Dirty Little Princess escrita por Loreline Potter, Milady Black


Capítulo 42
Heloíse passa




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–Sara me dá um! Só um! Unzinho não vai fazer tanta diferença!– Pedia fazendo bico, aquela maldosa tinha comprado todos os sapos de chocolate do carrinho. Sim eu disse TODOS! Antes que alguém se desse conta das suas claras intenções malignas ela tinha feito uso de suas pernas que aparentavam não ter fim e alcançado o carrinho de doces. Detendo-o no que eu declaro um grave abuso de poder de seu distintivo de monitora chefe.

Sem opções de chocolate tive de me conformar com outros doces. Talvez seja a convivência excessiva com a Sara mas depois de sete anos sobre a sua influência outros doces que não chocolate não me pareciam ter grande apelo. E ela simplesmente não queria dividir comigo, ela tinha um montão e ainda fazia questão de mostrar o quanto aquilo estava bom. A maldosa ficava fazendo barulhos apreciativos a cada mordida. E deixe-me lembrar que eram várias mordidas. ERA UMA CAIXA DE SAPOS DE CHOCOLATE INTEIRINHA!

Aposto que se ela soubesse todo o drama David X Lana X Lily ela me daria não apenas um, mas todos eles, pena que eu ainda não estava tão desesperada por um doce. Era uma coisa complicada essa de esconder algo de sua melhor amiga, intimamente sabia que se contasse algo para Sara acabaria tendo que explicar a história toda. Porém, isso não apenas me meteria em problemas como encrencaria também os irmãos Prescott.

–Na Rússia não tem sapos de chocolate. – Justificou ela abrindo mais um. – Quer a figurinha? – Pediu ela como se isso fosse um consolo. Recordando, trocar um sapo de chocolate por uma figurinha?! Quem ela pensa que eu sou, Hugo Weasley?!

–Arghs, na França também não tem, é tudo light lá na Academia, minhas primas já me deram o relatório completo. – Falei ignorando a figurinha que ela me estendia, minha amiga revirou os olhos e continuou lá comendo sozinha.

–Espero de verdade que isso te de dor de barriga. – Falou Heloíse que estava deitada com a cabeça no colo de Hugo, meu primo olhava pela janela a paisagem que cada vez mais ficava mais plana. Ela também tinha tentando convencer a monitora, que nem se abalou perante sua melhor cara de cachorrinho perdido na chuva. Sara nem se deu ao trabalho de responder, me contentei em comer meu feijãozinho de todos os sabores, evitei alguns amarelos, geralmente era melhor focar nos vermelhos ou rosados.

A porta de nossa cabine se abriu revelando uma menina magra e franzina, ali estava ela com os cabelos loiros e os grandes olhos castanhos. Eu ainda me lembrava de quando ela estava em seu primeiro ano e irrompeu pela mesma cabine em que eu estava agora me perguntando como exatamente era estar num time de quadribol.

–Senhoras e senhores Anne Wood, a futura capita do time da grifinória! – Brinquei fazendo com que a menina corasse.

–Pode ser que sim, pode ser que não. – Respondeu ela.

–Claro que será você. – Interferiu Hugo sorrindo para Anne que corou ao ver meu primo, aquilo era tão previsível, todas as garotas mais novas tinha essa obsessão por ele, algumas mais velhas também.

–Obrigada Hugo. Mas bom, só vim aqui pra me despedir de vocês. – Explicou a loirinha.

–Ah que é isso Anne, sem me fazer chorar ok? – Pedi me levantando e abraçando a goleira.

–Não que precise de muita coisa pra te fazer vazar com uma peneira. – Comentou Sara, tentei lançar um olhar mortal pra ela, mas os meus olhares não eram nem de longe tão eficazes quanto os dela.

–Vamos nos ver de novo Anne, não se preocupe, além disso eu ainda preciso dos ingressos vips que seu pai arranja. – Falei ao me soltar dela.

–Pra você ver a interesseira que temos aqui. – Brincou Hugo se adiantando e já envolvendo a Wood em seus braços, realmente achei que a pobre menina fosse entrar em combustão espontânea. Só pude simpatizar com ela naquele momento, afinal, já estive em seus sapatos.

Após a visita de Anne mais alguns membros do time de quadribol da grifinória apareceram para me dar tchau, alguns setimanistas também deram as caras por ali.

