Ironias do Amor escrita por Tortuguita


Capítulo 4
O retorno


Notas iniciais do capítulo

Lembra o que eu disse sobre o autor morrer se você não comentar? Aquilo é mentira, se você não comentar quem morre é você e eu mesmo me encarregarei disso! ~Le eu com tendências homicidas~
Se eu fosse você comentaria :D
Boa leitura coisas lindas! ♥



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Emily Sanders

15 de Setembro.

Era hoje o tão esperado dia. Meu primeiro dia da faculdade. Quase tive um colapso nervoso ao me olhar no espelho de manhã, as olheiras absurdamente gigantes demonstrariam ao resto do mundo que o nervosismo não tinha me deixado dormir por muito tempo essa noite. Agora que vejo o que está prestes a acontecer noto o quanto o tempo passa rápido. Passei boa parte da infância querendo crescer para chegar aqui e perceber que lá era tudo mais fácil.

Tomei um banho gelado, me arrumei, e a contragosto coloquei uma leve maquiagem; pelo menos aquelas olheiras precisavam sair dali. Depois de pegar as minhas coisas desci em direção à cozinha para tomar o café da manha.

Quando cheguei minha mãe estava sentada na mesa com uma caneca de café nas mãos e algumas torradas, o que era bem estranho.

– Bom dia mamãe! Não devia estar no trabalho? – Dei um beijo nela.

– Bom dia! – Ela respondeu – Sim, mas hoje vai haver uma reunião e eu só vou daqui à uma hora. – Murmurei um som de compreensão enquanto roubava algumas torradas dela. Minha mãe trabalhava numa empresa aérea, não dentro dos aviões, mas nos escritórios, resolvendo problemas e ajudando com promoções e vendas. Era muito bom porque de vez em quando ganhávamos passagens para viajar para algum lugar e ela recebia bons descontos quando queria comprar. – Então você está preparada para o primeiro dia de aula?

– É, – eu acabei de mastigar a bolacha antes de continuar – eu acho que estou um pouco nervosa.

– Se você quiser – Ela bebeu um gole de seu café – eu te levo até a escola.

– Mas é logo ali. – Eu a encarei sem entender.

– Se eu te acompanhar talvez você não fique tão nervosa, eu te levava antigamente quando você tinha medo lembra?

– O que? – Eu realmente não acreditei que ela estava dizendo aquilo, dei uma risada, ela estava com a cara mais inocente do mundo. Sentei-me à mesa e comecei a comer ainda olhando para ela. – Mãe, eu não tenho mais cinco anos! E eu vou com as meninas.

– Você sempre será o meu bebê – Ela parecia decepcionada o que me fez rir novamente – Então anda logo se não vai chegar atrasada.

– Eu vou indo então. – Levantei-me.

Fui até o banheiro escovei os dentes e voltei para a cozinha atrás das minhas coisas.

– Se ficar com medo eu…

– Mãe! – interrompi.

– Tá bom, tá bom. – Ela concordou rindo.

Coloquei a bolsa no ombro, dei um ultimo beijo em sua bochecha e sai de casa disposta a enfrentar o primeiro dia naquela escola monstruosamente grande.

Pelo menos eu tinha Julia e Melanie para me ajudar, já que estávamos as três na mesma situação. Acabei por ficar no mesmo curso que as duas.

Eu permaneci verdadeiramente confusa entre escolher biologia e ciências farmacêuticas até os últimos dias para o envio das candidaturas. Tenho certeza que ser bióloga também seria perfeito, mas deixei a taxa de empregabilidade influenciar na escolha e de brinde fiquei com a companhia das minhas melhores amigas. Mamãe repetiu um sermão sobre as influencias das duas garotas nessa escolha umas três vezes, ela estava morrendo de medo de estar escolhendo isso só para ficar perto delas, mas no final consegui a convencer de que apenas tínhamos gostos em comum, eu gostava daquilo, eu queria fazer aquilo.

Segui em direção à casa de Julia. Melanie já deveria estar lá então apressei um pouco o passo. Logo que virei o quarteirão, por cima da cerca baixa que delimitava o jardim avistei em frente à porta da casa um grupo de meninos conversando e rindo. Merda, o irmão da Julia. Ela tinha dito que ele voltaria nessa semana.

Eu ia ter que passar por eles então era melhor disfarçar que estava olhando. Não perdi muito tempo decorando traços, mas os três tinham cabelo castanho. Não dava para decifrar qual deles era do dono da casa, apesar de ter visto algumas fotos na casa da Julia, eu não prestei muita atenção nelas para não parecer uma amiga tarada. Contive-me e desviei o olhar, encontraria com as garotas lá, elas iam ficar furiosas, mas eu não cogito nem um fio de hipótese de parar aqui.

