Todos continuavam seu dia com completa tranquilidade.

Ares continuava lutando com seus filhos. Um deles tentou atacá-lo por trás, por isso ele virou-se rápido e bloqueou o golpe. O Deus da guerra virou-se novamente para atacar, quando levou um enorme susto.

- Ah! – Exclamou ele – Que droga é essa?!

Um urso polar gigante estava na frente dele. O urso continuou andando para frente, até que chocou-se com Ares e voltou para trás. Era de pelúcia, mas parecia extremamente real.

- Ei! Saí da frente, cara! Não está vendo que estou carregando um urso polar, não? – Reclamou Apolo atrás do urso de pelúcia. Ares piscou os olhos, e seus filhos decidiram lutar entre si, enquanto o pai falava com o Deus.

- Eu sempre soube que você tinha problemas, mas me diz... O que deu na sua cabeça para você carregar um urso polar gigante por aí?! – Exclamou ele sem entender.

- A culpa disso tudo é sua! – Reclamou Apolo. Ele avançou para frente só para bater em Ares com o urso de pelúcia, mas isso não machucou o Deus da guerra obviamente – Você e os grossos dos seus filhos saem por aí tratando os outros como bem entendem, e depois sou eu que tenho que consertar tudo!

- Espera... Está falando daquela garotinha que foi falar com o Gael? – Riu Ares.

- Ela mesma! E não fica aí rindo, idiota! – Reclamou Apolo. Ele estava sendo completamente tampado pelo urso polar.

- O que foi que aconteceu? Ela foi chorando para o Chalé, e disse: “Papai, eu quero um urso de pelúcia gigante!”, foi isso? – Perguntou Ares rindo.

- Não! – Responde Apolo – Ela... Ela me pediu um cachorrinho, e chocolate... E umas outras coisas, mas isso não vem ao caso!

Ares voltou a rir ainda mais. O Deus da guerra deu alguns passos para o lado, abrindo caminho para o urso polar gigante.

- Pronto. Pode passar. – Disse ele rindo – Oown, fala para a sua filhinha que eu sinto muito, tá bom?

Ele estava brincando, e Apolo sabia. Foi por isso que ele chutou a canela de Ares e continuou andando em direção ao Chalé onde Ray estava. Apolo chutou a porta de leve, e ela abriu.

Ray ainda estava chorando, quando ouviu seu pai entrando. Ela levantou a cabeça, e viu o enorme urso polar.

- Ah! Socorro! Urso! Ah! – Gritou ela com medo.

- O que? Não, filha! Sou eu! – Exclamou Apolo de trás do urso. Ele se mexeu para os lados com alguns pulos, e o urso pareceu estar dançando – Viu? É um presente para você.

- Para mim? – Perguntou ela fungando – Eu pedi um cachorrinho e você me trouxe um urso polar gigante?

- Ahm... É. – Confirmou ele com medo dela voltar a chorar.

Ray respirou fundo, se levantou, e segurou o urso polar gigante de pelúcia.

- Obrigada, papai. – Disse ela abraçando o bicho que era o triplo do tamanho dela. Apolo soltou um suspiro de alívio, e coçou a nuca.

- Você... Está melhor? – Perguntou ele.

- Não. – Respondeu ela – Mas... Eu não gosto mais do Gael. Ele é um idiota.

- Isso. Ao menos você aprendeu a ficar longe dos filhos de Ares. – Confirmou Apolo – Talvez você se dê melhor com alguém do chalé 9 ou do 11. Não sei. Mas nada do 5, ouviu?

Ray assentiu abraçando o enorme urso polar, e Apolo afagou o cabelo dela. Ele beijou sua testa, e Ray sorriu de leve.

- Te amo, filha. Papai vai nessa agora, certo? – Disse ele entregando para ela uma barra de chocolate.

Ray começou a comer. Apolo foi embora, e ela ficou sozinha no Chalé. Era só ela, chocolate, e um urso de pelúcia gigante.

- Você fica do meu lado, né? – Disse ela olhando para o urso. Ele não se moveu por motivos óbvios – Quem cala consente.

Ela voltou a comer o chocolate.

Lá fora, sentado em cima do telhado do Chalé 6, estava Eros. Ele tinha em sua mão uma enorme lista de nomes de casais que deveriam ficar juntos. Afrodite sobrecarregava tanto ele, que Eros estava ficando até confuso.

