Back To Summer escrita por Allie Próvier, Izzi Graham


Capítulo 20
Capítulo 20 - Machucada por dentro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/193049/chapter/20

Cap. 20: Machucada por dentro

Seus sentimentos ela esconde

Seus sonhos ela não consegue encontrar

Ela está perdendo a cabeça

Ela está caindo para trás

(Nobody’s Home – Avril Lavigne)

   Olhei para o relógio, talvez pela décima vez naquele minuto. O tempo parecia se arrastar enquanto eu esperava por Christofer e Mark.

   Suspirei ao ver que os ponteiros do relógio mal haviam se mexido e sequei minhas mãos no pano de prato que estava sobre a bancada. Passei praticamente o dia inteiro limpando a casa, e já estava exausta. Olhei o relógio novamente e vi que já era quase 19:00hrs da noite. Eles deviam ter chegado às cinco da tarde, mas deve ter tido engarrafamento.

   Eu já me preparava para subir ao meu quarto e tomar um banho quando ouço a campainha ser tocada, e seguida dela batidas na porta. Desci as escadas, animada. Devia ser os meninos, finalmente!

   Sem olhar no olho-mágico, abri a porta, sorrindo.

    Mas o sorriso logo se desmanchou.

- J-joshua...- gaguejei, surpresa.

   Ele deu um sorriso torto e quando tentei bater a porta, sua mão a segurei. Senti um nó se formar em minha garganta. Joshua abriu a porta violentamente com um empurrão e me encarou.

- Pensa que pode fugir de mim?- ele perguntou, dando uma risada sarcástica.

- O que você faz aqui?- perguntei sentindo meu coração acelerar.

   Não era o Joshua que eu conhecia. Aquele na minha frente não era Josh, a pessoa que foi minha amiga um dia. Aquele era o outro “eu” dele. O que me violentou. Que abusou de mim e me largou no frio. E apesar de tê-lo perdoado, era impossível não sentir medo dele. Seu olhar era doentio sobre mim, e seus olhos estavam um pouco avermelhados.

   Engoli em seco, dando passos para trás. Ele não respondeu minha pergunta, apenas andou até mim enquanto eu tentava me afastar dele. Até que não deu mais, e eu senti a parede do corredor em minhas costas. Ele sorriu, ficando mais e mais próximo e pegando um dos meus cachos entre seus dedos.

- Você está ainda mais linda.- ele murmurou, cheirando a mecha do

meu cabelo que segurava.

- O que faz aqui?- repeti a pergunta.

   Seus olhos semicerraram e ele sorriu maliciosamente.

- Você é minha.- ele disse.

   Neguei.

- Não, não sou.

- Você é sim. Sabe disso.

- Não...

- Por isso vou te levar comigo.- ele disse.

   Arfei, sentindo suas mãos fortes e brutas agarrarem meu braço.

- NÃO, JOSHUA!- gritei, tentando empurrá-lo.

   Ele era duas vezes o meu tamanho, tinha o dobro da minha força. Seus braços me viraram e me seguraram por trás, e senti sua respiração em minha nuca.

- Minha. Você é minha, Summer.- ele sussurrou em meu ouvido.

   Senti meu corpo inteiro se arrepiar de medo e tentei acertá-lo com meu cotovelo. De nada adiantou. Comecei a me debater e logo comecei a ficar cansada.

   Joshua começou a me arrastar para fora de casa, enquanto eu ainda tentava fazê-lo me soltar.

- É melhor você ficar quietinha, se não será pior.- ele falou, a irritação presente em sua voz.

   Senti meus olhos arderem e as lágrimas ameaçaram descer.

   Mordi meu lábio inferior e no momento em que Joshua abriu a porta de um carro, – que com certeza não era dele - para me jogar lá dentro pude ouvir o barulho de pneus no asfalto.

   Consegui olhar para o lado a tempo de ver uma viatura policial vindo em nossa direção. Pude ver a policial Claire na frente, e Christofer e Mark no banco de trás.

   Mark...

   Vi seu olhar assustado em minha direção e senti meu peito se contrair. Uma lágrima escorreu sem minha permissão e eu fui jogada violentamente dentro do carro.

   Joshua bateu a porta com força e entrou no carro rapidamente.

   Eu queria me jogar para fora daquele carro, gritar para Joshua me deixar em paz. Implorar por paz. Implorar para ele não me machucar ainda mais.

