Suzana PDV

Acordei confusa, onde eu estava? O que tinha acontecido comigo? Só me lembro de dois rostinho, meu menino e minha menina. Onde eles estavam? Estavam bem? Tantas perguntas.

Levantei minha cabeça levemente, movimentei meus braços, observei ao meu redor. Ainda estava na enfermaria de Carlisle mas estava vestida, e não era com o pijama que eu dormia todas as noites e sim com um vestido florido.

– Edward leu seus pensamentos um dia, enquanto você dormia. Você gosta de flores.

Olhei para a porta e encontrei Esme.

– Estávamos todos querendo saber como você ficaria, eu estava preocupada com você, não sabe como eu e Rose ficamos aflitas – ela veio até a maca e me abraçou - depois eu fiquei preocupada em relação a transformação, você não demonstrava sinais de mudança, mas lembrei que com Bella foi a mesma coisa, por causa da morfina você não gritava, mesmo assim não sabíamos se o veneno faria efeito.

– Veneno? – lembrei de Bella me mordendo.

– Pelo visto ocorreu tudo normalmente. Como você está se sentindo?

– Com sede, mas nada diferente do normal.

– Ótimo, acho que a sua condição anterior de híbrida te ajudas agora como uma vampira.

– Esme, por quanto tempo fiquei desacordada?

– Dois dias – ela mexia no meu cabelo, colocando-o atrás da orelha.

– Onde eles estão?

– Lá embaixo. Preparada pra descer?

Balancei a cabeça concordando com ela. Não tinha reparado ainda como o dia estava bonito, com o céu sem nuvens e o sol visivelmente forte.

Calcei as sapatilhas que estavam ao lado da cama e me levantei, fomos andando em direção a porta, Esme segurando minha mão. No corredor eu parei em frente ao espelho, eu estava diferente. Minha pele já era branca mas agora estava mais ainda e pálida. Mas o que mais me chamou a atenção foram os olhos, que agora estavam vermelhos.

– Diferente, mas continua linda.

– Obrigada.

Descemos as escadas em silêncio. Chegamos no primeiro andar. Bella e Renesmee estavam uma ao lado da outra brincado com um bebê.

– Suzana! - Nessie se levantou e correu até mim. Ela me abraçou forte - eu fiquei com tanto medo, pensei que fossemos te perder.

– Eu também, mas no final tudo acaba bem, de uma maneira ou outra. Agora eu me sinto diferente.

– Você está diferente, mas continua linda. Continua nossa Suzana.

Sorri com a declaração "nossa Suzana".

– Parece que eu fiz um bom trabalho - Bella disse quando veio me abraçar - você está ótima! Mas acho que tem duas pessoas que você gostaria de abraçar antes de nós, mas você terá que esperar pra conhecer a outra.

Bella passou Blair pro meu colo. Ela era branquinha, com grandes olhos de uma cor que eu não distingui direito, não sei se eram verdes ou azuis, com os cabelos ruivos claros puxados pro castanho. Ela veio para meu colo com muita tranquilidade, esticou os bracinhos na minha direção.

– Essa é sua mãe Blair, é dela que nós te contamos - quando ela ouviu isso começou a se agitar no meu colo, e deitou nele logo em seguida com os bracinhos abertos. Sua risada era tão gostosa de ouvir, eu vi os dentinhos dela, lindos e branquinhos, ainda nascendo - Acho melhor deixar vocês sozinhas.

Bella, Nessie e Esme saíram da sala me deixando sozinha com Blair. Como o esperado ela não aparenta ter dois dias de vida. Apesar da pouca "idade" ela entendia qualquer pessoa melhor do que um bebê normal, fui para a varanda com minha pequena, encontrei uma chupeta e ela a colocou na boca.

Fiquei levantando ela no ar, como meu pai fazia comigo.

"Mais alto papai, mais alto"

O céu estava azul, sem nenhuma nuvem a mostra. O sol brilhava como uma intensidade maior que a dos outros. Eu sentia o calor na minha pele lutando com as mãos frias de papai.

Depois de tanto girar, caímos no chão, sem motivos, apenas deitamos na grama. Essa é uma das coisas que mais amo, morar no campo, afastada de todos, só eu e papai, sem precisar se esconder. Deitei no seu peito e fiquei lá, olhando pro céu.

"Te amo tanto, minha pequena"

"Te amo mais papai. Eu queria ficar aqui pra sempre, sempre e sempre com você"

"Você sabe que eu sempre vou estar com você, mas que não vamos ficar aqui pra sempre, vamos viajar, conhecer pessoas novas mas você vai sempre lembrar dos momentos e das pessoas que são importantes pra nós, principalmente eu e sua mãe, Suzana, você vai sempre carregar a gente aqui, sempre estaremos aqui, não importa o que aconteça" - ele colocou a mão em meu peito.

"No meu pingente de coração?" eu ri e ele fez cócegas em mim.

"Não, apesar dele ser a única coisa de sua mãe que nós temos, você sabe que eu dei pra ela, mas eu me referia ao seu coração, sempre estaremos nele"

"Sempre e pra sempre" eu concordei.

Lembrar de papai me deixava feliz e triste ao mesmo tempo, a saudade me fez abraçar Blair. Voltei a brincar com ela, colocando-a em meu colo e mexendo as minhas pernas, como se fosse cavalinho. Ele não parava de rir.

Mesmo depois de um tempo ela não se cansava, mas começou a reclamar um pouco. Eu dei a chupeta para ela, porém ela começou a chorar.

– Não chora - eu pedi - você está com fome?

Fui até a geladeira, tinha mamadeiras com sangue e outras com uma mistura de leite com alguma coisa. Todas as mamadeiras estavam rotuladas com um nome e com um horário.

– Pode dar essa daqui pra ela - Esme pegou uma mamadeira verde e me entregou.

– Você me assustou - eu disse sorrindo pra ela - ela não deveria tomar sangue?

– Eles gostam de leite e de sangue também, mas o sangue eles preferem tomar de noite.

– Eu sei que estou me divertindo aqui com ela, mas eu não me esqueci do Thomas. Onde ele está?

– Está todo mundo no chalé, mas não se preocupe, ele estava dormindo quando você acordou. Eu liguei pra lá. Você vai ve-lo em breve.

– Isso foi um teste? - ela me olhou estranho - você sabe, eu com apenas um deles.

– Nós queriamos ver se você aguentaria ficar com ela.

– Você estava sempre por perto.

– Sim, mas por favor querida, não entenda da maneira errada.

– Eu sei, você só pensou na segurança dela. Está certa.

– Mas você tem um auto controle forte, não sei se é porque já era parte vampira ou porque foi Bella quem te mordeu. Quem sabe um dia descobriremos.

– Está parecendo o Carlisle - nós rimos.

– É muita convivência com ele. É melhor você alimenta-la logo, antes que ela se estresse.

– Vou para o quintal com ela. Só uma pergunta. Onde estão aquelas mamadeiras rosas?

– Ela não tomava nada nas rosas, apenas na verde. Acho que ela gosta da cor.

Fui para o quintal com ela onde sentei na grama, em baixo de uma árvore e deitei Blair em meus braços, ela tirou a chupeta e eu coloquei a mamadeira em sua boca, ela estava com fome, muita pelo visto, estava tomando o leite muito rápido.

– Calma - eu falei rindo.

Ela terminou de mamar e começou a fechar os olhinhos. Em pouco tempo ela adormeceu, eu contribuí ninando ela suavemente. Não me importei de ficar olhando pra ela dormindo.

– Eu amo você, Blair, minha pequena.