–Foi uma honra servir ao seu lado. – Falou Theodore Nott apertando a mão da Sara com uma expressão de dever cumprido. Preciso dizer que foi só ele sair da cabine para que eu e o casal 20 começássemos a rir loucamente?

–Oh Merlin, você estavam onde mesmo? No exército? – Perguntei sem me conter.

–Se você soubesse o que enfrentamos como monitores chefes não estaria rindo assim. – Rebateu a castanha fazendo a mesma posse de dever cumprido que o sonserino fizera antes. Que consistia basicamente em ela estufando o peito praticamente inexistente para fora, o que apenas provocou um outro acesso de riso nos ocupantes da cabine.

Dever cumprido.

Eu cumprira com o meu naquele ano? Tentei me lembrar do que queria ao embarcar para Hogwarts no Setembro passado.

Queria me aproximar mais das garotas, queria resolver minha situação com Hugo, queria ter Lana Prescott em minhas mãos, queria conquistar a taça de quadribol para Grifinória.

De certo modo eu tinha feito o que queria, está certo quando quanto a Hugo, por exemplo, não esperava que resolver minha situação significaria um término definitivo. Nunca pensei que não seria eu a capturar o pomo na final do campeonato das casas, muito menos planejei ter a sonserina tão próxima de mim. Mas por mais que as coisas não tenham saído como o planejado não quer dizer que eu não esteja bem.

Sim eu ainda tenho que tomar várias poções todos os dias por causa do acidente, sim, ainda sonho que estou no estádio do Harpyas de Holyhead fazendo o que sempre amei fazer. Claro que sempre que sinto um vento balançar meus cabelos imagino como seria a sensação desse vento lá em cima, rasgando o ar com minha vassoura.

Por outro lado sem o acidente talvez tudo fosse diferente esse ano, talvez nada do que aconteceu fosse igual. Quem sabe se eu chegaria a conhecer David como o conheci? Será que meus professores fariam minha recomendação para a Academia de Paris?

Meses atrás ainda no hospital, se alguém me desse um vira-tempo bom o suficiente eu não hesitaria em voltar para o dia daquele maldito acidente, não hesitaria nem um segundo em mudar tudo, agora, porém eu me sentia diferente. Como se uma parte nova minha surgisse, por mais destrutiva que a queda tenha sido com meu corpo, minha consciência só parecia se fortalecer a cada dia. Nunca mais Lílian Luna Potter seria a mesma, isso porque agora ela sabia o quanto a vida poderia ser frágil e preciosa.

Não vou ser hipócrita em dizer que se me dessem o vira-tempo hoje eu não voltaria no tempo, porque ainda assim seria tentador demais. Porém hoje eu pensaria duas vezes, mediria cada consequência antes de tomar minha decisão. Só era doloroso demais ignorar meus sonhos e saber que não se realizariam, não por falta de luta mas porque agora eram quase impossíveis. Ainda me lembrava dos conselhos de Alvo na noite de natal, “procurar um novo sonho”.

Aposto que não seria fácil.

–Vamos? – Chamou Hugo quando o trem parou na estação, encarei meu primo que sorria como sempre, o eterno garoto indeciso estava adorável naquela manhã. Suas covinhas pareciam meio que homenagear todas as garotas por quem passávamos. Sem dúvida Hogwarts levaria muitos e muitos anos para ter outro garoto com covinhas tão adoráveis quanto as de Hugo. Como diria Sara, é muito difícil ficar séria quando Hugo e suas covinhas estão por perto.

–Então é um adeus ao trem. – Comentei pegando o cesto de Berlioz, o bichano não estava agitado, pelo contrário parecia exatamente como nós sétimanistas. Nostálgico, como se soubesse que aquela tinha sido sua última viagem no expresso de Hogwarts e parecia lamentar sinceramente por isso.

Assim que saí do vagão fui puxada para um abraço caloroso e familiar, Gina Potter me esmagava contra ela como se desejasse que eu jamais saísse do ninho novamente.

–Você está bem? Tem tomado suas poções? Não está se esforçando muito, está? Emagreceu? Harry você não acha que ela está mais magra? – A enxurrada de perguntas veio acompanhada de apertões e cutucadas, como se precisasse conferir algo. O que ela esperava? Que eu voltasse sem um braço?

