Os Clichês de Rosemary escrita por Gabriel Campos


Capítulo 18
Aquela história sobre borboletas na barriga existe mesmo?


Notas iniciais do capítulo

Oiê!
Eu tô demorando um pouco pra atualizar e responder os reviews porque eu estou passando por alguns probleminhas (na verdade meio que a família toda está) e não tô tendo acesso a internet no lugar onde estou passando a maioria dos meus dias.
Como hoje eu estou em casa, tô atualizando a fic ^^
Aproveitando para agradecer as recomendações da Luísa Carvalho, da Duda, da Vic Scamander, Naughty (não sei se eu já agradeci vocês mas vocês merecem todo o amor do mundo :3), Giovanna Lu, obrigado por recomendar "Um Conto Sobre Estrume" também"
Espero que gostem. E, quem quiser escutar algo, pode colocar "Team" da Lorde.



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Eu passei alguns dias sem ver Sebastian. Eu até pensei em ligar pra ele, pois ele me prometera ajudar em química, mas eu estava morrendo de vergonha depois daquele beijo.

A prova para entrar na faculdade de arquitetura se aproximava. No entanto, eu só pensava em beijos, céu cor-de-rosa e no Sebastian.

Foco, Rosemary!

Nunca sonhei com meu príncipe vindo em minha direção num cavalo branco, com seus cabelos esvoaçantes, de botas e calças apertadas; na verdade, eu sempre ouvia falar que para cada pé descalço há um chinelo velho, mas no meu caso, Sebastian poderia ser a tampa que faltava no meu guaraná Dolly, o que era mil vezes melhor. Cheguei a pensar que poderia passar a vida toda de pés descalços, todavia, queria ficar ao lado dele.

Mas o que fazer depois daquele beijo?

A prova, Rosemary! Foca nos estudos!

O relógio tiquetaqueava anunciando que aquela sexta-feira estava chegando ao fim e, no seu lugar, meu tão temido sábado da prova da universidade se aproximava. Eu queria estar morta a ter de aguentar toda aquela ansiedade. Já não havia mais unhas nos meus dedos das mãos e eu só não roí as dos pés porque seria um tanto quanto nojento.

Pus a cabeça no travesseiro. Não havia mais nada o que fazer. Faltavam menos de doze horas para a decisão: se eu continuaria a ser a mesma Rosemary de sempre ou uma Rosemary arquiteta.

👯♡ 👯♡ 👯

Eu fechei os olhos por cinco minutos e quando os abri já era de manhã. Abri as cortinas e olhei para a vizinhança pela janela: todos deveriam estar dormindo, aproveitando o sábado da melhor maneira possível: ficando na cama até tarde.

Eu sabia, no entanto, que aquele sábado era especial para mim. Eu tinha uma mais uma batalha a vencer, que decidiria a guerra pela qual eu vinha lutando há tempos. Era a conquista dos meus sonhos. Talvez a caneta preta fosse a minha espada ao mesmo tempo que a matemática e principalmente a química eram as minhas maiores inimigas.

A prova começava às oito em ponto, no prédio da universidade. Sete e quinze eu estava pronta, esperando apenas que o chofer da família aparecesse para me levar.

Nada dele. Papai me garantira que ele viria trabalhar no sábado só para me levar. Cadê o motorista? Como eu chegaria a tempo. Desesperei-me.

Cinco minutos depois, um carrão parou em frente à casa de papai. Era enorme, eu não sabia muito bem de marcas de carro, mas aquele sim era o carro do ano. Rubem saltou do veículo e ajeitou seus óculos escuros, posicionando-os na cabeça.

— Vamos, Rose? Hoje eu serei seu chofer. — disse ele.

Andar de carro com o Rubem no dia do vestibular? Oh, Deus, quando eu disse ontem que queria estar morta era brincadeira.

— Você é a única opção, Rubem? — indaguei, com medo. Talvez um desastre acontecesse antes que eu pegasse o caderno de questões ou até mesmo antes que eu cruzasse os portões do bloco onde a prova seria aplicada.

