Lost In The Shadow escrita por LaraMagchep


Capítulo 1
O Dia das Bruxas




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Uma brisa morna balançava a copa das arvores da Floresta Proibida, um ronco alto vinha de uma clareira grande, os centauros contemplavam atentamente o céu pontilhado de estrelas. Mais a cima, além do campo de quadribol, o Sagüeiro Lutador inflava e desinflava respirando em seu “sono” tranqüilo e acima dele o majestoso castelo de Hogwarts visto apenas por bruxos com suas velas e lampiões apagados.
    Era sem duvidas uma madrugada calma após o alvoroçado jantar do dia das bruxas. Calma para o diretor Dumbledore que caminhava de um lado para o outro em seu escritório; calma para Harry, Rony e Hermione que saboreavam seus sonhos favoritos em suas camas quentes de dossel, calma para Draco Malfoy que sofrendo de insônia lançava feitiços avulsos pela Sala Comunal da Sonserina, calma até para Cátia Bell que acabava de ser agarrada nos ombros por uma sombra espectral.
    Então sem duvida foi o grito rascante da garota que rompeu a calma da madrugada para todos os residentes da escola. Foi ele que interrompeu a ronda de Filch e o fez correr de pantufas até o corredor da Grifinória. 
Pirraça piruetava no ar atirando uma varinha para cima e apanhando em seguida.
- PIRRAÇA! – Esganiçou Filch – O que pensa que está fazendo, seu imbecil?
- Brincando – Respondeu Pirraça animadamente agitando a varinha e emitindo fagulhas.
Filch, se possível, ficou ainda mais pálido ao erguer a lamparina ver a varinha na mão do poltergeist.
- Onde…Onde conseguiu isso? – Perguntou Filch, em sua voz asmática.
- Eu achei – Pirraça deu de ombros e continuou concentrado a um ponto a sua frente, escondido pela escuridão – É da menina Bell.
- E onde ela está? Eu a ouvi, Pirraça, a seu danado, agora você será expulso, a será sim senhor! Atacando alu…
- Não fui eu – Berrou Pirraça, erguendo a varinha – Eu não sei, a sombra pegou ela e… – Abaixou a varinha – BUM!
Um dos quadros voou diretamente para as pernas de Filch.


    Quarenta minutos depois, Profa.McGonagall, depois de ouvir com o professor Dumbledore e os diretores das outras Casas a história de Filch, acordava a Mulher Gorda e passava pelo retrato. (“Ora, quem se atreve a me perturb… Profa.Minerva! Claro, sempre é uma honra… Sim, Sangue de Dragão, mas o que… Certamente que é urgente, pode passar, diretora”) Subia erguendo a barra das vestes as escadas do dormitório das garotas e entrava na de sua monitora.
Hermione dormia profundamente, o rosto sobre um dicionário gasto de Runas e um livro de ponta cabeça, aberto em seu braço. Em cima das cobertas um gato laranja de rabo escovinha despertava sobressaltado olhando fixamente para as cortinas fechadas de Hermione, esperando o visitante. Profa.McGonagall atravessou o quarto organizado das garotas e abriu as cortinas da cama da monitora da Grifinória, Bichento ronronou para a professora e tornaria a dormir se a mesma não tivesse lhe dado um olhar severo que o recuou até os pés da garota.
- Srta.Granger? Srta.Granger! – Chamou a professora, Hermione abriu os olhos e precisou piscar três vezes para entender o rosto flutuante de Minerva.
- Profa.Minerva? – Perguntou a garota, encostando-se na cabeceira – Aconteceu alguma coisa? Harry ou Rony...?
- Graças a Merlin, não. – Sussurrou a professora – Mas, eu receio que as noticias não sejam agradáveis. Lamento tê-la desperto tão cedo, mas preciso dos monitores reunidos no Salão Principal daqui a dez minutos. Acorde o senhor Weasley e dirijam-se o mais rápido possível para lá, temo que o uso do uniforme seja dispensado nessa ocasião. 
Hermione assentiu e levantou tão rápido quanto Profa.Minerva desaparecia do quarto, derrubou o livro para baixo da cama, e apanhando seu robe rosa desceu as escadas.

Em segundos subia para o dormitório dos garotos, abriu a porta com um aceno de varinha e cruzou cuidadosamente para não tropeçar em nenhum item largado dos grifinorianos. Rony roncava alto com a boca aberta, Hermione o cutucou na costela com a ponta da varinha. Ele gemeu e se levantou.
- Pelas BARBAS DE MERLIN! O que faz aqui?
- Dumbledore convocou todos os monitores, Rony – Resmungou Hermione, o colega ergueu as sobrancelhas – E SOMOS NÓS!
- Ah, é! – Assutou-se, Rony – Ah é! Eu sempre me esqueço.


