POV - Hermione

Depois de irmos perguntar ao prof. Slughorn sobre a poção, nós fomos para a Sala Comunal. Sentamos em uma mesa com meus amigos, onde Parvati me passava tudo sobre as aulas.

– Obrigada, Parvati, aqui tem tudo o que eu preciso - eu a agradeci, olhando o pedaço de pergaminho em que ela tinha anotado tudo

– De nada

– Onde você estava enquanto Parvati anotava tudo para você? - Simas perguntou, em tom ignorante

– Bem, eu estava...

– Não precisa responder, provavelmente estava com seus amiguinhos da Sonserina, não é? - ele levantou e foi até o outro lado da sala

Eu já tinha me cansado daquilo. Todos me olhando torto, me ignorando como se nem me conhecessem, me tratando como uma completa estranha. Eu não podia ver todos se afastando de mim por um motivo tão fútil e continuar calada

– Argh - me levantei

– O que vai fazer? - Gina segurou meu braço

– Você vai ver - me soltei dela

Fui até o centro da sala, pronunciei "Wingardium Leviosa" e levitei uma mesa que ninguém estava usando até minha frente. Subi na mesa, apontei a varinha para minha garganta e disse "Sonorus".

– Um minuto de atenção, por favor - eu falei. Eu mesma me assustei com a altura de minha voz

Quando vi que todos estavam me olhando, voltei a falar:

– Olhem só, eu andei percebendo que muitos de vocês estão me tratando com ignorância, fingindo que eu não existo e que não me conhecem. Sei que estão fazendo isso por causa do que Rony falou. Acho que tenho a chance de me explicar, afinal não vou ficar calada vendo vocês todos olharem para mim como se eu fosse uma completa estranha. Bem, como todos provavelmente sabem, eu e Rony terminamos. Nós tivemos uma briga e logo depois disso ele veio pra cá e falou um monte de coisas para vocês, coisas fúteis, sem lógica. Afinal ele estava muito nervoso. Sei que vocês tem um certo preconceito com a casa da Sonserina e que não aprovam nenhum tipo de contato com eles, mas Draco Malfoy é tão meu amigo quanto vocês. Sei que ele é um dos sonserinos mais odiados. E sim, entendo completamente que existiam motivos para isso. Mas agora é diferente, ele mudou. Tudo mudou, aliás, depois do que aconteceu ano passado. Existem alguns sonserinos com quem ainda não podemos nos relacionar devido ao desprezo mútuo que acontece entre eles e nós, mas com Draco não é assim. Nem com Draco nem com outros muitos sonserinos a quem vocês nem dão a chance de conhecer. Sinceramente, achei estranho vocês levarem em conta algo que Rony falou, sendo que ele mesmo mantém contato com uma sonserina

– Ele namora com uma - Denis Creevey falou

– É... pois é... - continuei - Espero que essa onda de ignorância contra mim acabe, pois acho que nunca existiu motivo mais ridículo pra vocês terem raiva de alguém. Bem, se me permitem, eu vou dormir. Amanhã será um dia cheio. - apontei a varinha para minha garganta e disse:

– Quietus - guardei a varinha no bolso, pulei da mesa e sai em direção ao dormitório. Estava feliz comigo mesma, pois achei que tinha conseguido colocar algo na cabeça de todos eles.

Vesti meu pijama e deitei na cama

"Amanhã Rony voltará ao normal. Amanhã eu poderei ter meu cenoura novamente" – pensei, e logo depois adormeci

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POV - Autora

Era 6:00 hrs da manhã, horário em que as atividades em Hogwarts começavam. Todos acordavam, se vestiam e iam para o Salão Principal tomar seu café da manhã.

Hermione, ao descer para a Sala Comunal, ficou surpresa com todos os pedidos de desculpas que recebeu e em seguida foi direto para a Ala Hospitalar

Ao chegar lá, alguns alunos que estavam de repouso iam saindo. Draco estava de pé ajeitando suas vestes quando viu a morena entrando

– Mione - ele correu para abraçá-la

– Bom dia. Olhe só para isso - ela deu palmadinhas no rosto dele - está completamente curado

– Eu sei - Draco deu um sorriso convencido

– Por que essa cara? Você não fez nada, Madame Pomfrey que cuidou de tudo!

