Ironias do Amor escrita por Tortuguita


Capítulo 10
Malditas palavras


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, não esqueça de comentar :*



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Emily Sanders

Não basta ter que acordar cedo em plena segunda-feira com resquícios de um resfriado ou ter que enfrentar mais um dia terrível estudando e tentando me concentrar em aulas teóricas extremamente chatas, não, não basta. Eu ainda tenho que começa-lo tendo que aturar o irmão insuportável e lindo da minha melhor amiga.

Vi Ricardo atravessando o pátio em minha direção assim que cheguei, ele tinha brilho diferente nos olhos, um brilho que me deu... Medo.

– Sabe Emily, se você pretende mesmo fazer com que acreditem que me odeia, deveria parar de falar sobre mim por ai. – Disse com um sorriso perverso dançando em seu rosto, detalhe que fez com que minha espinha gelasse. Eu tive um déjà vu ao ouvir aquela frase, eu disse isso a uns dias atrás, mas do que ele estava falando?

– Não enche, – Tentei parecer desinteressada, mas o teatro foi em vão, tenho certeza que estava escrito na minha testa o quanto eu estava tensa com a acusação. Forcei minha memória para tentar me lembrar da ultima vez que falei dele ou alguma situação que ele pudesse ter ouvido, mas nada se fez presente. – Eu não falo sobre você. – Completei rápido. Como eu tinha culpa no cartório, tudo o que eu queria era por um fim naquela conversa.

– Não mesmo? – Ele começou a andar lentamente em volta de mim, como um predador que cerca a sua presa. O sorriso vitorioso em seus lábios me fazia temer o que estava por vir. – Você não deveria estar prestando atenção na aula em vez de trocar bilhetinhos? – Bilhetes, aula, Ricardo, borracha, estojo. Tudo fez sentido de repente e eu morri e ressuscitei ali mesmo, meu corpo paralisou e meus olhos se arregalaram numa expressão de choque. Ricardo parou de andar me encarando satisfeito. – Hm, qual foi a minha parte preferida mesmo? – Ele começou um monologo se fingindo de pensativo, o que começou a fazer meu sangue esquentar de raiva no mesmo instante – Acho que foi quando você deixou bem claro o quanto queria me agarrar. – Cafajeste! Minha mente gritou. – Parece que não passa de atuação o ódio que você demonstra ter por mim perante todo o campus.

Dava para ver na cara dele que estava fazendo uma força descomunal para não cair na gargalhada, mas seus olhos riam por ele e isso me deixava cada vez mais furiosa.
Eu não sei qual sensação era pior; ódio ou vergonha. O que eu sei é que estava vermelha, roxa, lilás, arco-íris, de tanta vontade de bater nele.

– Eu vou matar a Julia. – Proferi lentamente pausando entre cada palavra para manter o controle. Virei lentamente e puxei todo o ar possível para dentro dos meus pulmões, ele segurou meu braço, me impedindo de ir embora e eu temi ser presa após o assassinato que estava planejando em minha mente perturbada.

– Ela ainda não sabe, e o resto da escola também não. – Ele sorriu sugestivo e eu tive certeza de que estava muito ferrada. – Seu segredo permanecerá guardado comigo, a não ser que eu fique entediado e resolva espalhar isso por ai.

– Você é um idiota! – Eu rosnei. Arrependendo-me logo em seguida de ter desafiado, nessa situação o melhor era calar a minha boca gigante. Mas não, eu tinha que continuar tentando arrumar uma saída e me lascando cada vez mais. – Basta eu dizer que não fui eu que escrevi aquilo.

– Qual é Emily? Você acha que eles vão acreditar em você ou em mim? Sem contar que não é muito difícil de provar. – Ele riu – Sua letra é bastante singular.

– As garotas dessa escola dizem coisas piores que aquilo. – Tentei mais uma vez. Queria provar a mim mesma e a ele que aquele maldito papel não era um problema. Não significava nada.

– As garotas dessa escola não dizem que me odeiam. – O sorriso debochado continuava ali – Não vale a pena você fingir que não se importa, você estaria ferrada de qualquer forma, – ele riu novamente –, era só passar o papel e eu não precisaria me dar ao trabalho de fazer sua cova, alguém faria isso por mim e você sabe disso. – No mesmo instante a bruaca da Diana invadiu a minha mente, mas eu xotei ela de lá.

– Você se arrependeria amargamente por isso. – Senti meu sangue borbulhar em minhas veias. Ele não podia me ameaçar com aquilo.

– Ah, eu não me arrependeria não. – Ele sorriu cruelmente, deslizando o dedo indicador pela minha bochecha. Acertei um tapa na mão dele e estremeci em fúria quando ele riu ainda mais. – Se você se comportar ninguém vai saber sobre suas confissões, não se preocupe.

Ele foi embora e eu fiquei ali parada, respirando fundo e buscando controle para não quebrar tudo. Com a raiva acumulada que eu estava era capaz de demolir três faculdades daquela. Eu não podia acreditar que agora teria que lidar com as chantagens daquele desgraçado. Por que a Julia não jogou o maldito papel fora? Por que eu fui falar dele? Que ódio!

(…)

– Eu vou matar você. – Foi a primeira coisa que eu disse quando vi a minha futura-ex-melhor-amiga. Julia instantaneamente se escondeu atrás de Melanie, que já tinha as mãos erguidas sinalizando que não tinha feito nada. – Como você deixa seu irmão ler nossas conversas? – Deveria estar saindo fumaça da minha cabeça, porque elas me olharam preocupadas.

– Que conversas? – Melanie perguntou confusa enquanto a outra nem se moveu lá atrás.

– O papel! Aquele maldito papel está nas mãos do Ricardo nesse exato momento. Tem noção do quanto eu estou ferrada?

Mel saiu da frente da amiga e virou para encarar a morena atrás dela. Julia estava parada como uma estatua numa expressão de perplexidade. Ou talvez não, seria mais correto chamar de bomba relógio, que de repente “bom”!

– Eu vou matar aquele verme! – Aquilo ecoou. – Como ele teve a capacidade de mexer nas minhas coisas?

– Você que mandou ele pegar a borracha Julia – Reclamei sentando-me em um dos bancos do jardim. Afundei meu rosto em minhas mãos tentando pensar em uma solução possível para aquilo.

– Mandei ele pegar a borracha, – Ela andava de um lado para o outro. – não o papel!

– Você devia ter rasgado aquilo e jogado no lixo. – Melanie murmurou.

– Ele não te disse nada? – A pergunta foi para Mel apesar de não ter tirado o rosto das mãos.

– Não, e nem faria sentido, eu não fico arrumando confusão com ele e, além disso, eu já disse aquilo diretamente para ele. – Ela admitiu e eu encarei-a incrédula – Foi jogando verdade ou consequência, eu não tive culpa. – Se defendeu erguendo as mãos.

A paciência de Julia é completamente admirável, ela aguardou o período de aulas terminar sem nenhum ataque, gritaria ou escândalo, como se controle fosse a coisa mais fácil do mundo. Enquanto eu estava subindo pelas paredes, querendo arrebentar a cara de todo mundo e reclamando o tempo todo. Cheguei a duvidar que Julia estivesse realmente se importando com aquilo, mas a prova de que ela esteve com raiva acumulada durante todo aquele tempo surgiu quando os dois entraram em casa e a porta se fechou. Não dava para considerar aquilo uma discussão porque a única voz era a de Julia, mas ela parecia muito irritada.


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Notas finais do capítulo

Pergunta do capitulo: Querido leitor, você já se apaixonou?