Dont Look Back In Anger escrita por ladyofcamellias


Capítulo 9
Capítulo 9- Hug


Notas iniciais do capítulo

Capítulo suuuper rápido e cheio de inspiração o/
Talvez possa surgir alguma dúvida, à todo momento eu vou me referir aos capítulos anteriores, então é bem provável que em alguns momentos vocês tenham que voltar lá, ok?



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POV Annabeth

Já deviam ser quase umas sete da noite quando a campainha tocou de novo, pela terceira vez seguida. Alguma pequena parte de mim, ainda mais ou menos consciente, tinha intenção de se levantar abrir a porta. Mas a maior, cansada e preguiçosa, acabara vencendo, de maneira que eu permanecia deitada no sofá, quase pegando no sono.

Fora um dia cheio. Nico fizera questão de que toda a escola ficasse sabendo de nosso “namoro”. Toda mesma. Passáramos toda a tarde zanzando pelos corredores e até mesmo fizemos uma pequena visitinha ao jardim de infância. E me ignorara completamente quando lhe contara que meu irmão estudava naquele turno. Não eu acreditasse que Bobby fosse fazer fofoca para meu pai sobre isso, embora tivesse certo receio.

Bufei, irritada, quando a maldita campainha soou estridente em meus ouvidos pela quarta vez. Levantei-me e, batendo os pés, fui abrir a porta. Só não esperava que fosse ele, ali, do outro lado da porta, sorrindo amarelo e dobrando um pedaço de papel meio amassado.

_ Er... Oi, Annie.

Acho que Percy entendeu que eu estava atordoada demais com sua visita, vendo minha cara abobalhada, meus olhos arregalados e minha boca aberta. Entrou a passos leves e fechou a porta atrás de mim, deixando um estreito espaço entre nossos corpos.

_ Aqui _ entregou-me o papel amassado _, você esqueceu em cima da mesa hoje na aula de Quíron. Sabe como é seu namorado estava te esperando na porta...

_ Nico. O nome dele é Nico.

_ ... e você saiu tão feliz e apressada que acabou largando lá mesmo.

Era o meu boletim do final do bimestre. Lembrava-me do professor de História, Quíron, ter-me entregado em mãos na sua aula, a última. E assim que ele virou as costas, amassei-o sem ao menos ver todas as notas, porque apenas a distribuição de “C”s e “D”s já me deixara insatisfeita o bastante por um dia.

_ Ele também falou algo sobre suas notas _ continuou Percy _, sobre seu rendimento já ter sido melhor, alguma coisa assim. Mas eu não tenho nada a ver com isso, eu...

Percy iria, provavelmente, começar um longo discurso sobre como cada um deve cuidar da sua própria vida e etc, mas, aparentemente, notou como estava cabisbaixa. Tomou o papel de minhas mãos com extrema facilidade e, fazendo uma bolinha de papel com este, jogou, ainda que de costas, em cima do sofá.

_ Relaxa... São só notas. A gente só se preocupa com esse tipo de coisa no último bimestre, bem na hora da recuperação.

Tentei rir da piada, mas minha risada saiu falha e forçada. Ele ainda me olhava com aqueles grandes olhos verdes, questionando o porquê de toda a minha aflição. Eu não fazia ideia de como poderia lhe dar uma justificativa que lhe fizeste jus.

_ Não são só as notas. É que... de repente parece que o “meu rendimento” caiu em tudo.

_ Tudo...?

_ Tudo eu quero dizer a vida, Percy.

Ele fez um prolongado silêncio. E, ainda sem dizer nada, envolveu minhas mãos nas suas e me puxou em direção ao sofá, onde nos sentamos, de frente um para o outro, encarando um ao outro. Por que aqueles olhos verdes faziam-me sentir tão zonza?

_ Não é de todo ruim...

_ Você não pode dizer isso. Eu gosto de você, Percy, mesmo. Você é um cara legal e tem sido um bom amigo... Mas isso não quer dizer que me conheça por completo.

