Não pude evitar correr para a janela para ver a Capital. As câmeras não tinham mentido sobre sua grandeza. De fato, eles não tinham capturado o bastante de toda a magnificência dos edifícios cintilantes em um arco-íris de cores que se erguiam ao ar, os carros reluzentes que andavam nas largas ruas pavimentadas, as pessoas vestidas de forma estranha com cabelos bizarros e faces pintadas que nunca perderam uma refeição.

Todas as cores pareciam artificiais, o rosa muito profundo, o verde muito brilhante, o amarelo doloroso aos olhos e outras cores estranhas.O trem lentamente ia parando e não pude deixar de perceber as pessoas que começam a nos apontar avidamente enquanto eles reconheciam um trem de tributo entrando na cidade. Dei um passo para longe da janela, nauseada pelo excitamento deles, sabendo que eles não podiam esperar para nos ver morrer.

Cato acenou um pouco e depois se voltou para dentro.Eu apertei o meu coração de colar,angustiada.

-Ah!Vamos!- disseram Justin e Layran.Os olhos de Justin se arregalaram ao ver a faca que eu havia posto dentro da minha bota. –Clove...não acho que haja necessidade de facas tão cedo e ...

– Deixe ,Justin –disse Layran.-é bom que ela desenvolva voracidade.Cato me explicou o plano.Vão fazer esse perfil?

–Vamos –disse Cato,imediatamente.

-Então vamos descer.Cato,tente demonstrar violência.Segure o braço de Clove.

Então nós descemos na Estação.Fotógrafos,repórteres e curiosos nos aguardavam ,gritando em coro poucas palavras que fizeram algum sentido para mim.Uma garota de cabelos brancos da Capital gritou:

–Lindo!Ganha pra mim!

Cato ,que andava como um gigante,tentava a todo o custo não sorrir para a garota da Capital.Eu iria continuar andando com naturalidade rumo aos carros que nos levariam ao Centro de Remodelagem,porém me lembrei do meu papel de “amante selvagem”e olhei feio para Cato,que também exerceu bem o seu papel me lançando um olhar de não-é-minha-culpa.Nós entramos no carro que nos levaria ao Centro.

–Ficou com ciúmes?-perguntou Cato,assim que nos sentamos.

–O papel ,não é? -eu perguntei indiferente.Será que aquele idiota achava que eu estava mesmo com ciúmes dele?

–Não parecia um papel...

–Olha,garoto. –disse eu ,tentando deixar claro tudo. –Nós vamos para os Jogos Vorazes.Nós vamos nos matar.Nós não vamos virar amigos ou namorados de verdade.Nem aqui,nem lá.Somos apenas aliados.Nosso romance é falso.Na arena vamos tentar parecer apaixonados.Diante das câmeras.Fora nós somos inimigos.Quanto mais cedo eu morrer para você será melhor.E vice-versa.Entendeu?

Ao contrário das minhas expectativas,ele riu.

-Entendi,claro.

-Do que você está rindo?

-Da seu nervosismo.Você é ou não é uma Carreirista?Vai para os Jogos para ganhar ou não?

-Claro que eu sou uma Carreirista.E é claro como a água, que eu vou ganhar.

-Tudo bem.

Nós passamos o resto da viagem em silêncio.Sem contar as débeis tentativas de Cato de se iniciar uma conversa que sempre começava com”Sério,você ficou com ciúmes” ou algo do gênero.