Lost In The Shadow escrita por LaraMagchep


Capítulo 8
Um Natal Verde e Vermelho - Segunda Parte


Notas iniciais do capítulo

Deve ter um punhado de erro, mas me desculpem. E desculpem também a demora para continuar .---.



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Paz na Terra Alegres Hipogrifos, cantarolava um homem de quase dois metros, sua pele era parda e seus cabelos negros e lisos caiam até seus ombros, uma pequena barba enrolada na ponta desprendia de seu queixo quadrado, vestido como um indiano da cabeça aos pés, ele decorava uma sala muito iluminada onde sua sombra estava por todo o piso envernizado. Colocou um visgo próximo a porta e aboliu a idéia, não tinha ninguém para usá-lo, a não ser é claro aquele simpático e inconveniente casal, deixou cair em sua sombra e ela imediatamente desapareceu, virou-se para seus convidados deitados em espécie de macas, com aparelhos como o de soro trouxa, pendurados na cabeceira das macas, pingando lentamente para dentro das veias dos convidados um liquido dourado, do topo de suas cabeças descia uma fumaça azulada lentamente para dentro de canecas do tamanho das de Hagrid.

O homem olhou para os rechonchudos convidados, aqueles dois dariam uma ótima ceia a próxima noite, pensou que seria lamentável ter que devolve-los para o ambiente escolar. Sentou-se em uma poltrona fofa ao lado do mais gordo deles e sorriu quase paternalmente para eles, gostavam de estar ali, tinham poucos pesadelos e isso era extremamente útil para ele, os pesadelos tinham gostos péssimos por isso que ele, sendo o Gênio que era, gostava absurdamente de provocar felicidade para que sonhos fossem criados. Dobrou-se até atrás da maca, tocou a fumaça com os dedos e chupou lentamente, acabou choramingando outra vez e lamentando-se por sua natureza.

Sim, esse é Bogus. O informante de Draco está coberto de razão, e as pesquisas de Hermione não foi em vão, sim ele também fora um gênio. Muitos bruxos e trouxas duelavam pelo seu poder mágico, quando o obtinham pediam casas, riquezas e mulheres, dando em troca toda a essência de sua felicidade. Bogus nunca fora como seus irmãos da Magia Negra que sugavam toda a energia vital, esse gênio achava deselegante ser comparado a escoria dos dementadores e preferiu viver sua vida como sua natureza lhe ordenara. Gênios e Bogus são criaturas diferentes, gênios concedem desejos e Bogus concedem sonhos. Como então um brilhante gênio se transformava em tal criatura? Ele morrera, como todo ser mortal, o grande Gênio da Lâmpada morreu um dia e ficou na terra. Bogus são espectros de gênios que se escondem na escuridão e hibernam por anos. Ele nunca pensara em sair dali por isso se alimenta e depois devolve suas vitimas, simples assim, por isso que agora ele se arrependia, aqueles amigos sonhavam deliciosamente.

Porém quando a hora chegasse ele já tinha o seu prato da vez, aquele casalzinho que descobrira os diários de Muller, eles estavam apaixonados e seriam a ultima reserva do gênio antes de voltar a dormir.



- Já acabamos? – Draco Malfoy abaixou o livro da frente do rosto de Hermione.

A garota ergueu os olhos para o relógio da sala e sacudiu a cabeça voltando a ler sua parte do diário. Ela sorriu por trás das paginas amarelas, Draco se revelara um rapaz incrivelmente persistente e ansioso, ao contrario do que a garota pensara, Malfoy era bem insistente quando queria alguma coisa e nesse caso, ele desejava os lábios dela. Pensar nisso a fez corar como louca, abaixando-se mais por trás do livro, sentia-se cometendo um pecado, uma criança pega no flagra por ter aberto o presente antes da hora.

 Aquilo era ridículo, ela era quase uma mulher e tinha que assumir a responsabilidades pelas suas decisões, mesmo que elas fossem tolas e imbecis, como por exemplo tornar-se namorada do herdeiro mais detestável dentre os sangues puros. Ao pensar na palavra namorada voltou a se encolher avermelhando como um pimentão, tentou focar os olhos na pagina, já era a ultima e essa se tornava a sétima vez que ela tentava ler, mas tudo inútil, Draco estalava a língua como um louco e ela duvidava que ele prestasse atenção.

