Ironias do Amor escrita por Tortuguita


Capítulo 3
Prólogo – Parte III


Notas iniciais do capítulo

Proibido Fantasmas!
Não se esqueçam de marcar como favorito e recomendar quando tiverem um tempinho. Boa leitura :*



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Melanie Bass

Final de Abril, 2014

Mais um dia começa e o sol brilha com força lá fora enquanto eu estou aqui me espreguiçando mais uma vez, feliz por ainda ser sábado.

Muitas coisas aconteceram nos últimos dias, coisas boas e coisas ruins. Vamos começar por falar das ruins já que as melhores como uma regra sempre ficam para o final.

Com a cidade sem seus colírios não temos para onde olhar, nem com o que se distrair. A beleza se dissipou desse lugar e estou entrando em completo desespero. É, essa é a novidade ruim.

Quanto às boas: eu me tornarei uma pessoa mais normal em breve. Na minha amada turma existem alunos que se dedicam a diversos esportes. Há quem ame basquetebol, ginástica, voleibol, natação e até hipismo. Existe até alguns mais psicopatas que fazem mais que um esporte, e claro, depois tem eu, completamente excluída no grupo dos que gostam de dormir e não fazer nada o dia inteiro. Mas, como eu disse, isso vai mudar!

Tudo graças a nossa mais nova amiga Emily, que teve a brilhante ideia de entrarmos na claque do time de basquete quando formos para a faculdade e assim poderíamos “deixar ser gordas”. Eu nunca pensei que encontraria alguém tão preguiçosa como eu, mas ela consegue acompanhar, apesar de estar se esforçando para alterar o quadro de nossas vidas.

Na verdade foi fácil me convencer sobre a claque, à ideia de torcer pela equipe de basquete, que inclui o irmão da Julia e sua elite de gatões, é tentadora. Julia deu mais trabalho, ela odeia ser o centro das atenções, mas no final acabou cedendo. Agora só temos que entrar na faculdade, treinar e torcer para passar no teste.

Emily chegou a menos de um mês, mas sinceramente, parece que nos conhecemos faz séculos, eu não sei o que vou fazer da minha vida se não conseguir entrar naquela faculdade e ter que me separar dessas garotas incríveis.

Olhei para o relógio que repousava em cima de um dos moveis do quarto bem decorado, era quase meio dia. Restavam-me apenas uma hora para me arrumar decentemente antes de estar na porta da Julia. Desci e troquei o café da manhã pelo almoço.

(...)

Eu estava jogada no sofá marrom dos Branson quando a campainha tocou. Vi Julia atravessar o corredor e abrir a porta recebendo Emily com um abraço caloroso.

— Esta atrasada – Ela não pode deixar de reclamar.

— Deixa de ser chata – A outra disse e depois se jogou ao meu lado no sofá me dando um beijo estalado na bochecha.

— Eu não sou chata – Julia se sentou também. – Já escolheram o filme?

— Sim, vamos ver esse aqui – Virei à tela do computador para elas, — Cavalo de Guerra.

— O ator é lindo. – Emily comentou com um sorrisinho de canto.

— Eu sei, por isso que eu escolhi esse – Eu contei empolgada e a loira gargalhou. Julia limitou-se a girar os olhos.

Foi uma tarde e tanto. Três amigas, um filme que dá para chorar e uma bacia cheia de pipocas. O tempo passou a bacia ficou vazia e eu como sempre nem me importei em me conter, não sentia a necessidade de esconder nenhuma das minhas emoções daquelas duas garotas.

— Sério que isso é uma lágrima Melanie? – Ouvi a voz de Julia se dirigindo a mim. Era notório que ela se segurava para não cair na gargalhada.

— Dá pena do cavalo, tá bom? – Eu tentei me justificar limpando a lágrima teimosa – E eu sou sensível aos filmes com animais

— Aos filmes com animais? – Repetiu Emily como se pedisse por uma explicação.

