Real or not real? escrita por letter


Capítulo 6
Capítulo 5 - Distúrbio


Notas iniciais do capítulo

Capitulo batizado pela FlahLF, wee *w* boa leitura, tributos.



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- Quantos dedos têm em minha mão? – perguntou um curandeiro trajado de branco, segurando a prancheta em uma mão, e mostrando dois visíveis dedos na outra.

- O que? Você está brincando, né? – indagou Katniss incrédula, sentada em uma maca, trajando uma camisola azul da qual foi obrigada a vestir.

- Vamos senhorita Everdeen, não pode ser tão difícil, faça um esforço, você consegue – incentivou o curandeiro – Quantos dedos têm em minha mão?

Katniss revirou os olhos, com certeza isso deveria estar sendo uma piada da Capital, e nesse momento ela não duvidava que havia pessoas a assistindo, poderia ter câmeras escondidas a qualquer lugar pelo que ela sabia. Talvez a câmera de segurança de hospital que estava próxima a ela, nem fosse uma câmera de segurança, e sim a de um programa de humor que estava sendo passado ao vivo. Não era algo tão improvável, isso.

- Dois – respondeu ela.

O curandeiro pareceu satisfeito com a resposta, abaixou os olhos para a prancheta e começou a fazer anotações.

Katniss olhou para o lado. Na maca ao lado, estava Johanna, aos berros com um dos curandeiros, na maca ao lado da Johanna estava Annie, tão tranquila como se estivesse acabado de acordar de um profundo sono e fizesse força para se lembrar dele, Annie parecia não se dar conta do fato de que estavam em uma clínica, fazendo uma avaliação psicológica. Diferente de Johanna, não era ela quem berrava com o curandeiro, e sim o curandeiro quem berrava com ela. “Quantos dedos têm aqui?” ele gritava, Annie fitava-o, piscava algumas vezes, e com um sorriso no rosto, voltava a virar a cabeça para o lado, mergulhada em seu transe.

- Por favor, senhorita Everdeen, acompanhe a luz – pediu o curandeiro tirando uma lanterna de tamanho mínimo de dentro de seu bolso, e a acendendo. Uma fraca luz laranja atingiu os olhos de Katniss, dançando de um lado para o outro. Obedientemente, Katniss começou a seguir a luz com os olhos.

- Bom... – murmurou o curandeiro consigo mesmo, desligando a lanterna e voltando a anotar na prancheta.

- Eu não sou louca – disse Katniss para o curandeiro.

- Mentalmente perturbada – corrigiu o curandeiro, tirando uma pulseira de onde tirara a lanterna. Katniss reconhecia a pulseira, já usara uma daquelas por muito tempo. Uma pulseira que dizia que ela era mentalmente perturbada. A lembrança fez um arrepio correr por sua espinha.

- Eu não vou usar isso – já foi logo avisando.

O curandeiro pareceu não ouvir, e colocando a prancheta na cama, utilizou a outra mão, para tirar mais uma pulseira do bolso. Ele olhou de um lado para o outro, como se para ter certeza de que ninguém prestava atenção neles.

- Veja – pediu ele colocando as duas pulseiras nas mãos de Katniss. Uma com os dizeres já conhecido, mentalmente perturbada, outra com os dizeres, psicologicamente aprovada.

- O que tem isso? – perguntou ela confusa estendendo ambas as pulseiras para o curandeiro.

- Você foi psicologicamente aprovada – contou o curandeiro – Mas, eu terei de te suplicar, para que finja que não. Para usar essa pulseira, que te mostra como perturbada. Para mentir, e fingir – sussurrou ele tão baixo, que Katniss teve de se aproximar para ouvi-lo.

- Por quê? – perguntou ela num tom tão baixo quanto o curandeiro, e por um momento que duvidou que ele a ouviu.

O curandeiro a fitou por um momento, ele parecia travar uma batalha interna, decidindo se deveria ou não contar a Katniss o motivo daquilo tudo. Katniss não havia o reparado, mas agora que o via bem, repara nos seus cabelos ruivos, levemente bagunçados, em seus olhos claros, suaves e intensos. As feições também eram suaves, ele não devia ter muito mais de vinte anos. A garganta de Katniss se apertou. O curandeiro a lembrava de Darius. O pacificador de seu distrito, que fora capturado pelo Capital, tivera a língua cortada, fora transformado em avox, e fora assassinado aos olhos de Peeta.

- É para sua segurança – confidenciou ele a ela.

