Dirty Little Princess escrita por Loreline Potter, Milady Black


Capítulo 25
Bienvenue


Notas iniciais do capítulo

Não me odeiem muito pela demora, ando super ocupada!
Obrigada pelo apoio pessoal!
Apreciem o capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/192508/chapter/25

Bienvenue


Lílian Potter POV's

Da mesa da cozinha conseguia escutar as risadas dos mais velhos, todos estavam animados, o vinho já devia estar no fim e o volume das gargalhadas aumentava ao passo que o bater das taças diminuía.

 Se eu quisesse quase poderia esquecer toda a confusão que minha vida se tornara desde o acidente, o longo coma, a recuperação lenta e por vezes dolorosa e é claro o enfrentamento da realidade. Ainda não tínhamos aberto os presentes de natal, isso costumava acontecer pela manhã e eu não sabia bem o que esperar esse ano, aposto como ninguém me daria um livro sobre a história do Harpias, nem o novo cachecol oficial do time ou o boné da temporada.

Engraçado como toda a minha vida antes parecia girar em torno do esporte, as pessoas pensavam em Lílian e lembravam de quadribol, a pulseira de pomos brilhantes reluzia em meu braço me lembrando disso. Mas este ano eu sabia, não ganharia nada relacionado ao meu sonho, tinha certeza que todos tinham tomado uma preocupação extra ao escolher meus presentes. O que não fazia muito sentido, afinal eu com certeza era a maior detentora de artefatos de colecionadores do meu time preferido, o Harpias. Mas talvez assim fosse melhor. Não tentar lembrar da realidade. E esquecer os meus sonhos.

Suspirei pesadamente sabendo que talvez esta fosse uma meta impossível. Sara e James ocupavam o sofá comigo, minha amiga estava quase dormindo sobre o peito do meu irmão mais velho, Jay acompanhava o jogo de snap explosivo entre meus primos Fred e Louis, fazendo carinho nos cabelos da castanha enquanto a mesma piscava os olhos cada vez mais vagarosamente e volta e meia o olhava, como se para ter certeza de que ele estava realmente ali e que ela não estava sonhando.

Alvo perdia de Hugo no xadrez bruxo, coisa que faria muito bem ao ego do meu irmão, já que ele vivia se gabando das suas vitórias épicas em jogos de lógica. Mas nem ele era páreo para Hugo Weasley, e esse só perdia mesmo para o tio Rony, que era oficialmente o melhor no tabuleiro. Era até mesmo engraçado olhar para o Alvo concentrado como se estivesse travando uma batalha épica, enquanto Hugo permanecia jogado no chão em frente à mesinha de centro olhando em volta com um certo ar de tédio. Volta e meia nossos olhares se cruzavam, o que era estranho.

Eu nutri por tanto tempo sentimentos que achava serem tão profundos pelo meu primo, meu melhor amigo, que agora era até mesmo incomodo olhar para seus olhos tão azuis e não saber o que sentir. Mas eu estava decidida a deixar as coisas para trás.

O Hugo.

O quadribol.

Meus sonhos. Só ainda não sabia ao certo como fazer isso.

Minhas primas Lucy, Molly e Roxanne estavam em volta de Victoire e falavam sem parar, discutiam o nome do bebê, as cores do enxoval e a loira mais velha apenas ouvia e sorria com a animação das mais novas, a futura mamãe parecia bem cansada mesmo assim me parecia linda.

Senti que estava ficando sonolenta com o passar dos minutos, porém naquele instante perfeito em que você está prestes a pegar no sono um som alto de explosão vinda da lareira me acordou completamente.

 Sara pulou de susto e como consequência disso acabou batendo a cabeça no queixo do meu irmão mais velho, as peças de xadrez voaram e se misturaram com as cartas de snap que começaram a estourar com a confusão.

Provavelmente eu estaria rindo da confusão que a sala de estar da Toca se tornou, porém a imagem de Heloíse Chase cheia de fuligem e em lágrimas me impediu de achar graça em qualquer coisa.

