredo ainda está muito bem guardado.

— Não sei não... Acho que vai ser melhor se a gente parar com tudo isso.

— Parar com a diversão?

— Sim, Denise! Eu não quero ficar me escondendo por ai das pessoas.

— Vai dizer que não é bom assim quando é perigoso?

— Ahm... Bom é... Mas...

— Então, por que quer acabar com uma coisa tão legal assim? Você nunca viveu uma experiência dessas com a Mônica, que eu sei. Brincar com o perigoso deixa tudo mais emocionante.

— É... Talvez... Você tenha razão.

— Eu sempre tenho razão, baby.

— Mas o que você tem de linda, tem de maluca... Eu não sei como consegui me meter em uma dessas...

— Se considere um garoto sortudo por isso... Agora, vem cá... – Denise puxa a camisa do careca. – Por que não continuamos da onde a gente parou, antes dele nos interromper? – a ruiva sorri com malicia. Ela sabia provocar quando queria, e Cebola parecia gostar disso cada vez mais.

Sem precisar pedir duas vezes, Cebola agarra Denise ficando em cima dela. Eles se beijam com toda intensidade possível.

O clima quente que estava naquele quarto, antes de Cascão chegar, voltou a pairar no ar.


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