19

       Minha cabeça doía. Senti algo queimar meu rosto. Encolhi-me e ouvi alguém correndo em minha direção.

- Azumi-chan, o que houve? – a voz de Kagome encheu minha mente.

- Não me toque. – rosnei.

Ela recuou um pouco e tocou em mim. Minha raiva subiu, segurei seu pulso e a olhei. Ela arregalou seus olhos quando me viu.

- Azumi...

Não deu tempo de ela terminar, pois eu a joguei para longe de mim. Não era eu. Aquilo não era eu! Essa não sou eu!

Todos olharam para mim, mas eu soltei um risinho malévolo.

Aquela não era eu!

Levantei-me, cambaleante, e me virei para eles.

- Azumi... – a voz de Inuyasha foi de cortar o coração de qualquer um, mas não o meu... Não daquele monstro que estava dentro de mim.

- Essa não é a Azumi, Inuyasha. – disse Sesshoumaru.

Ele me olhava com o mesmo olhar de todos. Assustados e abatidos.

- E como você sabe... Sesshoumaru... – minha voz não era uma voz humana, e sim um rosnado.

- Seu cheiro mudou assim que a lua chegou ao seu ápice. Era pra você ser humana agora, não uma youkai completa. – ele disse irritado.

- Youkai... Completa... – grunhi. – Claro...

Sorri malignamente. Levantei minha mão esquerda e a levei para perto de meu rosto, ativando as garras.

 ***

       Jaken falhou quando viu Azumi levantar a mão esquerda. Ele sabia que aquilo não era boa coisa e que não seria a Dança de Espadas dessa vez. Seria o... Poder maligno de Inuichi. A outra face dos poderes de Inuichi.

- Azumi-sama... – a voz de Jaken falhou.

Sesshoumaru se despertou e percebeu o que ela ia fazer.

- Chuva de Navalha. – e com um simples movimento Azumi ativou o poder maligno.

- Não se mexam! – Sesshoumaru avisou.

Todos permaneceram imóveis.

Era só alguém se mexer que a chuva começaria. Ninguém podia se mexer. NINGUÉM!

Kagome a olhou assustada. Aquela não era Azumi, nem Inuichi. A aura dela estava mais sombria, mais cheia de ódio. Não era fúria, como ela sentiu da última vez que Azumi usara o poder. Era de ódio.

Essa não era Azumi.

- Azumi-chan... – Kagome sussurrou, deixando uma lágrima dançar por suas bochechas.

Azumi pareceu falhar, mas ela se recuperou e olhou para Kagome. O ódio que Kagome sentiu naquele olhar foi letal. Os olhos de Azumi poderiam ser amarelos, mas neles tinham um abismo imenso. Um abismo que levava para...

- Naraku. – ela sussurrou o nome com medo.

Azumi sorriu e andou até Kagome. Ela se abaixou diante Kagome e levantou seu queixo. Aquele sorriso não era de alegria e sim maligno. Tudo em Azumi agora era sinistro e maligno.

- Você... Nunca... Vai... Saber... O... Que... Ele... Fez... Comigo... – rosnou cada palavra. – Se bem que um só movimento pode matar eles. – disse numa voz grossa e má.

Não... Ela não vai fazer isso... Pensou Kagome com medo.

Azumi segurou o pescoço de Kagome e a levantou.

- Uma pena. – disse Azumi.

Ela jogou Kagome para perto daqueles que permaneciam cercados por navalha, mas a navalha não ativou.

Sesshoumaru quase suspirou aliviado, mas sabia que esse mínimo movimento iria matar todos.

Azumi deu uma risada diabólica e levantou a mão esquerda fazendo movimentos com seus dedos, como se controlasse marionetes, mas o que ela controlava eram as navalhas. Tudo ela podia controlar.

- Azumi, pare! – Inuyasha gritou.

Azumi parou e olhou para Inuyasha. Ele sabia que não podia fazer nada, mas queria que sua onee-chan voltasse.

- Por quê? – perguntou com uma voz de choro.

