POV Percy

– Eu te amo Annabeth! - gritei, mas não tinha certeza que ela ouvira.

Então era isso, Annabeth voltara para seu mundo, para sua vida antes de... me conhecer, o certo a fazer era voltar para minha antiga vida medíocre também. Mas eu não conseguiria, disse eu tinha certeza. Parte de mim sempre se culparia por não ter encontrado um jeito de fazer com que ela ficasse comigo.

Eu ainda olhava para o mar na esperança de ver minha sereia mas... eu não via nada.

Minhas costas estava doendo um pouco, e eu respirava com dificuldade, devia ser por causa da queda. Cair de cima de um mastro de um navio e estar vivo não é para qualquer um!

– Ei Percy!

Levei um susto com aquele chamado. Me virei e me surpreendi ao ver Charles. Ele estava dentro do mar a poucos metros de mim.

Caminhei um pouco e só então percebi que tinha perdido mais um par de botas. Andei até a água alcançar meu umbigo, fora o suficiente, Charles estava mais perto de mim.

– Olá Charles, é... bom te ver! - eu disse. Mais falso impossível.

Ele olhou para mim e levantou a sobrancelha.

– Olha Percy, não precisa fingir que gosta de mim, afinal eu também não vou com a sua cara, humano! - ele frizou bem a palavra "humano".

Apenas sorri sem graça. Como não disse nada, ele continuou.

– Não nos damos bem, ambos sabemos, mas nós dois temos alguém que queremos bem, Annabeth.

– Sim, isso é certo - eu disse.

– Ela me disse que... a-a-ama... você e... queria saber, o que você realmente sente por ela?

Senti meu rosto corar. Parece que Annie não era a única que não acreditava em amor, Charles mal conseguiu pronunciar "ama".

– Eu a amo também, Charles.

Era a mais pura verdade, sempre foi. Desde a primeira vez que a vi noites atrás. Desde que a vi com Luke e fiquei morrendo de ciúmes. Desde que eu a beijei. Desde que dançamos e demos risada juntos. Ela era a minha garota, eu tinha certeza.

Charles estava me olhando estranho, não entendi bem o porque.

– Só quero que... me prometa uma coisa Percy.

Lá vinha mais um favor. Mas eu não ia recusar, fiz que sim com a cabeça para ele continuar.

– Promete que nunca vai magoar minha irmã?

Tecnicamente, seria quase impossível eu magoá-la, já que estaríamos em dois mundo completamente diferentes, mas mesmo que estivéssemos juntos, eu nunca a magoaria.

– Ela é a última pessoa do mundo que eu quero ver triste Charles! - lhe disse a mais pura verdade.

Para a minha surpresa, ele deu uma olhada dos lados e em seguida mergulhou, me deixando totalmente confuso. O que ele quis dizer com aquilo afinal? Continuei procurando por ele, mas avistei outra coisa, que me preocupou ainda mais. Era um homem branco de cabelos castanhos e barba, que estava segurando um... tridente? Parecia mesmo ser um tridente. Imediatamente, tive uma ideia de quem poderia ser. Notei que ele olhava para mim, fiquei com medo.

De repente, sento uma agitação na água perto de minhas pernas. Olhei para baixo e vi uma luz dentro da água, parecia como uma fogueira. Mas espere... uma fogueira embaixo d'água? Eu estava pirando, só podia ser isso.

Entao a pequena chama começou a se apagar e algumas bolhas começaram a subir e... tinha alguma coisa emergindo!

Quando ela se levantou, meu coração quase parou de alegria. Será que isto estava mesmo acontecendo? Poderia ser apenas mais um sonho maluco, ou sei lá, alguma aluscinação... Mas não era, era realmente Annabeth!

Ela olhou para mim e sorriu. Usava um vestido verde cor-de-alga que cobria seus seios e sua barriga, não vi até onde ia, afinal estávamos dentro d'água. O importante é que ela estava ali, bem na minha frente!

– Annabeth, como você... - eu comecei a falar, mas não consegui porque estava sorrindo que nem um idiota.

Ela continuou sorrindo e olhou para trás, na direção de sue pai. Acho que eu entendi o que ela quis dizer. Será possível mesmo que seu pai a havia transformado em humana por... mim? Isso explicaria aquela conversa um tanto estranha com Charles. Parece que no final, seu pai não era uma pessoa tão terrível assim.

Puxei seu rosto delicadamente, fazendo com que Annie olhasse para mim.

– Você é maluca, sabia disso?

Ela deu risada e colocou suas mão em volta de meu pescoço.

– Já estou acostumada a fazer loucuras, vivo salvando a vida de certos marinheiros que só fazer bobagens!

Rimos juntos e eu a puxei pela cintura lhe dando um beijo. Finalmente, eu a teria junto comigo para sempre. Por alguns minutos esqueci que seu pai estava bem atrás de nós. Interrompi o beijo e dei uma olhada pelo ombro de Annie para ver se ele ainda estava lá, mas não tinha ninguém.

– Não se preocupe comigo Percy, eu não sou tão mal assim.

Dei um pulo. Ao me virar, dei de cara com o homem de barba e tridente na mão ao meu lado. Senti meu rosto esquentar novamente e, para variar, perdi a fala.

