Bem, depois de derramar algumas lágrimas, decidi procurar alguma casa para mim. Fui  para o Banco de Gringotes. Peguei certa quantia que serviria para arrumar um lugar para mim. Só queria um lugar pequeno, então não precisaria de muito dinheiro.

 Fui para a Londres trouxa, me sentiria melhor lá. Consegui uma casa bem rapidamente, em um lugar humilde, mas bem bonitinho.

 Ronald disse que queria conhecer o lugar, porque uma mulher grávida não pode ficar em qualquer lugar sozinha... Machista. Acho que ele se esquece que eu sou uma bruxa. Mas ele aproveitou e trousse as minhas coisas.

- Então é aqui...

- É.

- Tem certeza? Você pode ficar na Toca...

- Não Ron, eu preciso ficar sozinha. E aqui não é um lugar ruim.

- Eu sei, mas não queria que você ficasse sozinha, sabe?

- Relaxe. Eu vou ficar bem. Prometo.

- Me mande cartas, tudo bem?

- Sim.

 Ele se foi. Teria que sair com a família dele, mas foi melhor. Precisava arrumar a minha nova casa.

 O meu pior pesadelo estava acontecendo. Estava sozinha.

Naquele momento eu preferia enfrentar um exército de Comensais da Morte, todos os prisioneiros de Azkaban até mesmo morrer... Do que ficar sozinha.

 Bem, não poderia ficar me culpando. Sim, a culpa era minha, mas ficar repetindo isso para mim mesma, não ia resolver nada.

XxxXxxX

 Já estou com 8 meses de gravidez. Ainda estava vivendo naquela casa, e desde que saí da Mansão Malfoy não falo com o Draco. Triste não é?

 Eu não fui mais para Hogwarts, avisei Dumbledore sobre minha decisão e ele concordou, mas ele me mandava alguns livros sobre as matérias que os alunos estavam aprendendo.

 Já comprei tudo para o bebê, mas tudo com cores unissex, porque não quis saber o sexo dele.

 Ron sempre vem me visitar... As visitas dele são sempre incríveis! Ele me leva para sair e sempre para lugares ótimos. Mas não rola nada entre nós! Somos apenas ótimos amigos. Ele ainda está indo para Hogwarts e às vezes me conta sobre o Draco...

 Pelo o que parece ele está bem. Continua fazendo as coisas que ele fazia antes, é o mesmo Malfoy, mas Ron nunca me diz se ele está namorando ou não. Talvez ele não saiba.

 Às vezes Narcisa me manda cartas, só para saber como eu estou, se preciso de ajuda com alguma coisa... Dá vontade de responder: ‘Não estou bem, preciso do seu filho’, mas é melhor não.

 Ela me mandou uma carta ontem dizendo que viria me visitar. Fiquei feliz, pois só recebo visitas de Ron, mas sei que essa visita não é só para saber como eu estou.

 A campainha tocou. Eu respirei fundo, coloquei minha mão na maçaneta e abri a porta lentamente.

- Olá Hermione.

- Oi Narcisa. Entre.

- Obrigada. – Ela se sentou no sofá e eu me sentei ao seu lado. – Merlin, como sua barriga está grande! Oito meses, não é?

- É... Quer chá?

- Não, obrigada. – Ela retirou suas luvas. – Hermione, não sente saudade... Do Draco?

- Sinto, mas aprendi a conviver com essa saudade.

- Ele não.

- Como assim?

- Hermione, ele sente sua falta.

- Ele te disse isso?

- Eu sou mãe, ele não precisa me dizer.

- Mas ele não me procurou ou perguntou se eu estava bem...

- Não perguntou diretamente para você. – Ela abriu um pequeno sorriso. – Tenho que ir. Pense no que eu lhe disse.

- Está bem. – Eu abri a porta para ela.

- Tchau.

- Tchau.

 Eu pensei no que ela disse, mas não sobre o Draco sentir a minha falta e sim sobre ele perguntar sobre mim para outra pessoa. A única pessoa que sabe sobre mim é o Ron, mas porque ele não me falou sobre isso? Ai Ronald!