Já haviam voltado do almoço e estavam terminando o horário combinado antes de voltarem aos beijos e carinhos, mas parecia não ter havido progresso algum em suas pesquisas, não enquanto o perfume de Malfoy e o contorno de seus lábios pronunciando mudamente as palavras escritas no diário que lhe coube, continuassem a lhe perseguir. Ela fechou o livro rendendo-se aos encantos do sonserino, ele ergueu a cabeça.

- Já terminou? – Perguntou largando-se por cima da mesa – Isso faz de mim um completo inútil. Seu diário dá três do meu e você já terminou.

- Faltam duas paginas, realmente.

- Então? – Ele perguntou desconfiado.

- Eu quero lhe mostrar uma coisa – Ela respondeu virando-se para a mochila, ele ergueu o corpo.

- O que é?

- Venha aqui. – Ela pediu, ele subiu na mesa e sentou-se de frente para ela. Hermione girou os olhos.

- Você é tão relaxado.

- Me mostre logo – exigiu impaciente.

Hermione tirou uma bandeja da mochila, colocou sobre a mesa e abriu.

- O que é isso?

- Eu recebi da minha mãe hoje de manhã, geralmente nossos almoços são nas vésperas já que costumo passar o natal com meus amigos e como hoje passei aqui ela me mandou minha sobremesa favorita.

Draco olhou desconfiado para o doce trouxa. Era amarelado, com uma cobertura escura como caramelo e pontinhos pretos, alem de uma camada de um creme branco.

- Você quer me dar doce trouxa? – Malfoy não impediu que a repugnância pela perspectiva de comer algo trouxa perpassasse pela voz.

- Você experimenta, se gostar eu prometo que peço para mamãe fazer mais, se não você me força a comer alguma coisa nojenta da cozinha de sua casa.

Draco apertou os olhos ameaçadoramente, como costumava fazer, mas não emanava mais ódio entre as pálpebras quase cerradas.

- Como ousa chamar a cozinha de minha mãe de nojenta, sangue ruim? – Perguntou erguendo a cabeça com autoridade.

- Ah, cala a boca e come.

Ela havia separado uma grande porção em uma colher e enfiou entre os lábios de Malfoy. E esperou. Draco fechou a cara e começou a mover a mandíbula lentamente, a expressão se desanuviando, tomando lugar um sorriso engraçado.

- Bom. Você me surpreendeu.

- Se chama mousse, é mousse de maracujá.Experimentar coisas novas não é tão ruim, Draco – Ela apontou se servindo de uma colherada e depois outra – Isso é tão bom.

- Eu sei – Ele concordou rabugento – E porque eu não estou ganhando nada, Granger?

Hermione ergueu ambas as sobrancelhas para o loiro e deu uma risadinha forçada.

- Desculpe, Malfoy, mas é a minha sobremesa favorita. – Serviu-se de outra generosa colherada, Malfoy olhou para a bandeja que estava na metade.

- Isso não é justo, sangue-ruim. – Estendeu a mão para a bandeja, a garota a retirou da mesa levantando-se – Da isso para mim.

- Nãao! – Ela cantarolou escapando de seus braços e comendo mais uma colherada. – O grande Malfoy não pode ingerir substancias trouxas.

- Você me disse que pediria mais para sua mãe – Ele corria atrás dela ao redor das mesas.

- Pediria mais, mas não lhe daria esse.

No mesmo momento Draco a alcançou, olhou a bandeja vazia e Hermione abriu a boca mostrando para ele o grande volume de doce em sua língua. Antes que a garota  percebesse Draco já invadia esfomeado sua boca, Hermione o abraçou e deixou que ele a beijasse, retribuindo do mesmo modo fervoroso, aproveitando da combinação absurda do doce de maracujá com o hálito de menta do sonserino, ele lhe soltou lentamente, distribuindo selinhos em sua boca, sua testa ainda encostada sobre a de Hermione, ela abaixou os olhos e o viu lamber os lábios, ela sorriu passando sua mão para o rosto de Malfoy e o acariciando.

- Estava uma delicia – Ele comentou sem pudor, o rosto dela ferveu. Ele concluiu – O ultimo pedaço do mousse.

Hermione sorriu falsamente e afastou pouco centímetros de Malfoy, apertou as bochechas do garoto com os dedos, as unhas dela arranhando as bochechas dele. Draco gemeu e abaixou-se um pouco.

- Qualquer dia eu mato você, Malfoy – Hermione disse entre os dentes, soltando o rosto de Draco e dando tapinhas dele, deixando o rosto pálido vermelho.

O Malfoy resmungou massageando as bochechas, ela sorriu simpática.

- O que aprendemos hoje? – Perguntou.

- Que você é bem perigosa – Draco respondeu.

