Os Clichês de Rosemary escrita por Gabriel Campos


Capítulo 15
Bêbado, cego ou pra lá de Bagdá?


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, agradecendo a meow, a magah e a maryprincess88 (leiam as fics dela, viciei em Give Your Heart a Break) pelas recomendações. Muito obrigado a todos vocês pelo apoio que estão me dando. Os comentários de todos vocês, assim como as recomendações ou até mesmo as visualizações me ajudam a continuar escrevendo.



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(por Rubem Maldonado)

Estávamos todos posicionados à grande mesa da sala de jantar da mansão do meu pai. Marjorie fez questão de vestir a sua roupa mais cara, mas mal sabia ela que estava ridícula com aquele vestido estampa de oncinha que mais me parecia importada dos anos oitenta.

Ela se sentou ao lado do meu pai enquanto Dóris, Sebastian, Rosemary e eu ficamos do outro lado da mesa. As cadeiras da ponta ficaram vazias, bem como as outras duas cadeiras perto do casal Maldonado. Mas isso não interessa. Vamos à comida?

Em menos de um minuto meia dúzia de empregados traziam para a mesa todos os pratos que seriam servidos naquela noite. Fiquei me perguntando no quão especial poderia ser o motivo para papai nos reunir ali naquela noite, num jantar tão chique.

Quando terminaram de servir a entrada, percebi que Rosemary não tirava os olhos de Sebastian, que comia salada e adivinhava todos os ingredientes do prato apenas com o paladar.

— Colocaram um pouco de orégano. Eu adoro orégano. — dizia ele.

Papai pigarreou. Ainda bem, pois eu não estava afim de ouvir aquele papo de gourmet às escuras. Mas o que realmente interessava naquele jantar?

Assim que serviram o filé mignon, Rosemary, boboca, tentava cortar aquela carne finíssima com o garfo e faca como se fosse o bife sola de sapato que mamãe fazia.

Então todos desviamos os olhares para o Sr. Zeferino, nosso querido papai.

— Vocês já devem imaginar que reuni vocês aqui, meus filhos, para esse jantar com uma finalidade, correto?

Rosemary e eu assentimos com a cabeça. Dóris e Sebastian continuaram calados, assim como a naja da minha madrasta.

— Ano que vem em completo meus sessenta anos. E eu sei que a cada dia que passa, fico mais próximo da morte. — suspirou ele.

— Ah, não Papis! — exclamei — O senhor tá benzaço. Um sugar daddy que nem o José Mayer!

— Não sei o que você disse, mas obrigado pelo apoio, Rubem.

Marjorie abraçou Zeferino e cobriu seu rosto de beijos, dizendo:

— Não quero essa conversa aqui, meu bem, por favor!

— Calma, meu docinho de coco, o propósito da conversa não é esse.

— Então desembucha logo, pai! — Rosemary falou algo que não pareceu uma bobagem pela primeira vez naquela noite — Estamos curiosos.

— Eu quero garantir que meus filhos tenham uma vida boa quando eu não estiver mais aqui. — continuou ele — Para isso, eu depositei uma boa quantia em duas contas num banco em que eu confio muito: uma para a Rosemary e outra para o Rubem.

Rosemary se assustou e ficou com aquela cara de vídeo do YouTube quando está carregando. Ou seja, de gente lerda. Eu, no entanto, estava começando a gostar do assunto, pois era sobre dinheiro e eu amo dinheiro.

— Como assim, uma boa quantia, amor? — Marjorie perguntou, com certeza preocupada com a grana do papai, a qual ela sempre desejou se apossar.

— Quero que vocês dois, Rosemary e Rubem, tenham um futuro garantido. No entanto, tenho algumas condições. — lá vem bomba — Rosemary só poderá ter acesso ao dinheiro quando passar no vestibular para arquitetura. Eu sei, minha bonequinha, que você se sairá muito bem na prova, então não se preocupe.

Passar no vestibular era fácil pra Rosemary nerd. Com toda certeza papai bolaria algo fácil para mim também.

— E quanto a mim, Papis?