–Acho que nossa princesinha está perfeita. Como sempre. – Foi tudo que o velho Potter disse sorrindo pra mim, sem me conter me joguei em seus braços, não importava quanto tempo passasse, eu sempre me sentiria uma garotinha perto dele.

Do meu Lado direito Hugo parecia passar pelo mesmo processo de verificação com tia Hermione, obviamente ela era bem mais expansiva que minha mãe, tio Rony encarava o filho mais novo sorrindo de modo orgulhoso. Mais pra frente Heloíse estava parada ao lado de uma senhora de cabelos cinzentos que me lembrava vagamente a diretora McGonagall, Lise parecia desapontada com algo. Seu pai não estava ali, por mais complicada que fosse aquela relação ela amava o pai.

Ainda mais longe Lana Prescott já se distanciava carregando o próprio malão, ia sozinha ninguém parecia ter se lembrado que ela chegaria na estação naquela tarde. Como eu me sentiria ao desembarcar e não ter ninguém me esperando?

Já Sara gargalhava ao lado dos pais trouxas, eu gostava dos pais dela, eram engraçados e viviam em constantes provocações, assim eram os Hale. Porém nunca pude deixar de reparar que ela não se parecia com os pais, talvez fosse a genética em mais uma de suas peças. Veja só, meu pai tem olhos verdes, minha mãe olhos castanhos e James meu irmão mais velho brilhantes olhos azuis. Claro que eu sei que eles são os olhos do vovô Weasley, mas quem não sabe disso também deve achar estranho, assim afastei o problema de aparência da família Hale e voltei ao meu próprio drama.

Era hora de dar tchau.

Abracei Heloíse com força, ela era pequenina de modo que um estranho instinto de proteção me apoderou, ela ficaria bem viajando por ai sozinha? Sem ninguém para cuidar dela e lembrá-la de que ela deve comer mais do que apenas doces?

Não sozinha, ela estará com Hugo.

Confesso que isso não ajudou em nada, meu primo era tão imaturo.

–Foi muito bom te conhecer Lise. – Falei finalmente a soltando.

–Digo o mesmo, acho que ser expulsa de Beauxbatons foi a melhor coisa que fiz na vida. – Respondeu ela sorrindo lindamente pra mim.

–Sabe quando irá partir? – Pedi sentindo meus olhos lacrimejarem.

–Não tenho certeza. – Respondeu prontamente.

–Vai me avisar quando vocês se forem? – Perguntei segurando suas mãos entre as minhas.

–Não tenho certeza. – Falou novamente encarando nossas mãos unidas.

–Oh Lise, me prometa que vai se cuidar? Prometa que vai me escrever pelo menos uma vez por mês? – Implorei pra ela sem saber dá onde aquela vontade de estar ao lado dela surgira. Sim, eu gostava dela imensamente, porém desde que a mesma começara a namorar com Hugo eu a evitava. Assim, que pensei nisso uma memória há muito esquecida voltou.

O sonho. Aquele sonho que tivera algumas vezes, aquele em que Heloíse Chase chorava e gritava por ajuda e eu não podia alcançá-la.

–Não se preocupe Lílian. Vou ficar bem. – Foi tudo que ela disse soltando nossas mãos, mas eu precisava insistir, apenas mais uma vez.

–É sério Lise, não hesite em me mandar uma carta ou me encontrar se precisar de algo. Eu vou te alcançar e te ajudar se precisar de algo.

Heloíse Chase, a garota exótica de cabelos róseos e os maiores olhos que já vi em minha vida apenas acenou pra mim como se não acreditasse que minha preocupação fosse válida. Ela e Sara agora se abraçavam, sorri vendo a cena, uma tão alta e magra e a outra baixinha e redonda como um filhote de labrador.

Após um breve selinho em Hugo ela se afastou ao lado daquela senhora de postura aristocrática e atravessou a barreira, contive o desejo de correr atrás e tentar mais uma vez pedir para que ela se cuidasse.

Sara vinha ao meu encontro com um sorriso maroto, abri meus braços para recebê-la, mas a mesma fez questão de desviar.

–Você nem vai morrer sendo um pouquinho mais sensível. – Comentei chateada.

–Você sabe que ainda vai me ver muito nas férias, guarde seus abraços para depois. – Falou ela piscando pra mim e saindo dali acompanhada por seus pais, claro que eu a veria. Sara não passaria uma semana longe de meu irmão mais velho.

