-Quer dizer então que no sétimo ano, eu, você e sua família, Harry, Luny...

-Luna. –Corrigiu Ron.

-Luna Lovegood, e... Como é mesmo o nome... –Perguntou a garota estralando os dedos.

-Neville. Neville Longbotton.

-Isso. –assentiu a castanha tentando memorizar todos os nomes- Quer dizer que lutamos numa guerra? Lutamos de lutar mesmo?

O ruivo assentiu. Ainda se sentia esquisito ao falar sobre a guerra. Soava como um pesadelo distante do qual ele ainda não sabia se acordara.

-Eu me saí bem?

-Muito! Você foi brilhante, na verdade.

-Como assim?

-Você nos fez montar um dragão, Mione. -Disse o rapaz rindo ao lembrar da ideia louca da amiga. 

-Sério? Conte mais!

E mais histórias vieram. Rony falava e falava, mas parte de sua mente continuava na espera pelo tal assunto que seria abordado. Hermione escutava atentamente e esperava ansiosamente lembrar de alguma coisa. 

A espera era grande e as horas pareciam se derreter no relógio que nenhum dos dois observava.A única pessoa que estava achando tudo muito lento era a morena que observava borboletas dançarem no jardim da mansão.

Pansy Parkinson não gostava de esperar, mas estava se obrigando a ter paciência com os dois grifinórios na sala de estar. Era por uma boa causa.

Admitia que era estranho pensar que ela estava fazendo qualquer coisa boa que fosse, mas era uma nova época para todos, porque não para ela? Todas as decisões erradas que tomou em sua época de Hogwarts. Todas as decisões que nunca tomou. Ela havia esperado muito pelas oportunidades que agora pareciam brotar em sua frente. Havia esperado muito e podia esperar mais um pouco.

No fundo no fundo, Parkinson sabia que estava fazendo aquilo mais por Draco que por Hermione, mas não podia deixar de admitir que queria muito que as coisas dessem certo entre eles dois. O amigo merecia ser feliz e a grifinória merecia sua vida de volta. E pensando no quanto era estranho fazer algo por alguém, Pansy sorriu ao ver o tão aclamado Sr. Esquilo se aproximar dela com uma noz nas patas. 

-E aí bichinho? Veio me fazer companhia? -Perguntou ela ainda sorrindo. 

-E os Malfoy? –Perguntou a garota com os olhos brilhando.

Ronald, que esperava não falar nada sobre os Malfoy parou por um segundo pra refletir. Até onde exatamente ele podia ir com aquele assunto? Até onde Hermione sabia?

Como que lendo os pensamentos do rapaz, Hermione suspirou antes de dizer:

-Pode falar a verdade. Sei que eles fizeram escolhas erradas e talvez a antiga Hermione tivesse motivos para odiá-los, mas... Draco não gosta muito de falar sobre isso e eu preciso saber. Eu não ligo para o passado, não tenha medo de me assustar.

Estava bem mais calma. O pânico foi se dissolvendo à medida que mergulhava nas memórias de Rony (que lhe soavam estranhas e familiares ao mesmo tempo). Ela tentava lembrar-se da adrenalina de estar numa batalha. Ela conseguia distinguir o medo que sentiu um dia do que sentira naqueles minutos com Ron Weasley. Aquele medo não era real. Era algo que ela não devia sentir. Pensando assim, conseguiu se acalmar a ponto de cruzar as pernas confortavelmente embaixo de si enquanto apoiava o rosto nos punhos para ouvir tudo o que o rapaz tinha para dizê-la.

Concordando com a cabeça, Ron tomou fôlego e reuniu toda sua bravura grifinória para entrar no terreno minado que era o “Assunto Malfoy”.

-Eu acho melhor aquele preto. –Disse a ruiva observando o namorado escolher um suéter verde.

-Mas eu gosto desse...

-Eu sei, mas o preto realça seus olhos. Use o preto.

Revirando os olhos discretamente, Harry abriu o armário a fim de pegar o tal suéter preto.

-Harry, honestamente...

-Mas eu vou usar o preto. –Respondeu o rapaz rapidamente.

-Não é sobre isso – Riu Gina.

Aliviado Harry voltou a procurar o suéter.

-Eu não acho saudável a Hermione ficar tanto tempo sozinha naquela casa. Não é de partir o coração? O Malfoy vai demorar a voltar e a coitadinha vai ficar só naquela mansão velha. –Prosseguiu a ruiva.

-Na verdade a mansão é nova. –Disse o moreno com a cabeça enfiada no armário.

-Que seja... –Disse Gina com descaso.  – Acho que eu devia passar umas tardes com ela. O que você acha?

-Hein? –Perguntou Harry com a voz abafada. Estava com metade do corpo dentro do armário e ainda não achara o suéter.

-Harry honestamente, você é um bruxo! –Disse Gina exasperada puxando o namorado pelo ombro. Tirou a varinha do bolso e, com um gesto, convocou o suéter e bateu a varinha na testa de Harry delicadamente.

O rapaz sorriu. Às vezes esquecia que tinha a magia a seu favor. Nunca ia se acostumar ao fato de poder procurar roupas com a varinha. Pegou o suéter da mão de Gina e a abraçou pela cintura para um beijo rápido.

No final das contas o beijo não foi tão rápido. Quase uma hora depois, ainda sem o suéter o rapaz lembrou da conversa que estavam tendo antes de” magicamente” caírem na cama.

-O que você perguntou naquela hora? –Quis saber Harry se virando para contemplar o rosto da sua (nunca cansaria de pensar assim) garota.

-Eu perguntei, Sr. Potter, o que você achava de eu passar umas tardes com Hermione enquanto o Malfoy está de viagem.  Acha que é uma boa ideia?  

-Muito boa. –Disse o rapaz olhando deliberadamente para a namorada.

-Harry, é sério! –Falou Gina rindo.

-Eu sei. É muito, muito boa.

A garota fez uma cara que deixava claro que havia entendido a piadinha.

-Acho que é uma ideia quase tão boa quanto você. Melhor assim?

-Espera aí, deixa eu pensar.

A ruiva parou pra pensar teatralmente por um momento antes de cair na risada e jogar um travesseiro no rapaz.

E mais uma vez, a conversação teve de esperar pois aquele casal em especial não se importava muito com coisas que pudessem ser verbalizadas. Não naquele momento.

"Não aguento mais esperar. Quem eles pensam que são?" -Um agitado Malfoy pensava. 

Estava esperando há exatos 15 minutos do lado de fora de uma sala de reunião. Ele era Draco Malfoy. Que diabos estava acontecendo com ele?

Primeiro ele não conseguia se concentrar na maldita reuinão por causa de Hermione. Depois ele jogou tudo pro ar e saiu dela. Depois levou uma bronca da mãe e foi xantageado até voltar para aquela madita cidade e para a maldita empresa. Agora estava esperando pela boa vontade do maldito CEO de falar com ele.

"Maldição, maldição!" 

-Senhor Malfoy?

-O que é? -Respondeu automaticamente ao ser arrastado para fora de seus pensamentos. 

-A espera acabou, pode falar com o Sr. Cope. 

-Já não era hora, não admito esperar por ninguém. -Disse o loiro com sua antiga arrogância destinada a subordinados.