Dirty Little Princess escrita por Loreline Potter, Milady Black


Capítulo 44
O que te faz princesa


Notas iniciais do capítulo

Gente estou desabando em lágrimas aqui, último capítulo antes do epílogo, espero que gostem!



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-Então é isso. – Falo tentando não chorar ao ver Sara pronta pra partir. Ontem ela tinha ido corajosamente até minha casa e explicado uma parte da situação, digo uma parte porque por mais que Sara seja uma ótima mentirosa ela continua sendo minha melhor amiga. Então é claro que eu sei que a maior parte da história ficou por ser contada, porém não exigi nada, se Sara estava escondendo algo era problema dela.  Lílian Potter estava ali apenas para apoiá-la, eu via em seu rosto o quanto ela estava se segurando para não demonstrar todo o sofrimento que sentia em partir.

-Obrigada por ter vindo aqui se despedir Lily. – Disse ela sem dar qualquer sinal de que iria me abraçar antes de entrar naquele maldito trem. A verdade é que não me surpreendia em nada por estarmos as duas onde estávamos agora. Quando Sara bateu na porta da minha casa no dia anterior ela sabia muito bem que poderia encontrar hostilidade, principalmente se fosse Gina Potter quem abrisse a porta, mas mesmo assim ela foi. E tudo isso pelo simples fato de que ela não iria embora sem se despedir de mim. Acho que no fundo eu era a constante na vida de Sara. Aquela que depois de tantos anos de segredos guardados ainda era capaz de ser sua amiga, nem mesmo anos separadas faria com que nossa lealdade mútua acabasse.

-Sarah, está quase na hora, vou entrar pra que possa se despedir de sua amiga. –Falou o velho que agora eu sabia ser o avô de Sara, pois é parece que toda minha desconfiança em relação à família dela fazia sentido. Ela era adotada, o fato de Sara ser russa parecia um ponto determinante para ela ir sem pensar duas vezes para a tal academia. O senhor idoso de olhos negros perspicazes se virou pra mim uma última vez.

– Foi um prazer finalmente conhece-la pequena Potter.

-O prazer foi meu senhor Leonid. – Respondi sorrindo daquele modo amável que sempre sorrimos para as pessoas velhas e acompanhei com o olhar o momento em que ele embarcou. Apesar da idade a palavra fragilidade não era algo que parecia adequado para se descrever o avô de Sara. Ele parecia emitir uma certa aura de autoridade. Talvez tenha vindo dali o talento de Sara para ser conhecida como a monitora chefe mais durona de Hogwarts nos últimos anos. E isso não é um eufemismo, só o fato das pessoas procurarem ajuda em alguém como Theodore Nott antes de procurá-la significa algo, afinal o sonserino também não era lá muito simpático.

-Preciso te contar algo antes de ir, vou explodir se não falar pra alguém. – Começou minha amiga parecendo estranhamente afobada.

-É melhor contar logo, se não você vai ter que embarcar e eu vou comer a sola do meu tênis de tanta curiosidade, desembuche Sara Hale. – Disse em um tom mandona. Aquela situação parecia completamente incomum para o padrão que a nossa amizade seguia. Normalmente era eu quem deveria estar louca querendo dividir algo com ela e ela estaria dando uma de mandona que não está nem um pouco interessada no que eu estou falando; enquanto secretamente aguarda impaciente para que eu fale logo. Ela inspirou como se fosse revelar algo de bombástico.

-Passei a noite com James. – Me informou a morena muito rapidamente, sem querer acreditar perguntei.

-Passou a noite? – Mesmo falando as palavras em voz alta elas pareciam não fazer sentido.

-Sim. – Respondeu Sara corando levemente.

-Mas passou a noite, passou a noite? Ou passou a noite daqueeele jeito?  - Perguntei novamente só pra confirmar, eu meio que não queria acreditar, não queria nem imaginar na verdade.

-Eu dormi com ele. – Tentou ela parecendo estar em um misto de brava e constrangida.

