O fraco sol, típico de outono, batia na janela e nos lençóis em que Rin estava enrolada. O céu estava azul, com poucas nuvens. Era o grande dia.

- Aii... É hoje... – Rin acordou, mas fechou os olhos, por causa da luz intensa. E também por que não queria acreditar – Hoje eu não posso errar...

O despertador marcava 07:30h da manhã, causando um frio na barriga de Rin, que, por algum motivo, estava nervosa, só de pensar que veria aquele rapaz na escola.

“Como era o nome dele mesmo? ...” Rin pensava ainda de pijama, enquanto procurava seu uniforme.

- AAAHH! Que negócio nojento é esse? – Ergueu um lenço molhado e fedido – Esse... ué... *gota*

Abriu o lenço com o maior nojo, onde estava bordado “Sesshoumaru” (em caracteres japoneses, kanji) em linha dourada. Agora que percebera, tinha levado o lenço consigo, sem querer. Tinha a coloração vermelha e preta, com flores de cerejeira rosas com detalhes prateados e o nome bordado. Era como so fosse uma obra de arte...

“Acho que é melhor lavar logo, senão estraga...” Rin, já vestida com o uniforme, levou o lenço para a sua suíte.

“E pensar que ele limpou a minha BABA com esse lenço... É tão bonito...” Pensou, enquanto lavava. Automaticamente, lhe veio a imagem de Sesshoumaru em sua cabeça e sorriu.

- O que você está pensando, hein? – Rin falou sozinha – Ele... É só um colega.

Rin pendurou o lenço no varal, pegou a mochila e ficou esperando Kagome, na frente de casa.

Viu, ao longe, um rapaz alto, com ombros largos e cabelos prateados na frente da luxuosa casa vizinha. Parecia estar com o mesmo uniforme de sua escola.

- Ohayou... – falou, automaticamente para o vizinho, acostumada a cumprimentar pessoas a quem não conhecia. Mas havia o reconhecido, de longe - Se... Sesshoumaru? – apertou os olhos para identificar seu vizinho – Você? O que...

- Ohayou... Rin, eu sou seu vizinho... Caso tenha se esquecido de ontem.

- Aaah... Lembrei... E cadê o Inuyasha?

- Ah, ele está dormindo ainda...

- Entendo... A Kagome está se aprontando, eu estou esperando ela. Deve estar na mesma sala que ele. – Rin olhou para o céu, para não ter que olhar no dourado dos olhos de Sesshoumaru – Kagome! – gritou – Venha! Senão vamos nos atrasar!

- Tá bom, Nee-chan! Eu tô aqui, já! – disse Kagome, descendo as escadas, ao mesmo tempo que Inuyasha descia as da casa dele. – Ohayou Sesshoumaru! Ohayou Inuyasha!

- Ohayou! – Inuyasha e Sesshoumaru acenaram.

-x-

- É hoje que você vai cantar, não é? – Inuyasha perguntou, enquanto os quatro andavam à caminha da escola.

- Ai, nem me lembre disso... Isso me dá arrepios! – Rin fechou os olhos.

- Por quê? Cantar ali não deve ser tão assustador...

- Claro que não, só vão ter algumas pessoas da elite de Tóquio, algumas bilionárias, a grande maioria milionária, e estarão me encarando. NADA demais... – Rin fez uma cara de dor de barriga.

- Fique tranquila – Sesshoumaru falou, olhando pro céu. – Você precisa ter certeza que não vai errar.

- Ai... Eu não vou errar! ... – Rezou.

- Nee-chan, até logo! A minha escola é pra lá! – Kagome acenou, quando chegou a uma esquina específica.

- Até logo, eu vou junto de Kagome! – Inuyasha acenou também.

- Até logo! – Rin e Sesshoumaru acenaram juntos.

- Ah, obrigada pelo lenço de ontem... – Rin ruborizou – Afinal, aquele lenço devia ter custado caro, era tão bonito...

- Não há de quê. Eu ganhei o lenço... Não se preocupe. – Sesshoumaru olhava Rin com o canto dos olhos – Aliás, fique com ele.

- Eu? Ficar... Com o lenço? – Arregalou os olhos – Mas... Ele é tão bonito...

- Por isso mesmo, fique com ele... É um presente meu. – Sorriu.

- Obrigada então... Eu adorei o presente – Sorriu de volta. Nunca tinha o visto sorrir daquela maneira – Chegamos. Vou procurar uma amiga minha, até daqui a pouco! – Rin seguiu às escadas.

- Até. – Sesshoumaru seguiu até os armários.

Rin olhou em volta, procurando a amiga Sango.

- EU VI! – Pulou em Rin, por trás.

- Viu o quê? Mas que diabos, Sango! – Ruborizou incandescentemente.

- Vocês dois! Vocês formam um casal LIN-DO! – Exclamou.

- Mas o que... Sango!