   Mas apenas me encolhi no banco de trás, abraçando minhas pernas e afundando o rosto em meus joelhos. Eu tremia e sentia calafrios. As lágrimas escorreram e eu senti o carro arrancar.

   Podia ouvir Joshua xingando, mas com o sorriso torto ainda em seu rosto. Podia ouvir o barulho da viatura nos seguindo, o barulho das freadas violentas. Tudo com Joshua era assim. Tudo ao redor dele, tudo que o envolvia, era violento. Por que mudou tanto? E tão drasticamente...

   Não levantei o rosto dos joelhos, não queria ver o que estava acontecendo.

- É bom que você não tente fugir, mocinha.- ouvi Joshua dizer, rindo sozinho.

   Ele era doentio.

- Não vou.- murmurei, engolindo em seco.

- É bom que você pense assim.

   Eu sabia que não podia fugir. Iria ser pior. E me perguntei o que ele faria comigo. Me violentaria novamente? Talvez mudasse seus métodos e me espancaria. Me deixaria isolada em algum lugar? Iria me matar? Levantei o rosto e pude vê-lo pelo espelho retrovisor. Seus olhos avermelhados e levemente arregalados, seu sorriso torto e malicioso, o suor que brotava em sua testa. Ele podia fazer qualquer coisa.

   Pensei em Mark, e no quanto ele parecia se importar comigo. No quanto ele pareceu ficar perturbado quando chegou a conclusão de que eu era apaixonada por Joshua. Mas não sou. Fui no passado, quando ele ainda era o “Josh”. Meu amigo. Meu porto seguro.

   Mas hoje... eu sinto pena. Sinto compaixão pelo o que ele se tornou. Me preocupo com Joshua, realmente. E Mark, ele... ele se preocupava tanto, ele tentava me ajudar. Tentava fazer eu me sentir bem, me fazer ficar feliz. E ele conseguia fazer com que eu ficasse assim só de estar comigo. Conseguia me fazer sentir segura só de me abraçar, apenas estando perto.

   Senti meu rosto úmido devido às lágrimas. Só então percebi onde estávamos. Era tudo tão escuro, e cheio de árvores. A viatura estava a alguns metros atrás de nós, e Joshua apagou as luzes do farol. Tudo ficou no breu. Apenas a fraca luz vinda da viatura iluminava um pouco o local, mas logo ela ficou para trás.

- Para onde estamos indo?- perguntei com a voz embargada.

- Está com medo?- ele perguntou.

   Pensei em sua pergunta.

   Eu tinha medo de Joshua?

- Não.- respondi.

Ele ficou em silêncio. Pude ver sua expressão séria pelo espelho retrovisor.

-Tem medo do que eu possa fazer.- ele disse.

   Fiquei quieta, olhando seu reflexo no espelho. Seus olhos opacos encontraram com os meus, sem vida. Logo se desviaram de mim e voltaram a prestar atenção na estrada de terra. Olhei para trás e nenhum sinal da viatura. Me encolhi novamente, afundando o rosto nos joelhos. Segundos depois senti o carro parar bruscamente e logo ser desligado. Levantei o rosto, alarmada. Estava tudo escuro do lado de fora, mas pude ver uma pequena lâmpada alguns metros dali.

Joshua abriu a porta de trás e pegou em meu braço, puxando-me violentamente. Senti meu ombro estalar e gemi de dor.

- Quieta!- ele disse.

   Mordi meu lábio inferior, tentando abafar meus gemidos. Estava doendo, e ele puxava meu braço como se eu fosse uma boneca de pano. E do lado dele eu realmente parecia com uma.

   A lâmpada que eu havia visto do carro realmente estava lá, presa

acima da porta. Não era uma casa, parecia mais com um

barraco no meio do mato. Todo feito de madeira e parecia quase

cair aos pedaços. Era ali que ele estava morando? O que acontecera com sua tia? Ele morava numa república, certo? Por que estava ali?

   Joshua abriu a porta de madeira e me empurrou para dentro do casebre. Fui ao chão, sentindo uma dor absurda no ombro machucado. Arfei, tentando me sentar, mas sem muito sucesso. Eu sentia todo o meu corpo doer. Joshua fechou a porta e a trancou com vários dos cadeados que haviam ali, de todos os tipos e tamanhos.