 Depois de muito pensar, decidi que precisava ver o Draco. Precisava colocar nossa relação a limpo. Ou nós ficamos juntos agora, ou nunca mais.

 Peguei uns livros para dar a desculpa de que fui devolvê-los pessoalmente a Dumbledore. Fui até a estação de trem, que não ficava muito longe dali. Atravessei a passagem e entrei em um dos trens, meio que escondida.

 Fiquei do ultimo vagão e na última cabine, para que ninguém percebesse minha presença naquele local. Mas pelo meu tamanho, achei que aquilo seria bem difícil. Fiquei olhando a paisagem me lembrando do tempo em que era uma estudante cheia de sonhos. Ainda tenho sonhos, claro! Mas agora tenho outras prioridades na minha vida e realizar os meus sonhos não fazem parte dessas prioridades.

 Enquanto viajava pelos meus pensamentos, esperando o trem sair da estação, ouvi passos vindos à direção em que eu estava. A desculpa dos livros não iria impedi-lo de me expulsar de lá... Não sou mais uma aluna de Hogwarts. Merlin!

 Continuei a olhar pela janela, pedindo a Merlin que ninguém me notasse ali. Mas foi em vão. A porta se abriu lentamente e depois de fechou. Alguém se sentou na minha frente. Fiquei com um pouco de medo de ver quem era.

- Você está bem diferente. – Harry?

- Hm... E você está falando comigo...

- Bem, estou tentando ser educado.

- Está bem.

- O que faz aqui? Achei que não viria mais...

- Eu vim... Trazer esses livros.

- Eu te conheço Granger... – Nesta hora eu olhei para ele. Percebi que ele ainda tinha a cicatriz do soco que Draco deu nele.

- Sei lá... Só vim...

- Ver o Malfoy...

- Como você sabe?

- Fiquei na Toca por uns tempos. Sei praticamente tudo o que aconteceu com você. Ron não é muito bom em guardar as coisas para si mesmo. – Eu dei um leve sorriso. – Ele está diferente... Na verdade, ele meio que voltou ao normal...

- Como assim?

- Desde que voltamos para Hogwarts, Malfoy voltou a ser o antigo Malfoy.

- Por que não está lá?

- Fui resolver uns problemas...

- Sempre com problemas... – Ele riu.

 Depois disso, nós paramos de nos falar. Para mim, era estranho estar falando com ele. Depois de tanto tempo... Depois de tantos xingamentos e brigas... Eu estava ali, falando com o Potter. Às vezes nós nos olhávamos, mas nada além disso.

 Já estava de noite quando chegamos ao nosso destino. Depois de ver minha angustia de saber como iria para Hogwarts sem ser notada, Potter me emprestou sua capa. Achei isso bem estranho, mas minha vontade de ver Draco era maior que meu orgulho. Agradeci pela capa e entrei em um daqueles barcos que estavam levando alguns alunos e professores para a escola.

 Cheguei lá, e me apressei. Aproveitei que uma professora estava entrando e entrei também, depois disso, as portas se fecharam.  Tirei a capa, pois não havia ninguém por perto, e comecei a procurar por Draco.

- Nossa, nem precisei destes livros...

- Sabia que a Senhorita vinha.

- Diretor! Como? – Ele deu uma pequena risada.

- Já leu todos eles?

- Ah, sim! São ótimos!

- Vamos para a minha sala?

- Claro. – Não tinha muita escola, eu praticamente invadi a escola dele.

 O caminho foi todo silencioso. Ao chegarmos na sala dele, ele me pediu para me sentar. Começou a falar como estavam as coisas em Hogwarts, mas logo foi interrompido por Hagrid.

- Desculpe atrapalhar diretor, mas fiquei sabendo que Hermione estava aqui ,então...

- HAGRID! – Corri para abraça-lo.

- Como vai Hermione?

- Se sentindo maior que você, mas bem.

- Essa escola não é a mesma coisa sem a Senhorita.

- E eu não sou a mesma sem esta escola.

- Hagrid – Dumbledore chamou. – Venha até aqui.

