A Mais Bela Flor escrita por VitoriaPrince


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Então, eu não vou mais abandonar a fic o/ porém, o tempo que eu tenho para escrever é muito pequeno. Quero reviews *-*



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XoooXoooX

Junto com os pássaros e o desabrochar das flores, Perséfone despertou. A deusa se espreguiçou na sua cama de dossel, sentindo o toque suave do lençol em sua pele. Abriu os olhos e enxergou o seu quarto todo claro com a luz do sol entrando por todas as janelas abertas. Por um breve momento, a luz forte a cegou; porém, logo depois, ela se acostumou com o sol forte e decidiu que não poderia viver sem ele para despertá-la todas as manhãs.

Colocou seus pés no chão, sentindo o mármore frio entrar em contato com a sua pele. Sua camisola longa de seda roçava suavemente no chão, enquanto ela caminhava, descalça, para a grande varanda. Abriu as portas de vidro e logo estava lá, olhando toda aquela natureza verde e bela que estava lá em fora. Permitiu-se a fechar os olhos e sentir a brisa calma da manhã que soprava seus cabelos, a mão descansando no parapeito de ferro.

Por fim, resolveu entrar e se trocar. Algumas ninfas entraram no quarto as suas ordens e elas a banharam numa banheira cheia de espuma e aromas florais. Depois puseram-se a pentear os longos cabelos castanhos de sua senhora, enquanto conversavam animadamente sobre os encontros com heróis bonitos e corajosos em uma pequena celebração num povoado próximo.

- É realmente uma pena que vossa mãe não a deixou ir, senhora – A ninfa Else dizia –foi uma ótima festa.

- Se antes minha mãe não me deixava sair muito, imagine agora que tenho um noivo desconhecido e indesejado?

As ninfas assentiram tristes e continuaram o seu trabalho. Perséfone suspirou e logo depois se levantou, pegando o vestido que fora posto na cama por uma de suas companheiras. Elas foram embora e a deusa vestiu um belo vestido marfim com detalhes dourados. Suspirou novamente quando deu um triste olhar para porta de seu quarto, certa de que sua mãe estaria esperando por ela para tomarem o desejum.

“Mamãe está tão estranha” ela pensou consigo mesma. “Será que é por causa desse tal casamento que meu pai arranjou para mim? Com sorte, eu me livro disso.” E saiu do quarto.

XoooXoooX

- Você não poderá tê-la. Sinto muito, irmão.

Hades olhou quase que boquiaberto para o irmão mais novo. Eles estavam no Olimpo, a morada oficial de Zeus. Naquela manhã, o deus dos mortos recebera uma mensagem urgente do irmão, enviado por Hermes, convocando-o a uma reunião urgente no palácio dos céus. Hades pensara que se tratava de algum assunto corriqueiro dos deuses, algum problema relacionado aos mortais e suas guerras. Por isso, ficou surpreso quando chegou à sala do trono e só encontrara seus irmãos Zeus e Poseidon.

E então, de repente, o deus dos céus lhe falava, sem mais nem menos, que Perséfone estava fora de seu alcance. Que era para ele esquecer tudo o que sabia sobre a deusa. Para ele ignorar os seus sentimentos. Simples assim, como se esquecer de visitar os campos de Asfódelos ou do pagamento de Caronte. Para Zeus a tarefa poderia parecer fácil, mas para Hades era como se esquecer de quem ele era.

- Como assim? – perguntou ainda em choque com a notícia.

- Deméter não reagiu bem – Zeus respondeu – e estou começando a concordar com ela. Perséfone é deusa das flores, Hades. Como pode esperar que ela simplesmente se tranque num mundo escuro e desconhecido?

- Ela estaria comigo! – o choque deu lugar a fúria e o senhor dos mortos parecia estar muito alterado – Não me interessa os caprichos de Deméter, você prometeu! E, mais uma vez, prova que não é capaz de honrar suas promessas!

Zeus o encarou também furioso. A sua mão esquerda instintivamente tocou o raio mestre que estava no bolso de suas vestes.

- Eu realmente queria entregá-la a você. Queria te tirar dessa maldita solidão que você insistiu em cultivar durante todos esses anos. Porém, depois da conversa com Deméter, também cheguei à conclusão de que é melhor não prosseguirmos com esse casamento. Olhe, você pode ter qualquer outra deusa menor. Mas por favor, esqueça a minha filha.

- Esquecer? – Hades riu, com escárnio – Como você esqueceu Hera durante todos esses anos? Garanto-lhe que nunca deixaria isso acontecer a minha rainha!

- Acalmem-se, irmãos! – Poseidon, que estava quieto observando o desenrolar da conversa, interveio quando Zeus lançou um olhar de puro ódio a Hades, o cheio de ozônio preenchendo a atmosfera – Por favor! Temos que manter a ordem! Penso que seja melhor os senhores darem um tempo para refletir e depois voltaremos ao nosso pequeno conselho, sim?