— Claro que não, fofa — meu irmão respondeu, ácido — Você pode ir de busão! Mas não sei se você vai conseguir chegar a tempo.

Resolvi dar o braço a torcer e entrar no carro do meu irmão.

— Sábia escolha, maninha. — ele ajeitou os óculos escuros e pôs o cinto de segurança. — Você vai chegar sã e salva, eu dou a minha palavra de fã da Mariah Carey.

Fiquei em silêncio o caminho quase todo. Rubem dirigia lentamente, mas como estávamos com uma boa vantagem de tempo em relação ao início da prova eu nem liguei. Ele estava estranho, também calado. Eu havia percebido que quando ele soltava suas piadinhas de irmão mais velho chato para mim ele não falava com aquela entonação costumeira; era como se fosse algo forçado, como se ele estivesse preocupado com algo e ao mesmo tempo triste.

— Aconteceu alguma coisa? Você tá meio estranho... — indaguei. Rubem mantinha seus olhos fixos no caminho, manobrando o volante.

— Tô operada hoje... meio sem saco, sabe?

— A mamãe tá bem? Não que eu esteja preocupada, mas... sabe? É com ela?

Rubem ficou em silêncio.

— É sobre o que o papai disse naquele dia? Sobre o dinheiro? Sobre você ter que se casar?

Ele continuou de boca fechada, fitando a avenida.

— Rubem, fala comigo! — exigi — Eu nunca vi você assim!

— Tá, Rosemary... vamos conversar, então! — ele disse, ignorantemente — Como é a sensação de perder o BV?

— Eu... eu não perdi o BV. — menti — Já beijei vários antes do Sebastian.

— Fofa, no espelho e no travesseiro não vale. Vai, me conta, como é a sensação, hein? O que você sentiu?

Eu, envergonhada, virei a cabeça e comecei a olhar pela janela do carro. O céu não se movia, as nuvens pareciam me acompanhar a medida que o carro andava.

— É maravilhoso. — respondi — Eu já havia lido algumas vezes sobre “borboletas no estômago”, mas nunca tinha sentido isso. É como se elas voassem, batendo suas asas dentro da minha barriga, fazendo cócegas gostosas que mais parecem carinho. Eu acho que estou apaixonada, Rubem. — continuei observando a imensidão do céu, a testa encostada no vidro da janela do carro — É como se o céu fosse pintado de cor-de-rosa ou como se as outras cores ficassem mais vivas. No entanto, eu me sinto egoísta por aproveitar essa sinestesia e o Sebastian não.

Chegamos. Saltei do carro e Rubem me deu um beijo na testa. Um beijo de boa sorte.

— Samba nessa prova, Rosemary. Não se preocupa com o mundo aqui fora, sua boba. Depois desse desafio, você pode dizer tudo o que você falou no carro pro seu boy.

Eu acenei afirmativamente com a cabeça.

— Pode deixar, Rubem. Obrigada pelo apoio. De coração.

Então eu me misturei na multidão. Eu era só mais uma, no meio daquele monte de jovens. Mais um coração pulsando forte, cheio de medos, cheio de incertezas.

👯♡ 👯♡ 👯

Enfrentei tudo como se fosse realmente a última batalha de uma guerra que eu tinha tudo para vencer. As minhas armas eram o conhecimento e aquelas dezenas de canetas pretas que eu havia levado, com medo de que alguma delas pudesse falhar. O relógio era o meu inimigo, como sempre. Cada tique, cada taque, o som do ventilador, o respirar dos outros candidatos... tudo era tão simples e perturbador! Mas eu não poderia me dar por vencida. Quem mais daquela sala queria cursar arquitetura? Será que eles tinham sonhos tanto quanto eu? É óbvio que eles têm sonhos, Rosemary!

Cada um é importante à sua maneira. Cada um é original do seu jeito. São os seus sonhos que definem suas particularidades.

Eu tinha os meus; Sebastian também tinha os dele.

Eu o ajudaria a enxergar. Tudo dependeria daquela prova. Sobretudo, tudo dependeria da minha força de vontade.


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Notas finais do capítulo

Comentem :3