Já havia anoitecido lá fora, as coisas estavam mais ou menos calmas, os passos já não eram mais ouvidos, e mais nada se quebrava na casa já fazia algum tempo.

- É seguro sair agora? - perguntou Sara, já cansada de mofar sentada no chão do lugar

 Mas o silêncio voltou quando Thomas fez um "xiiii" com a boca, pedindo para que ficassem quietos. E inesperadamente, algo forte e grande se choca contra a porta fazendo com que um pedaço de madeira da mesma voasse em direção a eles, mas parando a alguns centímetros da cabeça de Sara, e permaneceu voando a alguns centímetros do chão por alguns segundos antes de cair, sem machucá-la. Então surge na porta um homem de beleza mediana, cabelos pretos e barba por fazer.

- Acabou a palhaçada. - gargalhou - Não tenho todo o tempo do mundo. - ironizou

 Thomas e Adam estavam imóveis, eles não podiam ou ao menos havia o que pudesse ser feito, mas Kate sabia exatamente como acabar com aquilo, inesperadamente puxou uma arma de sua bolsa e apontou pra ele.

- Como é tola! - riu-se - Acha mesmo que pode me matar com essa porcaria? - disse o homem irônico

- Não, eu não posso matar você. - concordou - Mas posso matar o que você veio buscar. - disse mirando a arma pra Sara dessa vez

- NÃO, KATE! - gritou Adam - Você não pode fazer isso.

- Eu sei que você a ama, Adam. - lamentou Kate - Mas você sabe que eu preciso fazer isso.

#Flashback ON#

Ela segurava o livro em suas mãos enquanto suava frio, nunca havia feito um ritual de tanta importância antes; na verdade não sabia ao menos se funcionaria, tirando o fato de que não era tão boa assim em latim, e levou algum tempo até conseguir mencionar todas as palavras corretamente.

 O sótão parecia um bom lugar. Estava tudo pronto para iniciar, a luz estava apagada, haviam velas e incensos pelo chão, além dos seis pequenos pentagramas desenhados com giz branco em volta da roda onde ficava o altar.

- Revertamur iam morte. - o chão começou a tremer assim que mencionou as primeiras palavras. - Redire mortis cara Sara. - a foto de Sara pegou fogo - Opus te non habeo, ut occidat te.

 Kate aproximou o seu braço do altar e com uma faca fez um corte longo e profundo, que ia desde o cotovelo até o início da mão e mencionou as últimas palavras: "Revertere, et morietur ut salvificem mundum" e quando o sangue caiu em cima do altar tudo parou de balançar e as velas se apagaram.

- Acho que está acabado. - sussurrou ela para si mesma

#Flashback OFF#

 Kate ativou o gatilho, e Sara fechou os olhos; então um imenso silêncio voltou a dominar o lugar, e quando todos menos esperavam alguém pula nas costas do homem e o bate agressivamente.

- DESGRAÇADO, VOCÊ VAI VER SÓ, EU VOU PEGAR VOCÊ. - era Dora, que parecia uma criança perto da altura do homem

- Quem você pensa que é? P-PARA! - gritava o homem, enquanto ela puxava os cabelos dele

 Todos riam mentalmente da situação, que embora fosse assustadora, não deixava de ser engraçada. Mas todos pararam quando o homem agarrou Dora e a jogou no chão, fazendo com que batesse a cabeça no chão.

#Flashback ON#

- Nunca deixe um ritual sem se despedir. - disse Dora, quando Kate saia do sótão - Espíritos maus podem aparecer. - sussurrou piscando pra ela

- Q-Quem você é? - perguntou Kate apavorada, não sabia que um espírito lhe visitaria

- Você me chamou e eu vim. - sorriu meiga - Agora me dê um bom motivo pra trazer Sara de volta

- Se ela não voltar, o mundo se tornará escuridão, a Terra vai se abrir e muitos demônios vão invadi-la, dando início assim, ao apocalipse.

- E porque você precisa dela aqui?

- Precisam do coração dela pra abrir o portal.

- Você quis dizer, precisa que ela esteja do lado deles?

- Não, eles precisam do coração dela, e vão abri-la pra pegá-lo.

 Dora pareceu entrar em pânico por um segundo, mas logo se recuperou.

- E-Então não é melhor ela continuar morta?

- Eu posso acabar com isso. - disse Kate mordendo os lábios - Se eu matá-la eles não podem pegar o coração, e o mundo estará salvo por mais alguns milhares de anos, até nascer alguém com o coração tão puro como o dela.

- Mas ela vai precisar de um motivo pra voltar.

- Diga a ela que ela pode se vingar dos seus assassinos. - sorriu Kate - Com certeza ela vai aceitar.

- E se ela realmente começar a matar os seus assassinos? - perguntou Dora eufórica

- Eles não podem morrer. - sorriu - Fica tranquila.

- Mas pessoas que saem do céu depois de morrer não podem voltar pra lá - lamentou - Ela vai ter que aceitar um pacto.

- Anjos não oferecem pactos. - repudiou Kate

- Eu não sou um anjo. - disse Dora sumindo

#Flashback OFF#

 Dora continuava caída no chão, e a raiva do homem aumentava ainda mais.

- Vamos, Sara. - disse o homem estendendo a mão - Você vem conosco.

 Todos olharam para ele com ódio, tinham que fazer alguma coisa, tinham que salvar Sara nem que para isso eles morressem. Mas foi quando se ouviu uma voz em coro ao fundo:

- Ela não vai não.