Ares tinha treinado com seus filhos a tarde inteira. Faltava um pouco para o por do Sol, por isso todos os campistas foram descansar pelo acampamento.

O Deus da guerra, suada e cansado, resolveu tomar um banho no Chalé 5 já que todos os seus filhos e filhas estavam perto do lago e não voltariam tão cedo.

E assim ele fez. Ares tomou um bom banho gelado, e saiu do boxe colocando um roupão aquecido. O Deus da guerra colocara chinelos de dedo, enquanto andava para a parte das camas.

Ele estava prestes a tirar o roupão, quando quase teve um ataque cardíaco. Um urso polar gigante estava parado observando-o. Ares franziu o cenho imaginando o que era aquilo, quando Ray saiu de trás do urso.

A filha de Apolo estava carregando-o, mas o bicho era tão grande que a escondia por completo.

- O que você está fazendo aqui?! – Exclamou ele irritado. Ray deu um risinho ao notar que ele estava só de roupão, e ele passou a mãe pela testa- Suma daqui!

- Oi de novo. – Sorriu Ray ignorando o que ele dissera – Sentiu a minha falta?

- Não. Vai embora. – Respondeu ele friamente.

- Olha só! Esse é o meu urso de pelúcia. Eu falei dele para você quando estava treinando. – Disse Ray apontando para o urso polar.

- Eu não estou interessado. – Disse Ares – Nem em você, e nem em um urso de pelúcia!

- Ele é fofo. – Disse Ray ignorando novamente o comentário dele – Fofo que nem você. Fofo, fofo, fofo.

Ares olhou para ela sem acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Uma filha de Apolo, que não correspondia a nem um quinto da idade dele, estava tentando seduzi-lo falando sobre ursos de pelúcia.

- Ele é fofo que nem eu também. – Comentou Ray por final, e então sorriu com uma grande ideia – Ah! Nós somos ursos de pelúcia!

Ele franziu o cenho pensando em como deveria se livrar dela. Se deveria amarrá-la á trilhos de trem, ou se era melhor jogá-la de uma montanha.

- Você está me chamando de fofo? – Repetiu ele com irritação – Eu mato, destruo, quebro, e arrebento coisas e pessoas. Eu não sou fofo.

- Ah, para de ser humilde, seu fofo! – Disse ela dando um tapa no braço de Ares. O Deus da guerra passou a mão pela testa novamente.

- Pega a porcaria do seu urso de pelúcia e se manda daqui! – Exclamou ele.

- Mas nós nem conversamos! – Tentou ela, mas Ares jogou o urso polar em Ray para que ela carregasse. A filha de Apolo tentou mais uma vez – Mas...!

- Mas nada! Pega essa porcaria e dá o fora daqui! – Berrou ele, mas sem querer exagerou. O Deus da guerra estendeu a mão pronto para empurrá-la para longe, quando atingiu o urso. A cabeça do bicho caiu no chão do Chalé soltando muita espuma.

Ray soltou o bicho e foi para o lado na tentativa de ver o que aconteceu. Seus olhos se encheram d’água e se arregalaram ao mesmo tempo, mostrando perplexidade e choque.

- Meu...! Meu...! Meu urso! – Ray gritou já chorando. Ares notou que tinha feito uma... “pequena” besteira, e resolveu ficar parado.

- Ahm... – Ele foi interrompido por um soco na barriga.

- Seu bobo! – Chorou Ray dando um soco na barriga definida de Ares (e é lógico, isso não doeu nada), e saiu correndo do Chalé em lágrimas.

O Deus da guerra coçou a cabeça. Ele olhou para o bicho decapitado, e imaginou que aquilo não era nada demais.

Filhos e filhas de Apolo sempre faziam drama com tudo. Não podiam nem mesmo perder um bichinho de pelúcia idiota que já estavam chorando, pensava ele.

Mas de algum modo ele sabia que não devia ter sido tão grosseiro. Não tentou nem mesmo explicar para ela que ele nunca olharia para uma garotinha de 14 anos. Ares respirou fundo e revirou os olhos sabendo que teria que consertar as coisas mesmo não sentindo vontade de fazê-lo. Por isso... Ele refez a cabeça do urso com mágica e saiu do Chalé carregando-o.

- Ahm... Abre. – Pediu ele na porta do Chalé 7. – Só dava para ouvir o choro de Ray – Sério... Abre essa droga.

- Vá embora! – Chorou ela. Ares revirou os olhos e entendeu aquilo como um convite para entrar, por isso abriu a porta carregando o urso gigante.

