20

       Algo atingiu meu coração. Senti a dor na hora, meus olhos estavam embaçados e então caí sobre o corpo de Sesshoumaru. Meu coração parou de bater. Senti a escuridão tomar conta de mim...

***

       - Azumi! – gritei quando a Tasseiga entrou em seu coração. Seus olhos perderam a cor e ela caiu morta em cima de mim. Meus olhos estavam fixos no céu, que amanhecia lentamente.

Eu nunca tinha passado por uma situação quase morte. Nunca. Mas hoje, Azumi quase me mata. O monstro que a consumia quase me mata. Seu cheiro mudou. Agora ela fedia a cadáver. Ela não tinha mais aquele cheiro doce e gentil, ele foi trocado por uma coisa úmida e morta.

Tasseiga... Ela matou Azumi... Mas... Ela me protegeu, do monstro... Eu ficava agradecido ou com um ódio eterno dessa espada?

Então me lembrei da promessa que fiz a Inuichi.

***

       - Sesshoumaru? – ela me chamou.

- Sim, Inuichi. – eu disse olhando para ela.

Eu a abraçava e ela dormia. Hoje era noite de Lua Nova e ela estava humana, indefesa. Ela agarrou um pouco meu quimono e continuou de olhos fechados.

- Você promete que eu não vou ficar má?

- Que isso Inuichi! Que absurdo é esse? – perguntei chocado e ao mesmo tempo com medo.

Eu sei que ela possuía uma força muito maior para uma hanyou como ela. A Tasseiga a protegia para ela não liberar essa energia sinistra que ela escondia.

- Você promete? – disse ela olhando para mim.

Acariciei seus cabelos negros e a apertei mais ainda.

- Prometo, minha queria imoto. – eu sabia que não podia quebrar aquela promessa. Ela confiava em mim.

- No dia em que eu me tornar má, meu próprio monstro, você vai me matar com a Tasseiga, tá bom? – disse ela se aconchegando mais.

Assenti. Eu não estava acreditando que ela realmente podia ser malvada. Inuichi possuía um coração tão puro e doce. Não havia nada nesse mundo que o corromperia. Nada!

 ***

       Eu não cumpri a promessa. Havia sim alguém que poderia corrompê-la. E esse alguém era aquele maldito do Naraku.

Tirei a espada do peito de minha imoto e tentei me sentar. Viver com um braço era difícil, mas eu tinha que agüentar firme. Coloquei-a no meu colo e observei sua face branca e sem vida.

Ela parecia Inuichi quando estava naquela árvore, morta pelo miasma que Naraku colocou na flecha. Comecei a afagar seus cabelos prateados e uma lágrima caiu de meus olhos, pingando lentamente no rosto de Azumi.

Eu não tinha chorado por Inuichi ou por Rin, mas eu estava chorando por... Azumi... O que eu realmente sentia por ela? Amor fraternal ou... Amor?

Fechei meus olhos e deixei as lágrimas saírem de meus olhos. Eu nunca havia chorado por ninguém. Nem por meu pai, nem por Inuichi. POR NINGUÉM!

E agora essa garota aparece e me faz chorar? Quem ela pensa que é?

- Sesshoumaru, por que está chorando?

Abri meus olhos e olhei para ela. Seus olhos amarelos estavam com o mesmo brilho de sempre. Ela... Ela... Estava viva.

- Ahn? Sesshoumaru-sama chorando? – Jaken disse chegando perto. Eu o segurei pelo pescoço, antes de colocar os olhos em meu rosto, e o joguei para longe.

Vi Azumi sorri e ela fechou os olhos.

- Quero... Quero... Sorvete... Mamãe. – disse ela infantilmente.

Afinal, o que era sorvete?

Sorri e limpei as lágrimas com a costa da mão. Não queria que ninguém me visse chorando. Eu era Sesshoumaru, nunca chorava, mas hoje... Eu chorei por Azumi. Por minha imoto.

- Inuyasha, faça algo de útil, e leve Azumi para se curar. – eu disse com uma voz rude.

Olhei mais uma vez para Azumi e a vi sorrindo. Inuyasha se aproximou e se agachou diante de mim.

Olhei para ele e encontrei seus olhos amarelos. Ele estava na sua forma hanyou, mas seus olhos diziam algo.

- Não vou contar para ninguém. – disse Inuyasha numa voz baixa e pegou Azumi no seu colo. – Aliás, Azumi se recuperou de várias coisas. Acho que a Tasseiga fez o monstro parar, mas não a feriu. A Tasseiga nunca a mataria. – disse ele aconchegando mais Azumi.

Assenti e me levantei. Jaken veio em minha direção e olhou para mim.

- Que é? – disse rudemente.

- Na-nada, Sesshoumaru-sama. – disse se curvando.

- Ótimo, agora vamos. Tenho que me recuperar também. – eu disse olhando para meu braço e depois para Azumi que adormecia nos braços de Inuyasha.

Senti alguma coisa após ver essa cena... Era... Ciúmes? Por Inuyasha ter Azumi nos braços... Por segurar Azumi com dois braços?

- Sesshoumaru, seu olhar está me incomodando. – disse Inuyasha.

- Eu sei. – eu disse friamente e comecei a andar para a floresta.

- Espere Sesshoumaru-sama! – ouvi Jaken gritar atrás de mim.

 ***

       Eu vi Sesshoumaru com a cara inchada e com lágrimas. Quem era aquele Sesshoumaru? É o mesmo que tentava roubar a Tessaiga de mim? Ou era um Sesshoumaru que eu nunca conheci na minha vida?

Bem, se for o Sesshoumaru que nunca conheci era melhor deixar isso de lado. Afinal, por que odiá-lo quando o assunto era Azumi? Ele tinha chorado por ela.

Ela quase morreu.

O que Sesshoumaru sentia quando o assunto era Azumi?

- Inuyasha. – disse ela numa voz fraca.

- Que foi? – perguntei.

- Quero sorvete. – ela disse infantilmente.

- O que é isso? – perguntei mais uma vez.

- Kagome-chan sabe... – depois disso, ela dormiu mais uma vez.

Queria saber por que Azumi age de modo tão infantil quando está machucada. Acho que é por causa de Inuichi que ela age assim.

Bem, eu tinha que fazer algo. Tenho que levá-la para a época dela, pois os remédios de lá são mais eficientes.