- Eu a amo, Zeus – Hades disse, como se não houvesse ouvido nenhuma palavra de Poseidon – Você e Deméter não tinham o direito de fazer isso comigo.

- Declaro essa sessão encerrada! Hades, não lhe concedo mais a mão de minha filha Perséfone. Acostume-se com isso! – E, com um trovão, Zeus desapareceu do salão.

Poseidon olhou Hades. Grande parte da alteração já havia passado: agora só restava mágoa. O deus dos mortos se sentou numa cadeira qualquer, pensativo.

- A culpa não é dele, Hades – disse Poseidon – Sinto muito por isso. Espero que consiga encontrar, um dia, alguma esposa tão boa quanto ela.

O senhor dos mortos olhou para Poseidon com uma expressão totalmente estranha: era como se ele próprio estivesse morto. Levantou-se da cadeira e, num gesto rude, chutou-a para longe.

- Ninguém nunca será melhor que ela. – o rosto dele estava lívido. – Essa história não acabou.

Poseidon pareceu surpreso.

- Mas Zeus já o proibiu, irmão! O que pensa em fazer?

- Zeus não manda em mim. Pode até mandar em todos os olimpianos, porque eles são imbecis o suficiente para acatar as ordens equivocadas dele.

- Mas...

Hades deu sorriso totalmente malicioso e terrível.

- Eu tenho os meus próprios métodos. Adeus, irmão.

E desapareceu em sombras.

XoooXoooX

- Por que não está comendo, minha filha?

Perséfone encarou o prato intocado de cereais que estava a sua frente. Não tinha a mínima vontade de comer e dessa vez não eram só os cereais, mas qualquer outro tipo de alimento também. Deméter a encarou preocupada.

- Aconteceu alguma coisa?

A filha não respondeu. Estava absorta demais em seus pensamentos para construir uma resposta boa o suficiente para convencer a mãe. As duas estavam sozinhas na longa mesa de madeira do salão de jantar do palácio. Pratos, bandejas e potes de cereais se acumulavam na mesa, junto com outros muitos jarros de néctar.

- Eu quero sair, mãe – a resposta escapou tão rapidamente dos lábios da deusa que ela nem percebeu.

- Sair? É perigoso, filha. – Deméter franziu as sobrancelhas, descansando a colher de prata na borda do prato. Perséfone sabia que a mãe estava mais controladora do que o normal e se perguntou se era por causa do tal casamento, mas se conteve e não disse nada.

- Não, não é! Todas as deusas saem. Isso porque eu nem lhe peço para ir às festas daquele povoado próximo daqui ou coisa parecida, só quero voltar a plantar as minhas amadas flores! É tão difícil entender isso?

- Mas filha, eu só quero te proteger... Quero o seu bem acima de tudo! – Ela estava assustada com a atitude da Perséfone. Nunca havia se rebelado desse jeito com ela.

- Não sou mais uma criança, mãe. Dê-me a permissão para sair hoje um pouco antes do anoitecer com as ninfas, para tomar um pouco de ar. Não agüento mais esse palácio.

- À noite? Por quê?

- Quero plantar algumas mudas de enlace lunar.

Deméter ainda tinha as sobrancelhas franzidas, mas depois de alguns poucos segundos as linhas desapareceram do seu rosto e ela esboçou um sorriso. Passou a mão pelos cabelos da amada e preciosa filha e disse:

-Claro. Sim, sim, eu entendo. Tudo pela sua felicidade, querida. Agora, coma seus cereais.

Perséfone também sorriu. Finalmente poderia sair daquele palácio e respirar um pouco de ar puro, além de poder plantar algumas mudas e conversar com as ninfas.

- Comerei tudo, mãe.

- Eu te amo mais do que tudo, minha filha.

- Eu também.

Deméter olhou com grande afeição para a deusa das flores, se esquecendo por um momento de todos os problemas em relação ao tal matrimônio de sua única filha. Pensou se deveria deixá-la sair com esse súbito acontecimento, mas logo se repreendeu mentalmente. “Ela precisa sair um pouco. Alertarei as ninfas para redobrarem os cuidados para com ela.”

- Filha? Terei que sair agora e só voltarei para o jantar. Tenho alguns assuntos a tratar com alguns deuses.  Se cuide e aproveite o passeio. – A deusa da agricultura disse. Perséfone apenas deu de ombros, comendo o seu cereal. Depois, Deméter se levantou e abraçou a filha.

- Vejo-a hoje à noite.

Deméter olhou por uma última vez para a filha antes de sair da sala. Mal sabia ela que não veria a sua filha naquela noite, e nem nas outras que se iriam se seguir.


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Notas finais do capítulo

Ficou pequeno e chatinho, mas...



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