– Ah, não importa! Vamos para o Salão? - ele perguntou

– Sim, mas... Por que Rony está dormindo? - ela olhou para o ruivo, que estava completamente apagado na cama, ainda de pijama

– Madame Pomfrey tentou acordá-lo, mas ele insiste em dormir

– É, era de se esperar - Hermione revirou os olhos - Bem, eu e Gina falamos com o prof. Slughorn, o efeito da poção vai acabar mais ou menos as 8:00 da manhã

– Espero que ele esteja acordado a essa hora - Draco falou

– É verdade. Bem, tenho que te dizer que todo o pessoal da Grifinória me pediu desculpas, então vou passar o café da manhã na mesa da minha querida casa, ok?

– Ok. Vou ficar com meus amigos também. Mas pelo menos vamos juntos ao salão principal - Draco sugeriu e os dois sairam da ala hospitalar

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– Vamos logo, Mary. Tenho que saber se Rony já acordou - Mila puxava Mary

– Que diferença faz?

– Argh, cale a boca e vamos logo!

As duas seguiram correndo até a Ala Hospitalar. Ao passarem pelas portas duplas que davam acesso ao lugar, foram até Rony, que estava completamente imóvel na mesma posição em que elas duas haviam o deixado na noite anterior

– Ele já devia ter acordado, Mila - Mary sussurrou para a amiga

– Eu sei, ele ainda está apagado

– Você o estuporou! O que queria?

– Olhe só, sei um contra-feitiço do Estupefaça. Quando der a hora do efeito da poção passar, eu venho aqui e faço ele acordar. Tudo bem? - Mila disse

– Tanto faz, o "namorado" é seu - Mary gesticulou aspas com as mãos

– Por que namorado entre aspas? - Mila levantou uma sobrancelha - Ele é meu namorado sim, e a partir de hoje sempre será

– Ok, Mila. Tchau - a loira saiu andando

– Argh - Mila foi atrás dela

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Eram 7:50 hrs da manhã e Hermione continuava sentada na mesa da Grifinória do Salão Comunal, aflita. A morena encarava Mila, que lhe lançava sorrisinhos provocadores da mesa da Sonserina

– Aquela vaca... tem sangue de trasgo... repugnante... ah, como eu a odeio... - Hermione murmurava

– Calma, Mione. Daqui a pouquinho ela será desmascarada. Deixa só Rony acordar e falar pra todo mundo que nunca quis namorá-la, aí a gente conta que ela usou uma poção do amor nele - Gina acariciava o braço da amiga

– Tá, mas Rony ainda não acordou. E se aquele dorminhoco passar o dia todo deitado naquela cama?

– Impossível, nem ele tem tanto sono assim. E Madame Pomfrey não deixará ele perder as aulas.

– As aulas começam daqui a pouco, e ele ainda nem veio tomar café da manhã

– Hermione, relaxe

– Tudo bem

Enquanto isso na mesa da Sonserina...

– Olha só a Hermione me encarando... Olha a cara de raiva dela! Hahaha, imagina só quando ela me ver de novo com o Rony e achar que eu não usei a poção do amor nele - Mila se vangloriava

– Hum... - Mary olhou as horas em seu relógio de pulso - São quase 8:00 hrs, é melhor ir acordar Rony

– É verdade, essa hora o efeito da poção já passou - Mila se levantou e foi mais uma vez até a ala hospitalar

– Se veio ver o Sr. Weasley, tente acordá-lo por mim. As aulas já vão começar e ele até agora não despertou - Madame Pomfrey gritou para Mila enquanto mexia em uns papeis na sua mesinha

– Pode deixar! - Mila gritou em resposta

Ela foi até Rony, e quando viu que Madame Pomfrey estava totalmente concentrada no que fazia e que nenhum aluno estava ali, ergueu a varinha em direção ao ruivo e sussurou: Ennervate

Rony imediatamente começou a se mexer, ficou inquieto mas ainda não estava consciente. Demorou alguns segundos para que finalmente abrisse os olhos

– Bom dia, meu amor - Mila depositou um beijo em sua bochecha

– Mila? Hum... o que aconteceu?