Hermione hesitou e assentiu.

- Também. E?

- E que não devemos nos meter com o doce trouxa da sua garota sangue-ruim.

- Bom garoto. – Ela respondeu depositando um beijo estalado nos lábios apertados de Malfoy.

- Eu também quero lhe ensinar uma coisa, Hermione – Disse Draco virando-se para ela.

- O que?

- Os sangue dos puros ferve e não se contenta com estalinhos.

Draco apertou os braços de Hermione, a erguendo e sentando na mesa, colocando-se entre as pernas da garota e deslizando suas mãos para a cintura de Hermione, ele inclinou o corpo a deixando ligeiramente sem ar e a forçando a agarrar-se nele com força descomunal.

De um canto, um par de olhos assistia a cena romântica e levemente ardente e sentindo-se tentado a separá-los no auge da alegria, mas sabia se controlar perfeitamente e foi embora deixando que o desenrolar da cena permaneça apenas dentro daquelas cabeças.

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- O que você acha que o tal de Muller tem a ver com Bogus?

Não falavam a tanto tempo que Hermione chegou a pensar que o sonserino havia dormido, virou-se para ele e o pegou bem acordado sem traços de um leve cochilo sequer.

- Minha opinião é de que ele sabia sobre Bogus e talvez o monstro começasse a persegui-lo por isso fugiu.

Draco rolou sobre a mesa, aproximando-se mais de Hermione.

- Talvez ele também nos persiga – Sugeriu Draco, segurando a mão da garota firmemente.

- Eu acho que ele já nos persegue – Ela respondeu calmamente.

- Isso não assusta você? – Draco quis saber, olhando-a nos olhos.

- Um pouco – Respondeu sincera – E a você?

- Muito mais do que um pouco – Ele respondeu exasperado.

- Eu protejo você – Respondeu Hermione em uma risadinha desdenhosa.

- Eu prefiro seu atirado aos lobisomens.

- Eu conheço um. – Hermione respondeu calmamente, Draco empalideceu lembrando-se de seu professor de DCAT três anos antes.

- Você não...

Hermione riu e sentou-se na mesa, ainda segurando a mão de Draco, o garoto foi forçado a acompanhá-la no gesto, olhando-a ainda desconfiado.

-Eu nunca faria isso, Malfoy – Disse quando parou de rir, atirou os braços contra seu pescoço e deitou a cabeça em seu peito – Não agora. Umas semanas antes, talvez, mas não agora.

Draco abraçou Hermione e riu também, recuperando a pouca cor de suas bochechas.

- Francamente – Continuou Hermione – Você achou que eu te balançaria na frente de um lobisomem como um pedaço de carne?

- Achei – Draco respondeu baixo – Quem sabe você estivesse realmente furiosa pelo doce... E afinal você conhece um.

Hermione soltou o pescoço de Draco para socar-lhe o ombro.

- Lupin não teria coragem de atacar ninguém.

Draco ergueu as sobrancelhas.

- Então você me atiraria a um.

Hermione achou que o garoto mereceu outro soco antes de deitar em seu peito outra vez. Draco riu e Hermione admirou o som de sua risada, era viva e intensa, ao contrario do rapaz que emanava essa áurea sombria de ódio e frieza diariamente. Hermione abaixou a cabeça e encostou o ouvido sobre o coração de Draco, as batidas aceleraram brevemente.

- O que esta fazendo? – Ele perguntou.

- Pesquisando. – Ela respondeu baixinho, Draco não a incomodou.

Ela podia ouvir o coração de Draco em seu ouvido, podia sentir sua respiração bagunçando seu cabelo cheio, seu peito inflava-se lentamente, Hermione permaneceu encostada em Draco por vários minutos até que o garoto se impacientou.

- O que há, Granger?

- Bem. – Ela levantou-se muito séria – De acordo com as minhas pesquisas, você tem mesmo um coração.

Draco bateu a mão contra a testa.

- É sério, eu nunca achei que isso fosse possível – Ela continuou muito seria.

Draco sorriu bem devagar, bem paciente, estava envolvido pelo calor de Hermione, o garoto Malfoy atribuía esses seus surtos poéticos ao que ela lhe provocava. Ele estendeu a mão e passou os cabelos cor de chocolate de Hermione para trás da orelha e aproximou-se, olhando os olhos de mesma tonalidade piscando para ele.

- Eu também não achava que alguém pudesse fazê-lo bater outra vez. Na verdade, eu nem tinha idéia que ele não batia. Achava normal que aqui dentro – Ele apanhou a mão de Hermione com sua livre e a apoiou por cima do suéter verde – Não houvesse nada alem de um vazio.