Percy assentiu quieto, com os próprios pensamentos azucrinando sua pobre cabecinha oca. Olhava em volta, como quem procura as palavras certas para o momento certo. Até que bateu os olhos na série de porta-retratos em cima da lareira e caminhou em direção a estes.

Pegou os retratos nas mãos, um por um, e analisou-os com olhos de cientista. Quando chegou ao último, ficou com este em mãos. De longe, ainda sentada no sofá, consegui ver que era um em que estávamos eu, minha mãe e meu pai, na frente da baía de São Francisco. Eu devia ter uns sete anos nessa época.

_ Quem é? _ perguntou parecendo um tanto curioso.

_ Minha mãe.

Fechei os olhos, tentando evitar as lágrimas. Era difícil comparar a minha vida há alguns anos atrás com a de agora sem ter vontade de chorar. Sem ter uma vontade louca de voltar no tempo e viver sempre os mesmos dias selecionados. Quando a vida era algo bonito e feliz vindo de minha perspectiva infantil.

_ Ela era linda, Annie. Como você.

_ Obrigada _ consegui murmurar sem que ele percebesse a voz manhosa, ainda parecendo curioso em relação à foto, observando-a minuciosamente, como o cenho franzido.

_ E seu pai... Ele parece tão diferente aqui...

_ Conhece meu pai? _ perguntei assustada, levantando-me rapidamente e me pondo ao seu lado, agitada e temendo que tal fato fosse possível.

_ Não... Quer dizer, eu o vi naquele dia que você foi fazer trabalho lá em casa. Ele te esperava na porta e colocou você pra dentro...

Eu conseguia me lembrar com alguma clareza. Fora a primeira vez que tinha ido à casa de Percy e ele tinha acabado de entrar pro time de basquete. Ainda tinha em mente o encontro que ele teria logo mais tarde com a vadia da Rachel. Estava tão distraída que só me toquei de que meu pai me vira saindo da casa do nosso novo vizinho, ele me dando um beijinho na testa e tudo, quando me jogou contra as escadas e me deu uma das maiores surras que eu já havia tomado. Sendo que estas, no último mês, vinham num número particularmente grande.

_ Ele tem sofrido muito desde que a mamãe morreu. _ consegui dizer, atônita, sem encontrar melhor explicação.

_ Mas você parece já ter superado isso e acredito que seus irmãos também.

_ Essas coisas a gente nunca supera por completo, Percy _ respondi-lhe, rindo amarga, dando-lhe as costas.

A lembrança da minha mãe, Atena, ainda era muito forte pra mim. Do sorriso dela, dos desenhos dela, do cheiro do cabelo dela. Eu sempre acreditara que todo aquele ódio que meu pai havia criado por mim, depois de sua morte, fora por eu ser tão parecida com ela. Não que ele tratasse meus irmãos bem, mas comigo sempre fora muito pior.

No começo, eu até suportei. Ele passava direto por mim e eu passava direto por ele. Éramos mais ou menos felizes. Mas aí então veio todo aquele escândalo. E ser tão parecida com minha mãe, algo que eu me orgulhara durante a minha vida tora, virara um fardo.

Quando eu pedira que Katie, naquele momento apenas a garota desconhecida do primeiro ano, cortasse o meu cabelo, era como se eu visse metade da minha vida ir embora. Cada cacho que caía era uma lembrança dizendo adeus. Eu não queria mais me parecer com a minha mãe, porque eu sei, que se ela me visse em tal estado, ela não sentiria o mínimo orgulho de dizer que eu era sua filha.

Passei as mãos pelos meus cabelos, ainda estranhando o comprimento curto que nem o de um menino e olhei para as roupas que eu vestia do meu irmão. E já não tinha mais a mínima ideia de quem era Annabeth Chase.

Percy me abraçou, embora ainda tivesse de costas para ele. Esquecera-me completamente de que estava ali. Vir-me-ei de frente e abracei-o de volta, com todas as minhas forças, como se minha vida dependesse daquele abraço.