Vi seu corpo enorme se virar para mim, me olhando com aqueles olhos verdes e arregalados. Assustados. Ele deu um passo em minha direção. Dois. E caiu de joelhos. Tentei me arrastar para longe dele, mas Joshua segurou minhas pernas com força e me puxou, me fazendo ficar cara a cara com ele, seu corpo no meio

das minhas pernas. Tentei empurrá-lo, mas ele foi rápido e segurou meus braços.

-Você é minha.- ele sussurrou, olhando-me fundo nos olhos.

- Não, Joshua.- murmurei, me debatendo.

   Eu precisava sair dali, precisava ir para longe dele. Joshua segurou meus pulsos com mais força, forçando-os contra o chão. Seu corpo pairava sobre mim, seus olhos nos meus, mas sem realmente me enxergar.

   Ele estava fora de si. Senti uma dor aguda no peito, e arfei.

- Você é tão linda, Summer.- ele murmurou, avaliando cada detalhe do meu rosto.- Tão minha.

- Joshua, pare!- tentei gritar, mas saiu mais como um grunhido.

   Meus olhos encheram-se de lágrimas, que não demoraram a cair. Eu tentava com todas as minhas forças empurra-lo, tirar minhas mãos das dele, chutá-lo, mas era impossível. Joshua era muito maior que eu.

- Porque tenta fugir?- ele perguntou num murmúrio.

   Seus olhos me observavam incertos, perdidos.

- Eu sempre te amei, Summer. Sempre te admirei. E você não olhava para mim, não sorria... Tudo isso era para aquele Mark.- Joshua pronunciou o nome de Mark com repulsa, provocando um arrepio em mim.- Eu devia mata-lo.

   Me debati com mais força, sentindo a adrenalina em meu corpo.

- Não pense em encostar nele, Joshua!

- Ele é melhor do que eu?- ele perguntou, segurando meus pulsos com força.- Diga!

   Fique em silêncio, sentindo uma dor incomoda no peito. Joshua apertou ainda mais meus pulsos, e senti minhas mãos ficarem dormentes.

- DIGA, SUMMER!

- JOSHUA, PARE!- grite de volta.

- Vagabunda.- ele murmurou, dando um tapa forte em meu rosto.

   Meu rosto ardia, e eu automaticamente prendi minha respiração. As lágrimas caíam, ainda mais. Joshua me largou no chão, enquanto eu mal conseguia me mover. Minhas costas doíam, minhas mãos estavam vermelhas e dormentes devido à pulsação presa, e meu rosto ardia. Queimava. 

   Solucei alto, abraçando-me e me encolhendo. Levantei o rosto e vi Joshua indo até uma cômoda velha no outro lado do quarto e deixando sobre ela um revolver. Ele murmurava coisas, com um sorriso torto nos lábios.

   Eu precisava ir embora. Agora.

   Com ele ainda de costas, me levantei rapidamente sentindo toda parte do meu corpo doer e corri em direção à porta de entrada. Eu estava próxima a ela quando Joshua me alcançou. Seus braços rodearam meu corpo, puxando-me contra ele. Gritei, me debatendo, e Joshua me arrastou para o outro lado do quarto. Eu ainda gritava quando ele, ainda me segurando de costas, colocou uma mão em minha garganta e apertou fortemente. Senti o ar faltar e tentei tirar sua mão de mim, mas era impossível.

- Você não aprende nunca, Summer. Nunca.- ele murmurou em meu ouvido, fazendo meu coração acelerar ainda mais.- Você é minha, e de mais ninguém. E se você não aprender isso, eu vou te mostrar novamente. Entendeu?

   O ar faltava em meus pulmões. Meus braços caíram ao lado do meu corpo, enquanto só o que me suportava eram os braços de Joshua. Senti minha mente rodar e minha vista ficar turva quando ele me jogou no chão novamente. Minha cabeça bateu contra o chão de pedras e senti uma dor absurda. Tentei me mover, rastejar para longe dele, mas não conseguia. Todo o meu corpo estava mole e eu tentava colocar o ar em meus pulmões desesperadamente. Joshua puxou um de meus braços, rodando meu corpo. Encarei o teto de madeira acima de mim, a fraca luz amarelada fazendo meus olhos arderem. O rosto de Joshua apareceu acima de mim, seus olhos arregalando-se ao me olhar.

