Annabeth começou a descer as escadas. A música começou a tocar. Olhei para os lados e não vi Luke nem Bianca. Olhei para ela novamente. Seus belos olhos cinzentos encontraram os meus. Naquele momento, eles eram a única coisa que eu conseguia enxergar. Pra mim não havia mais baile, não havia mais convidados, não havia mais príncipe, tudo que eu via era a mulher mais linda do mundo descendo as escadas e parando na minha frente.

Meu coração parecia querer sair de meu peito. Annabeth estava ali, parada em minha frente, olhando dentro de meus olhos.

Ela me deu um leve sorriso e eu retribui.

- Quer... dançar? - lhe perguntei estendendo minha mão trêmula para ela.

Annie nem sequer olhou para os lados para ver se Luke estava por perto, segurou minha mão e disse:

- Claro.

A conduzi até o meio do salão. Seria como da última vez que dançamos, ou não. Annabeth chegou mais perto de mim e colocou sua mão esquerda em meu ombro. Segurei sua cintura com a mão direita e começamos a dançar.

Olhei no fundo de seus olhos e disse o óbvio.

- Você está linda sabidinha!

Ela sorriu e ficou um pouco vermelha. Mas não tirou seus olhos dos meus nem por um minuto.

- Você também está lindo cabeça de alga! - eu amava quando ela me chamava assim.

Haviam muitas pessoas dançando, mas a única coisa em que eu realmente prestava atenção era em seus olhos. Aqueles belos olhos cinzas tempestuosos, era com aqueles olhos que eu sonhava toda noite. Eu a amava, disso eu tinha certeza. Mas Annie ia embora amanhã, e certamente eu não iria voltar a vê-la. Mesmo assim, eu jamais a esqueceria. Ela fora a primeira mulher que eu amei. Ela era a minha sereia.

Por um minuto, parei de prestar atenção em Annabeth porque vi algo. Vi de longe, Luke e Bianca de mão dadas. Fiquei feliz por eles, finalmente se acertaram. Lancei um sorriso de aprovação para Luke, ele retribuiu. E saíram, ainda de mãos dadas.

Espere, se Luke, o prícipe, tomou coragem e se declarou para BIanca, que era uma empregada, por que eu não podia me declarar para Annabeth? Sim, ela iria embora amanhã, mas e daí? Eu não a veria mais, queria aproveitar cada segundo ao seu lado.

- Então... - sua voz interrompeu meus pensamentos - tudo certo para amanhã?

Estava quase me esquecendo do plano.

- Claro. - foi só o que consegui dizer.

Eu sentia dentro de mim que precisava dizer à ele. Aquilo estava me machucando por dentro. A música não tinha acabado ainda, mas eu não ia deixar essa chance, e esse surto de coragem passar.

- Annie...

Ela me olhava atentamente.

- Sim?

Eu precisava falar, agora já estava virando necessidade. Mas não ali, em outro lugar.

- Vem comigo. - eu disse pegando sua mão e a puxando para fora.

Saímos do salão e a levei até o jardim. Andamos mais um pouco, até o banco. Sim, era lá mesmo.

- O que foi Percy? - ela estava curiosa, e talvez um pouco irritada também.

Me sentei, ela se sentou ao meu lado.

- Annie, lembra quando você disse, na colina, que não acreditava em amor? - ela engoliu seco, pareceu estar preocupada - Bem eu te digo, sim o amor existe. Já sentiu como se ver alguém sorrir fosse mais importante do que ver você sorrir? Ou então, quando você vê aquela pessoa chorando, sua vontade é de, não importa onde vocês estiverem, de ir até ela, lhe dar um abraço e dizer que vai ficar tudo bem? Amor é isso. Você sabe que está amando, quando alguém começa a ficar mais importante do que você mesmo.

Os olhos de Annabeth estavam cheios de lágrimas. Minha vontade era de agarrá-la e lhe dar um beijo, mas me contive. Será que ela entendera o que eu quis dizer? Estava torcendo para que sim. 

Ela limpou uma lágrima e olhou em meus olhos.

- Eu não acreditava em amor Percy, tudo que meu pai falava, eu simplesmente acreditava em tudo, até que... - mais e mais lágrimas começaram a escorrer por seus rosto, senti meus olhos lagrimejarem também - até que você apareceu em minha vida e... bagunçou tudo, aqui! - ela colocou a mão no lado esquerdo do peito, seu coração.

Eu entendi direito? Sim. Mal pude acreditar. Um enorme sorriso brotou de meus lábios. Segurei sua mão e fiquei de pé. Annie fez o mesmo.