A minha amiga de cabelos róseos parecia completamente desolada, por alguns segundos seus olhos cinzentos percorreram a sala, como se ela procurasse alguém, no segundo seguinte Hugo corria em sua direção para ampará-la. Seguindo o exemplo de meu primo me levantei do sofá ajudada por Sara que logo buscara se certificar de que não tinha quebrado o queixo de James para em seguida me acompanhar pela sala, me auxiliando a desviar da confusão de coisas pelo chão.

Era uma verdadeira bagunça de peças de jogos, almofadas, e claro o que mais tinha, parentes espalhados.

 Após o que me pareceu ser uma eternidade na minha velocidade de deslocamento, estávamos as duas dando tapinhas desajeitados nas costas da pequenina Heloíse que se esforçava para esconder as lágrimas por trás de um sorriso nada convincente.

–Crianças está tudo bem? - Perguntou tio Rony parado na soleira da porta com a varinha em punho assim como meu pai, minha mãe e Teddy.

–Não foi nada, apenas a amiga de Lily chegando de surpresa. - Se apressou James em responder ao ver que os mais velhos pareciam apreensivos com a confusão.

–Vamos Lise, vamos te levar pra um quarto e lá agente conversa melhor. -Falei usando o tom de voz mais calmo que consegui, tinha noção de que todos os meus primos olhavam para a cena com curiosidade mas eu precisava primeiro ajudar minha amiga. Mesmo que ultimamente Heloíse Chase andasse me escondendo coisas demais.

Eu, Sara e Hugo levamos Lise até o quarto que costumava pertencer a minha mãe, a porta foi devidamente trancada, e Sara lançou um Abaffiato para podermos ter privacidade, encarei minha amiga sentada na cama e não soube o que fazer.

–Lise? Quer contar o que aconteceu? - Perguntou Hugo, meu primo se sentou ao lado da garota e passou o braço sobre os ombros dela que tremiam, senti uma fisgada de ciúmes ao ver a proximidade dos dois. Se eu queria brigar com ela por estar se relacionando com Hugo pelas minhas costas? Definitivamente sim, porém ao vê-la naquele estado qualquer mágoa que pudesse guardar desapareceu, eu queria mais do que qualquer coisa ajudá-la.

–Lise, fala comigo, eu posso te ajudar em algo? - Perguntei me ajoelhando, mesmo que com dificuldade na frente dela e segurei suas mãos pequeninas e rechonchudas entre as minhas. Ela fez que não, ainda com as lágrimas correndo por seu rosto de boneca, eu já não sabia o que fazer, Hugo continuava ali passando a mão nas costas dela e Sara pra variar não fazia a menor ideia de como lidar com as lágrimas.

 Minha pobre cunhada e melhor amiga, andava pelo quarto parecendo dividida, ao mesmo tempo em que lançava um olhar preocupado à Heloíse parecia aterrorizada como se a qualquer momento fosse sair correndo do quarto. Ela até lançava olhares discretos para a porta como se bolasse um plano de fuga. Sem dúvida comoções envolvendo crises de lágrimas não estavam em seu currículo de especialidades acadêmicas. Na verdade, deveria estar sim, mas como aviso de algo a não mantê-la perto.

–Eu o odeio.-Fungou Lise, finalmente falando algo que fizesse sentido. Levei apenas alguns segundos para entender que ela falava do pai, Sara já havia comentado que Heloíse Chase temia passar o feriado em casa.

–Agora você já está aqui conosco Lise, já pode parar de chorar. - Pediu Sara de um modo meio insensível, isso obviamente só fez uma nova sessão de lágrimas e fungos começar. Lancei um olhar feio para a morena que em resposta me lançou seu olhar de; o que eu falei de errado?
Parando para reparar em algo completamente inútil numa situação como essa, reparei que a Sara tinha algo em comum com o meu tio Ron. A sensibilidade de uma colher de chá.

 Suspirei ao notar que meus pensamentos estavam se afastando e começando a perder o sentido, o que vinha acontecendo muito frequentemente devido as fortes poções que eu ainda era submetida a tomar, e estes devaneios apenas pioravam com o sono.

