Fechei a porta da minha cabine e peguei uma toalha pra secar o pouco de champanhe que caiu em mim e logo depois fui cercada por três garotas furiosas.

-Por isso você está encalhada – disse Lavínia

-Qual seu problema? – perguntou Giselle – Aquele tanquinho. Deus do céu.

-Você tomou muito sol na cabeça esses dias – Helena olhava preocupada.

-Primeiro, eu não estou encalhada, eu só estou bem assim, segundo, Giselle, você tem namorado, aquieta a piriquita minha filha e terceiro, eu não tomei muito sol na cabeça. O que vocês queriam que eu fizesse? Eu derramei champanhe nele todo, ele deve me odiar sem nem me conhecer e vocês acham que um sorriso daquela já não tem dona? Fala sério gente.

-Olha, eu conheço de romance e eu sei que ele te deu mole – disse Lav sentando na cama.

-Olha, eu entendo de garotos bonitos e aquele era um – disse Giselle abrindo a janela da nossa cabine.

-Olha... eu acho que eu o conheço de algum lugar – disse Helena me olhando.

-Olha... eu acho que vocês estão loucas – eu disse abrindo o guarda roupas pra escolher uma roupa pro jantar de hoje – e além do mais... Essas nossas férias tem um lema: Sem falar de garotos, sem nos preocuparmos, só curtição e eu agradeceria se vocês se preocupassem menos com minha vida amorosa, ela vai bem. – eu disse caminhando pro banheiro quando sai as três estavam sentadas olhando pra mim.

-O que foi? – eu perguntei

-Sabe Ann, estamos preocupadas com você – Lavínia disse

-Comigo?

Elas me passaram todo aquele sermão de como eu estava viciada em trabalho, como havia vida fora do escritório.

-Um dia você pode acordar sozinha, sem ninguém do seu lado da cama, sem o barulho de crianças, só você e seu blackberry – Lav continuou – Será que é isso que você quer.

-Se for isso que me fizer feliz é sim – mas claro que Lavínia continuou e as outras a apoiavam

-Todos os homens que você conhece são do escritório e TODOS te obedecem, aposto que nenhum te vê como uma mulher e sim como um deles, homens, aposto que já te chamaram pro futebol.

-Mentira – ok, isso era verdade, eu já fui chamada várias vezes pro futebol, como se eu soubesse chutar uma bola.

-Lembra o Eduardo? Amigo do Ben que marcamos um encontro as escuras com ele pra você? Ele disse pro Ben que você o assustou, tamanha sua personalidade Ann. Parece que você faz de proposito, afasta os caras de você, finge que não entende as cantadas quando vamos ao bar juntas, coloca defeito em todos. E você não era assim, você acreditava em romance – ela disse cansada de tanto falar.

-Eu acredito – eu disse na defensiva – é só que... eles não cabem na minha agenda agora – eu disse tentando ser engraçada.

-E eu acho que a culpa disso tudo é do Philippe – Helena disse.

-Philippe? Você tá dizendo que o fato de eu querer estar sozinha agora é culpa dele? – eu disse rindo debochadamente

-Sim, o que ele fez foi terrível – Giselle me lembrou – Vocês estavam juntos a tanto tempo e depois da formatura da faculdade ele simplesmente disse que sairia de férias e nunca mais voltou.

-Acontece que o canalha engravidou a amante e foi assumir a família – Lavínia falou com raiva.

Cada uma das meninas tinham uma versão diferente para o acontecimento, mas só eu sabia o que realmente havia acontecido.

-Eu sei o que ele fez, vocês não precisam ficar me lembrando e eu não mudei, eu continuo sendo a mesma Anna, só porquê vocês estão felizes com seus namorados significa que eu tenho que ter um também? Parem de tentar me juntar com alguém, eu sei me cuidar muito bem. Lavínia, eu espero que um dia você pare de ver o mundo tão cor de rosa para você não se machucar, Giselle, por quê você não para de enrolar o Will e aceita logo o pedido de casamento dele? Vocês vão morar juntos e eu tenho quase certeza que você tá grávida e Helenna, quando você vai perceber que o Rogerio só está interessado no seu dinheiro? – eu disse dessa vez com muita raiva – Sabe... eu vivo no mundo real e eu sou completamente feliz assim, ficaria grata se vocês me deixassem em paz – eu disse gritando e batendo a porta.

Fui andando pelo navio, eu tava meio perdida, seguir direções nunca foi meu forte e fui parar perto de lugar nenhum e fiquei olhando em volta procurando uma placa.

-Perdida? – a voz grave cheia de sotaque estava logo atrás de mim

-Não – eu disse ainda procurando a bendita placa, eu respondi tentando um sorriso.

Ele riu e passou a mão no cabelo, que agora estavam molhados e ele estava vestido agora, bom... de calça e uma camisa de botão e tênis.

-Achei que estava – ele disse sorrindo – A não ser que sua cabine seja por aqui.

Olhei ao redor e não tinha chance nenhuma de eu saber onde eu estava. Odiava admitir meus erros.

-É, eu estou perdida mesmo – eu disse sorrindo e olhando em seus olhos. A luz estava fraca, o dia já se pondo.

-Bom, eu não sei onde é a sua cabine mas eu estou indo para o bar agora.

-Bar, essa é uma ótima ideia – eu disse o seguindo.

-Eu sou o Zayn – ele disse estendendo a mão

-Anna – eu disse aceitando o cumprimento