- Eu não acredito que tenha tal poder, Draco – Rebateu Hermione pensativa.

- Olhe para os fatos. Olhe o que eu sou longe de você. Eu sou um Malfoy, Hermione – Ele revirou os olhos como se fosse obvio – É da minha natureza ser como eu sou, eu fui criado assim. Nada diria o contrario, entende? Se eu sair agora de perto de você e esbarrar em outra pessoa nascida trouxa eu serei grosseiro, porque eu gosto de ser assim. Você me acalma, você doma minha essência e extrai o que eu não sabia existir. Você me deixa bonzinho – Ele franziu o cenho para a ultima frase.

Hermione sorriu, era estranho ouvir tudo aquilo de Malfoy, ela era boa com teorias e com feitiços, mas amor? Foi um desastre amador com Krum, Ronald foi pior que o anterior, mas era diferente com Draco ele parecia querer demonstrar o que se passava em seu peito, era novo para Hermione alguém que tivesse as características de suas primeiras paixões, a atração física que ela sentia pelo primeiro, e o sentimento puro e suave que sentia pelo segundo, mas esse conseguia por tudo em palavras. Usar a mente e a boca, como os outros pareciam ter um bloqueio natural.

- Você não é tão mal, Draco – Ela conseguiu murmurar.

- Eu sou, eu sei que sim – Draco sorriu para Hermione.

- Se fosse eu não estaria aqui, agora. Eu estaria na Toca com os Weasley, mas eu não estou, significa que você pode ser bom, mesmo longe de mim.

- Eu sou um covarde, Hermione. Longe de você tudo só piora.

- Eu sei que você é covarde – Ela riu para ele, erguendo uma sobrancelha – Mas eu sei que também é forte. Aqui esta você, com uma grifinoria, pesquisando para salvar seus amigos. Você não pode ser tão ruim assim, eu não posso me iludir tanto assim.

Draco abriu a boca e fechou, sentiu-se culpado, odiou-se. Nunca poderia contar a ela o verdadeiro significado de querer chegar a Bogus, estava a usando para isso, não contara tudo que prometera a ela e mesmo assim ela o tratava com muito mais simpatia do que ele merecia. Malfoy desviou o olhar e sentiu um gosto ruim na boca, questionou-se se era aquilo que chamavam de remorso.

- O que houve Draco?

- Nada – O sonserino respondeu levantando-se – Vamos dar uma volta por ai antes do jantar.



A manhã de natal veio calma e mais agradável do que de costume, não nevava e não havia previsões para que o frio se intensificasse, era como se o clima estivesse disposto a ser condolente com o casal apaixonado de Hogwarts. Draco acordou tarde aquela manhã, desnorteado tentou encontrar todas as peças de roupa, até notar que havia colocado-as demais. Terminou por escolher uma camiseta grossa de mangas compridas, obviamente negra como o restante de seu guarda roupas, o moletom fechado verde esmeralda que o time de quadribol mandara confeccionar com um grande S enfeitiçado para serpentear como uma cobra e um jeans trouxa. Para o dia estava bom, demorou-se ao sair de seu quarto, contemplando a foto com seu pai na cabeceira de sua cama, o modo como o orgulho emanava de seus olhos, fazia Draco se lembrar do porque voltara a Hogwarts nesse ano. Suspirou e passou os dedos pelo volume quadrado em seu bolso.

- Eu vou dar um jeito de fazer as duas coisas, pai. Livrar o senhor e ficar com a Granger.

Aprumou-se a saiu das masmorras, encontrando Hermione sentada no no meio da escada, ele certificou-se que ninguém estava próximo e abaixou-se tapando os olhos da garota com as mãos.

- Adivinha quem é? – Draco perguntou encostando seus lábios na orelha de Hermione.

- Harry? – Ela perguntou fingindo inocência.

Draco xingou e cruzou os braços.

- Não achei a mínima graça.

Hermione virou-se sorrindo e ia atirando-se a uma serie de beijos em Draco quando este a parou segurando-a pela cintura, os olhos iluminando-se hilários para o moletom da garota.

- O que há de errado? – Hermione questionou puxando as pontas do moletom, procurando urgentemente por manchas de pasta de dente ou algo do tipo.

