Ironias do Amor escrita por Tortuguita


Capítulo 13
Liberdade


Notas iniciais do capítulo

Qualquer erro, sugestão ou critica podem falar. Beijinhos e boa leitura ♥



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Encostei-me ao murinho do bar esperando mais uma lata de guaraná, assim que ela foi colocada na minha frente a abri derramando o liquido na boca sem pesar.

– Guaraná? Não acha que esta sendo puritana demais? – Uma voz doce soou no meu ouvido e eu sorri assim que me virei.

– Tenho que me manter saudável Jason, quero viver muito.

– Como se isso aí fosse saudável. – Ele disse apontando para a lata em minhas mãos e meu sorriso aumentou.

No final da noite Jason me chamou para dançar, o garoto era do meu curso e acabamos por nos tornamos amigos numa das aulas de laboratório. Ele era bonito, simpático e muito fofo. Eu já tinha notado uma aproximação dele na ultima semana, mas agora suas intenções estavam bem mais explicitas. Segundo algumas bocas alheias Jason costumava ficar com uma garota que foi para outra cidade no final do ano passado, o que significa que está sozinho e consequentemente, caçando.


Decidi não deixar nada entre nós avançar, pelo menos não hoje, se ele queria algo comigo teria que fazer mais do que insinuações, sorrisinhos e bons passos.
Dançamos só uma musica e em seguida ocupamos uma mesa vazia no canto do salão para conversar.

– Até que você não dança tão mal quanto eu esperava. – Impliquei e ele contorceu o rosto numa expressão engraçada.

– Isso significa que eu não danço bem?

– Isso significa que eu estou brincando. – Ele sorriu.

Conversamos sobre varias coisas, principalmente do curso e a hora passou mais rápido do que eu esperava. Jason era uma ótima companhia, com um jeito agradável, que animava qualquer pessoa. Olhei por alguns instantes a mesa onde minhas melhores amigas estavam e vi Julia em pé procurando algo pelo salão, julguei ser eu. Despedi-me de Jason e fui até ela.

Julia realmente estava me procurando, assim que me aproximei ela passou um dos braços sobre os meus ombros dizendo que queria ir embora. Como já estava muito tarde e todos nós estávamos exaustos foi fácil convencer os garotos a voltar para casa.

(...)

Joguei-me na cama espaçosa ao lado das duas garotas, rindo enquanto compartilhávamos todos os acontecimentos da noite. Melanie contava o quanto o garoto, que eu incentivei a dançar com ela, beijava bem, e eu e Julia fazíamos caretas, horrorizadas com os detalhes.

– Preciso dar um jeito de pegar aquele papel ainda hoje. – Murmurei encarando o teto do quarto de Julia. – Ricardo está exausto e provavelmente bêbado, não terei oportunidade melhor.

– Onde estava o papel na ultima vez que você viu? – Julia se apoiou nos cotovelos para me encarar.

– No bolso dele. Você tem uma lanterna? – Com um pouco de sorte a calça estaria jogada em algum canto do quarto, só precisaria encontra-la.

– Não. – ela pareceu frustrada.

– Eu preciso arriscar. – Levantei-me.

– Se nós três entrarmos lá ele vai acordar, você tem que ir sozinha. – Melanie se esticou e pegou o meu celular em cima da cômoda. – Por que você não usa essa luz?

– Tudo bem, eu vou sozinha, mas se eu demorar muito tempo vocês duas vão até lá me salvar, certo?

– Tudo bem. – Melanie concordou empolgada. Na concepção dela era como se eu fosse para uma espécie de missão policial.

Caminhei silenciosamente pelo corredor, as duas garotas me observavam pela fresta da porta. Eu prendi o riso quando Melanie começou a tagarelar e Julia brigou com ela, a morena encostou a porta em seguida, deixando o corredor ainda mais escuro.