Naquele dia fomos direto para a Toca, Hugo me segurava abraçado a ele e durante toda a noite permaneçamos juntos, rindo conversando e brigando pelo último biscoito da vovó. Como há muito, muito tempo não fazíamos. Adormeci ao seu lado no sofá da sala e a última coisa que ouvi foi algo que inundou meu coração de alegria.

–Eu te amo Lílian, e mesmo longe ainda serei seu melhor amigo.

(...)

No dia em que Hugo e Heloíse partiram confesso que derramei algumas lágrimas, não que eles tenham se despedido, os dois simplesmente desapareceram. Bom, se tratando dos dois eu deveria esperar por isso, só fiquei sabendo da fuga no momento em que uma tia Hermione em prantos surgiu por nossa lareira perguntando por seu "bebê".

Foi bem do jeito Heloíse de ser, sem avisar ninguém, e assim tão depressa quanto entrou em minha vida ela saiu. Após muito pensar cheguei a uma conclusão sobre Heloíse Chase: a garota de cabelos coloridos é uma dessas pessoas que passam, não sabem se fixar, não criam laços, apenas passam. Como um furacão eu acho.

Não, não é como um furacão, estes costumam deixar dor e destruição pelo caminho, Lise foi mais como uma chuva de verão. Trouxe alívio, renovação como se ela soubesse que neste ano eu precisaria de uma nova força, de alguém pra me fazer rir e de certo modo me fazer crescer. Eu desisti do Hugo por ela, pelo menos era isso que eu pensava, agora fica tão claro que eu apenas usei minha amiga como o motivo. Heloíse trouxera frescor para nossas vidas, era como Sara gostava de dizer um filhote de cão, adorável, mas que com certeza vai te trazer problema.

Agora ela se fora, como toda chuva que chega de repente Heloíse deixou marcas e levou coisas consigo, eu não sabia se um dia a veria novamente, mas eu tinha uma certeza ela estaria bem onde quer que fosse, e isso bastava. Quanto ao que ela levou; Hugo, meus esmaltes, a sanidade do meu gato e também minha blusa preferida, os últimos provavelmente eu não veria novamente, já meu primo era outra conversa.

Conheço Hugo melhor do que qualquer outra pessoa, talvez Sara sempre observadora o conheça como eu, e por isso aposto um dedo em como ele vai voltar. Diferente do que se pensa o Weasley não é como Heloíse, pelo contrário ele só está em busca de uma certeza, tudo que ele precisa pra voltar é encontrá-la. Hugo sonha em criar raízes mais do que qualquer outra coisa no mundo, o ruivo dos olhos azuis apenas ainda não sabe disso, e foi exatamente por isso que não falei nada sobre a viagem para meus tios. Ele só precisa dessa certeza inicial e então estará de volta, se vai levar um ano ou mais, não sei dizer, mas antes mesmo que eu esteja pronta para vê-lo de novo ele vai aparecer.

Não sei se estarei pronta pra ele, não sei o que mudará em Hugo e muito menos sei que consequências essa a ventura dele nos trará. Não sei como, não sei quando, mas Hugo Weasley voltará para finalmente começar a fazer suas escolhas como o homem que eu sei que ele se tornará um dia.

Aos poucos o verão foi passando e com ele meus últimos dias em casa, nunca pensei que tivesse acumulado tanta coisa em minha vida, porém logo me vi enchendo caixas e mais caixas. Enfrentei minha mãe que não parava de dizer que eu apenas devia fazer um malão assim como fiz em meus anos de Hogwarts. Gina Potter não entendia que eu não voltaria para casa, eu estava indo definitivamente em busca da minha própria certeza inicial. Coloquei minha caixas no porão sabendo que assim que saísse da academia voltaria para buscá-las para então finalmente ter minha própria casa.

Foram 18 anos da vida de Lílian Luna Potter e ela ainda não sabe se é mesmo a princesinha ou simplesmente mais uma peça qualquer no grande tabuleiro do mundo. Separei algumas coisas para levar comigo pra França, fotos incluindo a que ganhara na formatura, meu globo de vidro com a fênix, os restos de minha vassoura e o pequeno pomo dourado de minha última partida de quadribol. Obviamente meu sempre ranzinza gato iria comigo, Berlioz não estava nada feliz nos últimos dias, como se soubesse que não pisaria novamente em sua tão amada escola. Não que ele fosse muito normal, mas Heloíse realmente tinha acabado com o pouco de normalidade que havia naquela cabecinha peluda. Devia levá-lo para fazer uma análise ele precisava mais do que eu.