Na altura em que Rony conseguiu encontrar algo melhor que seus pijamas remendados, porque o Weasley crescerá incrivelmente no ultimo verão, Hermione já estava atrasada, decidida que o garoto simplesmente tinha sumido com o robe o apanhou pelo braço e o carregou do jeito em que estava para o Salão Principal.
O diretor observava atentamente uma varinha negra e curta que planava no ar quase tocando seu nariz torto, como se estivesse decidido a encontrar uma falha no trabalho de Olivaras. As mesas foram reduzidas a uma grande com cadeiras todas de espaldar reto, a garota sorriu reconhecendo as peças de Minerva, já a vira vezes demais conjurando cadeiras para ela e seus colegas delinqüentes. Sentou-se ao lado de Ernesto McMillian e a sua frente, Rony ocupou o ultimo lugar vago.

- Vocês, naturalmente, – Começou Dumbledore, e os cochichos cessaram como por mágica – devem estar se perguntando por que foram tirados de suas camas macias e confortáveis e trazidos até um velho a essa hora da noite. Infelizmente, eu sinto ter que acorda-los tão bruscamente. Essa noite, uma aluna desapareceu no corredor do andar de seu Salão Comunal – O diretor fez a varinha planar sobre o centro da mesa – Cátia Bell, suponho que todos aqui conhecem a artilheira do time de quadribol da Grifinória.
- Professor – Perguntou a monitora da Corvinal – O que aconteceu?
- Isso, Srta. só podemos supor – Dumbledore conjurou uma fina caixa púrpura e pousou solenemente a varinha dentro da mesma, a observou por meio minuto e recomeçou a falar. – Agora, vamos ao motivo que mandei que fossem chamados.
“Ano passado nomeei-os monitores porque tanto seus diretores quanto eu vi em vocês um talento para controlarem casos como este, e agora peço que não me desapontem. Ainda não sabemos o paradeiro da Srta.Bell, não temos idéia se apenas se perdeu em uma das incríveis portas que brotam do absoluto nada, ou se foi capturada pelos segredos dessas mesmas portas” O diretor os examinava por cima dos oclinhos de meia-lua “A missão de vocês é simples, por hora. Devem certificar que nenhum aluno fique sozinho, garanta que todos andem sempre em grupos de três ou mais, e principalmente, prive-os de escapadas noturnas, mesmo que um amigo lhes pedir” Os olhos do diretor cintilaram para os monitores da Grifinória, Rony pareceu desconcertadamente interessado na tampa da mesa “Mas, mais importante ainda, garotos: Temos que zelar pelos nossos amigos, mas muito mais por nossos inimigos, eles resguardam um dos sentimentos mais fortes que podemos criar por alguém”