- Eu sei que você se apaixonou pelo bonitão. Dá pra ver pela sua cara. Além do mais, somos melhores amigas, né? Seria um crime se eu não reparasse.

- Mas... Isso não tem na- - Rin tentou se explicar.

- E outra coisa, venha na minha casa hoje, para eu poder te maquiar! Afinal, hoje é o grande dia!

- É... – Rin concordou meio a contragosto.

- Na sala de aula –

Rin olhava atentamente ao Sesshoumaru, depois ao papel, e repetia esse movimento várias vezes.

“Não, ele não tem os olhos desse jeito... Pronto, agora o nariz... É mais fino. O rosto tá perfeito, mas falta o formato do cabelo... Tá comprido demais assim, ele tem cabelo comprido, mas nem tanto. Ai, tá ficando lindo igual ele! ... Ai meu Deus, hoje eu tenho que cantar! Como eu vou fazer isso...? E será que Sesshoumaru vai? Os pais dele são canto-”

- O que você está fazendo, Rin?

- ... – Rin continuou desenhando, desapercebida, enquanto Sango observava melhor ao desenho.

- É o Sesshoumaru? – Sango apontou – Parece muito com ele.

- É, só que a boca dele é perfeita, aqui não tá... – Rin inconscientemente falou, em tom de voz baixa. Mas o suficiente para Sesshoumaru, ao seu lado, ouvir e tentar ver disfarçadamente como ela estava desenhando-o.

“Ah, eu sabia. Você está apaixonada por ele. E a propósito, você desenha muito bem, não sabia desse seu lado artístico.” Sango escreveu em um pedaço de papel e colocou ao lado do desenho de Rin.

“Só faltam alguns detalhes... Pronto! O que é isso?! Deve ser da Sango, vou ler.”

“Não, não estou, Sango. Você está imaginando coisas. E eu aprendi a desenhar com a minha mãe J” Rin dobrou o papel e jogou-o para Sango, mas não percebeu que deixou o primeiro bilhete cair. Ele percebeu.

- No fim da aula –

“Você está apaixonada por mim? Desculpe, mas não resisti ao bilhete caído perto da sua carteira... E eu quero ver o desenho. Ass.: Sesshoumaru”

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!! – Rin instantaneamente gritou e cobriu o seu rosto com as pequenas e delicadas mãos.

- O que foi, Kanamori Rin? – perguntou o professor.

- Eu... Eu só me assustei, pensei que fosse uma barata no meu pé, mas era apenas o meu celular... Desculpe, sensei, não farei isso novamente. – Obteve uma coloração vermelho-vivo.

- Rin, o que foi isso? – Cochichou Sango, depois que os comentários alheios em voz baixa acabaram.

- Ele descobriu que você acha que eu amo ele. Eu digo o resto depois.

Sesshoumaru não conseguia segurar o riso, do lado de Rin.

O sinal tocou. Todos os estudantes da Sakura Koutou Gakkou estavam indo para as suas casas.

Só que Rin estava no banheiro com medo de encontrar Sesshoumaru. E Sango estava tentando fazer Rin sair de lá.

- Rin, não seja boba! O Sesshoumaru deve ter achado que eu estava brincando com você!

- Aaaai que vergonha!

- Mas não era você quem não estava apaixonada por ele? – Sango provocou.

- Sim! Mas... Isso me envergonha... O fato de ele estar achando que eu amo ele. – choramingou.

- Bom, de qualquer forma, você ama ele e vai ter que olhar pra ele hoje à noite, por que estará lá no meio da platéia do karaokê.

- O QUÊ? – Rin arregalou os olhos

- Isso mesmo, ele estará lá, por que os pais dele também estarão. São cantores, né?

- NÃÃÃÃÃÃÃO!!!!

-x-

- Rin, saia daí! Nós temos que nos arrumar, senão chegaremos atrasadas! – Sango batia à porta do banheiro da casa de Rin.

- Não! Eu desisto de cantar lá! – Rin choramingava.

- Rin! Eles vão lhe dar um cachê recheado... – Sango virou os olhos. – E você vai ficar muuuito famosa!

- E daí? – Resistia. Rin era mesmo desprendida aos bens materiais...

- Rin! Se você for comigo, eu vou emprestar meu gato de estimação para você durante... Durante uma semana!

A porta abriu-se repentinamente, derrubando Sango, que estava apoiada na mesma.

- Você disse... SEU GATO?

- Sim, Rin, eu disse-

– AQUELE PELUDO? – Rin cortou Sango

– É, o Buyo. – Sango suspirou desanimadamente e se levantando da queda – Aiai...

- Cadê o vestido? – Rin estava eufórica, já pegando o estojo de maquiagem que Sango trouxera.

- Tá aqui. Mas primeiro, seque esse cabelo. Depois eu faço a sua maquiagem.

- Tá bom! – Rin estava com os olhinhos brilhantes, por ter aquele gato que amava tanto.

- Na apresentação –

- Eu... Eu não acredito que vou cantar aqui. Não acredito... Não acredito... Não acredito...