Segurei seu rosto com as duas mãos. Não consegui conter algumas lágrimas. Tudo que eu estava sentindo era verdade, e ela correspondia a meus sentimentos.

- Annabeth, eu te amo!

Então ela sorriu, e era como se seus olhos também estivessem sorrindo. E eu tive minha resposta.

- Eu... também te amo Percy!

Quando ela disse isso, eu a beijei. Mas não foi como o beijo de mais cedo, esse fora um beijo apaixonado.

Algumas pessoas esperam uma vida toda por um momento como este. Algumas pessoas procuram para sempre por aquele beijo especial. Eu não posso acreditar que está acontecendo comigo. Era o melhor dia da minha vida com certeza.

Poderia ficar ali por horas, sentindo os lábios de Annabeth nos meus. Era a sensação mais maravilhosa do mundo.

Mas então Annie interrompeu e me olhou tristemente. Eu sabia porque, de qualquer forma, ela ainda iria embora amanhã. Ela abaixou a cabeça e ficou encarando o chão. Toquei seu queixo e a levantei, fazendo com que ela me olhasse. 

- Eu sei o que você está pensando, mas acredite, daremos um jeito. - lhe disse.

Annabeth piscou os olhos com força.

- Como Percy? Quando meu pai descobrir, se é que ele já não descobriu, vai me trancar em meu quarto e jogar a chave fora!

Isso me preocupou. Afinal meu "sogro" não apreciava humanos. Mas eu era um marinheiro, e praticamente morava no mar, assim seria mais facil de vê-la.

A trouxe para mais perto de mim. Minha sabidinha sorriu e tocou meu rosto. Ela acariciou meu lábios. Senti uma corrente elétrica atravesar meu corpo.

- Você baba enquanto dorme!

Sim, foi o que ela disse. E eu aqui pensando que ela ia dizer algo romântico, ou o quanto eu era lindo, mas não, ela disse que eu babo.

Dei risada e lhe dei mais um beijo.

Annabeth interrompeu de novo.

- Hoje, logo depois que nós chegamos, eu vi você e Bianca conversando, posso saber sobre o que?

Não acreditei. Annie estava com ciúmes de Bianca? Que linda!

Eu ri e lhe disse:

- Não precisa ter ciúmes de Bianca, eu e ela somos amigos desde pequenos, ela sempre cuidou de mim e de Nico. - disse brincando com um de seus cachos - Mas só para você saber sabidinha, estávamos falando de você. Ela queria que... eu me... declarasse.

Senti meu rosto queimar.

Annabeth abriu um sorriso e mordeu o lábio inferior. Resolvi contra-atacar.

- E eu vi você e Luke conversando, era sobre o que?

Ela riu também e me deu um beijo de leve.

- Sobre Bianca, eu percebi como eles se olhavam. Sabia que tinha mais coisa ali.

E isso era verdade. Talvez o único motivo pelo qual Luke não se declarara antes fora falta de coragem. Mas graças ao empurrãozinho de Annabeth, eles tinham se acertado.

- E graças a você, acho que ele finalmente criou coragem e falou para Bianca o que sentia. Eu os vi entrando no salão de mãos dadas.

Ela sorriu, parecia estar feliz.

E eu também estava, tanto por mim e Annabeth, como por Luke e Bianca. Ela passou todos esses anos pensando que Luke não dava a mínima para ela, no fim, ele também a amava. Finalmente a vida estava melhorando para todos nós.

Passamos grande parte da noite no jardim, aos beijos. Estava tudo ótimo. Observávamos as estrelas, a lua... apenas eu e Annabeh.

Quando percebi que todos os convidados já tinham saído, então me dei conta que estava ficando tarde. Peguei Annabeth pela mão e a acompanhei até seu quarto. Tomamos cuidado para não sermos visto na hora que passamos no salão, mas não restaram muitos convidados. Não nem Luke, nem Jason, nem Thalia. Provavelmente já deviam estar dormindo.

Quando chegamos na porta de seu quarto, Annabeth me deu mais um beijo. E eu retribui, claro.

- Boa noite Percy. - ela disse ainda com a testa encostada na minha.

- Boa noite Annie, até amanhã. Não se esqueça de acordar cedo!

Ela sorriu e entrou no quarto. Pensei em me convidar para entrar também, mas era melhor eu ir com calma.

Fiquei um tempo do lado de fora, apenas processando o que havia acontecido. Sim, estávamos juntos. E amanhã colocaríamos o plano em prática. Resolvi voltar para o meu quarto e tentar dormir, mas eu sabia que só conseguiria sonhar com uma coisa, com a minha sereia.