Draco Malfoy que observava a parede oposta com desinteresse estreitou os olhos e os deslizou em direção a outra ponta, onde Rony e Hermione se sentavam e sentiu a garganta queimar de raiva. À tarde daquele dia não parara de se repetir a todo o momento em sua frente, como se alguém tivesse colado a lembrança em seu cérebro com feitiço permanente.
- Monitores Chefes, vocês terão por semana um ajudante, um porta-voz dos monitores – Agora era Professora McGonagall quem falava, ela colocou um objeto redondo de prata no centro da mesa, que lembrava a Hermione histórias de piratas – Isto não é como uma bússula comum é usada pelo Ministério da Magia para selecionar aurores e Inomináveis capazes para liderar missões de alto risco. Ela avalia o estado emocional e designa quem está pronto para a semana. Bem, ela escolherá um de vocês para a tarefa.
A ampulheta girou com o toque da varinha da professora.
Girou e parou.
Indicando a monitora da Lufa-Lufa, Susan Bones que deu um sorriso amarelado ao ser escolhida.
- Muito bem, creio que vocês estão dispensados, certo diretor?… Sim, senhorita Bones, fique mais um pouco.
As cadeiras foram arrastadas, Dumbledore voltou a falar.
- Mais uma vez cuidado, e cuide das pessoas a sua volta.
  Draco levantou-se assustado, Pansy começara a falar algo, mas ele já mirava em Rony, apanhou a garota pelo braço do robe e correu com ela o mais rápido que pode até chegar a uma boa distancia dos dois e longe o suficiente dos professores.
- Mas, quero dizer – Draco fingiu uma conversa em seu tom desdenhoso – Eu queria mesmo é que um de nós fosse logo de primeira. Tudo bem, foi um inútil da Lufa-Lufa, mas temos que ver pelo lado limpo da coisa. Não foi a sangue-ruim sabe-tudo da Granger.
Draco sorriu, teve o efeito que pretendia, Weasley virou-se enfurecido para o loiro.
- O que você disse Malfoy?
- Ora, Weasleyzinho, morar em um chiqueiro não justifica não lavar as orelhas, sabe? Sua mãe, eu entendo, vive 24hrs por dia na imundice, mas você freqüenta Hogwarts, que esteja pelo menos limpo.
Rony abriu a boca, mas Draco surpreendeu-se ao ver Hermione agarrando a borda de seu roupão de linho esmeralda.
- Do que adianta ser pomposo como você, Malfoy? Com um robe de cem galeões se por dentro você é um lixo? – Hermione parou de falar e soltou Draco que tinha uma expressão horrorizada.
- A sangue-ruim tocou em mim! Se eu pegar pulga, a culpa será sua, Granger – Retrucou esfregando com a manga do roupão o brasão da Sonserina.
- Seu pai não fez objeção. – Sussurrou Rony, Draco perdeu a cor das bochechas. – Ah é verdade, ele tinha sido estuporado pela minha irmãzinha que vive no lixo não é, Malfoy? Graças a ESCÓRIA da minha casa, seu pai está em Azkaban…
O branco azedo voltou a tomar conta da expressão assassina de Draco, sua mão voou para dentro do robe.
- Vocês vão pagar…
- Algum problema, senhores?
Draco virou-se e largou imediatamente a varinha ao ver a diretora da Grifinória. A idéia de duelo justo de Malfoy, não incluía precisamente justiça. Pansy tentou falar, mas Hermione como sempre, foi mais rápida.
- O Malfoy estava tentando me enfeitiçar, professora.
- Srta.Granger, essa é uma acusação muito grave – A professora examinou o garoto e depois Hermione severamente.
- Ele está com raiva, professora, por ontem mais cedo na aula de Transfiguração – Disparou Hermione, Draco sentiu uma vontade crescente de pular no pescoço da sangue-ruim e sufoca-la com seus próprios dedos. – Todos ouviram ele me ofender, professora, qualquer um pode provar… Ernie! – Chamou Hermione, o monitor virou-se para olha-los. – Ernesto estava no corredor, professora.
Minerva caminhou até o rapaz e o interrogou com os olhos, Draco viu por cima do ombro da professora o sorriso cínico que Ernesto lhe lançou, iria entrega-lo.
- Sr.Mcmillan, o que a senhorita Granger diz é verdade? O Sr.Malfoy a ofendeu na troca de aula de Transfiguração?
- Exatamente professora, eu estava procurando a senhora para levar o garoto Creevey lembra-se? O que enfeitiçou as vassouras de Filch. 
Draco viu a cabeça da professora concordar e xingou irado.
- Sr.Malfoy! Componha-se. Vinte pontos serão retirados da Sonserina, pelo vocabulário e tentativa do uso indevido de magia no corredor. E ganhará uma semana de detenção comigo.
- Mas professora! Foi a Granger, ela que…
- Basta! Quero todos em suas camas, AGORA!

Nas masmorras Draco olhava para o trecho liso e úmido da parede de pedra.

- Honra e glória. 

A porta oculta deslizou e o garoto entrou, deixando Pansy atrás de si gritando que não sabia a senha, cruzou o aposento gelado e sombrio e chutou a porta do dormitório, entrando furioso.

O quarto dos sonserinos era gelado, muito mais gelado que sua Sala Comunal. A pedra das paredes era negra e mais rústica, o chão era forrado por um carpete esverdeado, ladeado por floreios prateados e no centro uma enorme cobra enrolada seguia Malfoy com os olhos. As camas eram largas e pouco compridas, quatro ao total distribuída lado a lado na sala circular, todas com grossos cobertores negros e verdes de pelo, as cabeceiras esculpidas em mogno mostravam inscrições em oflidioglossia. Crabbe dormia na direita, seguido por uma cama vazia, logo depois Goyle roncava e na esquerda se encontrava Blásio. As paredes acima da cama de Draco eram quase invisíveis pelos pôsteres de quadribol, fotografias de família e recortes do Profeta. Bem no centro, ocupando visivelmente um lugar de destaque uma foto ampliada de Lucio e Draco Malfoy, tirada no dia que o garoto fora nomeado monitor da Sonserina. Lucio segurava os ombros do filho olhando para frente, Draco da foto insistia em se virar ver o olhar de orgulho do pai e depois voltava a fitar o fotografo.

O garoto caminha até a cama e se desfazendo do robe enfia-se em baixo das cobertas, aperta o rosto contra o travesseiro de plumas sufocando o grito de fúria. Aquela desprezível sangue-ruim! A nojenta estava pedindo uma lição desde a tarde anterior. Uma lição que Draco pretendia dar.