- RIN! Pare de falar isso! Senão não vai nem conseguir entrar no palco com o-

- COM QUEM?

- Ninguém. Vai com fé. – Sango empurrou Rin para o palco, quando já anunciavam o nome dela.

- E agora, Kanamori Rin, uma jovem iniciante, mas com muito talento, por ser indicada por dois de nossos convidados! - O apresentador olhava para o público e para Rin. Só que parecia estar olhando para uma pessoa atrás dela também; ela virou, e quem estava lá? Ele. O Sesshoumaru. Olhando para ela.

Ela estava com um vestido branco como a neve, encravejado de cristais cintilantes. Estava linda; seu echarpe era da mais alva, fina e elegante seda. Seus sapatos, quão delicados. Pequenos, simples, mas não deixavam de chamar a atenção pelo revestimento brilhoso, de cetim; seus brincos e colar eram em formato de estrelas. De prata e cristal, iluminava o rosto da jovem. Em conjunto, o vestido, os brincos, o colar, e a maquiagem, faziam dela praticamente uma modelo. Não era à toa que Sesshoumaru a olhava com tanta fixação.

Mas Sesshoumaru não estava muito diferente. Ele estava especialmente bonito naquela ocasião, de terno preto, e gravata prata, combinando com os seus longos e perfeitamente lisos fios também pratas.

Rin sentiu seu estômago gelar e seu coração bater forte. O que seria isso, meu deus?

“Eu devo estar enlouquecendo.” Pensou Rin, enquanto subia as escadas para o palco. “Deve ser o nervosismo. E o fato de ele estar aqui também. ELE ESTÁ AQUI! Como eu vou cantar?”

- E, como é sua primeira vez no palco, o filho do ilustre casal aqui presente, – olhou para Izayoi e Taishou – os senhores Taishou e irmão de Taishou Inuyasha, Taishou Sesshoumaru vai cantar ao lado de Kanamori Rin.

Palmas

“COMO ASSIM?” Rin começou a ficar roxa na frente do palco. Na frente de todo mundo.

- Por favor – O apresentador entregou os microfones para os dois.

- Arigatou gozaimasu. – Os dois responderam, numa reverência tradicional japonesa, fazendo Rin tremer. Ele já estava acostumado com apresentações daquele tipo; só estava curioso sobre Rin. Como ela se sairia.

- Olha! Os dois não são bonitinhos no palco? – Sango cochichava para Kagome e Miroku. Os três estavam sentados na primeira fileira, por que conseguiram ingressos grátis, graças à sua amiga Rin. Inuyasha queria sentar-se junto de Kagome, mas tinha como obrigação ficar ao lado dos pais.

Rin estava na coloração vermelho-púrpura, por causa de tamanha vergonha em cantar em público.

Apesar de estar especialmente linda.

- Nós vamos cantar a música “Winding Road”, de Ayaka e Kobukuro – Rin falou, trêmula.

- Esperamos que gostem! – Sesshoumaru completou, com sua falsa animação. Afinal, era quieto e anti-social; mas parecia que mudava, quando Rin estava por perto.

- Depois de cantarem -

Rin já não estava mais nervosa, estava gostando. Era como se o palco fosse algo extremamente normal para ela. Sesshoumaru já não era o de antes. Ele tinha mudado; várias vezes, os dois se entreolhavam, digamos, apaixonadamente.
O público, principalmente os amigos de Rin e Sesshoumaru, aplaudia de pé.

“Foi um sucesso...” Haviam dois sóis no rosto delicado e alvo de Rin. Seus olhos brilhavam como se tivessem luz própria.

- Os senhores deram um show! Nunca uma iniciante cantou tão perfeitamente! Quantos anos a senhorita tem? – O apresentador estava eufórico.
- Eu tenho 15 anos... Estou no primeiro colegial. – Rin respondeu, sem ar.
- E o senhor? – Se dirigiu para Sesshoumaru.
- Estudo na mesma sala que ela. – Sesshoumaru respondeu com seu tom impassível.
- E há quanto tempo os senhores estão cantando juntos? – Inconscientemente, frizou a palavra “juntos”.
- É a minha primeira vez... A primeira vez que canto em um evento de tamanha importância... Sinto-me muito honrada em cantar aqui! – Rin entusiasmou-se.
- Muito obrigado pela sua presença! Infelizmente, o nosso tempo acabou e a apresentação acaba por aqui. Muito obrigado à todos que vieram, os senhores serão sempre bem vindos!
- Arigatou gozaimasu! – O casal agradeceu.

À essa altura, Rin nem se lembrava da descoberta que Sesshoumaru fez, ao ver o bilhete de Sango. Mas ele se lembrava. Com certeza, como podia esquecer-se daquele “fato”? Estava confuso, mas no fundo do seu coração, nascia, muito sorrateiramente, um broto de amor, o qual talvez, quebraria o gelo que não deixava ninguém aproximar-se de seu coração.