- Naraku fez esse monstro! – ela gritou e todos arregalaram os olhos. – Naraku prometeu para Inuichi que a tornaria numa youkai completa, mas ele fez um monstro. Um monstro que só aparecia na Lua Nova. Era para ela se tornar humana, mas ela se transformava nisso. Ela corria para uma caverna mais próxima e fazia um kekkai para ela não poder sair e atacar aqueles que ela protegia. – disse numa voz grossa. – Esse monstro piorou sua situação e Naraku, como um bom samaritano, acabou com esse monstro. Foi num dia como esse que ele matou Inuichi, livrando-a do monstro que ela era. Ele fez isso porque a amava e nunca perdeu esse sentimento! E eu vou servi-lo. Mesmo que essa garota não queira. Porque ela sabe que sua alma pertence à Naraku. – riu e olhou para todos.

Ichiu olhou para aquele monstro que tomou posse do corpo da bela hanyou que conheceu agora pouco. Aquele monstro não era ela.

- Saia dela! – gritou chorando.

Azumi olhou para Ichiu e sorriu.

- Enquanto tiver noite de Lua Nova, nunca vou fazer isso. Tornei-me o pior pesadelo de Inuichi e vou tornar o pesadelo de vocês. – disse ela mostrando os dentes pontiagudos.

Ichiu não podia se movimentar, pois sabia que todos iam morrer.

Setsu olhou de soslaio para seu irmãozinho e cerrou os olhos. Ele queria fazer algo, mas não podia. Ele levou os olhos para cima, sem movimentar a cabeça, e viu um monte de coisas pontiagudas acima deles. Ele podia ver o que era, mas os outros não.

- Maldita. – murmurou.

Ele olhou para baixo e viu Azumi próximo dele. Ele apenas arregalou os olhos, ele não queria arriscar a vida daquelas pessoas.

- Do que você me chamou? – perguntou sombriamente.

- Maldita. – ele se atreveu a fazer de novo.

Ela o segurou pelo pescoço, livrando-o daquele feitiço e o jogou para longe daquela meia lua.

- Nii-chan! – gritou Ichiu.

- Não se mova! – gritou Sesshoumaru.

Ichiu parou e olhou seu irmão jogado no chão. Ele se recuperou e pegou uma flecha e apontou para Azumi.

- Atire. Mate esse corpo. Vai. Mate-a! – ela disse abrindo os braços e sorrindo malignamente. – Vamos, Setsu. Atire. Sem medo.

Setsu continuou a apontar a flecha. Ele sabia que se a matasse, Sesshoumaru ia matá-lo depois.

- Pra quê? Para Sesshoumaru me matar? – desafiou-a.

Ela rosnou e descansou os braços.

- Chega já estou me cansando disso. – disse ela o atacando.

Setsu apontou a flecha para cima e atirou no centro da chuva. A magia acabou e todos se livraram do encanto.

- Maldito! – gritou. – É impossível. Só alguém morto veria isso... A não ser que... – ela o olha malignamente. – Você esteja. Setsu, você morreu? – perguntou manhosamente.

Setsu recuou e sacou mais uma flecha, apontando para Azumi.

- Ah, não vai responder? Que pena. – ela disse, mas algo a atacou.

Sesshoumaru segurou o pescoço de Azumi, liberando o veneno. Azumi se debatia com a dor.

- Isso dói! – gritou.

Sesshoumaru não fraquejou, pois ele sabia que sua irmã não voltaria tão cedo. Ele apertou mais.

- Sesshoumaru! Solte-a! – Inuyasha gritou.

- Essa não é minha imoto. Esse monstro não é ela! – gritou e liberou mais veneno.

Ela sorriu um pouco e tocou no braço de Sesshoumaru, cravando as unhas e liberando veneno. Sesshoumaru a soltou e olhou para o braço. Esse era o único braço que ele tinha. Não podia perdê-lo.

Ela riu diabolicamente e atacou Sesshoumaru, segurando-lhe o pescoço, liberando veneno, e caindo com ele no chão.

- Que foi Sesshoumaru? – deu uma risadinha. – Chuva de Navalha. – ela murmurou e mais uma vez navalhas apareceram no alto. – Que pena, vou te matar agora. – disse ela juntando os dedos e apontou aquelas garras enormes para o coração de Sesshoumaru. – Adeus, Sesshoumaru. – disse ela o atacando.

Nãaaaaao!

Continua...