- É... – Ares coçou a nuca assim que colocou o urso no chão – Acho que é melhor eu falar logo isso. Pelo menos assim você chora de uma vez só e acaba logo com o drama. Eu não gosto de você desse jeito, e acho melhor você me esquecer.

Ray continuou chorando.

- Gosto de mulheres mais maduras. E com mais curvas. E que saibam fazer um... Ah. Você é menor de idade. Ahm... Então esquece o último item. Mas... É isso. – Disse ele encolhendo os ombros – Me esqueça para toda a eternidade, e aqui está o seu urso. Tenha um bom dia.

Tão delicado quanto Gael. Sinta o sarcasmo.

Enquanto Ares se virava para ir embora, Ray interrompeu-o.

- Espera. – Disse ela enxugando os olhos. Ares virou-se novamente e observou ela se levantar e analisar o urso de pelúcia. Ray olhou para o bicho e depois franziu o cenho para Ares – Isso é para mim?

- Eu decapitei ele, não foi? Coloquei a cabeça no lugar, e agora pronto. – Disse ele encolhendo os ombros – Agora vai brincar com isso, e me deixa em paz.

Ele foi pego de surpresa.

- Eu sei o que é isso... – Disse Ray para depois abrir um sorriso – É um presente de namoro!

- O que?! – Exclamou ele sem entender – Claro que não! Eu só...!

- Queria mostrar o quanto sente amor por mim e pelos ursos polares fofos? – Completou Ray – Ooown, eu sabia que você me amava! Essa é a prova!

- Prova?! Não é prova de nada! Eu só coloquei a cabeça dele no lugar! – Exclamou Ares incrédulo – Não fui nem eu que comprei o urso!

- Você mandou alguém comprar o urso para mim?! – Exclamou Ray feliz – Ah! Você mandou meu pai comprar o urso para mim só para fingir que não tinha nada a ver com a história e conquistar o meu coração?

- Não! – Respondeu ele perplexo – Você ficou louca?!

- Louca por você agora! Eu sempre soube que você gostava de mim! – Exclamou Rya feliz. Ela abriu os braços – Me dá uma abraço!

- Eu não gosto de você! – Berrou ele com o rosto vermelho de raiva e vergonha – Eu não dou abraços!

Ray abraçou a cintura de Ares, pois era onde ela alcançava, e soltou um suspiro feliz.

- Tudo bem. Eu sei que você é tímido e tudo mais. Vou aceitar o seu pedido de namoro, e pode deixar que papai não vai ter nada contra isso. – Disse ela.

- Qual é o seu problema, sua maluca?! Me solta! – Berrou Ares a empurrando para trás. Ela caiu sobre o urso de pelúcia e sentiu um perfume.

- Ooown, você colocou até perfume nele! Agora ele está com o seu cheirinho gostoso! – Exclamou Ray cheirando o urso. Ares não estava entendendo nada, por isso resolveu explicar.

- Eu vim aqui justamente para dizer o contrário! Que eu não gosto de você, e que eu não quero você me seguindo! – Exclamou ele tentando fazê-la entender. Ray franziu o cenho – Entendeu?! Eu não quero nada com você!

Ray parou para pensar.

- Ah, eu entendi. – Confirmou ela e Ares soltou um suspiro aliviado – Os gregos têm aquela tradição de evitar falar coisas que deem azar. Oown, você acha que nós dois não vamos dar certo, por isso você não quer mostrar que gosta de mim abertamente!

Ares olhou para ela incrédulo.

- O que?! – Disse ele – Não! Não é nada disso!

- Já entendi! Tudo bem. Seu segredo está salvo comigo. – Ray piscou para ele riu um pouco. Ares soltou um rugido de raiva por notar que Ray nunca entenderia o que ele queria dizer.

- Argh! Esquece, sua anta! – Berrou ele virando-se e indo embora.

- Espera! Não quer falar um pouco sobre nós?! Vamos conversar! – Pediu Ray.

- Não tem “nós”! – Berrou ele com raiva, e saiu do Chalé deixando-a sozinha.

Rayssa abraçou o urso de pelúcia gigante e sentiu mais uma vez o perfume que julgava ser o Ares. Seu coração começou a disparar de alegria ao achar que estava mesmo com o Deus da guerra, mas a reação de Ares era outra.

- Pai, o que houve? Você parece estar com raiva... – Comentou Gael olhando seu pai passar em direção ao Chalé.

- Não enche! – Berrou Ares passando direto.