 Dumbledore começou a sussurar coisas no ouvido de Hagrid, que abriu um grande sorriso ao final desses sussurros. Ele se despediu de mim e saiu da sala.

- Diretor... O que está acontecendo? – Neste momento, alguém bateu na porta

- Entre.

- Diretor Dumbledore, mandou me chamar? – Draco? Eu olhei chocada para Dumbledore, que somente sorriu para mim.

- Sente-se aqui meu jovem, eu vou guardar esses livros, mas volto logo.

- Tá.

 Eu fiquei tensa. Ficava pensando em sua reação a me ver. Merlin! Como Dumbledore fez isso comigo? Tudo bem vim aqui para isso. Relaxe Hermione!

- Hermione? – Ele me olhou espantado.

- É... Oi Draco.

- O que está fazendo aqui?

- Eu... – Vai, diz Hermione! – Eu vim te ver.

- Para que?

- Eu sinto sua falta e preciso saber como fica nossa relação.

- Bem, eu não sei.

- Somente me responda: Ainda quer se casar comigo ou não?

- Eu não sei Hermione! Depois de tudo o que aconteceu...

- Você já deveria ter uma resposta para esta pergunta.

- Você deveria ter confiado mais em mim! Deveria ter ficado!

- Eu confio em você! Eu me arrependi do que fiz!

- Hermione...

- Ainda sente raiva de mim?

- Não, claro que não.

- Ainda me ama?

- Eu...

- Anda Draco, diz logo! Você me ama? - Ele abaixou a cabeça e permaneceu em silêncio.- Isso já basta para mim. Entendi.

 Sai da sala de Dumbledore aos prantos. Como uma pessoa que pergunta sobre mim não me ama? Como depois de todo esse tempo, ele não tem resposta para a minha pergunta?

 Não acredito que vim até aqui para receber um ‘não’ como resposta! Não acredito que realmente pensei que ele sentia minha falta, que ele ainda me amava!

- Hermione?

- Ron! – Eu o abracei forte.

- O que faz aqui? Por que está chorando?

- Ele não me ama. Não quer mais nada comigo.

- Ele te disse isso?

- Não, mas ele não me respondeu quando eu perguntei. Para mim isso já é o suficiente.

- Hermione, talvez ele precise pensar...

- Pensar? Ficamos meses separados... Ele já teve tempo para pensar!

- Acalme-se! Não é possível que ele não te ame! Ele sempre me pergunta de você, vai à biblioteca, pois era o lugar que você mais gostava de ir, não fala mais com os amigos, vive triste por ai... Tudo isso, desde que vocês terminaram!

- Mas Ron...

- Hermione, vá esfriar a cabeça... – Ele chegou perto do meu ouvido e sussurrou: – A biblioteca está aberta.

- Obrigada Ron.

- E pare de chorar!

- Tá.

 Fui até a biblioteca em passos lentos. Chegando lá, sentei-me no primeiro lugar que tinha. Essa gravidez me deixa muito cansada. Peguei um livro, somente para me distrair, mas não adiantou muito.

- Eu te amo. – Ouvi uma voz atrás de mim dizer. – Eu te amo Hermione Granger.

 Virei-me e vi Draco com lágrima nos olhos. Levantei-me e fui até ele. O abracei como nunca havia abraçado.

- Me desculpe Hermione.

- Me desculpe Draco .

- Ainda quer se casar comigo?

- Quero.

 Bem, eu passei boa parte da noite lá em Hogwarts com o Draco. Depois ele chamou um motorista para me levar para casa. Eu não reclamei, iria ser mais rápido para chegar e eu estava exausta! Precisava descansar.

 Cheguei lá e fui direto para o meu quarto. Não estava acreditando no que eu tinha feito e muito menos no que havia ocorrido. Eu e Draco voltamos. Estou mais feliz, leve e sem aquela culpa que me destruía por dentro.

 Enquanto pensava, reparei que segurava algo em minhas mãos. Estava tão feliz que nem havia reparado que trouxe a capa de Harry comigo. Merlin!

 Mandei uma carta para Harry, avisando do meu pequeno esquecimento e que logo ele  a teria novamente. Depois, me deitei e dormi.