Meu quarto agora parecia vazio, apenas a cama algumas roupas, meu espelho e mais nada, como se ninguém nunca tivesse passado por ali.

–Lílian temos visita! - Gritou minha mãe lá de baixo. Desci as escadas o mais rápido que pude, aos poucos eu me sentia mais ágil e até mesmo mais segura sobre meu próprio corpo. Não que não doesse mais, a luta ainda era diária como se eu estivesse conhecendo a mim mesma novamente, conhecendo do que esse novo corpo era capaz ou não de fazer.

–Vic! - Exclamei de surpresa, minha prima estava ali radiante com a pequena Amelie de apenas dois meses nos braços, a pequena era linda. Os fios loiros como os da mãe eram ainda ralos, bochechas róseas e belos olhos cor de mel. Meu pai me disse que eram iguaizinhos aos do avô Lupin.

–Ela está tão linda, olá Amelie. - Falei estupidamente para o bebê com aquela voz idiota que todo mundo faz pra conversar com crianças pequenas. Notei então que Ted também estava ali, olhava orgulhoso para a filha e com adoração para a esposa. - Hei Teddy. - Falei sorrindo ao ver meu irmãozão mais velho.

–Lílian eu e Ted conversamos e decidimos que vamos te fazer um convite. - Começou Victoire empolgada e me encarando, aguardei para que continuasse mais foi Teddy agora mais próximo quem falou.

–Queremos que seja madrinha dela. - Pediu ele me olhando, por um momento pensei que fosse uma grande piada, eles estavam brincando certo? Eu madrinha? Tão nova e foi exatamente isso que comecei a dizer.

–Tem certeza? Eu sou tão nova, não precisam fazer isso se não quiserem. - Para meu espanto o jovem casal começou a rir.

–Como assim não precisamos fazer isso? Queremos que cuide dela, da mesma maneira que seu pai também novo cuidou do Teddy, do mesmo jeito que eu mimei você Lílian. - Meus olhos se encheram de lágrimas e a bebezinha ganhou ainda mais importância. Agora ela era minha responsabilidade e naquele momento eu decidi que cuidaria dela e amaria como nunca fizera antes.

–Será um honra ser madrinha da Mia. - Falei sorrindo e deixando as lágrimas correrem com liberdade. Agora eu tinha mais uma princesinha para cuidar, e eu faria tudo, absolutamente tudo para que Amelie não fosse uma Dirty Little Princess como eu.

(...)

Dias depois, fiquei sabendo através do meu pai que David conseguira um posto de preparador no departamento auror, me senti feliz por ele é claro, por outro lado gostaria que meu pai não tivesse mencionado meu antigo mestre de poções.

Pensar nele era masoquismo, eu não podia me deixar levar, quando eu me dava conta já estava perdida em memórias, seus beijos, seu cheiro, sua voz aveludada e a cada novo pensamento eu esquecia do motivo de me manter afastada.

“Você está indo pra França Lílian, vai estudar lá, ele trabalha pro seu pai, David foi um covarde, ameaçou um homem e abandonou a irmã mais nova. Você não sabe o quanto pode confiar nele!”

Esse era o discurso pronto que minha mente tinha decorado e eu não iria me esquecer dele tão cedo. Queria que ele tivesse lutando mais por mim, era contraditório já que eu tinha dado um fim em nosso relacionamento, mas realmente queria que ele tivesse insistido mais um pouco.

As notas do NIEM’s chegaram e apesar de tudo eu não estava realmente ansiosa para encará-las, eu já estava na academia de qualquer modo, mas no mesmo dia Sara irrompeu pelo meu quarto segurando as próprias notas.

–E então? Vamos comparar? – Pediu ela com os olhos brilhando de orgulho de si mesma. Apenas apontei para o envelope ainda intocado, não era legal comparar notas com a Sara na verdade se você fosse mesmo fazer isso era melhor afastar objetos cortantes dela.

–Sinta-se a vontade. – Falei me sentando melhor na cama para poder ter uma boa visão de minha melhor amiga. Eu não sabia exatamente quando ela ia, mas desde que as férias começaram ela passara um bom tempo entre a própria casa e o apartamento de James, eu mesmo fui ajudá-la a arrumar suas coisas.

