POV Hermione

Ele me estendeu a mão e eu a segurei.

Saímos silenciosamente pela porta e descemos a escada, parando na porta. No cabideiro, estava pendurado um sobretudo marrom escuro, provavelmente de Gui. Eu o vesti por cima da camisola e saímos.

POV Draco

O frio não era tanto. Era muito comum as temperaturas chegarem abaixo de zero, durante a noite em lugares como este, mas o tempo parecia querer deixar tudo perfeito somente para nós.

Com algumas poucas luzes que vinha da varanda do chalé, misturada com os poucos raios de sol que já nasciam no horizonte, indicando que logo já iria amanhecer, pude ver o mar azul-esverdeado. O vento açoitava os cabelos de Hermione, então ela os prendeu em um coque desarrumado.

–É um lugar muito bonito, esse. – Ela disse, olhando o horizonte. – Mas como sabia que eu estaria aqui?

–Era o lugar mais provável depois da toca. De qualquer modo, eu iria até o fim do mundo para ver se você estaria bem. Aquilo foi tudo culpa minha...

–Pare de se culpar Draco, você não podia ter feito nada. – Ela disse, ainda encarando o horizonte, onde o sol já começava a nascer. Então reparei, no quanto ela havia mudado. Não era mais a Hermione alegre, esperançosa e que via sempre o lado bom das pessoas. Agora elaconseguia realmente ver a verdade, sobre tudo e todos. Sobre mim. Ela podia ver o caos.

–Sim, eu poderia. – respondi. – Mas eu fui um covarde. Sempre fui um covarde. Eu te abandonei para seguir princípios que eu nem mesmo entendia.

Ela continuou a encarar o nascer do sol.

– E imagino que você está pensando em mudar? – disse.

–Eu não estou pensando. –Respondi. – Eu vou.

Ela se aproximou de mim e me encarou.

–E quando pretende começar?

–Agora. – respondi, pondo uma das minhas mãos em seu rosto. Estava prestes a beijá-la, quando uma voz conhecida irrompeu o ar atrás de mim.

–E que pretende fazer Malfoy? Vai nos ajudar a arrombar o cofre Lestrange?

Me separei de Hermione e me virei. Potter me encarava com um sorriso presunçoso. Atrás dele, o Weasley, que te deu um chute como se dissesse: “não abra a boca! “

–Se for preciso. – Respondi.

–Certo. Acho que isso te pertence. – Ele me jogou minha varinha. Muito melhor do que a sobressalente que eu estava usando.

–Harry, o que você ta pensando cara? – Weasley bufou. – Nem sabemos se ele é confiável ainda!

–Algo me diz que sim. – ele olhou para Hermione. – Enfim, nos encontre dentro do chalé em três horas. Vamos dar um tempo pra vocês.

Weasley saiu resmungando. Assim que desapareceram de vista, Hermione se pendurou em meu pescoço, quase dando pulinhos.

–Ah, pelas cuecas floridas de Merlin! Você vai mesmo nos ajudar no Gringotes?

–Hã... Sim, mas o que vocês querem no cofre?

Ela me soltou, parecendo assustadoramente séria.

–É segredo. – Então sorriu de novo. – Mas, ah Draco! Sua ajuda vai fazer muita diferença!

–Como?

–Vai ajudar a convencê-los de que sou Bellatriz. Acompanhada por você, vai parecer que é uma simples ida ao banco!

–Hã... – Eu não tinha entendido nada. – Claro!

Ela sorriu e tentou se pendurar novamente em meu pescoço, dessa vez me desequilibrando. Caímos na areia, rindo da cara um do outro.

E por um momento, ela se pareceu com a minha antiga Hermione.

...

POV Hermione

Adentramos ao banco. O duende Grampo nos acompanhava em direção ao cofre Lestrange.

–Você já esteve lá? – perguntei. Ele sacudiu a cabeça.

–Não. Bellatriz só o visitou uma vez há muito tempo. Mas ela me contou que , quem quer que entrasse lá, morreria afogado.

–Afogado?

–Sim. Eu também não entendi.

Afogado. Essa palavra se repetia em minha cabeça enquanto eu tentava atribuí-la; Só depois fui descobrir, afogado nem sempre se referia à água.