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A manhã do dia das bruxas de Malfoy havia sido o mínimo satisfatória, ele não imaginava a raiva que sentiria horas depois. Foi para Transfiguração de bom humor, o que significa que já teria tirado tantos pontos dos grifinorianos que o fizeram parar, teria se gabado para três ou quatro pessoas de família pobre e tinha expectativa de ir para o almoço já tendo humilhado Harry Potter e seus amiguinhos insuportáveis. Entrou estufando o peito, Crabbe e Goyle estavam a duas carteiras a frente de Potter, quando passou bateu com força o cotovelo na nuca de Weasley e se atirou na cadeira habitual.

- Bom dia, senhores. – Professora McGonagall entrou logo atrás fechando a porta com um aceno de varinha – Hoje vamos transfigurar sapos em balões de gás. Sr.Thomas apanhe a caixa da direita, e Sr.Finnigan a da esquerda e… Sim, Sr.Finnigan, isso é para o senhor parar de atirar bolinhas fumegantes nos colegas… Distribuam dois para cada um, entre a turma. O feitiço não é difícil, já aprendemos a transformar uma natureza em outra e a formula mágica já vimos na semana passada. Pelo amor de Deus, Longbotom, você vai deixar seu sapo caolho!

Draco sorriu, em geral ele não era nada mal em transfiguração, pigarreou e começou a treinar os feitiços em seus sapos fujões. Na altura de vinte minutos, ele exibia dois balões grandes, tinham duas patas, bem verdade, mas era o maximo que conseguira. Alem do mais a sangue-ruim nem sequer havia começado. Atou-os com pequenas linhas prateadas que ele mesmo conjurou. A Profa.McGonagall até sorriu para ele ao ver os resultados.

- Parabéns Sr.Malfoy! Cinco pontos para Sonserina!, Venha até aqui e mostre para seus colegas como você fez.

Draco desinflou os sapos e se levantou, mal deu dois passos e ouviu Rony falando.

- Oh, Malfoy não! Com a pontaria que ele tem vai acabar transfigurando minha cabeça.

- Sua mãe agradeceria – Sussurrou Malfoy olhando de canto para o trio – Você ficaria menos feio, cara de lesma.

Draco parou atrás da mesa da professora e sentiu uma chaminha de prazer acender ao ver o rosto chocado de Hermione de ter perdido tanto tempo conversando. Ah, Draco tinha certeza que a sangue-ruim estava mordida de raiva, queria estar no seu lugar, como queria. Draco tinha certeza que ela nunca ficou atrás da mesa da professora. O garoto pigarreou e ergueu o braço da varinha.

Clack.

O sapo de Draco continuava coaxando na mesa da professora, em algumas carteiras a frente, Granger exibia dois balões em forma de cachorrinhos. 

Houve um “Awwwn” geral da sala, Lilá Brown apontou:

- O que são essas coisas?

- São balões de ar que trouxas vedem! – Exclamou Dino fascinado.

- Uau, Hermione!

- Eu adorava eles quando era criança, meu pai me levava na quermesse e tinha de todos os tipos – Comentou Simas com as mãos nos bolsos, olhando carinhosamente para os balões.

- Eu ainda não entendi. – Insistiu Lilá.

- Os trouxas enchem os balões e dão voltas para formar os bichos. – Hermione respondeu sorrindo.

- Como fazem isso sem mágica?

- Ah, professora, deixe a Hermione transfigurar um para mim também?

Fez-se uma roda, todos os alunos da Grifinória e a professora contemplavam o feito de Granger, até os alunos da Sonserina tinham dificuldades em esconder o fascínio pelos bichos.

Você está deixando aquela sangue-imundo te ultrapassar?, desafiou a voz de Lucio Malfoy em sua cabeça.

Essa nascida trouxa impura ultrapassou o meu filho, o inútil do meu filho! Vejam, primeiro Potter, até o filho do maior traidor do sangue que já existiu voa melhor que o Draco, Milorde. Graças a Merlin estou preso e não posso ver essa vergonha na minha família.

A mão gelada de Draco apertava a varinha, com ódio, ouvindo seu pai implorar perdão pela fraqueza de seu filho, ele não iria conseguir realizar as tarefas porque ele era fraco. Seu sapo crescia perigosamente. Ele, Draco Malfoy, faria a sangue-ruim pagar pela humilhação, realmente iria. 

O sapo explodiu, espalhando os pedacinhos do sapo pelos cabelos sedosos de Malfoy, as carteiras dos primeiros alunos e as anotações de McGonagall.


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