–Calma Lise, conta pra gente o que aconteceu, ele gritou com você, falou algo que te magoou? - Perguntei acariciando de leve as mãos dela enquanto Hugo continuava tentando confortá-la.

–Pior que isso Lily...-Começou ela, com aqueles olhos cinzentos enormes demonstrando uma dor que eu não era capaz de compreender. -Meu pai, cada vez que o vejo eu o conheço menos.

 –O que aconteceu Lise? -Perguntou Hugo com firmeza, e mais uma vez uma pontada de ciúme involuntário me atingiu ao vê-lo segurando seu queixo para fazê-la encará-lo, quando isso aconteceu Lise se acalmou.

O QUE ELA ESTAVA FAZENDO? AQUELES OLHOS AZUIS ERAM MEUS! Por mais que o sentimento ácido e venenoso me viesse em mente eu o evitei, em segundos construi uma barreira para o ciúme. Eu amava Hugo Weasley, não apaixonadamente como antes mas ainda assim nunca iria esquecê-lo, e também amava quase que de modo irracional aquela garota de olhos vazios. Logo, eu dependia deles, dependia que ambos estivessem felizes, Lise não era Lana Prescott eu nunca poderia odiá-la por se apaixonar por Hugo. Não que a loira oxigenada fosse realmente apaixonada por ele.

 Quando Heloíse voltou a falar, ainda sem desviar os olhos do meu primo, era como se a voz dela estivesse mais firme, parecia mais segura como se houvesse encontrado confiança, um apoio.

–Meu pai, ele armou pra mim, me deu um vestido e pediu para que eu o acompanhasse em sua festa de natal. E então antes de brinde ele anunciou na frente de todo mundo que eu iria para a Alemanha assim que terminasse Hogwarts. -Lise tinha nossa total atenção, ela respirou profundamente antes de terminar seu relato. - Ele disse pra todo mundo que eu queria estudar lá e aprender tudo sobre investimentos para assim um dia assumir seu lugar na empresa.

 –Ele não pode fazer isso... -Murmurou Hugo, e então olhou para Sara como se esperasse uma confirmação. A morena tinha os olhos cerrados e parecia digerir as informações.

–Você não quer isso? Não quer assumir o lugar de seu pai um dia? -Perguntei,e logo recebi três olhares incrédulos, era óbvio que se ela estava ali chorando desesperada que ela não queria aquilo. Benditas poções que pareciam me fazer ficar completamente desligada.

–Eu ainda não sei o que fazer Lily, eu não sei bem o que quero para amanhã, imagina para depois que a escola acabar. Mas tenho certeza de uma coisa, não quero ir para a Alemanha estudar finanças com um velho caloteiro. -Desabafou Heloíse que parecia se segurar para não cair no choro novamente.

–Então você não vai, simples assim. - Tentou Hugo com tanta certeza que quase acreditei que seria simples resolver toda essa questão. Para meu espanto Heloíse Chase começou a gargalhar, um riso sem humor e seco, parecia muito errado aquela gargalhada irônica vinda da fadinha de cabelos róseos.

–Você não conhece meu pai Hugo, ele consegue qualquer coisa, Frederick Chase não é questionado em suas decisões, meu pai tem carta branca no mundo bruxo. Se ele mandar dois aurores me acorrentarem e me despacharem para a Alemanha, os aurores vão obedecer.

–Mas Lise, é seu futuro em jogo... -Argumentei tentando achar uma brecha pra ela.

 –Não é assim que funciona, ele me despachou pra onde quis desde que tenho 11 anos e antes disso me fazia frequentar aulas em casa. Não é realmente uma opção ir contra meu pai Lílian, além disso ele falou na frente de todos os convidados, aquelas pessoas estão acreditando que daqui a alguns anos eu vou trabalhar ao lado deles.

 –NÃO! - Soltou Sara se tornando o centro de nossas atenções. -Seu pai não pode, ele não tem esse direito, nem todo o ouro do mundo pode comprar o futuro e a felicidade de alguém.

 –Sara será que você não entende! - Falou Heloíse aumentando levemente o tom de voz.