— É verdade – Julia-intrometida me interrompeu – Nos vimos um filme de terror uma vez em que todo mundo morria e ela estava rindo como uma hiena feliz, mas quando foi aquele que tinha uma cadela qualquer que levou um tiro parecia que alguém tinha espancado ela.

— Não era uma cadela qualquer, era a Lacy! – Articulei emburrada e elas riram.

— Estou tão preocupada – A loira pronunciou repentinamente e eu lhe dei atenção – O ano vai acabar e eu ainda não decidi que curso fazer, sem contar que o exame está chegando se der errado não posso entrar em nada – Emily encarava o teto enquanto proferia a frase – Queria voltar a ser criança só para não ter que decidir. Parecia ser algo tão fácil, eu carreguei expectativas tão boas a respeito do dia em que tivesse que tomar essa decisão e agora eu estou aqui e acho que não sou capaz de decidir o que irei fazer durante o resto da minha vida.

— Não tem mesmo nenhuma noção do que você quer? – Julia perguntou parecendo preocupada também.

— Tenho. – Ela deixou de encarar o espaço branco e olhou para Julia, depois para mim – Eu gosto muito de animais, mas tenho alergia ao pelo, então desisti dessa ideia. Quero alguma coisa relacionada com laboratório, eu amo química e também amo biologia. Sei lá, eu gosto de toda essa área de pesquisas. – Ela parou por alguns segundos e respirou fundo – É um grande dilema. Mesmo se eu optar por encarar a Física e a Matemática num curso de engenharia na área da química ou da biologia, eu acho que conseguiria nota no exame alta o suficiente para entrar.

Aquelas palavras fizeram um PLIM na minha mente e pelo sorriso gigante que Julia implantou em seu rosto e o jeito que ela olhou para mim dava para se ter certeza que também houve um PLIM na mente dela. Foi automático, nós duas demos um gritinho empolgado e no mesmo instante Emily estava olhando para duas alienígenas fazendo algo parecido com um ritual de acasalamento.

— Eu vou pegar uma coisa – Julia saiu correndo e pulando quase tropeçando em seus próprios pés.

— Vocês duas tem algum tipo de problema mental? – A loira perguntou ainda espantada.

— É, acho que temos sim – Confessei.

(...)

— Ciências farmacêuticas – Julia pronunciou abrindo o manual de profissões numa pagina identificada com um marcador rosa. – É o que eu e a Melanie vamos fazer, podemos te contar tudo o que sabemos sobre a profissão e quem sabe você não goste.

— A gente pode continuar estudando juntas até sermos velhinhas – Eu quase gritei. Estava mais que entusiasmada, ia ser incrível se isso acontecesse.

— Vocês duas querem ser farmacêuticas? – Ela perguntou com um sorriso. Parecia gostar da ideia.

— Sim, mas vamos fazer especializações diferentes.

— Eu ainda não tenho certeza em que vou me especializar, mas ela aposta na dermatologia, cremes, produtos de beleza e essas coisas. – Apontei para Julia enquanto falava.

— Se você gosta de laboratório pode fazer pós-graduação na área de analises clinicas. - Julia sugeriu. Emily parecia meditar com um sorriso bobo em seus lábios.

— Ou então você pode ir para o curso de biologia, não vai ser no mesmo curso, mas também vai ficar perto da gente. Dá para seguir zoologia ou biologia marinha, já que você gosta de animais. Afinal nunca vi baleia com pelo - Sinceramente eu não achei muita graça no que eu disse, mas as duas rolaram no chão de rir e Julia após um ataque espantoso saiu correndo com a mão na barriga dizendo que ia fazer xixi.

Passamos o resto da tarde conversando sobre o que faz um farmacêutico e pesquisando algumas coisas na internet sobre biologia e tudo o que sonhávamos para o nosso grandioso futuro.

O importante é que se tudo desse certo iríamos juntas em busca do nosso sonho.


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Notas finais do capítulo

Pergunta do capitulo: Querido leitor, qual é o seu filme favorito?