Malfoy deu uma tossidinha e apontou para a sua. Hermione ergueu as sobrancelhas olhando o moletom de Draco, entendera a ironia. Ambos escolheram aquele dia para ressaltar a preferência por sua casa em particular, ela usava um moletom vinho com um leão de longa juba dourada que rugia mudo, mas agora estreitava os olhos para a serpente no abdômen de Draco.

- Gostou? – Granger perguntou sentando-se ao seu lado – Eu poderia presentear você com ela, hoje. Mas como não quero que ela alimente sua lareira esta noite...

- Provavelmente seria esse o destino dela – Concluiu Draco e depois sorriu malicioso – Hei, feliz natal.

- Feliz natal – Ela aproximou-se de Draco e ele se abaixou para beijá-la.

- Eu tenho uma coisa para você – Draco esticou a perna dobrada e enfiou a mão no bolso.

- Eu também tenho uma para você – Ela desceu as escadas e abaixou-se do lado do corrimão voltando com um pacote médio, retangular.

- O meu primeiro – Draco exigiu oferecendo a mao aberta, a garota revirou os olhos e entregou o pacote.

Não era pesado, o que fez Draco descartar um livro, ele virou o pacote nas mãos e o chacoalhou, mas foi repreendido por Hermione. Ele abriu o pacote bem feito e encontrou uma caixinha de madeira com o adesivo “Gemialidades Weasley”, abriu seu trinco e espiou para dentro. Havia um objeto parecido com uma lente de aumento, porém que nada fazia quando Draco a aproximou dos olhos e a apontou para um objeto e uma pena azulada. O garoto olhou cauteloso para Hermione

- Annh... Adorei – Comentou Draco.

- Deixe de ser idiota – Retrucou Hermione inflamada.

- Detestei, então? – Tentou.

- Cala a boca – Ela estava visivelmente corada – É um revelador de segredo, me de ele aqui.

Granger pegou a pena, tirou um pergaminho em branco e escreveu nele a frase “Draco Malfoy é patético” as palavras iam sumindo assim que ela as terminava, tomou da mão de Draco o revelador de segredo e passou ele por cima de onde ela havia escrito. As palavras iam se tornando visíveis apenas no circulo de vidro mágico. Draco sorriu e agradeceu sincero.

- Eu também tenho um. Se precisarmos nos... Comunicar sem ninguém mais saber... Podemos mandar bilhetes assim, se acaso alguém pegar vai pensar que não passa de um pergaminho em branco.

- Nada mal, sangue ruim. – Elogiou Draco beijando a testa de Hermione.

- E o meu?

- Bem, é bem menos útil que o seu. Na verdade, me sinto um idiota por te dar isso, se você me deixar trocar...

- Não, eu quero ver. – Ela exigiu.

Draco hesitou, abriu a palma da mão para Hermione encarando a caixinha preta que estava dentro dela, a garota parou também olhando para a caixa. Draco fez um gesto com a mão a encorajando a pegar, ela estendeu os dedos e apanhou a caixa a abrindo lentamente. Era um anel largo também verde, com uma pedra preciosa incrustada e nele a letra “M” ornamentada, dele pendia uma fina correntinha dourada, quando Hermione a puxou viu que se tratava de um anel em uma corrente.

- Meu avô ganhou da avó dele, que ganhou da avó dela, que ganhou do pai de presente de casamento. – Começou Draco tão baixo que poderia estar falando com ele mesmo – É o brasão mais antigo dos Malfoy, meu pai não sabe que eu o tenho, eu ganhei de meu avô que pediu que eu guardasse segredo e fizesse bom uso. Eu não quero lhe dar apenas porque é valioso para nos, mas é algo meu e eu gostaria que você o tivesse, não poderia ser apenas o anel porque você não usaria, já a corrente você pode esconde-lo.

Os olhos de Hermione estavam embaçados e ela chorava silenciosa. Segurou o bem mais importante de Draco entre os dedos e soluçou baixinho, o garoto percebeu e imediatamente envolveu as mãos dela.

- O que houve? Detestou? Que mal gosto, Granger – Ele tentou brincar – É uma coisa de família, como você pode não gostar? Pode me devolver, eu agüento, compro outra coisa para você, mas não precisa chorar.

Hermione sacudiu a cabeça e as lagrimas voaram, agora ela tapava o rosto com as mãos e seu corpo se sacudia violentamente. Draco olhou por cima dos ombros e puxou o rosto dela para seu peito, muito quieto, pensando que oficialmente fizera besteira em entregar-lhe o anel, não sabia que ela detestaria a esse ponto.

- Você... É muito... Idiota, Malfoy. – Hermione forçou as palavras a saírem.