- Você sabe o que está acontecendo – não era uma pergunta – Porque Paylor quis me manter longe da Capital?

Novamente o curandeiro ficou calado, avaliando se devia ou não contar.

- Como vamos aí? – perguntou um homem robusto e rechonchudo, aparecendo na entrada da enorme sala em que se encontravam. Tinha as feições duras e a voz grossa, parecia ser bastante rude e severo. Imediatamente o curandeiro ruivo pegou a prancheta na mama e fingiu estar fazendo anotações.

Katniss não sabia se era impressão, mas o homem rechonchudo fuzilava o ruivo com os olhos pelas costas.

- Estamos quase terminando – respondeu o curandeiro que olhava Enobaria, algumas macas atrás de Katniss.

- Vocês têm cinco minutos – o homem respondeu ainda fuzilando o curandeiro de Katniss, os segundos se passaram e ele saiu.

- Não era para você ter vindo – murmurou o ruivo mal abrindo a boca, colocando novamente a prancheta na cama, e puxando o braço direito de Katniss para si – A senhora presidenta queria te manter em segurança em seu distrito.

Katniss tentou absorver as palavras que ouvira.

Não tinha motivos nenhum para confiar no curandeiro, não o conhecia. Mas alguma coisa dentro de si, dizia que era verdade tudo o que ouvia.

- Porque está me dizendo isso? – perguntou ela enquanto o curandeiro amarrava a pulseira de mentalmente perturbada em Katniss.

O ruivo não respondeu. Terminou de amarrar a pulseira no braço de Katniss, e sem dizer uma palavra, puxou uma corrente que estava escondida por baixo de toda a veste branca. Um pingente reluziu por um segundo, mas logo o ruivo voltou a guardá-lo. Era um tordo. Ele usava um pingente de tordo.

Um sinal soou. Imediatamente os curandeiros espalhados pela sala, que estavam avaliando os companheiros de viagem de Katniss começaram a amarrar uma ou outra pulseira no pulso de cada um.

- Obrigada – disse Katniss por fim.

O ruivo assentiu.

- Siga a enfermeira – disse ele apontando para uma loira que chegou na sala – E senhorita Everdeen, tenha cuidado.

Katniss desceu da maca, e enquanto andava até a enfermeira, não deixava de se virar e olhar para o ruivo. Apenas quando saiu da sala foi que pensou que deveria ter perguntado o nome dele.

Katniss seguiu a enfermeira, que dava instruções sobre quais elevadores pegar e quis escadas subirem para chegarem aos apartamentos onde cada um ficaria. Era o mesmo lugar onde residiu quando era tributo, mas pelo que conseguia ouvir a enfermeira falar, ele foi reformado. O centro de treinamento que havia perto dali, fora desmanchado, e transformado em algum tipo de Salão. Alguns apartamentos foram quebrados, e por cima, apartamentos que exigiam menos manutenção foram reconstruídos.

- Você também é mentalmente perturbada? – perguntou Johanna olhando o pulso de Katniss – Bom, ao menos poderei falar que temos algo em comum, se algum dia alguém perguntar por que andei tanto tempo com você.

Subiram uma escada, entraram em um elevador.

- O curandeiro que me atendeu é um palerma. Tentei explicar calmamente que não sou louca, mas ele me deu ouvidos? – Johanna bufou.

- Você estava quase esbofeteando o infeliz – comentou Enobaria, aparentemente feliz por ter sido diagnosticada como psicologicamente aprovada.

- Tenho certeza que aqui ou em qualquer lugar, eu sei melhor das minhas capacidades do que você – rebateu Johanna – Ou Annie – a morena estava em um canto ao elevador, de olhos fechados, poderia estar dormindo.

- Se Annie fosse diagnosticada como vocês, poderiam tirar Finnick dela – contou Enobaria, descendo em seu apartamento.

- Faz sentido – disse Katniss, cansada da viagem, cansada desse mistério de Paylor, cansada da conversa com Gale, cansada de não conseguir ajudar Peeta, cansada, apenas cansada.

- Me visitem depois – pediu Annie amigavelmente descendo no apartamento dela.

Um a um, todos foram descendo nos seus respectivos apartamento, até somente restar Katniss.

Imaginara que o apartamento estaria mudado, mas não, estava como esteve das vezes anteriores que ali ficara.