— Você, Rubem, como já tem uma vida resolvida, um bom emprego, penso que também deve estar se envolvendo com rabos de saia por aí, né, filhão? — Ele me deu um tapão nas costas, com aquele jeito dele de caipira do interior.

Então eu comecei a processar as ideias e...

... oi? (?????)

— Espera, amor, o que... o que isso tem a ver? — indagou Marjorie, quase chorando de rir.

— Rubem só poderá ter acesso ao dinheiro quando se casar. E eu sei que isso não demorará muito, pois os Maldonado sempre foram homens cheios de testosterona! — bradou ele, um tanto quanto vitorioso.

— N-não, peraí, papai. Eu não entendi direito.

— Vai Rubem, diz pro seu pai aqui se você não tá enrolado com ninguém. Hein? Hein? — ele começou a olhar pra Dóris, talvez querendo insinuar alguma coisa. A pobre coitada da minha amiga se entalou com um pedaço de carne e tomou um cálice de vinho de uma vez.

— Pois é... eu tenho tido alguns romances por aí. — respondi, sem jeito.

— Então, filhão. Se você um dia precisar de dinheiro pra, sei lá, comprar uma casa, construir uma família, você terá.

Observações importantes:

Meu pai estava ficando velho e perdendo o juízo, talvez a visão. Ou, provavelmente ele estivesse de zoação com a minha cara. Tipo, eu nunca cheguei na cara dele e disse que não curtia meninas. Mas... será que ele nunca percebeu? Eu dava pinta desde criança, poxa! Minha mãe, pelo menos, sabia desde sempre. Talvez papai, por ter se afastado da gente por todo esse tempo, não nos conhecia tão bem.

Eu sabia que nunca colocaria a mão nesse dinheiro.

👯♡ 👯♡ 👯

Após o término do jantar, Rosemary, Sebastian e o cão-guia foram para o quarto da minha irmã (aquela carinha) e eu puxei Dóris pelo braço e a arrastei para o jardim da mansão.

— Ai, Rubem! Doeu! — reclamou ela, alisando o braço. — Ah, amiga, foi mal, mas você não viu? Meu pai fez sacanagem comigo com essa história do dinheiro. Acho que ele tá de zoação.

— Eu não acho. — ela arrumou novamente os óculos — Eu acho que ele pensa que você é hétero.

Gargalhei, com a mão na cintura.

— Impossível, queridinha! Vai, conta outra! Acho que o Zeferino bebeu vinho demais. Amanhã eu converso com ele e ele volta atrás com essa ideia maluca.

Dóris me chamou:

— Rubem... e a história do dinheiro da loja? Eu tô preocupada com isso.

— Não esquenta. — respondi — Eu já não tô nem aí pra isso, amiga. Por que você estaria? — cruzei meu braço com o dela — Desencana, são águas passadas.

E voltamos para a sala.

Marjorie fazia a boa moça, sentada no colo do meu pai que, por sua vez, estava sentado no sofá da sala. Minha madrasta estava se sentindo como uma garota de dez anos. Dóris, envergonhada com aquela cena ridícula, perguntou pelo irmão:

— Vocês viram o Sebastian?

— Ele subiu, está com a Rose e aquele pulg... — Marjorie engasgou, ou fingiu — e o cachorro, lá no quarto. Esses dois não desgrudam, né amor? — ela passou a mão nos ralos cabelos do meu pai, ainda sentada sobre a perna dele.

— Então eu vou lá chamar ele. — disse ela, ainda tentando esconder a vergonha — É melhor irmos para casa, ou vai ficar tarde.

— Vou com você. — e segui minha amiga até o quarto de Rosemary.

A porta estava entreaberta e Dóris, instintivamente a abriu. Quando entramos no quarto, presenciamos nada mais, nada menos que Rosemary e Sebastian se beijando!


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Notas finais do capítulo

Gente, o Rubem mandou mó spoiler do capítulo que vem! hahaha
E agora, gente! O que aconteceu quando eles estavam sozinhos?
Como o Rubem vai se virar pra dizer ao pai que é gay?
Não percam os novos capítulos!
Bj