- Tomem a chave a cobertura – a recepcionista entregou a mim – Façam bom uso.

- Muito obrigada – agradeci e entreguei uma das chaves para os tarados.

- Valeu, gostosa – o ruivo agradeceu.

- É June para você, cenourinha ambulante – ele fechou a cara – Curtam o quarto de vocês que eu e a Megan vamos curtir nossa cobertura.

- É! – Megan me apoiou – Perdedores.

- Meg, não é para tanto... – a controlei.

- Ah, tanto faz... – ela fez um aceno de pouco caso.

Revirei meus olhos.

- Vamos embora. – decidi já virando as costas acompanhada dela.

Assim que fomos entrar no elevador.

- Esperem!

Nos viramos novamente.

- O que vocês querem? – perguntei ameaçadora.

- Que tal uns drinques? – o moreno cabeludo sugeriu.

- Sabem, acho que começamos com o pé esquerdo. Só queremos nos redimir.

- Vão nos embebedar, June. E depois nos estrupar. – Megan afirmou os medindo dos pés a cabeça.

- Por que faríamos isso? Você mesma de deixou um olho roxo! – o cabeludo protestou.

Megan sorriu cruelmente.

- Isso não foi nada... – ela zombou.

O ruivo parecia impaciente.

- E então? Aceitam? Uns drinques?

- Hum... Não sei... – fiz a difícil.

- Por nossa conta! – o moreno sorriu galanteador.

- Vendido! – Megan saiu atrás deles me carregando junto.

Entramos numa limousine branca, onde nos ajeitamos confortavelmente e nos servimos de um pouco de champangne.

- Como conseguiram a limousine? – quis saber.

- Não é nossa – o ruivo afirmou – A achamos parada aqui. E entramos. Só isso.

- Quer dizer que a roubamos? – me choquei.

- Basicamente – o moreno deu os ombros.

- Legal – Megan sorriu – Não sabemos os nomes de vocês ainda, tarados.

Megan e sua discrição exemplar.

- Eu sou Axl Rose – o ruivo se apresentou fazendo uma reverencia ridícula – E esse idiota ao meu lado é o Slash.

- Idiota o caralho! – Slash rebateu.

- Sou Megan, e esta é June – Megan fez as honras.

- Megan! E se eles forem ladrões ou assassinos? – sussurrei.

- Não são – Megan riu – Parecem ser muito lentos para isso, se é que me entende.

- Ah, francamente... – bufei.

- Não vai beber, June? – Slash pareceu curioso.

- Não. Me dá enjôo dentro do carro.

- Besteira! – Axl encheu uma taça para mim – Toma, não vai te fazer mal nenhum.

- Acho melhor não...

- A qual é! Estamos em Vegas! Curta! – Slash disse.

- Ou você é o tipo de garota certinha e chata? – Axl provocou.

- Eu não sou esse tipo de garota! – protestei.

- Então bebe! – Axl me entregou a taça. Megan parecia bem soltinha já, rindo das cantadas de Slash.

- Tudo bem. Eu bebo. – Entornei a taça de bebida e senti uma queimação me percorrer.

Axl esperava uma reação.

- Mais, por favor! – foi o que consegui dizer.

...

Aquela garota era louca. Mesmo. Se ela queria parecer uma santa, havia estragado tudo naquela noite. Eu não lembrava de muita coisa. Mas lembrava que a gente curtiu pra valer.

Eu me lembrava vagamente de ter ingerido o suficiente em álcool para me por em coma por anos. Mas ninguém superou o Slash. Esse sim, tomou o equivalente a um barril de Jack Daniel´s.

O engraçado é que eu não me lembro de tê-lo visto depois de três das cinco festas que fomos. Ele e a amiguinha ruiva e nervosinha da June haviam sumido no meio da tal festa.

E é daí que eu não lembro de mais nada. Só de uma idiota vestido de Elvis e duas alianças compradas numa dessas lojinhas de departamentos que ficam abertas 24hs.

Me espreguicei na cama, o mais espaçosamente possível. Não deu certo. Meu braço direito esbarrou em algo.

- Ai... – gemi e olhei para o lado em questão. Um bolo, coberto dos pés a cabeça parecia imóvel ao meu lado.

Delicadamente levantei a pontinha do lençol, vislumbrando parte do cabelo castanho escuro da coisa.

Não era possível que eu tivesse dormido com ela.

A cutuquei.

- June? – sussurrei.

Nada.

- June? – mais uma tentativa. Em vão.

Verifiquei se ela estava respirando. Estava.

Me levantei com cuidado da cama e me encaminhei para o banheiro da suíte.

Me olhei no espelho. Péssimo. Olheiras profundas, um anel de casado, cabelo cheio de nós...

Espere. Por que eu tinha um anel de casado no dedo?

Segurei um berro e olhei chocado para o circulo dourado na minha mão esquerda. Isso explica o Elvis na noite anterior! As alianças na loja de conveniências!

Sai como um furacão da suíte, vestindo uma camiseta e uma calça rapidamente.

Corri para o salão do hotel, onde o café da manhã era servido.

Não foi difícil encontrar Slash.

- Onde tu tava? – perguntei num fôlego.

- Acha que eu sei? – ele rebateu. – Não me lembro de muita coisa depois do sexto copo de Jack Daniel´s. Só daquela ruivinha cheirando alguma coisa.

Ah, que ótimo. A amiga dela havia se drogado e provavelmente a essa hora devia estar morta, afogada no próprio vomito no quarto.

- E o mais esquisito é que eu acordei no quarto delas hoje – ele parecia perturbado.

- Não notou se tinha alguém com você?

- Acha que se eu tivesse transado com alguém não saberia?

- No seu estado ontem? Acho.

Ele revirou os olhos.

- Se tinha alguém lá, já havia dado no pé há horas. Não vi ninguém.

Bebi um pouco do meu suco. E Slash olhou minha mão esquerda com os olhos arregalados.

- QUE.PORRA.É.ESSA.NO.TEU.DEDO?

- Ah, eu ia te contar – falei meio desesperado – Eu acho que casei com a June.

- Como assim casou com a June? – ele parecia assustado.

- Casei. Eu acho. Eu estava bêbado. Ela também...

- Anula essa merda – Slash aconselhou – Sério. Vai dar problema quando vocês voltarem pra Los Angeles.

- Eu sei. Vou esperar ela acordar e vamos conversar...

Slash apenas se limitou a apontar para a entrada do salão, de onde duas mulheres, numa situação parecida a nossa, vinham.

- Olha sua chance ai...