POV - Mary

Mila tinha me arrastado para o dormitório das garotas, tinha expulsado todas as meninas de lá, e agora apontava a varinha para a porta, dizendo:

– Colloportus - ouviu-se um barulho da porta se lacrando

– Pra que isso? - perguntei

– Temos que ficar sozinhas. Ajudaria se você usasse o mesmo feitiço na porta, pra reforçar

De má vontade, eu fui até a porta, estendi a varinha e falei:

– Colloportus - novamente ouviu-se o barulho da porta sendo lacrada

– Pronto, agora ficaremos seguras por um bom tempo

– Seguras de quê, exatamente? - perguntei

– Ninguém pode saber o que estamos fazendo, ninguém pode saber nenhum de nossos planos - ela falou

– Tá, tudo bem, e qual é o plano de agora?

– Bem, eu pensei em tudo. Ainda hoje, eu atrairei Rony para algum ponto deserto do castelo. Lá, nós duas o deixaremos inconsciente e depois eu farei o que tiver de fazer

– O que você tem de fazer?

– Um Obliviate resolverá tudo

– VAI APAGAR A MEMÓRIA DELE? - berrei

– Shh, fale baixo - ela me repreendeu - Não vou apagar a memória dele, vou apenas modificar

– Dá no mesmo

– Olhe só, Mary, você vai ter que cooperar ok? Por favor... - ela pediu

– Não sei não - comecei a andar de um lado para o outro

– Se você me ajudar com o Rony, será minha vez de te ajudar com o Draco, assim como eu prometi

– Não sei se quero ajuda com o Draco - falei, cruzando os braços

– E por que não? Não gosta mais dele? - ela parecia confusa

– Gosto sim, eu gosto muito do Draco. Mas não quero conquistá-lo de forma suja. Usando poção do amor, feitiços de memória... assim como você faz

– Ah, por favor, agora começou a ser moralista? - ela bufou

– Moralista não, apenas justa. Sinto pena da Hermione, ela não fez nada pra gente

– Não fez nada, a não ser fazer os caras de quem a gente gosta ficarem apaixonados por ela

– ELA NÃO FAZ DE PROPÓSITO, OK? ELA NEM SABE QUE O DRACO GOSTA DELA, E ELA E O RONY NAMORAVAM DESDE MUITO ANTES DE CONHECEREM VOCÊ

– MARY, JÁ CHEGA! VOCÊ ESCOLHE! OU ME AJUDA PRA DEPOIS EU AJUDAR VOCÊ, OU SAI POR AQUELA PORTA AGORA! QUALQUER COISA MENOS FICAR GRITANDO SOBRE O QUANTO A HERMIONE-SABE-TUDO É BOAZINHA, E NÃO TEM CULPA DE NADA - Mila apontava o dedo para mim

Eu não sabia o que dizer. Nunca quis fazer mal a ninguém, mas agora que eu já tinha feito tanta coisa com a Mila, não fazia sentido parar. Todos os nossos planos, tudo de ruim que já havíamos feito para Hermione, tudo o que armamos. Minha "ficha" já estava suja, eu já havia me tornado tão ruim quanto a Mila, apesar de me recusar a aceitar. O melhor a fazer agora é continuar, ajudá-la, e depois darmos um jeito de trazer Draco para mim

Eu suspirei

– Tudo bem, o que eu tenho que fazer? - sussurrei

– Ah, que bom que caiu na real - ela me abraçou - Bem, é melhor sentar e prestar muita atenção

Nós duas nos sentamos na cama mais próxima

– Tudo vai começar quando eu chamar Rony pra alguma área deserta do castelo, como eu já disse - ela começou a falar - lá, nós duas o deixaremos inconsciente e enquanto ele está apagado lançarei um Obliviate nele e modificarei sua memória. Vou mudar a memória dele desde o nosso almoço no Três Vassouras.

– Mas pra que modificar a memória dele?

– Mary, quando o efeito da poção passar, e ele se lembrar de tudo o que conversamos no Três Vassouras, ele vai achar estranho. Pois ele sabe que não diria que me ama se ele estivesse em perfeito estado, e ele vai notar que tinha alguma coisa de errado com ele naquela hora. Tenho que fazer ele achar que tivemos uma conversa em que ele disse que queria esquecer Hermione e ficar comigo, para seguir em frente. E então me pede em namoro.

– Ah, entendi. Quando o efeito da poção passar ele saberá que está namorando com você por que ele pediu, já que quer esquecer Hermione, e não saberá que você usou a poção nele

– É, ele não terá coragem de terminar comigo já que estará pensando que foi ele mesmo que me pediu em namoro. E se continuarmos namorando, tenho certeza que em pouco tempo ele já estará gostando de mim. E aí a Hermione quebra a cara, pois ela vai ver que eu não usei a poção do amor em Rony, e que ele realmente não liga mais pra ela - Mila sorria

– Tudo bem então, o que está esperando pra começar a fazer tudo?

– Eu queria treinar antes, sabe? Não sou muito experiente em feitiços para a memória, e queria testar em você

– Em mim?!?! - me espantei

– Sim, mas não vou apagar sua memória. Vou tentar modifica-la em coisas simples. Por exemplo, você pôs o seu casaco na sua cama, vou tentar modificar sua memória para você achar que colocou o casaco no sofá da sala comunal. Coisas simples, entende? Sem importância... Só pra eu treinar mesmo

– Ah, mas e se você apagar toda a minha memória por engano?