- Você também não é tão brilhante – Ele respondeu levemente ofendido.

- Como... Você pode me... Me dar isso? – Ela tornou a questionar, ainda apertando firme entre os dedos o anel e molhando o blusão de Draco.

- Desculpe – Ele murmurou.

- Você é muito... Idiota, Draco – Ela agarrou-se a Malfoy, escondendo o rosto em seu pescoço.

Draco a afastou levemente, e a olhou nos olhos molhados e vermelhos.

- Desculpe, pode devolver – Ele estendeu a mao, mas ela apertou o punho contra o peito.

- Você que me faz parecer uma idiota – Ela conseguiu falar pouco mais coerente. Draco limpou as lagrimas dela com a costa das mãos. – Como ousa me dar uma coisa tão importante assim e deixar que eu lhe de um revelador de segredos em troca?

Draco ergueu as sobrancelhas, Hermione olhava admirada para o anel, as lagrimas ainda escorrendo.

- Você é imbecil? – Ele perguntou de repente – Está chorando por isso, sangue ruim?

- Não só por isso – Ela se justificou – Ah, Draco. Você é maravilhoso. Eu não consigo entender porque você é assim, mas você é.

- Eu perdi alguma coisa?

- Por que me deu esse anel?

- Porque eu achei que fosse o correto a ser feito. São duas das quatro coisas mais importantes na minha vida, eu não poderia ignorar isso, pode-se dizer que eu fiz “bom uso” ou o que meu avo quiser chamar. Eu quero que você tenha uma parte minha com você, para quando olhar se lembrar de mim, de tudo que tivemos esses dias. E também porque você fica muito bem de verde.

- Exatamente. – Ela deu um muxoxo e segurou o rosto pálido de Draco entre as mãos, colando suas testas – Eu queria ter dado algo de mim para que você se lembrasse.

- Eu tenho varias coisas suas, sangue-ruim – Draco rebateu, também segurou o rosto da garota entre as mãos, alisando seu maxilar – Tudo dentro da minha cabeça. Eu nunca vou me esquecer da cor de seus olhos chorosos, do formato da sua boca insolente, do cheiro de seus cabelos, do gosto de seu beijo, esta tudo bem guardado aqui dentro.

- Acha que eu não me lembraria de você mesmo sem isso?

- Eu queria que tivesse algo material meu, uma coisa que provasse que eu existi e estive com você fisicamente, sabe daqui alguns anos. Quando eu não... Se eu não estiver mais aqui.

- O que? – Ela perguntou seus olhos assustados, Draco suspirou encostando seus lábios sobre os dela.

- Nada, estamos em guerra, é difícil prever o amanha só isso. Agora, me deixe colocar para você se não vai me devolver.

Hermione virou-se, ainda curiosa e amedrontada, mas deixou passar,não gostaria que aquilo interferisse em seu tempo a sós com Draco, até porque ela tinha a mesma impressão dolorosa de que não iriam muito longe. Ele afastou seus longos cabelos no ombro direito e passou a corrente a abotoando em sua nuca, Draco encostou seu rosto sobre ela, sentindo a intensidade do perfume dos cabelos de Hermione, passou seus lábios entre abertos pela correntinha e distribuiu beijos no pé de seus cabelos. Hermione tremeu levemente, apertando seu braço direito, reprimindo os tremores maiores ao sentir o hálito de Malfoy despertando sua consciência para o quão próximo eles estavam, como sua coxa parecia prender a dela. Ela suspirou quando ele se afastou satisfeito e virou-se rendendo a seus carinhos.

- Tem alguma coisa para o café?

- Não. – Hermione respondeu pensativa. – Mas eu sei onde pode ter. Entretanto, eu conheço seu histórico, ok? Só não abuse deles ou vou ficar realmente brava.

Draco arcou as sobrancelhas, Hermione se levantou puxando-o pela mão para a entrada secreta da cozinha dos elfos domésticos.

Draco estava maravilhado demais para sentir nojo ou repulsa pelos elfos, ele se concentrava em comer e conversar com Hermione. Quando saíram da cozinha ele reclamava do estomago.

- O que esses elfos colocam na comida?

- Dedicação – Respondeu Hermione.

- É? E desde quando dedicação me deixa mal do estomago?

- Você comeu metade do banquete que fizeram para essa manha, eu estranharia se você não estivesse com dores. – Ela riu a contra gosto – Francamente você come feito um louco.

- Estou em fase de crescimento – Draco se defendeu.

- Você diz isso para sua mãe quando come o peru inteiro antes da ceia?