Parecia deserto, mas não estava. Katniss ouvia murmúrios vindos do corredor, e paços em algum lugar por aí. Automaticamente seus pés se dirigiram para seu antigo quarto como se ansiasse por isso. Imaginava que encontraria sua antiga cama de tributo, pronto para acolhe - lá em um profundo sono, mas ao invés disso encontrara sua cama enfeitada com um vestido de cetim vermelho, e um par de sandálias douradas. As sandálias combinavam perfeitamente com o tordo que estava ao lado de uma tiara da mesma cor sobre o vestido.

- De novo não – suspirou Katniss.

Logo a voz de Haymitch viera como um eco em sua cabeça, “Terá um jantar formal, para todos se conhecerem e afins. Depois, um baile formal, para descontrair...”

Ela não gostava disso, nem um pouco. Mas o que poderia fazer? Se despiu jogando a camisola de hospital do lado, tirando a roupa de baixo, e fez força para arrastar seus pés até o banheiro. Ligou o chuveiro, e apertou todos os botões que tinha direito, sendo atingida por jatos de água fria, morna e quente que se alteravam, espumas e bolhas brincavam em sua volta, e isso a distraiu por um momento. Mas depois de se levar, se lembrou que estava na Capital, e que logo se depararia com pessoas da Capital, e muitas dessas pessoas, a odiavam secreta e profundamente. Foi com pesar que se enrolou na toalha que estava posta ao lado da banheira e saiu do banheiro.

- Aí meu Deus Katniss, você quer nos atrasar, assim? Temos uma programação a cumprir!

- Venia! – exclamou ela, se esquecendo de tudo, e correndo para os braços da mulher, que para sua surpresa estava com os cabelos ondulados de uma cor castanha, que Katniss jurara ser natural, e trajava roupas menos escandalosas do que a que estava acostumada á ver.

- Ah Katniss, olhe só para suas sobrancelhas – choramingou Octavia, se aproximando do abraço, e para fechar, Flavius.

- Quem me dera o problema fosse apenas a sobrancelhas – disse ele com voz de pesar, por um momento se abraçaram, Katniss nunca fora de abraçar muito, mas estava realmente feliz em vê-los.

- Imaginei que Paylor não permitiria nós termos equipe de preparação – disse Katniss ao se afastarem.

- E não permitiu – concordou Venia – Mas ninguém precisa saber que fomos nós que fizemos você ficar deslumbrante e encantadora.

- É o nosso segredinho – piscou Flavius, já puxando uma cadeira e colocando Katniss.

Katniss tentou ser humilde, mas não conseguiu, começou a especular sobre o que estava acontecendo na Capital, mas os três estavam novamente no mundo da lua em que viviam, e não perceberam nada de deferente. Contaram suas novidades de sempre, e fizeram as criticas básicas como Katniss não sabia como se cuidar.

Em pouco tempo, ela estava realmente deslumbrante. O vestido caíra bem em seu corpo, o decote ficara perfeito em seu busto, e a cintura ajustada, parecia que o vestido fora feito em seu corpo por cair tão bem. Katniss desacostumara de andar de saltos, mas iria fazer um esforço para aguentar. Flavius fez um penteado em seus cabelos, de forma em que eles caíam em cascatas pelas costas. “Nada de trança, vamos renovar, renovar”

- Bom, agora é ver se conseguimos sair escondido – murmurou Octavia admirando Katniss.

- Ninguém sabe que vieram em ajudar? – perguntou Katniss surpresa por esses três conseguirem essa artimanha sozinhos.

­- Não, e não foi fácil, mas temos de ir, é claro que também vamos a esse jantar – disse Venia – E é claro que também precisamos ficar deslumbrantes.

­Aos risos, os três saíram furtivamente do quarto.

Katniss aproveitou o momento em que ficou sozinha, e começou a andar de um lado para o outro, tentando se equilibrar. Estava indo bem, até que algo sendo esmurrado a desconcentrou e ela tombou de lado.

- Droga – murmurou, tirando as sandálias, e correndo para porta do quarto para ver o que foi.

Haymitch esmurrava a porta onde deveria ser o quarto de Peeta e gritava por seu nome.

- O que aconteceu? – indagou ela alarmada.

- O temíamos acontecer se Peeta voltasse para a Capital.



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Notas finais do capítulo

Ficou meio gordinho o cap G_G mas assim, espero que isso não tem sido um empecilho. Espero que tenham gostado do capitulo, mandem suas opiniões, sugestões, argumentos e tudo o mais, e muito obrigada por lerem tributos :***