Ele passara vários dias seguidos atirando flechas em semideuses, e já estava ficando exausto. Sua aparência era a de um garotinho de 11 anos. Cabelo preto penteado, camisa e bermuda. Era pequeno e extremamente fofo, mas podia tornar a vida de qualquer um um inferno.

Ele tinha que acertar uma filha de Poseidon, que devia se apaixonar por um filho de Hermes, que era louco por ela. Eram as instruções de Afrodite. Mas pelo cansaço de Eros, estava mais do que na cara que aquilo daria errado.

E deu.

Ray tinha passado um bom tempo refletindo sobre Gael, e resolveu tomar coragem para ir lá e dizer que não gostava mais dele. Que não precisava dele. E que tinha um urso polar gigante mais bonito do que ele.

Ela abriu a porta do chalé e olhou fixamente para a luta que ainda estava acontecendo. Limpou a boca sujo de chocolate, e começou a andar até lá.

Eros piscou os olhos com sono, e atirou a flecha, pensando que Ray era a tal filha de Poseidon, o que não foi nada legal.

- Ai! – Exclamou ela. A flecha atingiu o coração de Ray em cheio, e desapareceu como fumaça. Ela olhou para os lados, sem entender o que estava acontecendo, e depois olhou para frente lembrando-se do que queria dizer á Gael.

Mas... Seus olhos encontraram outra pessoa.

Ela olhou diretamente para Ares, que estava na frente de Gael. Eles dois eram os únicos que ainda aguentavam ficar de pé.

Gael continuou lutando com o pai, quando notou Ray se aproximando. Gael passou a mão pelo rosto ao ouvir seus irmãos lhe zoando novamente.

- Ah, não... – Murmurou ele. Gael andou até Ray e revirou os olhos – Olha, desculpa, mas... Não vou ficar com você...!

- Com licença. – Interrompeu Ray passando batido por ele e indo em direção á Ares. Gael franziu o cenho sem entender, e seus irmãos riram ainda mais dele. Ray, porém, não ligou.

Ares prendeu o riso, mas logo franziu o cenho para a garota na sua frente.

- Sim? – Perguntou ele sem muita paciência.

- Você é bonito. – Disse Ray sorrindo de leve. Aquilo o pegou de surpresa. Ares franziu o cenho para ela, e assentiu devagar.

- Eu sei. – Confirmou ele.

- Você quer chocolate? – Perguntou ela puxando assunto – Eu gosto muito de chocolate, sabe? São tantos sabores diferentes, e...

- Ahm... Não. Eu não quero chocolate. – Disse Ares sem entender o que estava acontecendo.

- Tudo bem. – Assentiu ela – Eu tenho um urso polar, sabia?

- Sei. Eu vi o seu pai carregando. – Confirmou ele.

- Não é bonito? Eu gostei muito dele. Bem... Você é mais bonito que ele, é claro. – Disse Ray espontaneamente.

- Você está dizendo que eu sou mais bonito que um urso polar de pelúcia? – Perguntou Ares confuso.

- Aham. – Confirmou ela.

- Certo... Por que você não volta para o seu Chalé agora, e descansa esse sua cabecinha linda no travesseiro, hein? – Sugeriu ele um tanto irritado.

- Ai, seu fofo! Você disse que eu tenho uma cabeça linda! – Exclamou Ray sem graça. Ela riu um pouco e lhe deu um tapa no braço – Eu vou ficar envergonhada! Você que é lindo!

Ares não sabia o que dizer. Ele ficou parado pensando se aquilo realmente estava acontecendo. Gael tocou o ombro de Ray.

- O que você está fazendo? – Perguntou ele.

- Conversando com o Ares. – Respondeu Ray sem entender.

- Você está dando em cima do meu pai?! – Perguntou ele sem entender. Ray olhou para ele, e então achou que entendeu o que estava acontecendo.

- Olha... Eu não gosto mais de você. Isso já passou, ok? Agora me deixa em paz. – Disse Ray revirando os olhos. Ela olhou para Ares e sorriu. O Deus da guerra continuava sem entender.

- O que deu em você? – Perguntou ele.

- Eu gosto de você, Ares. – Contou Ray – E eu sei que você gosta de mim também.

- Não gosto não. – Negou ele.

- Mas vai gostar. Um dia. Uma hora. Eu espero. – Sorriu ela apaixonada, e voltou para o Chalé, deixando Ares ainda mais confuso.