– Ué, não se lembra que passou a noite aqui se recuperando?

Por um momento Rony pareceu estar pensando no que responder, então disse:

– Sim, eu me lembro. Me lembro de tudo. Você... nós... somos namorados, certo? - ele parecia confuso

– Claro que somos. Desde ontem, quando você me pediu em namoro. Estou te ajudando a esquecer a Hermione

– É, eu sei de tudo isso - ele se sentou na cama

– Olhe só, meu amor, a primeira aula já vai começar. Coloque suas vestes, tudo bem? Vou te esperar na entrada do Salão Principal - Mila lhe deu um selinho e saiu, orgulhosa de si mesma. O feitiço havia funcionado.

Rony se lembrava de tudo o que tinha feito. Havia pedido Mila em namoro no Três Vassouras, pediu que ela o ajudasse a esquecer Hermione, e depois disso os dois continuaram juntos. Mas, ao mesmo tempo em que sabia que tinha feito tudo aquilo, não tinha certeza de que era aquilo que ele queria. Não se imaginou pedindo Mila em namoro por conta própria, ele ainda não estava pronto para um novo relacionamento. Mas não podia simplesmente terminar com ela, já que ele mesmo que pediu que ficassem juntos.

– Que loucura... - Rony esfregou o rosto com as mãos - É melhor eu me aprontar

Depois de colocar suas vestes, o garoto foi em direção ao Salão Principal. E lá estava ela. Mila, enrolando um de seus cachos graciosamente, estava encostada no batente das enormes portas duplas do Salão Principal. Ele foi até ela

– Hum... oi

– Oi meu amor - ela lhe deu um abraço forte - Não quer comer algo? Você deve estar faminto!

– Não, todos estão saindo, a primeira aula já vai começar. É melhor eu ir - Rony olhava para algum ponto atrás de Mila

– Não, querido. Coma alguma coisa, qualquer coisa - ela acariciou o rosto dele, mas o garoto continuava a não prestar atenção nela

- Vou pegar algo... er... Accio torrada - ela apontou a varinha para a mesa mais próxima e uma torrada saiu flutuando até sua mão

- Aqui está - ela ofereceu a Rony, mas o garoto não demostrou reação alguma - Rony? Aqui! Uma torrada para você... coma! Rony?  

Mila tentava falar com ele, mas o ruivo continuava a olhar para algo atrás dela.

Já impaciente, Mila se virou e viu quem seu namorado observava. Hermione, cujos olhos estavam cheios de lágrimas, mantinha contato visual com Rony

Mila se irritou. Rony agora era namorado dela e não de Hermione. Tinha que prestar atenção nela e não em Hermione.

Mila se moveu para exatamente em frente a Rony e ficou na ponta dos pés para que o garoto olhasse para ela. Ele se assustou.

– Olhe só, sei que ainda não esqueceu sua ex-namorada, mas você tem que pelo menos tentar. Eu estou aqui, me esforçando para te ajudar e você fica aí a encarando! - Mila parecia desesperada

– D-desculpe - ele gaguejou - Não vai acontecer de novo

– Assim eu espero. Agora coma essa torrada e vamos para sua aula, tudo bem? - Mila colocou a torrada na mão dele e fez biquinho para beijá-lo, mas Rony recuou

– Quê? - ela se irritou com a reação dele

– Desculpe, er... desculpe Mila - Rony hesitou um pouco, mas deu em Mila um selinho na tentativa de concertar seu erro. Ao ver o quão enraivecida ela ainda estava, não viu outra opção a não ser sair dali e ir para sua aula

Mila reprimiu um grito de frustração e saiu, só o que restava era ir para a sua aula também

Enquanto isso, Hermione deixava rolar em seu rosto suas lágrimas de desapontamento. Ela tinha percebido que Mila não tinha usado poção alguma em Rony, eles continuavam juntos. Ela tinha se deixado levar pela vontade de tê-lo de volta e acabou se iludindo mais uma vez.