-Dormiu dormiu? Ou dormiu...

-LÍLIAN! Droga você entendeu o que eu quis dizer. – Resmungou ela veemente com a face completamente corada. E pensar que precisava de tão pouco para vê-la perder a compostura.

-Eca. – Foi minha primeira reação sincera, ao me ouvir Sara fez sua vã tentativa de erguer apenas uma sobrancelha, totalmente falha devo ressaltar. Eu não canso de dizer pra ela que isso é uma questão genética, não adianta o quanto ela tente não vai conseguir levantar apenas uma. Como resultado ela sempre conseguia apenas uma careta que realmente não favorecia a imagem que ela queria passar.  – Quero dizer, eca porque é do meu irmão mais velho que estamos falando. – Completei explicando minha reação.

-Ai Lílian, você e suas reações. – Reclamou a monitora certinha, ou não tão certinha assim pela notícia que eu tinha acabado de receber. Eu disse desde o início que planejar um jantar com o James acabaria levando a isso. Quer dizer, eu estava presente para ver a cara do James quando a Sara usou um biquíni no penúltimo verão. Digamos que sua expressão colocaria qualquer cachorro com um bife sendo sacudido a sua frente no chinelo. Conclusão: James+Sara sozinhos em seu apartamento= eca,eca, eca!!!!

-E então como foi? – Pedi genuinamente curiosa, quer dizer era apenas uma curiosidade científica, eu não tinha interesse algum nisso. Era só eu não pensar que era meu irmão mais velho com a minha melhor amiga que estaria tudo certo.

-Não vou te dizer isso. – Rebateu Sara rapidamente me fazendo revirar os olhos.

-Não se faça de puritana justo agora! – Censurei tentando encará-la, o que era meio difícil já que ela era quase uma cabeça mais alta que eu. Que tipo de melhor amiga solta uma noticia dessas e não quer dar detalhes! Conte com Sara Hale para ser uma estraga prazer! Humpf.

-Não estou sendo puritana, é só uma questão de privacidade. – Disse ela com seriedade, devo ter feito uma careta antes de continuar com minha argumentação.

-Nós somos melhores amigas, não pode me deixar na escuridão quanto a isso. -  Insisti fazendo bico. Devo acrescentar que esse era o bico que fazia meu pai fazer tudo o que eu queria, James me dar tudo o que eu pedisse e Alvo deixasse de ser um sonserino calculista para se transformar numa semi poça de manteiga derretida? Ela não poderia resistir...

-Já disse que não Lily. – Malvada! Assim que ela disse meu nome o trem apitou chamando para o embarque.

-Não quero detalhes, como já disse é do nojento do James que estamos falando! Eu o amo pra caramba mas sério você não quer dividir um banheiro com ele...

-Lily! – Exclamou Sara interrompendo meu discurso.

-Sara! – Falei em meu próprio tom de censura e coloquei as duas mãos na cintura, logo ambas estávamos nos segurando para não cair na gargalhada, suspirando resignada minha melhor amiga confessou.

-Foi perfeito, seu irmão foi um perfeito cavalheiro. – Me contive para não rir do rosto magro completamente ruborizado.

-Bom saber. – Falei pouco antes do apito soar ainda mais forte.

-Preciso ir. – Comentou ela encarando o trem. Ela parecia estar falando mais para si mesma do que para mim.

-Eu sei. – Falei ainda sorrindo bobamente por ter ouvido aquela notícia bombástica, ao mesmo tempo me dava conta que o momento da despedida chegara.

-Prometa que vai se cuidar Lily, vai tomar suas poções, vai fazer tudo que Alvo mandar, prometa que vai espantar  a vassouradas as garotas que se aproximarem de James.  – Comecei a rir de suas recomendações exageradas.

-Não sei se Alvo me permitiria bater em alguém. – Falei sorrindo para finalmente encará-la.

-Acho que não, mas não se esqueça de se esforçar em Paris, não deixe a Prescott se aproximar muito, se eu voltar e ela estiver em meu posto de melhor amiga... você não vai querer ME ver batendo em alguém com uma vassoura!