A cada vez que ela aparecia em casa minha mãe parecia uma leoa determinada a defender a cria e honestamente eu não a culpava mais, James merecia saber, era horrível o ouvir falando sobre como seria legal tê-la como auror.

–Claro que você me superou em Transfiguração, nota máxima. UAU! Você passou em feitiços com sobra. – Me informou ela, apenas ri e perguntei.

–Poções? – A morena ergueu uma sobrancelha fazendo mistério antes de responder.

–Aprovada!

–Isso merece uma dancinha de comemoração! – Anunciei saindo da cama, logo ambas estávamos movendo os braços e a cabeça feito loucas. Lamentavelmente eu tinha a noção de que parecíamos duas galinhas sem cabeças nos chacoalhando. Mas tradição é tradição, depois de sete anos fazendo a mesma dança parecia errado querer mudá-la. Infelizmente meu irmão mais velho resolveu que era uma boa hora de aparecer. Não que isso fosse alguma novidade, para que James frequentasse mais frequentemente a casa bastava que Sara Hale estivesse nela. Muito para o desprazer de minha mãe.

–Loucas é o que eu digo! – Falou James com o sorriso que eu tanto amava, como de costume Sara correu para ficar mais próxima dele, como se os dois simplesmente fossem incapazes de não se verem e não se tocarem. Era um amor tão grande e tão lindo que a parte Lily egoísta os invejava.

–Preciso ir meu girassol. Não se esqueça que vamos jantar na sexta lá em casa. – Pediu meu irmão selando os lábios da namorada com um beijo, assim que ouvi o som dele descendo as escadas não me aguentei.

–Hummmmmmm! Sexta-feira promete então! –Preciso dizer que minha amiga ficou mais do que vermelha? Antes que ela tivesse tempo de brigar comigo outra pessoa apareceu na porta, honestamente não há privacidade na casa dos Potter.

–Fala mãe! – Pedi ao ver Gina Potter parada no batente nos encarando, como sempre o olhar lançado pra Sara era de plena desaprovação.

–Você contou pra ele? – Foi tudo que ela perguntou, antes que Sara pudesse responder tomei partido na discussão.

–Para com isso mãe, tenho certeza que a Sara vai contar na hora certa. Não podemos nos meter nisso, é a vida deles. – Argumentei.

–Não e não! Você não sabe como é, eu fui deixada pra trás e sei exatamente qual é a sensação. – Começou minha mãe como se aquilo estivesse entalado há muito tempo. – Não vou deixar que faça isso com meu filho, você não vai dar a notícia em cima da hora, James não merece isso.

–Claro que não mãe! Tenho certeza que a Sara aqui vai dizer com antecedência e eles vão conversar e achar uma solução pra essa situação toda. Certo Sara? – Pedi sorrindo de modo confiante. O problema foi sua resposta, ou melhor a falta dela, seus olhos de águia estavam arregalados e ela corava.

–Sara você não estava planejando partir sem contar pra ele né? – Perguntei ficando preocupada com a situação, aquilo não era típico de Sara Hale. Ela sempre planejava tudo, se preparava para o que quer que fosse, não entendia o motivo de adiar tanto aquilo, Sara precisava agir racionalmente como sempre. Pena que ela não parecia pensar assim.

–Não exatamente. – Foi tudo que ela respondeu encarando a parede de modo inexpressivo.

–Hale eu não vou dar um segundo aviso, ou você conta ou eu faço isso. – Intimou minha mãe com as mãos na cintura e parecendo realmente brava. – Todos já sabem que você vai ir, menos meu filho, não tem um pingo de consideração por ele? – Perguntou ela comprimindo os lábios como se segurasse para não soltar uma enxurrada de xingamentos.

–Eu o amo e justamente por isso está tão difícil contar pra ele. – Respondeu ela ainda sem mostrar algo naquele rosto magro tão conhecido.

–Se você o amasse de verdade não iria deixá-lo, ou no mínimo teria contado no momento em que decidiu ir pra lá. – Foi tudo que minha mãe disse antes de descer as escadas batendo pés com força, penso se ela imaginava que os degraus fosse feitos de “Saras”.


A encarei de modo inquisidor esperando uma boa resposta mas tudo que consegui foi um sussurrado e inseguro.