Era tão bom tê-lo ali comigo e, mesmo quando não estivesse dizendo nada, ele acabava dizendo tudo. Ele tinha aquele cheiro de maresia que me deixava meio embriagada e o ombro dele era macio como o de nenhum outro.

Fora legal passar à tarde com Nico, correndo pela escola, e brincando e fingindo. Ele era um cara bacana e bonito e eu não podia deixar de ceder quando ele beijava. Mas Percy ia além, e mesmo com aquele jeito todo atrapalhado e inseguro dele, o oposto de Nico, ele fazia tudo parecer mágico que nem em um filme da Disney.

Eu poderia ter passado à noite inteira, a semana inteira e a minha vida inteira dentro daquele abraço. Se não tivesse escutado a voz de quem menos queria. Meu pai, assistindo tudo de olhos bem abertos do topo da escada, gritava o meu nome.

POV Percy

Eu queria ter feito alguma coisa. Eu queria voltar lá e fazer alguma coisa. Mas travei por completo, em choque.

Não pude evitar quando o pai de Annabeth me arrastara para fora de sua casa. Eu teimei um pouco, é claro, mas ela gritava com tanta certeza que eu deveria sair de lá, que eu apenas consegui obedecer a sua voz. Sentia-me fraco, esnobe e cretino, embora soubesse que se ficasse lá talvez apenas piorasse as coisas.

Tinha ido até lá com o intuito de conversar com ela. Contar-lhe tudo que havia acontecido na casa de Rachel e até mesmo pedir-lhe conselhos. Poderia ter ido atrás de qualquer um dos meninos do time, mas só conseguia pensar nela, como se fosse minha única opção.

E claro, ainda havia a história do tal do namorado. Aquilo ainda não descera pela minha garganta. Ela parecera imensamente feliz hoje na escola, ao lado dele, sorrindo e brincando como nunca tinha visto. Como nunca fizera comigo.

Admito, queria perguntar sobre ele e da onde surgiu esse namoro, assim, tão do nada. Talvez fosse normal ter ciúmes de uma amiga, não é? Mas por que, então, meu coração se apertara tanto ao vê-la naquele estado.

Embora sentisse que havia entrado numa área restrita de seus sentimentos, área esta que ela provavelmente fechara para tudo e para todos, sentia que havia feito o certo. Uma hora ou outra ela teria que colocar tudo aquilo para fora, certo? E, de certa maneira, estava feliz que tivesse sido comigo, e não com o Di Ângelo.

Enfiava a chave na porta, ainda meio confuso em relação a tudo que acontecera neste dia, tão concentrado que ao levantar os olhos, não pude deixar de por a mão sob o coração, assustado, com a cena que se desenrolava a minha frente.

Rachel estava sentada no sofá, ao lado de minha mãe, e as duas pareciam conversar, em tom baixo e tranquilo. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Sally se levantou e disse-me, com um tom de voz autoritário, ainda que suave:

_ Querido, hoje sua namorada passará a noite aqui.


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Notas finais do capítulo

Admito, queria deixar esse momento mais pra frente na fic, mas ainda tem tanta coisa pra rolar e a história simplesmente foi fluindo... Eu só deixei acontecer e fui escrevendo tudo que me veio na cabeça. Acho que é meu capítulo favorito. Sem contar que eu pretendo fazer muitos momentos sensíveis assim ao longo da fic, certo?
Sobre os reviews... Já sabem, né? Eu realmente dei tudo de mim nesse capítulo, levei MUITO tempo pra escrevê-lo, então ficaria imensamente feliz se os fantasminhas resolvessem dar as caras, né? E claro, aguardo ansiosamente pelos das minhas leitoras fiéis que nunca me deixam na mão. Vocês são as melhores *-*
Então é isso, galera. Já sabem, caixinha sexy ali embaixo, né? Beijão