-Não seja ridícula, você sempre foi e sempre será minha melhor amiga Sara. – Interrompi minha amiga que para minha total surpresa não fazia questão de esconder os olhos lacrimejantes.

-Certo, se cuide Lily, eu vou voltar. Quando você menos esperar vou estar de volta. – Falou ela antes de se jogar em cima de mim com os braços abertos.

Nem preciso dizer que fui pega desprevenida pela demonstração de afeto em público, após alguns segundos que poderiam ter sido uma eternidade inteira e eu nem me importaria nós nos separamos.

-Adeus Sara, cuidado com a Rússia. – Falei dando um passo pra trás para observá-la entrar no trem.

-Eu sempre tomo cuidado. – Foi tudo que ela disse antes de subir os degraus e adentrar no vagão, Sara Hale não olhou pra trás, talvez quisesse mas seu orgulho nunca lhe permitiria. Tão logo ela entrou o trem apitou pela última vez e começou a se movimentar, logo a estação começava a se esvaziar e eu ainda não era capaz de sair dali.

Foram sete anos de uma amizade inesperada, estranha, cheia de brigas e cheia de alguns altos e muitos baixo, e agora Sara estava partindo. Fora em uma estação que nos conhecemos e agora em uma estação nós nos despedíamos, parecia adequado que fosse assim. Mas isso não tornava o repentino vazio que eu sentia mais fácil. Quando Sara Hale entrou naquele trem ela começou uma nova jornada, e foi só então que eu realmente compreendi que a que tínhamos compartilhado durante tanto tempo tinha, de certa forma, acabado.

 - LÍLIAN! – A voz alta e em desespero de meu irmão mais velho quase não me surpreendeu, de certo modo quase esperava que ele aparecesse, parecia muito novelesco que ele chegasse logo após o trem partir.

James corria em minha direção segurando um pedação de pergaminho na mão, mesmo de longe eu via que ele estava chorando, a camiseta estava vestida do lado avesso e eu apostava um galeão que ele nem tinha percebido. Mais descabelado do que nunca e mais perdido do que o normal lá estava James Potter.

-Ela já se foi Jimmy. – Falei assim que ele se aproximou.

-NÃO! Ela não pode, ela devia ter me acordado. – Começou ele soltando frases desconectas. – Não, eu acordei, a carta, ela tinha ido embora, só tinha uma carta, dormi demais,  Lily, por quê? -  Me perguntou ele parecendo desolado enquanto ainda balançava o pergaminho que eu supus ser a tal carta que ela tinha deixado pra ele.

-Eu sei Jimmy, eu sei. – Falei de modo compreensivo e puxei meu irmão para um abraço forte e cheio de sentimentos, as costas largas de James tremiam entre seus soluços. Meu irmão mais velho parecia um garotinho ali, diferente da namorada, Jay nunca se importou de demonstrar seus sentimentos, não se escondia e nem se envergonhava daquilo que sentia. E mais uma vez como aconteceu nos últimos eu me perguntei se eu conhecia um casal que se completava mais do que esses dois. Eles eram um casal antes mesmo de assumirem que o eram.

-Ela vai voltar James, vai ficar tudo bem. – Falei abraçando-o com mais força do que pensei possuir porém sem ter muita convicção daquilo que acabara de falar. Sara Hale ainda era um ponto de interrogação em nossas vidas.

(...)

-O garoto, seu professor é surpreendente Lílian. – Comentou meu pai enquanto almoçávamos, ele, James e Alvo estavam hoje extraordinariamente, almoçando em casa comigo e minha mãe já que eu partiria na manhã seguinte.

-Ex-professor. – Comentei antes de encher a boca de ervilhas e desejando que o assunto morresse ali.

-Ele deve ser um bom rapaz para ter te deixado tão impressionado querido. – Disse minha mãe pouco antes de pegar o prato de James e colocar mais um pedaço de frango pra ele, que fez uma careta. – Coma tudo James, você emagreceu depois que aquela garota partiu.