–Não, eu não entendo mesmo o porquê do drama. Você é maior de idade, pegue suas coisas caia fora, se não quiser, não precisa fazer isso.- Rebateu a castanha com rebeldia, pensei comigo mesma que Sara não estava completamente errada, acima de qualquer coisa Lise era livre para fazer suas escolhas. Ninguém era obrigado a aceitar o que os outros achavam que era melhor para a sua vida. E então pela primeira vez concordei um pouco com o ceticismo de Sara; o destino é feito de nossas escolhas.

–É fácil pra você dizer isso Sara, mora com o papai e a mamãe já tem uma vaga na melhor academia de treinamento auror do mundo! Aposto que em sua família, a sua rebeldia e coragem na hora de fazer escolhas é vista como uma grande qualidade, mas para mim não é assim e nem nunca foi! - Acusou Heloíse se levantando e parecendo ainda mais nervosa.

–Não fale asneiras Heloíse está entendendo tudo errado! -Respondeu Sara em uma frágil tentativa de amenizar a discussão que se formara.

–Quem está entendendo errado é você. Eu já perdi coisas demais pra me dar ao luxo de perder minhas últimas lembranças de uma vida feliz. Sinto muito, mas eu ainda não estou pronta pra desistir da minha família, não posso aceitar que o sentimento familiar foi enterrado com minha mãe.

Um silencio pesado e triste se instalou no quarto após essa declaração, agradeci as forças divinas por ter meu pai e minha mãe do meu lado, Heloíse estava tão só quando podia, perdera a mãe e tinha uma relação conturbada com o pai.

Ali, naquele quarto e naquela noite de natal, eu me dei conta novamente de algo que estava cada vez mais claro aos meus olhos nos últimos meses. Da importância da minha família. De como era reconfortante saber que sempre poderia contar com o apoio dos meus pais.

Sentimento este que tive certeza ser compartilhado por Hugo e por Sara. Afinal o que seria de mim sem o apoio incondicional e o carinho que sempre recebi? Sempre fui a garotinha especial da família, sempre a princesinha. Hugo não era diferente, ele poderia não ser tão mimado ou paparicado pelos familiares mas sempre recebeu uma grande quantia de compreensão. O que foi muito importante em seu desenvolvimento. Afinal desde pequeno se mostrou indeciso sobre o que queria. Se antes suas duvidas era sobre escolher uma vassoura ou uma bola agora as coisas não mudaram tanto assim. Afinal suas duvidas ainda persistem.

E o mesmo pode-se afirmar de Sara. Porque nem ela mesma nega, apesar de sua sempre assídua vontade de afirmar que consegue as coisas pelos seus esforços, ela sabe bem que tem o apoio dos pais. Estes sempre a incentivaram a ser a melhor que podia, a ser decidida.

–Foi só uma ideia, talvez se você tentar conversar com ele. - Sugeriu Sara após o silencio prolongado.

 –Talvez. - Concordou Heloíse sem realmente muita animação. Sara foi a primeira a sair do quarto, deu uma desculpa qualquer e desconfio que correu de volta para os braços de James, ela parecia bem abalada com o que nossa amiga dissera.

 Logo me vi em uma situação no mínimo estranha, eu Hugo e Heloíse sozinhos no quarto sem assunto, ou sem um assunto sobre o qual o três gostaríamos de conversar. Quando já pensava em sair dali e deixar os dois a sós uma batida na porta me livrou de inventar uma desculpa.

–Estamos indo pra casa Lily, sua amiga vai ficar conosco? -Perguntou minha mãe que encarava os cabelos coloridos de Heloíse como se isso a lembrasse de algo, ou alguém.

–Ela pode, né? -Perguntei saindo do quarto sendo seguida pelo casalsinho reprimido logo atrás.

 –Desde que eu não termine o feriado com duas noras ao invés de uma. -Respondeu minha mãe com um sorriso maroto, que me fez arquear as sobrancelhas e Lise responder rapidamente.

–Não há a menor possibilidade Srª. Potter!

É, eu acho que ela desistiu da ideia de tomar um café com o Alvo para conversar sobre as suas especialidades. (...)

