POV Alice

À noite quase não consegui dormir, me sentia mal e com medo, me sentia mal pelo que falei para Harry e estava com muito medo do que o médico iria me falar. Revirei na cama até pegar no sono, mas parece que 5 minutos depois o relógio despertou avisando que estava na hora de eu me arrumar para ir ao médico.
Levantei, tomei meu banho e me arrumei. Fui até a cozinha onde minha mãe já me esperava pronta

– Como você está minha princesa? – ela perguntou apoiando-se nas muletas

– Estou nervosa – respondi

– Eu também meu amor, mas é melhor irmos logo – ela beijou minha testa.

Ficamos uns 5 minutos esperando o ônibus, quando chegamos ao hospital minha mãe foi conversar com a recepcionista e eu me sentei em uma cadeira. Meu coração estava a mil, eu estava tremendo, estava muito nervosa. Minha mãe se sentou ao meu lado, ela pegou minha mão e a beijou

– Calma meu anjo – ela sussurrou

– Alice Hausenback – o médico chamou. Meu coração bateu mais forte. Eu e mamãe o acompanhamos até sua sala – sentem-se, por favor. Olá dona Lúcia, Alice, como estão?

– Estamos bem doutor, obrigada. – minha mãe sorriu

– E então Alice, como tem se sentindo?

– Na, eu tenho andado um pouco mais cansada ultimamente, às vezes eu tenho falta de ar... Mas, doutor me diga, por favor, o que eu tenho? – falei quase que chorando. Ele uniu as mãos e olhou seriamente para minha mãe e depois para mim

– Alice, você tem Leucemia Linfocítica Crônica, é um tipo de câncer sangüíneo. LLC é a forma mais comum de leucemia em adultos, é muito raro casos como o seu acontecerem

– E isso tem cura doutor? – minha mãe perguntou já que eu não conseguia falar, minha voz tinha desaparecido, eu estava angustiada, me sentindo fraca, com vontade de chorar.

– Infelizmente... Não – ele abaixou a cabeça. Foi o suficiente para eu ver tudo rodando, tudo ficar borrado e de repente, tudo escureceu. Eu estava morta? Se não, eu preferia que sim, pois não suportaria ver as pessoas que eu amo sofrendo por minha causa. Se essa era a morte, tudo bem para mim, eu a aceito.

–

– Alice... – ouvi uma voz de longe me chamar, a voz parecia angustiada, havia medo. Aos poucos voltei a mim. Abri meus olhos de vagar, pisquei forte algumas vezes para me acostumar com a luz. Logo reconheci o lugar, eu não estava morta, ao menos ainda não. Eu estava deitada em uma cama do hospital – aaah minha princesa, graças a Deus – minha mãe me abraçou e chorou

– O que aconteceu? – perguntei. Minha voz saiu como um sussurro

– Você desmaiou Alice – ouvi a voz o doutor atrás de minha mãe. Eu respirei fundo

– Quanto tempo... – não consegui terminar a frase, mas ele sabia do que eu estava falando

– Em média cinco anos, mas se você começar um tratamento agora, essa doença pode ser controlada lhe dando muito mais tempo. Embora geralmente considerada incurável, a LLC progride lentamente na maioria dos casos. Muitas pessoas com LLC levam uma vida normal e ativa por muitos anos e em alguns casos por décadas.

– E os tratamentos, como são doutor? – minha mãe perguntou apertando minha mão

– O tratamento da LLC é focado no controle da doença e seus sintomas ao invés da cura. LLC é tratada pela quimioterapia, radioterapia, imunoterapia, ou transplante de medula óssea

– Esse transplante doutor...

– Ele apresenta grande risco por isso recomendamos os outros tipos de controle, recomendo você vir ao médico, pelo menos uma vez por mês para ver se sua doença progrediu ou continua no mesmo estágio que por enquanto é o A, o que é um bom diagnóstico.

Depois de o médico ter me dado alta e me recomendado alguns remédios, nós fomos para casa. Eu fui direto para meu quarto e me joguei na cama, comecei a chorar como se não houvesse amanhã. Senti as mãos de minha mãe alisar meus cabelos

– Calma meu amor, você ouviu o que o doutor disse, vai ficar tudo bem – sua voz saiu embargada pelo choro, ela me abraçou e ficamos ali chorando por um bom tempo. Eu não queria estar doente, eu não queria fazer tratamento, eu não quero que os meus cabelos caiam. Agora, eu me pergunto; como tudo será daqui para frente? Como minha mãe irá ficar sem mim? Não sei e tenho medo de descobrir