-Aquela garota tem nome. – Disse meu irmão em meio a um suspiro, brincando com a comida que ainda estava em seu prato.

-Ele devia ser um bom professor já que as notas de Lily melhoraram em poções.  – Continuou minha mãe ignorando prontamente meu irmão.

-Sim ele era. – Falei olhando para o meu prato.

-Como foi no hospital hoje Al? – Pediu minha mãe parecendo não se importar com minha falta de animo, assim como também fingia não perceber as caretas de James.

-Pedi demissão. – Respondeu o sempre certinho Alvo, imediatamente meu pai começou a tossir engasgado com algo, Jay se levantou e começou a bater nas costas dele, eu apenas encarava meu irmão chocada e minha mãe começou o interrogatório. Pelo visto conseguir informações era mais importante que socorrer o marido.

-Como assim pediu demissão Alvo? Achei que estivesse bem!

- E eu estava mãe, mas senti necessidade de voltar a estudar e é isso que vou fazer. – Respondeu ele calmamente.

-Mas filho não faz nem um ano que começou a trabalhar! – Exclamou meu pai aparentemente recuperado. Isso depois de James quase que mecanicamente bater em suas costas quase o fazendo perder um pulmão.

-É eu sei, mas consegui uma bolsa de estudos para seguir estudando em minha área. Parto dia 19 de Setembro.

-Como assim parte dia 19? – Pediu Gina Potter com os olhos castanhos cheios de lágrimas.

Pois é, parece que o ninho Potter ficaria vazio e não é como se minha mãe estivesse preparada pra isso, na verdade ela parecia desolada, completamente perdida. Minha querida mãe vivera alguns anos dedicados quase que exclusivamente aos filhos. Não tenho certeza se ela sabe o que fazer agora que todos nós estamos crescidos e a cada dia nos afastamos mais de casa para construir nossas vidas.

-Mamãe não fique assim. – Pediu James. Este estava se saindo um inesquecível jantar de despedida. Não sei quem estava mais desanimado agora, James, minha mãe ou eu.

-Eu sei, eu sei. – Murmurou minha mãe. – No fim das contas a máxima é verdadeira, certo? Nós criamos os filhos para o mundo. – Disse ela nos encarando um por um.

-Espero que saiba o que está fazendo filho. – Alertou meu pai encarando meu irmão com firmeza, era engraçado como Alvo e meu pai se pareciam. Ambos tinham o mesmo estilo certinho, os óculos no mesmo modelo por cima dos olhos de minha avó materna.

-Também espero pai. – Respondeu ele voltando a comer. Entendia a preocupação do meu pai, Alvo tinha se desfeito de uma grande oportunidade, o emprego no Saint Mungus havia sido um favor do curandeiro principal ao meu pai, o nome Potter pesara muito para Alvo.

Após o almoço, me vi sozinha em casa, todos tinham ido trabalhar, até mesmo minha mãe precisara ir no Profeta, naquela tarde quente de finzinho de Julho me vi só em casa remoendo algumas informações.

O jornal naquela manhã tinha me reservado uma surpresa.

Niall Lewis, o primo de Lana e David, genro do ministro havia sido encontrado e agora estava preso. Acontece que com as investigações a cerca de seu desaparecimento meu tio Rony havia encontrado fraudes nos documentos ministeriais. Ele era responsável pelo cofre do governo bruxo e logo um rombo do tamanho do mundo foi revelado, Niall Lewis não era penas um pedófilo pervertido, mas sim também um estelionatário.

Desde que eu lera não conseguia pensar em outra coisa, claro que eu sabia que David não fazia ideia do criminoso que Lewis era ao ameaça-lo, porém tinha noção de que se ele não tivesse sumido a investigação nunca teria começado e os crimes dele nunca seriam revelados. Então David era o que? Um herói ou um vilão? Realmente não fazia ideia do que pensar sobre ele, só sabia que ele me fazia uma falta gigantesca, justo quando tinha me convencido que eu não suportaria ficar com ele sabendo de tudo, essa notícia chega e me faz perder a cabeça.