–Eu vou contar Lílian.

Ótimo, como se já não fosse ruim o suficiente lidar com minha vida amorosa fracassada ainda tenho que me preocupar com meu irmão e minha melhor amiga. Sara bem que poderia resolver logo esse problema. Porém as coisas não se mostraram tão simples quando a sexta-feira chegou e ao que tudo indicava meu irmão ainda não sabia de nada.

–O apartamento está finalmente pronto, vocês precisam ir jantar lá um dia. Aposto como Sara amaria cozinhar algo, sério vocês tem que provar algo que ela tenha feito. – Comentava meu irmão mais velho com animação, estávamos todos na cozinha e enquanto mamãe preparava nosso jantar James lacrava uma caixa de papelão, tagarelando sem parar sobre como a sua namorada o tinha ajudado a arrumar e decorar seu apartamento.

–Se está tudo pronto, por que raios você ainda está levando uma caixa pra lá? – Perguntou Alvo ceticamente. Seu lado sonserino simplesmente não podia ficar uma refeição sem se fazer presente.

–Isso? São apenas alguns livros que tinham ficado pra trás. – Respondeu ele fazendo pouco caso mas terminando de fechar com pressa como se não quisesse que víssemos o que tinha ali.

Minha mãe bateu com força a panela no fogão, parecia irritada, e eu entendia o motivo.

–São seus livros da academia auror não são? – Perguntou Gina Potter se virando subitamente com a colher de pau na mão, honestamente ela me parecia assustadora.

–Talvez. – Disse meu irmão encarando o chão.

–Por que você está levando eles pra lá? Você não lia nem quando estava na academia. – Falou meu pai sorrindo de leve, ele era o único que parecia relaxado ali.

–São pra ela não são? – Perguntou a ruiva nervosa, e dessa vez não estou falando de mim mesma.

–Hãn? – Murmurou James se fazendo de desentendido.

–Você está levando esses livros para a Hale não está? – Perguntou agora falando palavra por palavra, letra por letra e parecendo ainda mais perigosa.

–Qual é o grande problema, afinal? Ela vai entrar para a academia e meus livros ainda estão bons, qual é o problema de emprestá-los pra minha namorada? – Eu não ia encarar James, de modo que olhei para Alvo que parecia ter tido a mesma ideia, eu quase podia ouvir os pensamentos dele. “Fala pra ele Lílian, acabe com esse sofrimento!”.

Não, eu não podia fazer isso por mais que eu amasse meu irmão, Sara era minha melhor amiga e eu aprendera do modo mais difícil a confiar nela. Por outro lado James merecia saber logo, isso estava não apenas me torturando, mas também toda a família que escondia um segredo tão importante do principal interessado.

–James ela não vai para academia. – Soltou minha mãe no momento eu que havia decidido chamar meu irmão para a sala e contar tudo.

–O que? Claro que ela vai. – Retrucou o outro.

–Não ela não vai. – Insistiu Gina Potter agora mais suavemente.

–Lílian, fala pra ela! Conta pra mãe que a Sara vai entrar pro quartel general aqui em Londres. – Pediu James me encarando parecendo confiante daquilo que dizia, incapaz de encará-lo de volta baixei o olhar. – Lily? – Chamou ele diante de meu silêncio.

–Conta pra ele Lílian, conta pro seu irmão pra onde sua melhor amiga vai. – Mandou minha mãe de modo severo.

–Rússia. – Ou pelo menos foi isso que tentei dizer, deve ter saído mais como um grasnado porque James ficou me olhando confuso, então respirei e falei novamente. – James, a Sara vai para a academia auror russa em Moscou.

–Não. – Foi tudo que meu irmão disse balançando a cabeça. – Não ela não vai.

–James... – Meu pai começou a falar em um tom profissional como se para acalmar o filho mais velho.

–Ela teria me contado. – Murmurou James mais para si mesmo do que para qualquer outro naquela cozinha.

–Eu mesmo mandei os papeis da admissão dela para o quartel auror russo. – Informou meu pai ainda em seu tom neutro.