– É pra isso que existe o St. Mungus, para doenças e acidentes mágicos - ela sorriu

Eu fiquei ainda mais apavorada

– Mas não será preciso ir para o hospital, não acontecerá nada demais com você. Eu falei com o prof. Flitwick e ele disse que se eu me concentrar bastante na hora do feitiço, ele sairá exatamente como eu quero que saia - Mila tentou me acalmar

– Ah, comece logo com isso - eu respirava com dificuldade

– Tudo bem. Me responda, o que você comeu hoje no café da manhã? - ela perguntou

– Ovos, bacon, suco de abóbora... - eu respondi

– Tudo bem. Agora se prepare - Mila se levantou, parou em minha frente e apontou a varinha para mim - Obliviate

Luzinhas prateadas saíram da ponta da varinha, e eu as senti entrando diretamente em meu cérebro

Fechei os olhos e os abri lentamente. Mila sorria.

– É, acho que você não apagou minha memória - eu suspirei, aliviada

– Não. Mas me responda, o que você se lembra de comer no café da manhã? - ela perguntou, novamente

– Hum... torradas, torta de cereja e biscoitos - respondi

– Isso! - Mila vibrou - Eu consegui, modifiquei sua memória. Você acha que comeu o que eu queria que você achasse

– Tá, tudo bem... Agora já acabou?

– Quer saber? Não preciso mais treinar, nós estamos perdendo tempo. Vamos ao corujal! - Mila correu até a porta e apontou a varinha - Alorromora

Nada aconteceu

– Ah, é, usamos dois feitiços para trancar a porta. Venha, Mary, se fizermos o feitiço ao mesmo tempo conseguimos abri-la

Fui até ela, que contou até três, e então nós duas dissemos em uníssono:

– Alorromora!

A porta se abriu

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Estávamos no corujal, Mila escrevia um bilhete para Rony enquanto eu chamava uma coruja branca com manchas pretas, ela pousou em meu braço.

– Bilhete pronto - Mila veio até mim - Vou ler para você, olhe: "Querido Rony, eu sei que precisa descansar mas é que eu tenho que vê-lo. Estou morrendo de saudades. Madame Pomfrey deve estar dormindo no quartinho dela aí na ala hospitalar, tente não acordar ninguém e venha até mim, tudo bem? Estarei na torre norte, em frente a masmorra de Adivinhação, venha me encontrar. Com amor, Mila" - ela terminou de ler

– Ótimo, entregue logo para a coruja

Mila dobrou o bilhete, colocou no bico da ave e disse:

– Leve para Rony Weasley, na ala hospitalar. Não faça barulho algum, e só saia quando tiver certeza de que Rony leu.

A coruja bateu as asas e saiu

– Bom, vamos para a torre norte - eu disse

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Já estávamos em frente à Masmorra de Adivinhação, esperando Rony fazia minutos, quando perguntei:

– Ei, como é que vamos fazer Rony ficar inconsciente mesmo?

– Eu e você vamos estuporá-lo, assim que ele chegar

– Oquê? Você perdeu o juízo? Dois feitiços estuporantes? Você quer conquistá-lo ou matá-lo?

– É, você tem razão. Talvez só um feitiço resolva. Deixe que eu mesma faço

Eu já ia abrindo a boca para protestar, quando Rony parou em frente a nós duas. Os cabelos ruivos bagunçados, o pijama abarrotado e o rosto de quem ainda nem acordou direito

– Mila - ele disse

– Oi amor - ela o abraçou e depositou um beijo em sua bochecha

– Pensei que íamos nos encontrar a sós - ele olhou para mim

– Ah, eu pedi que ela viesse

– Então tá né...

– Amor, por que não fica aí, paradinho? - Mila disse, se afastando de Rony

– Por que?

– Só vou fazer uma coisinha... - Mila tirou a varinha do bolso

– O que é que... - antes que Rony pudesse terminar a frase, Mila já havia gritado:

– Estupefaça!

Faíscas vermelhas saíram da varinha de Mila. Rony voou uns 3 metros para trás e caiu com estrépito

– Meu Deus, será que ele está bem? - corri até ele e comecei a dar palmadinhas em seu rosto

– Sim, ele está. Agora saia de perto, tenho que ser rápida, a essa hora Filch ainda está rondando por aí

Por um momento desejei que Filch aparecesse naquele exato momento e interrompesse Mila

Ela estava em frente a Rony, fechou os olhos se concentrando, e depois os abriu de novo dando um pesado suspiro. E então falou:

– Obliviate

Saí de perto e fechei meus olhos, não podia ver aquilo. Queria gritar e mandá-la parar, mas não conseguia. Coloquei as mãos em meus olhos, para me impedir de espiar.

Fiquei assim por uns dois minutos, até que ouvi Mila dizer:

– Está feito

Abri os olhos. Ela estava em frente a mim com um sorriso torto.

Precisei de um minuto para me recuperar, até que disse:

– O que.. faremos a- agora? - eu solucei

– Temos de levá-lo de volta até a ala hospitalar. Ele não pode saber que esteve aqui. Segundo a memória dele, ele passou a noite toda deitado em uma cama na enfermaria

– Será que amanhã ele estará normal? Quero dizer, você o estuporou, ele pode ficar mais tempo desacordado do que o esperado

– Não. Daqui a alguns minutos ele terá acordado, mas estará com tanto sono que dormirá novamente. Ele não sabe que foi estuporado e nem saberá. Bem, me ajude a levantá-lo - Mila foi até o corpo caído de Rony e colocou um braço em sua volta

Fiz o mesmo com o outro braço e saímos dali, com dificuldade, arrastando Rony até a ala hospitalar. Chegamos lá e o colocamos em sua cama, em silencio. Saímos dali correndo.

Não gostei do que tinha feito, mas não podia fazer nada para mudar aquilo. Mais uma vez eu havia sido levada pelas ideias maldosas de Mila, mais uma vez fiz tudo o que ela pediu.

Fui dormir naquela noite com a consciência pesada