Desbloqueei o telefone e me guiei com a ajuda da luz que emergia da tela até chegar à porta que sabia ser a dele. Vagarosamente a abri temendo acordar o garoto.
Movi meu corpo para dentro do quarto procurando a calça pelo chão, iluminei a cama para me certificar que ele estava dormindo e meu corpo paralisou. Demorou alguns segundos para que a raiva momentânea evaporasse e eu conseguisse pensar no que fazer agora que descobri que ele dormiu vestindo a maldita calça. Droga.

Coloquei o telefone sobre a cama com cuidado para ter um pouco de luz. E o que aconteceu em seguida foi o momento mais constrangedor de toda a minha vida, eu não queria nem pensar na possibilidade dele acordar enquanto eu estivesse futucando no bolso de sua calça. O que explicaria a ele? Como provaria que não sou uma psicopata tarada?

Mesmo estando com medo consegui verificar um dos bolsos e não encontrei nada. Inclinei-me sobre a cama para alcançar o outro, me esforçando para não tocar nele.

Não percebi quando o peso da minha perna fez a ponta do colchão afundar ligeiramente, se transformando em uma rampa perfeita por onde meu telefone deslizou e foi parar no chão, provocando um baque agudo. Eu congelei esperando que ele não se movesse, mas não poderia ter certeza se ainda estava dormindo ou não, uma vez que não tinha mais luz.

Autocontrole. Era realmente tudo o que eu precisava naquele momento.

Antes que eu pudesse me afastar e correr dali a luz invadiu o cômodo, meu coração acelerou e a adrenalina percorreu meu corpo.

Encarei o moreno assustada por alguns segundos. Ele piscou algumas vezes tentando acostumar com a luz repentina, estava apoiado em uma das mãos, enquanto a outra segurava o interruptor do abajur. Meus olhos brilharam quando foram de encontro com o pedaço de folha branca que estava em cima da cômoda.

– Emily, se você queria ficar comigo era só pedir. – Ele disse com uma voz calma e ligeiramente rouca. A informação contida ali demorou a me atingir e assim que isso aconteceu me deu vontade de acertar um soco no nariz dele. Ele deveria ter brigado comigo, me colocar para fora, ou qualquer coisa do gênero, e não agir como se uma garota invadir o quarto dele fosse algo normal.

– Eu... – Sussurrei tentando parecer desconcertada, ganhando tempo para calcular meus próximos movimentos.

Tudo aconteceu muito rápido, num único impulso eu o empurrei da cama e saltei até a cômoda apertando com força o papel nas mãos. Pulei por cima dele para sair do quarto, mas me lembrei do telefone e voltei. Peguei o aparelho, a bateria e a capa que se espalharam pelo chão na queda e voltei correndo em direção à porta.

Para a minha desgraça, antes que eu pudesse sair ele segurou a minha perna me fazendo tropeçar. Tentei recuperar o equilíbrio e no processo ele já estava de pé segurando um dos meus braços com força.

– Me solta. – Disse mais alto do que deveria e ele tapou a minha boca com uma das mãos e me arrastou para longe da porta.

– Você não vai sair daqui com esse papel. – O halito quente bateu contra a minha bochecha, uma mistura de álcool e pasta de dentes invadiu minhas narinas. Os poros do meu corpo reclamaram pela aproximação e eu me sacudi para escapar dos braços dele. Se eu não saísse dali certamente iria agarra-lo.

Juntando toda a minha força de vontade eu acertei um chute na canela dele. Foi o suficiente para ele grunhir com a dor e afrouxar as mãos que me seguravam. Num puxão eu me soltei e corri pelo corredor, entrei no quarto de Julia fechando a porta e girando a chave com movimentos quase desesperados. Encostei as costas na porta e escorreguei até sentar no chão tentando controlar minha respiração descompassada pela correria.

Julia e Melanie estavam paradas na minha frente, me encarando assustadas e receosas. Assim que consegui me acalmar deixei que um sorriso vitorioso se apoderasse do meu rosto, rasguei o papel em pedacinhos e espalhei-os dramaticamente pelo chão, antes de expor meu contentamento verbalmente.

– A brincadeira acabou.


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Notas finais do capítulo

Pergunta do capítulo: Querido leitor, quem é o seu personagem preferido da historia?