James Sirius Potter parecia prestes a ter um colapso, e eu falo sério quanto a isso. Parecia travar um batalha interna entre acreditar ou não no que dizíamos, raiva, tristeza e desapontamento eu podia ler cada sentimento que o assolava só de olhar pra ele. Balançava a cabeça de um lado para o outros, os olhos claros que eu tanto invejava estavam nublados como um dia de chuva particularmente feio e chato. Em seu rosto eu lia o mai completo desespero, parecia mesmo uma piada de mal gosto, após tanto tempo separados quando finalmente James Poter e Sara Hale ela decide que vai estudar no exterior. Não apenas estudar, vai para a melhor academia auror do mundo, uma academia que o próprio James tentara entrar porém fora reprovado na seleção, uma academia com um regime linha dura que formava os melhores e mais temidos aurores. Segundo meu pai as maiorias dos estudantes da academia acabavam trabalhando com espionagem, por serem discretos e frios.

É dava pra entender o motivo de James estar como estava.

–Vocês sabiam? Todos vocês? – Perguntou tremendo, quando seu olhar encontrou o meu acenei um sim com a cabeça e nem percebi quando meu irmão mais velho saiu correndo pela porta da cozinha.

Alvo fez menção de ir atrás de nosso irmão, porém meu pai o segurou sentado onde estava, Harry Potter tinha uma expressão séria no rosto e quando falou usou um tom de voz que me fez entender porque tanta gente o respeitava.

–Não devia ter feito isso Gina, era um assunto deles.

–James merecia saber, meu filho não podia ficar mais um dia acreditando em mentiras. – Respondeu minha mãe brava.

–Não importa, não devia ter se metido Gina. – Reprendeu meu pai novamente, me surpreendi ao notar que minha mãe agora tinha os olhos lacrimejando e ao responder toda sua firmeza desaparecera.

– Meu filho não seria deixado pra trás do modo como eu fui deixada Potter. – Após falar isso a ruiva mais velha fez um aceno com a varinha desligando o fogo e deixou a cozinha rapidamente, meu pai foi atrás dela chamando seu nome. Encarei Alvo que parecia meio perdido como se não entendesse o que estava acontecendo, a verdade é que eu mesma precisaria de algum tempo pra processar os últimos acontecimentos.

–Uma pizza? – Perguntei de modo sugestivo, como resposta meu irmão apenas acenou, é pelo visto a noite seria turbulenta na casa dos Potter, mas com certeza seria ainda pior no apartamento de James.


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Notas finais do capítulo

NB/OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
Tadinho do James! Ele é tão fofo, não merecia isso. Mas era só questão de tempo até Gina Potter interferir e proteger o seu filhote. Ah, a Hale deveria ter contado para ele antes! E agora o que será que ela irá fazer???( Meu casal preferido prestes a enfrentar uma crise! Ou seria um colapso? Não importa, meu coraçãozinho de beta sangra de ansiedade para saber o que vai acontecer no próximo cap).
E eles finalmente deixaram Hogwarts. Betei esse cap com uma imensa sensação de tristeza. DLP esta oficialmente acabando. BUAAAAAAAAAAHHHH! Snifsnif.
Lise e Hugo sumiram no mundo, e agora, será que a Lily realmente nunca mais verá Heloíse, e será que o Hugo vai realmente retornar para a sua família, não como um garoto, mas como um homem mudado?
E o que acontecerá com a Lily e com o David?
Não vamos esquecer da Loira Sonserina. Será que a rainha de gelo foi chamada para a academia francesa? Como foram as férias dela sob a perspectiva de estar livre do Niall?
Esse cap veio exatamente como eu imaginava. Gêmea ele ficou tão parecido com a ideia do que você tinha me falado que eu não pude colocar muita coisa para contribuir com ele. Apesar de muito triste e tenso no final ele ficou perfeito! ¬¬ pelo menos ao meu ver.
Bjs da beta,
Milady Black
NA/ E então princesinhas? Estão preparadas para o final de DLP? É eu sei eu também não estou nada pronta pra ver isso acontecer, sério choro só de pensar... Pelos meus cálculos mais dois ou três capítulos, depois um epílogo pra terminar completamente. Quem ainda não recomendou, faça um esforço? Quem não comentou ou tem deixado de dar um oi em alguns capítulos por favor, apareçam!! SPOILER No próximo capítulo um mergulho na cabeça da Sara, isso mesmo a narração será dela!! Quem estava com saudades??? Õ/
Pessoal minha fanfic O melhor amigo da noiva está atualizada é bem lindinha então não deixem de ler.
Beijocas
Loreline Potter



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