Nada mudava o fato dele ter deixado Lana, mas ao mesmo tempo eu entendia cada justificativa para seu medo, ele não era um Grifinório afinal, mas o que eu faria? Passaria o resto dos meus dias a procura de um príncipe perfeito? Quanto mais eu pensava no assunto mais tinha certeza que talvez, apenas talvez pudesse sim conviver com David e sua falta de coragem aos 17 anos.

Eu tinha lido a notícia logo pela manhã, porém passara todo o tempo depois distraída, isso até a agora. Estava sozinha em casa e nada parecia mais interessante que pensar em David Prescott. Se eu fechasse os olhos quase podia sentir seu cheiro tão masculino e sedutor como se tivesse sido feito especialmente pra me atrair.

MAS QUE COISA

Por que uma decisão que antes me parecera tão certa agora me confundia? Por que eu simplesmente não podia parar de pensar em David? Eu esqueci Hugo, não esqueci? Então por que não acontecia o mesmo com ele?

“Você sabe o motivo”

Sussurrou a vozinha com voz de Sara, o que era ridículo já que eu nem tinha contado pra ela sobre David...

OH MERLIN! Eu ainda não tinha contado pra Sara e agora ela tinha ido embora. Eu não podia contar por carta.

Na verdade será que eu devia contar tudo pra ela algum dia? E meus pais? Como seria a reação deles?

PARE

Você está pensando de mais Lílian Potter.

E então, eu, Lílian Luna Potter, conhecida como Lily, Lilindinha e apelidada de Princesinha pelo Profeta Diário no dia em que nasci resolvi parar de pensar.

Puxei da mala um vestido florido leve e entrei no banheiro fazendo questão de exterminar qualquer racionalidade pra longe, que a razão fosse pelo ralo junto com a água ensaboada, era meu mantra.

Escrevi um bilhete às pressas para o caso de minha mãe voltar pra casa a aparatei para o centro de Londres, onde os funcionários do ministério entravam e saíam a todo o momento. Nem considerei a possibilidade que David fosse demorar horas pra sair, ou pior talvez ele já tivesse ido pra casa e eu estaria ali fazendo papel de idiota. Sentada à mesa de um café, próximo observava o fluxo de bruxos com seus crachás ministeriais tentando se passar por trouxas. Apesar de todos os esforços do Ministério alguns infelizmente ainda não tinha a noção de que misturar calças roxas listradas de verde e camiseta laranja neon não era uma boa combinação. Ao menos eram poucos os que agora misturavam roupas de banho com pijamas.

Algum tempo depois ele apareceu, suas roupas ainda eram as mesmas, David se vestia como o professor certinho e arrumadinho que minha mente perva insistia em querer desarrumar. Usava uma bolsa masculina de couro marrom pendurada no ombro e sem perder mais tempo corri até onde ele estava, sim, eu tinha desenvolvido essa bela habilidade de trotar usando sapatilhas. Palmas pra mim, devo acrescentar.

-David. – Chamei quando achei que já estava suficientemente próxima pra que ele me ouvisse. Quando David se virou foi como se todo o meu mundo desabasse de repente, meu peito se inundou de uma alegria tão grande, como se meu coração tivesse parado de bater há muito tempo e só por vê-lo retornava à pulsar.

 -Lily. – Não pude escutar meu nome ser pronunciado porém li em seus lábios avermelhados e de textura de veludo o que ele disse. Venci a distância em passos lentos e comedidos, esqueça-se da habilidade de correr sobre as sapatilhas eu nem mesmo conseguia dar três passos sem bambear agora.

-Oi. – Murmurei fazendo o possível para não parecer deslumbrada só de estar perto dele.

-Oi. – Me respondeu David.

-Niall foi preso. – Falei estupidamente. Parecia pedir muito ter a habilidade de puxar assunto.