Os dois riram e abraçaram ao caminhar pelo castelo.

- Se eu pudesse fazer um pedido eu escolheria repetir esse dia para sempre – Hermione murmurou.

- Eu também, é uma pena que os gênios estejam banidos e...

Hermione estancou.

- Gênios. É isso. Dumbledore.

- Dumbledore é um gênio? Gênio de verdade?

- Não, eu preciso falar com ele, sobre Bogus, fazer uma pergunta.

Ela virou-se começando a correr, Draco segurou seus braços, confuso.

- Espera. O que você quer perguntar?

- Se existe algum gênio aprisionado no castelo. Eu já volto – Ela encostou seus lábios nos de Draco e voltou a correr.

- Ei, sangue-ruim, espere! Você não pode andar sozinha pelo castelo! – O Malfoy gritou para o salão e sua voz ecoou pelas paredes – Ela não presta atenção mesmo – ele murmurou desgostoso.

- Refere-se a Srta.Granger?

- Ela mesma, eu não entendo, é impulsiva, faz absolutamente tudo por conta.

- E é isso que o senhor gosta nela?

- Exatamente... – Draco virou-se e ofegou, Dumbledore estava parado sorrindo, com as mãos cruzadas atrás das longas costas – Dum... Diretor. O senhor... Estava? Esta ai a quanto tempo?

- Não muito, na verdade, eu cheguei a Srta.Granger já havia saído.

- É, bem, ela precisa contar-lhe algo.

- Eu sei e suspeito que tenha montado o quebra-cabeças de uma vez por todas, porém eu desejo é lhe falar, Draco.

- Comigo?

- Claro, vamos, me acompanhe a uma volta nos jardins do castelo, não há de ser demorada.

Dumbledore marchou em direção a porta, Draco se atrapalhou por alguns segundos e logo depois começou a segui-lo em passos largos.

- Draco, queria lhe falar sobre seu pai...

- Ah, sim – murmurou Draco.

- Tenho boas noticias para você – Disse o Diretor abrindo as portas e saindo para o jardim.

- Quais seriam elas?

- Seu pai está livre, Draco – Dumbledore despejou a informação com uma expressão impassível. – Não que eu me alegre tanto quanto você com a informação.

- Como ele...?

- Os dementadores abandonaram seus postos na prisão e uniram-se a Voldemort – Dumbledore olhou de relance para o garoto que se moveu desconfortavelmente a menção do Lord das Trevas – Sente-se bem?

- Não muito. Quero dizer, estou feliz que meu pai tenha saído, mas não tenho certeza se é tão bom assim o resto dos prisioneiros estarem em liberdade.

- Não, não é. Na verdade, é uma imensa tragédia.

Draco virou-se para Dumbledore e encarou o diretor, o homem parecia cansado, pálido e frágil, uma de suas mãos parecia morta e sem vida, ele com toda certeza emagrecera e Draco sentiu pena da figura velha, mas mesmo assim tão fragilizada ainda era assustadoramente potente.

- Uma guerra está se aproximando, filho. Você parece estar confuso de qual lado empunhar sua varinha.

- Aconteceram coisas demais nesse ano – Confessou Draco com os olhos perdidos na Floresta Proibida pintada de branco.

- Você cresceu Draco. A duvida em si já é a maior prova disso, se enturmar com a Grifinória foi à melhor oportunidade para demonstrar essa grandeza.

- Eu não deveria estar em duvida, a minha vida toda eu cresci para esta guerra, para esta... Missão.

A palavra missão fez Dumbledore fitar apreensivo os olhos de Malfoy que respondeu ao olhar do diretor com a mesma intensidade. Sabia o que tentava fazer, tentava penetrar sua mente, mas fazia parte da missão evitar que Dumbledore descobrisse sobre ele.

- Tão jovem – Lamentou Dumbledore.

Persistiram na caminhada em silencio, até que Malfoy estancou.

- Não vai convocar a Ordem?

- Perdão?

- Eu praticamente confessei que estou contra vocês e tramo pelas suas costas.

- Não é nescessario... Não me entenda mal, não é que não o considere uma ameaça insignificante... –Emendou ao ver Draco lançar-lhe um olhar indignado – Em absoluto o contrario. Temo pelos seus planos, mas a guerra ainda não estourou, deixaremos os lamentáveis confrontos para o final. Viva o agora, filho, aproveite o que a vida lhe presenteou.

- O quanto o senhor sabe? Sobre, bem... Hermione e...