Quando eu era mais nova costumava assistir filmes trouxas na televisão da casa de Hugo, me lembro de alguns filmes adolescentes em que as garotas se divertiam a noite toda, intimamente sonhava com o dia que teria amigas dormindo no chão do meu quarto.

 Honestamente, sempre imaginei que a coisa toda seria bem mais divertida do que realmente foi. Assim que chegamos em casa, Sara anunciou que na tarde seguinte, após o tradicional almoço na Toca ela iria para a casa dos pais, o que fez James adotar uma cara de cachorro de caiu do caminhão de mudanças. Já Lise parecia uma flor murcha tamanha o seu desânimo, eu por outro lado sentia dores em todo o corpo. Em pouco tempo ambas dormiam parecendo tranquilas, não que eu não tivesse visto a dose de poção para dormir sem sonhar que ela e Sara tomaram, mas pelos menos elas dormiam.

Eu por outro lado redescobria meu corpo a cada vez que me mexia na cama, acredito agora que seja humanamente possível sentir suas células doendo, uma a uma. Era como se uma corrente elétrica passasse por minhas costas, talvez estivesse me esforçando muito ou então os efeitos das poções estavam começando a passar.

Desisti de dormir, sai da cama e vagarosamente desci as escadas chegando até a cozinha decidida a tomar uma xícara de chá bem quente e doce, para minha surpresa, sentado na mesa da cozinha Alvo Potter estudava um livro de anatomia.

Sempre soube que meu irmão estudava pra caramba, mas por Merlin, já era de madrugada e era noite de natal! Ele realmente me assustava!

–Hei! -Disse ele fechando o livro ao me ver.-Quer ajuda com alguma coisa? -Perguntou o rapaz de olhos verdes muito mais prestativo que o normal.

–Estou sem sono e acho que as poções pra dor estão perdendo o efeito Alvo, vim preparar um chá pra mim. -Respondi seguindo até o fogão, no momento em que segurei a chaleira para colocar água minha mão tremeu e a derrubei no piso de mármore fazendo um estardalhaço.

 –Deixa que eu faço isso, assim vai acordar a casa inteira. -Falou meu irmão apontando a varinha para a chaleira e em poucos segundos colocando a água para ferver. Duvidava muito que aquilo fosse acontecer, depois de todo o vinho ingerido os meus pais deviam estar dormindo tão pesado quanto James em seu sono normal. Já as minhas amigas pareciam devidamente sedadas pela poção para dormir.

Me sentei na cadeira de frente para a que ele ocupava, observei no livro a figura de um corpo humano com os músculos expostos e me senti levemente enjoada com aquilo, tenho que me lembrar de agradecer a natureza por ter nos dado uma pele bonitinha. Uma enorme xícara do Harpias com imagens de Guga Jones voando foi posta a minha frente e exalava um delicioso aroma de erva-doce e açúcar.

–Isso acabou de chegar pra você.- Falou meu Alvo me estendendo um envelope azul turquesa, o selo que lacrava o envelope ostentava um símbolo tão bonito e antigo quanto o próprio mundo. O símbolo Wicca do antigo povo celta, eu sabia o que ele representava: a jovem virgem, a mãe e a velha sábia. Até mesmo eu que nunca fui um grande exemplo de defensora do poder feminino reconhecia o poder daquele símbolo.

 No envelope estava escrito em tinta prata brilhante: 

Para Lílian Luna Potter Denver,casa de cerca branca.

Quarto Rosa e Branco do lado leste da residência dos Potter.

Logo soube que se tratava do convite oficial para a Academia de Bruxas da França, todo aquele luxo exposto em uma carta parecia algo bem frances, além disso eu já tinha visto o mesmo símbolo Wicca em colares de ouro branco idênticos que Dominique e Victoire usavam.

A escola era estritamente feminina, desde alunas a professoras e poucos sabiam realmente o que era ensinado lá dentro, o que se sabia, porém é que todas as ex-alunas da escola se tornaram bem sucedidas nas carreiras que escolheram.

–Não vai abrir? - Me perguntou Alvo parecendo um pouco preocupado. Como resposta quebrei o lacre e retirei do envelope o papel pardo, li em voz alta o que a carta dizia.


