Tale As Old As Time. escrita por Jajabarnes


Capítulo 10
Both A Little Scared, Neither One Prepared.




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Barely even friends

Then somebody bends

Unexpectedly

Just a little change

Small, to say the least

Both a little scared

Neither one prepared

Beauty and the Beast

Mal se tornam amigos

Então alguém se curva

Inesperadamente

Apenas uma ligeira mudança

Pequena, só pra começar

Ambos um pouco assustados

Nenhum dos dois preparados

A Bela e a Fera...


            Senti meu frágil e vivido coração palpitar em meu peito, trazendo-me de volta ao presente. Abri os olhos e num segundo não estava mais no baile de aniversário de Lucia e sim de volta ao meu quarto aquecido pelo fogo da lareira. Olhei uma ultima vez pela janela, vendo os finos flocos de neve que começavam a cair sobre a cidade. Saí dali e vi o relógio marcar três horas da manhã, ali, sobre a lareira, ele era insignificante entre ela e o grande quadro acima dela.

            Na tela estava pintado um retrato meu, com a jovialidade que hoje o tempo esconde. Parei, fitando-o e sentindo um sorriso se formar em minha expressão.

            Lembro-me do dia em que aquela imagem fora pintada. Durante um tempo eu pintava meus amigos em telas e lhes presentava com as mesmas, mas então Caspian resolveu que era vez de eu aparecer em uma delas. Claro, eu não iria aceitar, mas ele disse que não aceitava não como resposta então eu tive que concordar. Mas antes disso, aconteceu outra coisa.

            Era domingo. Uma semana depois do aniversário de Lucia. O sol estava tímido atrás das nuvens pesadas do clima frio. Todos resolveram me fazer uma visita. Edmundo e Jill chegaram primeiro com Lillian e depois chegou Lucia com o irmão que “apenas” havia vindo trazê-la, mas, depois de Lillian e Jill insistirem muito, Caspian concordou em ficar. Elas comemoraram e então fomos para o jardim, Lucia e Jill caminhavam mais a frente conversando animadamente, depois vinha Lillian e eu e, mais atrás, Caspian e Edmundo.

            Nós mulheres usávamos vestidos leves afinal, embora aquele dia fosse de outono, estava um clima agradável. Sentamos na relva amarelada próxima ao pequeno lago que havia no vasto quintal. Os rapazes conversavam mais distantes de nós e logo Polly com mais duas empregadas vieram nos servir trazendo sucos, pães, bolos e doces.

            - Quais as novidades, Su? – perguntou Lucia entretida enquanto mordia um pão de mel.

            - Nada de interessante. E vocês?

            - Jadis concordou em fazer meu vestido de noiva! – comemorou Lillian.

            - Ah, ela vai ter que fazer os nossos também! – falou Jill fazendo Lucia e eu a encararmos. – Digo nossos vestidos para o casamento não o vestido de casamento. – corrigiu-se. Nós respiramos aliviadas. Lillian riu de nossas expressões.

            - Ele já marcou a data, Lillian? – perguntei.

            - Já sim, será dia vinte do mês que vem. – respondeu sorrindo de orelha à orelha. – Já mandei preparar os convites, logo, logo vou encaminhá-los.

            Embarcamos em mais uma enxurrada de assuntos até que as primeiras gotas de chuva nos obrigaram a voltar para dentro.

            - Susana, vem logo, sai dessa chuva! – gritou Polly da varanda enquanto eu dava passos extremamente lentos em direção a ela. Eu sorri.

            - E perder a delicia que está isso aqui?! Nem pensar!

            Lucia e Jill trocaram um olhar, dando um sorriso travesso, descendo a varanda correndo, vindo ao meu encontro rindo. A chuva estava tão grossa que elas chegaram completamente encharcadas até mim e eu não estava muito diferente.

            - Susana! – ralhou Polly.

            - Pare de reclamar e venha logo, Polly! – berrei.

            - Você também, Lilly! – gritou Lucia.

            - Não, obrigada. – ela ria.

            - Ed! – chamou Jill.

            - Ah, não... – falou ele.

            - Caspian? – Lucia fez doce.

            - Desiste. – ele riu. Ela saltitou até ele e pediu novamente com aquele jeitinho que só ela sabia e que ninguém conseguia negar. Caspian rolou os olhos cedendo, então Lucia o puxou para a chuva. Jill comemorou.