Já tinha andado uns bons metros quando ouvi alguns passos apressados atrás de mim, antes que eu pudesse me virar Melanie gritou meu nome. Parei de andar e esperei até que ela me acompanhasse.

– Era suposto você ter chamado! – Como eu suspeitei Mel parecia irritada.

– Tinha um bando de garotos na porta – Respondi olhando para trás. Julia tinha acabado de atravessar o portão e o grupo de garotos vinha logo atrás dela. Ela se aproximou sorrindo.

– Era só o meu irmão e os amigos chatos dele, não tinha problema você chamar. – Julia disse quando já estava perto o suficiente de mim.

Eu senti minhas bochechas arderem ligeiramente, mexi um dos pés de um lado para o outro agradecendo mentalmente por eles não terem ouvido o que ela disse. Eu sou muito tímida em relação a pessoas desconhecidas e comentar sobre as minhas reações ridículas na frente delas faz com que elas sejam mais ridículas ainda. Isso me fez lembrar quando gostei de um garoto da escola quando tinha uns treze anos, uma amiga arrastou ele para me apresentar, eu sabia que ele sabia que eu gostava dele então eu corri como uma louca desvairada. Detalhe: ele me viu correndo como uma louca desvairada. Chegar a casa e perceber que eu fugi como se o garoto fosse um assassino foi, no mínimo, humilhante.

Senti o formigamento nas bochechas pior quando todos os olhares pousaram sobre mim, os três garotos me olhavam com curiosidade e só então percebi que eles eram realmente bonitos. E não era aquele bonito que apenas não é feio. Era bonito, bonito mesmo.

– Amiga nova? – Um deles perguntou a Julia rindo enquanto cutucava o outro descaradamente. Aquilo me deixou ainda mais constrangida.

– Ah! – Julia exclamou como se lembrasse de algo importante. Sem que desse tempo de reagir ela me puxou pelo braço para mais perto dela e consecutivamente mais perto deles. – Essa é Emily meninos.

– Emy, esse é Jean – Ela apontou – Mateus, e esse é meu irmão Ricardo. – Eu apenas sorri para os três.

– Muito prazer em conhecê-la mademoiselle – O mesmo garoto que segundos atrás havia feito à pergunta, que agora reconheço como Jean, foi quem pronunciou essa frase com o sotaque forçado mais ridículo que já ouvi em toda a minha vida. Acabou por fazer todos rirem, inclusive eu. Os outros dois apenas acenaram e sorriam e eu apenas derreti. Mentira, eu não derreti.

Para começar o tamanho deles já me humilhava, eu era semelhante a um duende do lado deles. Tá bom, eu estou exagerando bastante. Jean era do meu tamanho na verdade, talvez uns três centímetros mais alto do que eu. Agora os outros dois eram bem maiores. Vinte centímetros provavelmente não eram exagero.

Melanie tinha razão, o irmão da Julia era o que mais chamava a atenção ali, apesar de Mateus o acompanhar sem problema algum. Jean também era bonito, porém mais normal, com seus cabelos e olhos castanhos. Classificaria o cabelo dele como selvagem, mas era charmoso de qualquer forma.

Ricardo tinha cabelos negros espetados para cima com o que parecia ser gel e isso o deixava bastante atraente e de certa forma, exótico. Mesmo de longe a primeira coisa que se destaca nele é os olhos claros e brilhantes como um diamante. De perto, identifica-se que são azuis, um azul forte, incomum e intenso. O desenho dos olhos tem algumas semelhanças com os de Julia, porém a morena diferente dele tem a coloração do tipo mais comum de azul.

Exatamente como Melanie havia dito: era até meio constrangedor olhar para ele. A camisa com alguns botões abertos fazia brotar uma grande curiosidade. Eu não pude evitar pensar que ele joga no time da escola, o que exige uma boa forma física.

Mateus também possuía olhos invejáveis, castanhos meio esverdeados, usava óculos, porém eles não interferiam no olhar penetrante do garoto. Tem o rosto cuidadosamente desenhado em traços bem mais maduros que os outros dois, com cabelos castanhos e bem arrumados.

– Je suis enchanté de faire votre connaissance! – Eu me gabei com meu sotaque perfeito fazendo uma pequena vênia. Tinha feito aulas de Francês durante alguns anos e era hora de provar que não foi tempo perdido. As meninas me olharam admiradas.

– Desde quando você fala Francês? – Mel me perguntou rindo.

– Desde sempre – Eu retribuí e puxei as duas pelo braço. – Vamos embora.


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Notas finais do capítulo

Nota: Je suis enchanté de faire votre connaissance! - É um prazer conhecê-lo.

Pergunta do capitulo: Vilão ou mocinho? Quem você prefere?