-Eu soube, trabalho no departamento auror, lembra? – Respondeu com um vã tentativa de sorrir que mais me pareceu uma careta, parecia tão nervoso quanto eu.

-É, eu lembro, trabalha pro meu pai. – Disse amargamente. O clima de tensão pairava entre nós, eu que antes estava tão tomada por uma coragem insana e irracional estava agora apavorada. Não sabia o que fazer, não saberia nem meu nome se me perguntassem, só sabia que não podia partir sem fazer o que desejava.

-Parto amanhã. – Falei sem emoção alguma me afogando no mar que eram seus olhos e já esperado que ele me beijasse, como tinha que ser.

-Eu sei, minha irmã também vai. – Comentou parecendo não notar o quando desejava que seus lábios colassem nos meus. Era pedir demais um pouquinho de coragem? Enquanto esse meu lado reclamava pelo fato de ainda não ter sido puxada de encontro a ele, uma outra parte processava o que ele tinha acabado de dizer.

-Então Lana conseguiu? Ela vai para a academia? –  Perguntei apenas para receber um aceno positivo como resposta. Eu deveria ficar feliz, ou triste? Realmente não sabia lidar com o fator Lana Prescott, naquele momento, o irmão dela era a prioridade.

-Estou morando com meus pais novamente, estamos tentando nos entender. – Me informou ele me fazendo sorrir.

-Isso é ótimo, muito corajoso de sua parte. – Falei ainda desejando aquela pitada de coragem que ele precisava para me puxar e me beijar como naqueles filmes trouxas românticos.

-Lílian, logo seu pai vai sair. – Alertou David parecendo nervoso ao apontar para os banheiros que os funcionários utilizavam, bufei com isso. Realmente a coragem de David estava em baixa naquele momento.

-Você não está com medo dele está? – Perguntei de modo provocativo.

 -Seria insano não ter medo dele. – Respondeu o moreno passando a mão na testa que suava por conta do calor.

-Será que você não entende? – Pedi me aproximando mais uma passo, nos deixando perigosamente próximos.

-O que eu não entendo Lílian Potter? – Falou me encarando com tanta paixão e pronunciando meu nome com uma idolatria tão grande que quase ignorei qualquer coisa e me atirei em seus braços.

-Às vezes um pouco de insanidade faz bem David. – Respondi consciente de que encarava sua boca enquanto falava, então eu esperei, mas aquele rapaz simplesmente não tinha aquela coragem insana tão característica de nós grifinórios. Minha espera foi em vão, do que mais ele precisava pra me puxar para um beijo apaixonado? Um cartaz com luzes fluorescentes?

Levemente decepcionada comecei a me afastar, ele me encarava confuso talvez se perguntando o que tinha feito de errado, mas então o mesmo ataque irracional que me fizera vir encontra-lo me acometeu novamente.

Dane-se se ele não era um Grifinório que não agia como o homem perfeito que eu moldara em minha mente. No momento, eu queria aquele cara, aquele cara real que me beijara na festa sonserina, o professor sedutor que me provocara em suas aulas, o garoto que me confessou seus medos e o homem que assim como todos os outros cometia erros.

E quer saber de uma coisa?

Eu era corajosa o suficiente por mim e por ele.

Naquele dia aquele homem me bastava.

E então eu fiz.

Sem hesitar, sem pensar, sem calcular, sem bambear, sem contar meus passos sem sequer ter medo de cair na corrida insana ou de não ser correspondida. Simplesmente assim, de modo natural e exatamente como eu desejava, corri até David e ele me segurou e me beijou de volta. No começo de modo desajeitado, aposto que não esperava meu surto, é isso mesmo, eu corri e me joguei em seus braços, e após um tempo ele me girou como em um conto de fadas.

E então eu finalmente percebi.

Enquanto David me beijava finalmente a ficha caiu e pela primeira vez eu entendi o que significava verdadeiramente ser uma princesa.