– Droga - ela se levantou bruscamente e saiu correndo dali

– Mione! - Gina correu atrás da amiga, mas Draco (que já estava por perto) segurou seu braço, dizendo:

– Deixe que eu cuido dela - o loiro foi atrás de Hermione, ele achava que sabia para onde ela estava indo. E não se enganou. Hermione parou em frente ao local onde o portão da sala precisa aparecia quando eles queriam

– Quer um ombro pra chorar? - ele perguntou. E só então a garota percebeu que havia sido seguida.

– Draco! - ela correu até ele

– Shh.. fique calma. Vamos conversar lá dentro - Draco disse, e ainda abraçando-a, foi a frente e fechou os olhos. Imediatamente o portão apareceu.

Os dois entraram e se sentaram no mesmo sofá de sempre.

– Eu me enganei de novo, Draco. Por que eu fui me levar por Gina? - Hermione chorava

– Não culpe a Gina. Ela, você, eu... todos nós achamos que havia alguma coisa errada. E tudo indicava que havia mesmo. Mas nós nos enganamos.

– Dessa vez eu perdi o Rony mesmo. Definitivamente, eu nunca mais o terei de volta. E antes que você diga que tudo vai se resolver, saiba que não vai! Acabou. Eu perdi o garoto que eu amo.

– Tem algo que eu possa fazer pra você se sentir melhor?

– Tem sim. Você pode matar a Mila. Eu ficaria muito feliz - ela resmungou

Ele riu

– Algo que eu realmente possa fazer?

– Não, não há nada - Hermione se aninhou no peito dele e continuou a chorar

Depois de alguns minutos em silencio, Hermione fungou e disse:

– Draco, eu sei que sou uma má amiga. Sei que a única coisa que faço é chorar, e você tem que me aturar o tempo todo. Eu nunca faço nada por você e você faz tanto por mim... Me desculpe por isso, e obrigada por cuidar de mim - Hermione parou de falar e percebeu que Draco não a ouvia - Draco? Draco! Ei! - ela o balançou

– Oi - ele disse vagamente

– Ouviu o que eu disse?

– Não... estava pensando em uma coisa

– Em quê?

Draco hesitou um pouco, então se ajeitou e pôs Hermione em frente a ele

– O que foi? - ela perguntou

– Tenho uma coisa pra te contar

– O quê?

– Mione, eu não sei como isso pode te ajudar em algo. Na verdade, isso não vai te ajudar em nada. Era pra eu ter te contado isso antes, mas não consegui. É algo tão estranho, e eu achei que você tinha percebido. Mas você não percebeu, e agora cabe a mim contar a você - Draco falava rápido, estava nervoso

– Draco, o que está acontecendo? Por que está assim? - ela limpou o suor que tinha surgido na testa dele

– Eu não sei se quero te contar, eu não sei se devo te contar. Mas não posso mais esconder algo assim, não vou segurar por muito tempo. Tenho medo da sua reação, mas ainda assim é algo que tenho que pôr pra fora

– Draco, você está me deixando curiosa. Diga logo o que tem para dizer

– Isso pode parecer estranho agora, mas na verdade faz todo o sentido. Você vinha me perguntando sobre a garota de quem eu gosto, e eu nunca revelei a você quem ela é. Ela é gentil, linda, inteligente, carinhosa... Ela consegue amar tão intensamente, que fez eu me apaixonar por ela mesmo sem ser eu a pessoa que ela ama. Eu preciso te dizer quem ela é, Hermione

– Quem é, Draco? - o coração de Hermione se acelerou. Por um lado, ela sabia a resposta. Por outro, desejava que não fosse o que ela estava pensando

Draco suspirou antes de dizer:

– Eu gosto de você, Mione

– Quê?