– Era isso mesmo que você queria minha filha? - ele disse se virando para Annabeth - Viver aqui ao lado deste rapaz?

Annie olhou dentro de meus olhos e sorriu.

– Sim, pai. - ela disse ainda com os olhos fixos nos meus.

Não pude evitar não sorrir. Era isso que ela queria, e era isso que eu queria também. Agora sim, Annabeth ficaria comigo até o último dia de minha vida!

O pai dela se virou para mim e disse:

– Percy Jackson, o humano que conquistou o coração de minha filha, só te peço uma coisa, para cuidar de meu bem mais precioso como se fosse seu tesouro!

Olhei para Annie. Ela era meu tesouro. Voltei o olhar para seu pai e lhe disse:

– Annabeth é um tesouro para mim senhor, cuidarei dela como se fosse minha vida!

Ele sorriu. Reparei que seus olhos era exatamente iguais aos de Annabeth, os mesmos olhos cenzas tempestuosos, mas tinha o mesmo sorriso irônico de Charles.

– Pode me chamar de Frederick, já que seremos quase parentes, não precisa de formalidades!

Frederick, era um nome um tanto incomum para um rei dos mares. Apenas lhe dei um sorriso leve.

– Então acho melhor eu ir nadando. Como sabem, tenho um reino para governar! - todos rimos. Até que para um rei, ele tinha um bom humor, nao era como Charles.

Annabeth caminhou até seu pai e lhe deu um abraço. Percebi que seus olhos se enxeram de lágrimas, ele parecia estar segurando o choro.

De repente, uma figura aparece ao meu lado, era Charles. Ele não olhou na minha cara, nem sequer me dirigiu uma palavras, apenas foi até Annie e lhe deu um abraço.

– Vou sentir muito a sua falta, seu enfadado! - ela disse chorando no ombro do irmão.

Se soltaram e então Charles se virou para mim.

– Lembre-se, se você fizer minha irmã sofrer, juro que acabo com você!

O tom ameaçador dele me deixou com medo, mas eu não magoaria Annabeth, nunca.

Logo após me dizer isso, Charles afundou nas águas, assim como seu pai. Olhei para Annie e vi que ela ainda olhava para o mar. Ela tinha deixado sua família para viver comigo, era só nisso que eu pensava.

– Então, é isso mesmo que você quer? Viver com este empregado pelo resto da vida?

Ela estreitou os olhos. Era isso que era, apenas isso, um empregado nada mais! Annie se aproximou de mim e disse:

– Eu escolhi ficar com o homem que eu amo. Não me importo se ele for um empregado ou... um príncipe, eu o amaria de qualquer jeito!

Aquele sorriso bobo tinha voltado para meu rosto.

A verdade era que, mesmo que Annabeth continuasse sereia, eu sempre a amaria de qualquer jeito. Acariciei seu rosto e a beijei novamente. Quase não acreditei que sentiria aqueles lábios todos os dias nos próximos anos. De repente, Annabeth interrompeu. Fiquei um pouco confuso e ela disse:

– Já estava quase me esquecendo... - dizendo isso, ela cerrou o punho da mão direita e deu um soco em meu braço.

– Au! - gemi de dor. Apesar de ser mulher, ela tinha uma mão um tanto... poderosa!

– Isso foi ter tido aquela ideia maluca de subir no mastro em plena tempestade, você tem noção de como eu fiquei assustada ao te ver caindo? - dei um sorriso torto - E isto - ela me puxou pela gola da camisa e me beijou - foi por não ter desistido de mim, bem, de nós!

Sorri para ela.

– Eu jamais desistiria de você sabidinha!

Me inclinei e lhe dei mais um beijão. Então todas as lembranças voltaram. Me lembrei da primeira vez que a vi, na noite após o acidente, de como eu me sentira estranho toda vez que estávamos juntos, só demorei para admitir para mim mesmo o que era aquilo. Me lembrei de nosso primeiro beijo e de como ficava nervoso cada vez que pensava em Annabeth e Luke juntos... todas aquelas lembranças estaria dentro de meu coração para sempre.

Annabeth parou de me beijar, mas continuou próxima de mim.

– Quer dar um mergulho Percy?

Mais do que eu já tinha me molhado hoje? Estava escurecendo, então estava começando a ficar difícil de enxergar.

Foi então que tive a ideia mais maluca de todas. Não, maluca era pouco, mas eu só conseguia pensar nisso. Não sabia se Annabeh ia gostar, mas eu gostaria, muito.

– Annie... quer casar comigo?

Ela arregalou os olhos, por um minuto pensei que ela não tinha gostado, até um enorme sorriso sair de seus lábios.

– Percy... claro, é claro que eu quero!

Annie pulou em meus braços me dando um enorme abraço. Eu era o homem mais feliz e mais sortudo do mundo.

Quando a soltei, ela pegou minha mão e começiu a afundar no mar, fiz o mesmo. Já estávamos embaixo, resolvi abrir meus olhos, não conseguia vê-la bem, mas mesmo assim, nadei até mais perto e Annie me puxou, fazendo com que fôssemos para um lugar mais fundo. Não aguentei e a beijei embaixo d'água mesmo. E foi o melhor beijo subaquático de todos os tempos.