Eu entendi que o que me fazia princesa não era o fato de um jornal estupido ter me nomeado assim, muito menos as histórias pelas quais me apaixonara. Percebi que qualquer garota com coragem o suficiente era assim como eu, uma princesinha. Uma garotinha sonhadora que em algum momento da vida se tornara uma princesinha suja com seus milhões de erros e defeitos até finalmente entender o que te faz princesa.

Não é um príncipe, nem um castelo, não é um vestido, não é um título de nobreza ou uma coroa, não é o dinheiro e nem a fama. O que te faz princesa verdadeiramente são as suas escolhas. Agora eu sabia que cada ação correta me tornava mais e mais como as princesas dos meus contos de fadas.

 Então é isso que te transforma.

Uma princesa aprende com a dor e nunca desconta nos outros os problemas que são seus, ela não busca a perfeição e nem precisa ser a rainha da bondade, apenas tem que ser sincera e amar o quanto for possível.

Com toda a história de David e sua falta de coragem, Lana e seu erro ao enfeitiçar o balaço, Hugo ao me machucar tanto, Heloíse em sumir de repente levando meu primo com ela e Sara escondendo tanta coisa. Percebi que por mais injustificável que as suas ações parecessem aos meus olhos, por trás dos olhos deles tudo fazia sentido.

Então como o clarão de um feitiço extremamente poderoso, me veio a principal coisa que me fazia trabalhar mais e mais arduamente pra ser quem eu queria ser um dia.

Uma princesa perdoa sempre, perdoa porque ela sabe que só o perdão é a única forma de fazer os outros bem e se sentir bem ao mesmo tempo. 


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Notas finais do capítulo

NB/Snifsnifsnifsnifsnif...
ACABOU!!!!!!! DLP ACABOU! (Snifsnifsnif ... um momento para a beta se recompor)
É isso, depois de mais de um ano de fic a primeira temporada acabou! (pensa numa pessoa que esta aliviada pela ideia da possibilidade de ter sequência)
Nesse cap a Sara foi embora, o James ficou magoado (TADINHO DO JAY)
E a Lily amadureceu mais um pouco.
Quando a autora teve a ideia para a fic estávamos no segundo ano do ensino médio (3 anos atrás). E mesmo com tantas mudanças em nossas vidas ela escreveu e chegou até o fim de DLP. Gêmea, obrigada pelo privilégio de me deixar ser beta dessa fic. Cada capítulo eu betei animada, e mesmo com os meus erros de português e minhas ideias malucas vc me permitiu continuar colaborando. Vc é uma autora incrível e eu espero que saiba disso. Mas mais do que isso vc é uma amiga maravilhosa (ela me aguentava a enchendo a paciência para saber quando sairia o próximo cap praticamente toda semana!).
Aos leitores, membros da FEALP, e aqueles que sempre enviaram reviews muito obrigada! Não há nada melhor do que ver algo que vc ajudou a fazer sendo apreciado! Ler cada review foi extremamente especial, e responde-los foi muito divertido (SIM, PQ VAMOS LEMBRAR Q ESSA BETA TB RESPONDE AOS REVIWS HUNF ¬¬nada de mais campanhas Milady responda aos reviews!)
BJS da beta,
Milady Black
NA/ Ah Merlin eu estou chorando aqui, mas sei lá acho que vou deixar minhas lamentações para o epílogo que não deve demorar a sair. De qualquer forma a beta tem razão esse projeto começou quando eu tinha 16 anos, e agora estou morando super longe de casa cursando medicina e ainda assim aqui estou terminando essa fic tão especial.
Obrigada a todos que estão acompanhando! Leitores fantasmas apareçam!
A segunda temporada está confirmada e já está a caminho, logo, logo tem mais DLP pra vocês!
COMENTEM MUITO! ME FAÇAM SORRIR COMO SÓ VCS SABEM! QUEM AINDA NÃO RECOMENDOU FAÇA ISSO!
E não se esqueçam que o epílogo ainda vem por aí, SPOILER Lily chegando em Paris, que tal??
Beijos
Loreline Potter



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