A Real Academia de bruxas da França tem o prazer de lhe convidar para participar de nosso seleto grupo de alunas.

Em nossa escola sua educação será aprimorada e refinada pelas melhores bruxas do mundo, cada professora é mais que especialista em sua área de atuação. Queremos lembrar-lhe que o tempo do curso é de dois anos, durante o período suas fraquezas serão corrigidas e habilidades aprimoradas.

Anexada a esta carta está a sua ficha de inscrição que deve ser preenchida e enviada até o dia 12 de fevereiro. O não enviamento da ficha corretamente preenchida até essa data nos levará a entender que a senhorita não possui interesse na academia e sua vaga será passada adiante.

Lembre-se jovem bruxa, trabalhamos com um número limitado de estudantes, logo não concedemos segundas chances!

Espero vê-la na noite do dia 1° de Setembro em nosso salão de jantar.

Atenciosamente

Gabrielle Delacour

Ao finalizar a leitura me senti levemente enjoada, aquilo me parecia um processo tão exclusivo e de certo modo injusto. Eu bem sabia que muitas garotas, se não a maioria eram escolhidas pelo sangue, eu mesma só devia ter sido convidada por ser uma Potter.

–Bom, suponho que você não possa recusar um convite assim. - Comentou Alvo me encarando de um modo sério, ainda mais sério que o seu normal.

–Se eu quiser eu posso! -Falei de um modo bem rebelde. Ele sorriu diante de minha atitude no mínimo imatura e me perguntou.

–O que vai fazer se não for para a academia? Já sabe em que área quer trabalhar?

–Claro que sei, quero jogar quadribol.

O relógio continua fazendo o barulho de sempre na cozinha, os aparelhos trouxas ainda contrastam com os objetos bruxos e eu ainda não sou capaz de abrir mão do meu sonho de infância.

–Você não pode Lílian. - Disse Alvo de um modo seco e claro.

–Por quê? O que tem de errado comigo, estou andando me movimentando, sinto dor de vez em quando, mas aposto que daqui um mês não vou sentir mais nada!- Falei batendo a xícara de porcelana com força na mesa de madeira, não a quebrando por muito pouco.

–Não é assim que funciona Lily. A pancada do balaço acabou com parte do seu tecido nervoso, as células chamadas de neurônios são células do nosso corpo que não se multiplicam. Você tem uma quantidade de células e elas não são repostas em caso de acidentes. Não é como a pele que após um corte volta ao normal.

Alvo explicava tudo de um modo didático e paciente, como se falasse com uma criança, e eu escutava e queria teimar com ele exatamente como uma princesinha mimada faria.

–Mas Alvo, não é possível, nós somos bruxos certo?

–A magia, assim como todas as coisas é limitada, mais que isso deve ser limitada, Lílian não aprendeu nada com a história de vida do nosso pai? -Perguntou ele, e eu fiquei sem entender ele percebendo isso continuou. -Tom Riddle, Lord Voldemort, qual era a coisa que ele mais desejava Lílian?

–Se tornar imortal, ser o senhor da morte. -Respondi prontamente.

–Exato. Isso não é certo, há um certo equilíbrio que deve ser respeitado, pessoas morrem e nascem e por mais que existam magias poderosas o suficiente para evitar isso elas não são permitidas.

Claro que eu sabia do que ele falava, magia das trevas e toda aquela nojeira de Horcruxes, mas eu não queria isso! Eu só queria voltar a voar, era tão difícil de entender?

–Eu não quero ser imortal Alvo. -Murmurei estupidamente.

–Eu sei mana, mas é o mesmo principio, além disso os danos colaterais para uma magia desse porte são ainda piores que uma vida cheia de regras e cuidados com esforços físicos!- Explicou meu irmão, após um suspiro continuou:

–Quer um conselho? -Perguntou ele me encarando com os olhos verdes esmeralda que deveriam ser meus.

–Se eu falar que não quero você vai calar a boca? -Pedi tentando fazer graça, mesmo que meu estado de espírito não fosse o ideal.