- O bastante para guardar segredo. – Sorriu Dumbledore, olhando por cima do ombro – Ora, veja, nos afastamos muito do castelo. Voltemos agora antes que a Srta.Granger comece a se preocupar com seu desaparecimento.



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- E nem lhe passou pela cabeça contar você a ele?

- Pelas folgadas bermudas de Merlim. Contar o que?

- Sobre o gênio.

- Eu não faço a menor idéia do que se passa na sua cabeça, sangue-ruim. Não saberia dizer meia palavra sobre isso com Dumbledore.

Hermione cruzou os braços e fez beicinho, Draco reprimiu o sorriso e olhou para o lado oposto da sala de aula sem uso.

- Do que falaram? – Quis saber a garota.

- É da sua conta, Granger?

- Na verdade, agora é.

Malfoy ergueu os olhos, Hermione havia se aproximado o suficiente para acariciar seu rosto, ele recebeu o carinho grato.

- Meu pai esta soltou.

- Ah – gemeu a garota – Isso é horrível.

- Ah, que reconfortante saber que você fica feliz por mim.

- Mas isso realmente é terrível, o que houve? Os dementadores desertaram?

- Isso. O que significa que além de meu pai todos os outros prisioneiros, incluindo velhos Comensais voltaram. – E completou em um sussurro inaudível “Está na hora...” – Vamos, esta ficando tarde para rondarmos por ai, sangue-ruim.

Em meio a protestos Hermione foi empurrada até o Salão Comunal, ela encostou-se a parede e abraçou o pescoço do Sonserino, ele girou os olhos.

- Não quero entrar agora – Insistiu.

- É preciso, não quero perde-la.

- Eu também não quero me separar de você – Murmurou encostando a testa nos lábios frios de Draco. – Como faremos? Amanhã todos voltam...

- Daremos um jeito, e se nada der certo, podemos apenas não nos importar com ninguém.

- Parece um bom plano.

Draco envolveu Hermione em um beijo longo e demorado, separou lentamente seu rosto do rosto da garota e beijou-lhe a testa.

- Boa noite.

- Boa noite.

Draco esperou que Hermione passasse pelo retrato da Mulher Gorda e rumou para a Sala Precisa, passou quatro vezes a frente da sala e entrou, a mesma sala desorganizada apareceu a sua frente, mas ele sabia onde ir, passou por três pilhas de livros de feitiços, contornou um piano quebrado e seguiu reto esgueirando-se por um espaço minúsculo criado entre caldeirões danificados. Ali estava, como em uma clareira, apenas três objetos. Um banquinho cuja uma das pernas não parecia parte do conjunto, Uma espécie de penseira, porem com a superfície solida e refletora e um grande armário ornamentado onde uma vez ficara preso com Granger. Sentou-se no banco e mirou o espelho alguns segundos, suando frio. A excitação percorria suas veias como uma droga. Cortou a ponta do dedo com um feitiço e na superfície do espelho escreveu com sangue seu nome, o espelho girou e girou, sua superfície não mais refletia o garoto, mostrava agora o teto de uma casa senhorial, com um castiçal iluminando as velas. Ele podia ouvir conversas do outro lado e grunhidos de um decrépito subordinado, engoliu em seco.

- Tia?... Mãe?...

- O rosto mal humorado de uma mulher apareceu a sua frente, com uma cortina de cabelos negros tapando todo o resto, ela riu esganiçada quando viu Draco do outro lado, Belatriz Lestrange se virou e chamou por Narcisa.

- Cisa, venha ver, Draco esta de volta. – E voltando-se para Draco – Boas noticias, querido, seu pai saiu de Azkaban.

- Mas isso não significa que está seguro, não é?

- Não, ele não está – Respondeu Belatriz com sua voz cantarolada – Mas pode ficar, tudo depende de você. Já se livrou do tal gênio?

- Não, mas o tio Lestrange foi muito útil, obrigado. Acho que usarei Dumbledore para se livrar do monstro, quem sabe ele não morre?

- AH, mas essa é sua missão – Riu Belatriz – E como vai com o Armario?

- Tudo pronto, para quando será a tarefa?

- Daqui a dois dias. Começando a contar a partir de amanhã.

Draco concordou com a cabeça e sua tia saiu sem se despedir, Narcisa Malfoy entrou em sua visão.

- Draco, meu amor...



Após falar com a mãe o sonserino deixou a Sala Precisa e respirou fundo, estava decidido, caminhou dois metros antes de ser arrastado para dentro da escuridão.


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Notas finais do capítulo

AAAH, será que ficou bom? .-.



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