            - Ed! – chorou ela poucos segundos depois. Quando o mesmo não se moveu, ela caminhou até a varanda com uma expressão aborrecida. – Se não for por bem vai por mal. – alertou ela com ambas as mãos na cintura, encarando Edmundo. Ele, por sua vez, sorriu provocante e cruzou os braços, desafiando-a. – Vai por mal...? – ele não respondeu. – Tudo bem então... – a voz dela saiu chorosa e eu sabia que Edmundo não iria resistir àquele “por mal” da astuta Jill Pole. A expressão desafiadora dele se transformou em preocupação e ele descruzou os braços.

            - Jill, Jill! – chamou. – Tudo bem, eu vou! Eu vou, mas pare de chorar! – suplicou enquanto Lilliandil quase não se mantinha em pé de tanto rir. Num instante as lagrimas de Jill cessaram e um sorriso se formou em seus lábios arrastando Edmundo até nós. Lucia, Caspian e eu começamos a rir.

            - Eu não vou ficar sozinha aqui! – disse Lillian logo correndo atrás de Edmundo. Polly balançou a cabeça negativamente, mas foi entregue por seu sorriso, observando-nos debruçada sobre o parapeito da varanda.

            - Estamos parecendo um monte de loucos... – Lucia riu.

            - Mas o que seria da vida sem um pouco de loucura? – perguntou Edmundo.

            - Não deem bola para ele, Edmundo bateu a cabeça com muita força quando caiu da escada. – disse eu. Edmundo me deu língua.

            - Você caiu da escada? – perguntou Jill.

            - Só uma vez – ele cruzou os braços – E eu não caí, só escorreguei no ultimo degrau, para a sua informação. – falou para mim. Os outros riram. Um raio cortou o céu e o estrondo fez Lucia gritar e saltar no pescoço de Caspian. Próximo a um arbusto havia alguns galhos, Edmundo pegou dois.

            - Um duelo, Susana? – entregou-me um deles.

            - Ed, dança comigo?! – perguntou Jill fazendo carinha de anjo. Edmundo olhou para ela, depois para mim, depois para ela de novo, para mim e em seguida para Jill. Eu ri.

            - Vai logo! – falei enquanto Lillian e Lucia se afastavam para o lago.

            - Já que insiste. – Edmundo deu de ombros mal contendo o sorriso. Entregou seu galho a Caspian antes de se afastar com Jill. Começamos a caminhar, rumo ao sul, nos afastando mais e mais da casa. Então eu decidi falar.

            - Você sabe lutar? – perguntei.

            - Está falando com um mestre. – brincou com um sorriso torto enquanto se posicionava a minha frente, empunhando o galho como se fosse uma espada. Fiz o mesmo, rindo. Encaramo-nos de um jeito provocante e desafiador ao mesmo tempo.

            Ataquei primeiro e ele bloqueou meu golpe, tentei mais uma vez e novamente Caspian aparou, sustentando-o com seu galho ao mesmo tempo em que eu forçava o meu contra o dele. Caspian pôs um fim aquilo se afastando de mim e começando a golpear-me seguidas vezes, fazendo-me recuar à medida que ele avançava até que contra-ataquei golpeando com força.

            E assim nós duelávamos enquanto Edmundo e Jill dançavam ao som de musica alguma, próximos a casa e Lucia e Lillian gritavam enquanto corriam de dois sapinhos esverdeados que saíram do pequeno lago.

            Golpes e mais golpes até que consegui desarmar Caspian e derruba-lo, ajoelhei-me ao seu lado depois de jogar meu galho para longe.

            - Parece que a aprendiz superou o mestre. – eu ri e Caspian sorriu de canto com as costas sobre a relva amarelada. Levantei. Iria dar um passo quando senti um impacto em minhas pernas e antes que eu pudesse reagir, ou até mesmo pensar, eu estava caída sobre a relva ao lado de Caspian. Ele ergueu-se nos cotovelos para me olhar com um sorriso radiante no rosto.

            - A aprendiz esqueceu-se de um detalhe importante. Nunca dê as costas para seu oponente. – falou. Eu ri.

            Novamente aquele contato visual se estabeleceu intensamente entre nós, o sorriso de Caspian foi se desfazendo a medida que as gotas de chuva deslizavam por seu rosto e caíam no meu. Seus dedos tocaram minha face e meu coração palpitou em meu peito quando senti sua respiração cada vez mais próxima...


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Notas finais do capítulo

O que acharam da capa nova? E do cap? Espero que tenham gostado!
Beijokas!!