   Seus dedos passaram sobre minha testa e eu a senti arder onde havia batido.

- Você está sangrando.- ele sussurrou mais para si mesmo.

   Suas mãos afastaram meus cachos de meu rosto. Ele me olhava com preocupação, tomando cuidado para não tocar onde doía. Era ele. O Josh. O meu Josh. Ele saiu de perto e foi até a cômoda velha de antes. Logo voltou até mim e aplicou algo gelado em minha testa. Pegou meu corpo fraco no colo e me colocou sobre uma cama que eu não havia percebido até então. Senti um enjoo me atingir e minha cabeça doer.

- Me desculpe, por favor. Eu não queria te machucar, me perdoe. Me perdoe.- ele murmurava, pegando meu rosto entre suas mãos.

   Beijou minha testa, minhas bochechas, meu nariz e meus olhos. Tentei afastá-lo de mim, eu precisava desesperadamente vomitar.

- Joshua, sai...- murmurei, sem forças.

   A dor de cabeça estava fazendo minha tontura aumentar. Joshua se afastou um pouco de mim, me olhando interrogativamente. Me arrastei até a borda da cama e despejei todo o meu almoço aos pés da mesma. Joshua pôs uma das mãos em minhas testa fria, me apoiando. Quando terminei, ele me deitou novamente na cama.

- Quer água?- ele perguntou.

   Apenas assenti. Ele levantou-se e foi rapidamente até um armário que havia no outro lado do quarto. Só então prestei atenção no local. As paredes eram amareladas e sujas, o chão era de pedras, havia a cômoda velha onde o revolver estava e um armário de madeira onde havia um bebedouro, um saco de pães e um saquinho transparente com um pó branco.

   Fechei meus olhos com força, sentindo o enjoo novamente. Levei uma de minhas mãos até minha barriga e massageei levemente. Olhei para Joshua, me perguntando se contava ou não. Ele parecia estar calmo novamente, mas era imprevisível quando ele iria explodir novamente. Joshua era um enigma. Imprevisível. Era impossível saber qual seria sua próxima ação, sua próxima reação. Mas eu sabia que tinha de ir embora. Ir para o mais longe possível dele.

   Mas ele nunca iria sair de mim. Nunca iria me deixar. Eu estava marcada por ele, de todas as formas, para sempre.

   As lágrimas vieram aos meus olhos novamente. Joshua sentou-se ao meu lado na cama, entendendo um copo d’água para mim. Peguei-o de sua mão e bebi a água avidamente. Pelo canto dos olhos vi Joshua apenas de observar, de repente não mais com o olhar preocupado.

   Era o mesmo olhar que ele me lançou naquela noite, no parque, após eu ter recebido sua ligação. O mesmo olhar que ele me lançou na outra noite, após o ensaio da peça, quando me parou na rua e me puxou para um canto escuro.

   Era o olhar que eu mais temia, e eu sabia que estava perdida. Novamente. Joguei o copo para longe de mim no mesmo momento em que ele veio para cima de mim e eu tentei empurrá-lo.

- JOSHUA, NÃO!- gritei desesperada.

- Quieta.

- Por favor, Joshua! Por favor, nã...

   Sua mão atingiu meu rosto novamente e a dormência voltou. Senti minha vista ficar turva, enquanto ele vinha para cima de mim. As lágrimas saltaram de meus olhos enquanto suas mãos me tocavam. Tentei empurrá-lo com minhas mãos fracas, enquanto sentia o enjoo ficar mais e mais forte.

   Eu precisava fugir. Precisava de distância. Precisava tirar eu e meu filho de perto dele. Nunca, jamais, ele saberia da existência do meu bebê. Nunca faria mal a ele, nunca chegaria perto.

   As lágrimas vieram com mais força quando ele arrancou minha blusa de mim e eu, em vão, tentava afastá-lo.

- Joshua, por favor!- eu pedia.

   Ele apenas sorria doentio. Como ele se tornou isso? Por quê? Não era aquela pessoa doce que eu conheci, aquele que me protegia, me ajudava. Meu porto seguro. Não existia mais nada de bom nele, existia?

- Você é perfeita. É minha. Aprenda isso.- ele murmurava, suas mãos em todas as partes de mim.

   Mark. Ele iria sentir nojo de mim. Ia sentir repulsa. Eu estou suja. Cada parte que Joshua toca está sujo. Onde está Mark? Por que ele não chega?