–Você sabe que não. -Respondeu meu irmão.

–Certo Alvo, vamos lá me de seu conselho!

–Bom, quero que fique bem claro que ainda acho que você deve falar com o pai e a mãe sobre essa questão da escola em Paris. Mas eu realmente acho que você deve ir pra lá. Por experiência própria Lílian, sendo filhos de quem somos assim que terminamos Hogwarts somos assediados para aceitar uma proposta no ministério.

–E isso é ruim, por? -Pedi tentando chegar ao X da questão.

–Isso é ruim porque você não sabe o quer Lily! Encare a academia como uma extensão de Hogwarts, lá você terá mais dois anos para decidir o que quer fazer depois. Não haja precipitadamente, você está instável e sei que ainda quer muito jogar quadribol. -Claro que eu queria jogar meu esporte favorito, claro que eu queria seguir meus planos traçados desde quando tinha 13 anos.

–Então você acha que eu tenho que aturar as francesas e as lesmas? - Perguntei encarando meu irmão que falava com tanta propriedade que parecia ter ficado a noite inteira pensando nisso.

–Acho que você precisa tirar dois anos para refazer seus planos, use esse tempo para construir um sonho novo Lílian.

Construir um sonho novo. As palavras ficaram martelando em minha cabeça até um bom tempo depois de Alvo ter me deixado sozinha na cozinha. Eu conseguiria sonhar com algo de modo tão fervoroso e apaixonado como sonho com o quadribol? Além disso, morar em um país estranho com pessoas estranhas.... era apavorante!

O sono foi tomando conta e me deixei cair no sofá da sala, não conseguiria subir as escadas naquele estado não sem cair e me machucar pelo menos. Sonhei com Heloíse naquela noite, minha amiga chorava e gritava meu nome e eu corria para chegar até ela, quanto mais eu corria mais distante Lise parecia ficar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

NB/ Olá queridas leitoras, acreditem ou não a beta estava com saudades de seus coments e de um capítulo para betar.
Bom, e ai o que acharam do natal na toca? E da aparição surpresa da Lise?
Sei que foi bem diferente do que muitos estavam pensando, mas não vamos esquecer que estamos falando de uma fic da Lore, então mais do que óbvio, drama ao quadrado. Mas ainda assim, eu ADORO!!!!
Para não falar da Lise e de situações tristes vamos falar de...
Situação Lily e Hugo. E então ela ainda sente ciúmes por ele?! O que ela fará com o seu amor supostamente em fase de esquecimento e a relação que o mesmo tem com uma de suas melhores amigos? O que você faria no lugar da Lily?
( Eu pegava o rolo de macarrão e acertava ele na cabeça do Hugo até ele criar atitude e se decidir logo!( NÃO, EU NÃO SOU VIOLENTA, MAS SOU FUNDADORA DA FEALP!)kkkkkkkkkkkk esse garoto precisa tomar uma atitude, e de preferência com uma só garota e não sair enrolado meio mundo!)
AUNT que fofinhos o Alvo e a Lily tendo uma conversa séria de irmãos na cozinha (viu, agora eu tb já estou adorando o Alvo como irmão.) E agora o que e Lily irá fazer? Adorei a carta, sério eu tenho uma enorme vontade de receber uma dessas um dia.
Então, acho q já falei de mais.
Bjs da beta,
Milady Black.
NA/ Em primeiro lugar, desculpem pela demora! Pessoal, eu estou bem apurada, os vestibulares do meio do ano estão chegando e pra piorar comecei a autoescola, de modo que estou com a agenda bem apertada! Gente euzinha aqui sou vestibulanda de medicina então deveria estudar 12 horas por dia! A beta Mila tbm é, então tentem entender essas demoras nas postagens! Eu sei que vocês leitoras maravilhosas estão fazendo a parte de vocês, e é isso que me motiva à escrever onze horas da noite depois de chegar das aulas teóricas da autoescola.
Obrigada por tudo e desculpem pelo drama do capítulo, não posso resistir a um bom draminha pra esquentar ainda mais as coisas!
Beijinhos e não me odeiem muito!
Loreline Potter