Era uma noite de chuva, tudo estava escuro no castelo. As pessoas estavam em suas salas comunais, se aquecendo. Mas eu, estava nos jardins, sentindo aquela água fria cair sobre mim e escutando o som estridente dos trovões, não conseguia sair de lá, parece que algo estava me prendendo... Então eu vejo um garoto loiro, parado em frente ao lago negro. Fui até ele, esperei por alguns segundos, e disse:

- O que faz aqui?

Ele estava segurando o braço esquerdo, e quando me ouviu assustou-se.

- O mesmo que você, suponho. – disse assim que se recuperou do susto. – Mas acho que você deveria entrar, está muito frio aqui. – Disse isso ainda de costas para mim.

De fato, eu estava tremendo.

-O que tem no seu braço? – Não pude conter minha curiosidade.

Ele hesitou por um momento, se virou e olhou diretamente para mim, não sei porque, mas me sentia incomodada com aqueles olhos cinzentos me perfurando,me olhando profundamente. Depois de alguns segundos nos encarando, eu percebi de quem se tratava, mas não era possível ser ele... Não mesmo, estava muito diferente desde a ultima vez em que eu o vi, ele decidiu quebrar o silencio:

-Olha Granger, o que tem no meu braço não é da sua conta. – E saiu andando em direção ao castelo, me deixando sozinha, sobre aquela chuva fria...

Depois de alguns minutos observando o salgueiro lutador, resolvi que também era hora de ir para o castelo...Fui caminhando lentamente, pensando no que acabara de acontecer, como Draco Malfoy estava diferente... As férias o haviam feito muito bem, tive que admitir a mim mesma, ele estava lindo, mas isso não mudava o fato de ele ser arrogante, esnobe, egoísta, e preconceituoso.

Estava passando pelos corredores, sem a menor pressa, não queria encontrar aquelas pessoas felizes e sorridentes na sala comunal. Desde que cheguei a Hogwarts, não tenho tido muita vontade de conversar com meus amigos, eles não entendiam o porquê de eu estar assim, mas eu também não sabia o motivo de querer me afastar todas as noites, de não querer conversar com ninguém. Acho que é porque eles não me compreendem mais, não sentem as mesmas coisas que eu, não são capazes de perceber esse clima horrível de guerra que esta se arrastando a cada segundo.

Lord Voldemort, o bruxo mais poderoso que existe, está realmente vivo. Depois de todos esses anos, ele ressurgiu novamente, o mundo está passando por muitas coisas terríveis desde então. Eu tenho medo. Medo de que descubram que sou uma sangue-ruim e que acabem me prendendo ou até matando, mas ultimamente parece que os comensais estão caçando pessoas de sangue-ruim para fazer trabalhos forçados, e definitivamente, para mim, a pior coisa que poderia acontecer é ser capturada por eles. Harry e Rony não parecem estar muito preocupados com a guerra lá fora, não entendo isso, Harry deveria estar escondido, mas parece que ele não se importa, parece que não tem medo de ser pego pelo Lord Das Trevas. Desde que Dumbledore se foi, a 3 semanas, Harry Potter tem agido de maneira estranha, isso é tolice na minha opinião, pois ele já deveria estar atrás das Horcruxes. Rony quer acompanhá-lo nessa busca, mas eu não, afinal, não poderia nem que quisesse, pois a escola está em primeiro lugar, não posso perder os meus estudos assim, de uma hora para outra, eu preciso de uma formação...

Cheguei em frente ao quadro da mulher gorda, disse a senha e entrei. Como havia previsto, todos estavam lá, sorridentes e felizes, realmente, parece que só eu estava pensando na guerra que ocorria lá fora, depois dos muros de Hogwarts.

Passei sem olhar para os lados, ignorei as perguntas de como eu estava molhada, e fui diretamente para o dormitório. Despi-me e deitei na cama, vários devaneios, cada um mais maluco que o outro foram rodeando a minha mente, principalmente pelo fato de eu ter tido uma breve conversa com o Malfoy, comecei então a pensar no que tinha naquele braço... Porque ele estava o segurando de tal maneira? Como se houvesse algo ali em que ninguém pudesse ver? Seria possível que aquilo tivesse acontecido com ele? ...A Marca Negra?