   Joshua veio com o rosto para perto do meu, tentando me beijar. Virei meu rosto rapidamente, colocando minhas mãos em seus ombros e tentando empurrá-lo. Ele forçou, pegando meu rosto e apertando-o. Senti o gosto de sangue em minha boca, e quando seus lábios tocaram os meus, ouvi um estrondo.

NOBODY’S HOME – AVRIL LAVIGNE:

(http://www.youtube.com/watch?v=NGFSNE18Ywc)

   Joshua saiu de cima de mim rapidamente enquanto algumas pessoas entravam no quarto. Eles gritavam, mas eu não prestava atenção em nada. Meus soluços ficaram altos e eu já não conseguia enxergar devido às lágrimas. Eu me sentia suja. Repulsiva.

   Senti mãos em mim novamente, e rapidamente as empurrei para longe.

- TIRE AS MÃOS DE MIM!- gritei.

    Minha garganta doía devido ao choro, tudo doía. Abracei meus joelhos, afundando o rosto nos mesmos.

- Summer, sou eu! Olhe para mim!- alguém disse.

   As mãos me tocaram novamente, dessa vez leves. Não levantei meu rosto, abracei meus joelhos com mais força. O enjoo, a tontura, as dores, tudo parecia piorar, mais e mais.

   Eu preferia morrer. Preferia morrer a viver tudo isso.

- Summer, olhe para mim!- repetiram.

   As mãos tocaram meus cabelos, levantaram meu rosto. Alguns fios dos meus cabelos colados ao meu rosto nas lágrimas. As mãos os afastaram dos meus olhos, acariciando levemente meu rosto. Tentei me afastar novamente, mas elas me seguraram.

- Não precisa se assustar. Fique calma, ok? Sou eu... Sou eu, o Mark.

   O olhei reconhecendo os olhos verdes. Eles me olhavam, preocupados. Seus dedos percorreram meu rosto, passando pelo local dolorido na testa até meu pescoço.

   Ele respirava pesadamente. Minha cabeça rodando. Seus olhos estavam levemente arregalados. Minha vista estava ficando turva.

- Eu vou matá-lo.- o ouvi murmurar.- Vou matar esse desgraçado.

   Eu não conseguia falar. Minha garganta doía, assim com todo o resto do meu corpo.

- Você vai ficar bem.- ele disse, acariciando meu rosto.

   Seus olhos eram grandes e verdes. Brilhavam ao me olhar.

   Mark. Ele estava aqui, afinal. Ele veio me tirar daqui. Tirar a mim e meu bebê. Ele sempre estava onde eu precisava, quando eu precisava.

- Mark...- murmurei, ainda olhando-o.

   Ele sorriu levemente.

- Sim, sou eu. Vim te tirar daqui.- ele disse.

   Rastejei até ele e rodeei seu pescoço com meus braços. Deitei meu rosto em seu ombro, sentindo meu corpo amolecer. Ele me segurou e me pegou no colo.

- Você veio.- murmurei, quase caindo na inconsciência.

   Mark me embalou em seus braços, dando um beijo em meus cabelos. Senti minha cabeça pesar, assim como meus olhos.

   Ele murmurou algo que não entendi, me apertando contra seu peito.

   Pude ouvir outras vozes... e logo caí na escuridão.

Ela quer ir para casa, mas ninguém está em casa

É onde ela deita, machucada por dentro

Sem nenhum lugar pra onde ir

Para secar seus olhos, machucada por dentro

Seus sentimentos ela esconde

Seus sonhos ela não consegue encontrar

Ela está perdendo a cabeça

Ela está caindo para trás

Ela não consegue encontrar seu lugar

Ela está perdendo a sua fé

Ela está caindo de graça

Ela está em todo lugar


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

FINALMENTE postei o capítulo. Me desculpem pela demora, mas estou sem internet desde o início de Novembro, e ela só volta daqui a duas semanas :(
Enfim, espero que tenham gostado. Ando meio ruim pra ter criatividade ultimamente, por isso não está saindo os melhores capítulos, mas prometo que tentarei melhorar! Deixem reviews, digam o que estão achando, ok? Umas 4 leitoras que acompanhavam sumiram :( cadê vocês?
Tentarei postar o próximo o mais rápido possível!
Beeeeeeijos!