Love Come Down escrita por Lustin


Capítulo 16
Smooth criminal


Notas iniciais do capítulo

Nem demorei, hein! Espero que gostem desse capítulo.



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''Kenny no volante, Pattie ao seu lado. Nos bancos traseiros, Scooter na janela esquerda e Ryan na direita. Justin e eu no meio.

Uma mistura de odores e perfumes diferenciados preenchia o ar presente ali.

Meu corpo foi invadido por uma onda furiosa de entusiasmo, desencadeando vários outros sentimentos.

Ali, dentro daquele carro, seria o mais perto que eu já pude chegar do meu refúgio feliz.''

– Justin, você contou a Marine para onde estamos indo? – indagou Pattie, quebrando o breve silêncio.

Meu coração pulsou irregular quando meus canais auditivos captaram a pronuncia de meu nome por uma voz perfeitamente cordial.

– Não, gosto de surpresas – replicou ele em tom normal. Seu corpo estremeceu ao meu lado por conta da vibração que sua voz proporcionou.

Nossos braços estavam levemente em contato. Nossas peles se tocavam de modo inconsciente, não havia relevância na temperatura, era quase a mesma. Partes de nossas pernas também se tocavam constantemente. Eu estava, praticamente, colada posteriormente ao corpo de Justin. O espaço era pequeno para hospedar quatro pessoas.

Passávamos por ruas totalmente desconhecidas por mim. A cada ponto que dirigia meus olhos curiosos e atentos, encontrava uma novidade. Pessoas caminhavam calmamente pelas calçadas limpas da cidade. As expressões alteravam-se. Algumas traziam expressões irritadas; sobrancelhas visivelmente vincadas em um perfeito V. Outras eram completamente lívidas. E algumas pessoas, não traziam expressão alguma. O trânsito ali não existia. Os carros passavam em velocidade normal por nós, ignorando-nos completamente.

Voltei minha atenção às pessoas a minha volta. Logo meus sentidos clarearam, mostrando-me um ambiente de perfeita descontração e cumplicidade. As vozes ainda soavam distantes e distintas no fundo de minha mente, mas meus sentidos jamais me trairiam. Podia sentir o corpo de Justin sacudindo ao meu lado.

As vozes e risadas estrondosas tomaram proporção em meu cérebro desnorteado, fazendo com que minha visão abrisse caminhos até meu tato e audição, desse modo, ligando totalmente os pontos indistinguíveis; trazendo um encaixe perfeito de imagens em minha mente.

O rádio estava ligado á uma alta frequência, fazendo com que as janelas pretas esfumaçadas tremessem junto á batida estrondosa. O corpo de Justin estremecia ferozmente ao meu lado, ele ria, gargalhava e deixava sua voz fluir com perfeição de suas cordas vocais. Ele estava cantarolando, gritando e fazendo sons rítmicos com os dedos no banco de coro a sua frente acompanhando a melodia de ‘’Old School Flow’’com a ajuda de Kenny que mantinha as mãos como uma concha em frente sua boca improvisando uma batida, os olhos brilhando em divertimento. Ryan também ajudava a formar a melodia fazendo uma voz de fundo, repetindo algumas frases e o refrão da música.

Pattie e Scooter riam das piadas feitas em meio á bagunça que estava virando. Pattie, visivelmente, adorava a voz do filho e sorria em puro orgulho quando o ouvia.

– Cara, a Mama vai te matar, era para você estar preservando sua voz até o cair da noite – interferiu Ryan, atraindo a atenção de todos.

Kenny diminuiu o volume do rádio que continuava a gritar a música estrondosamente.

– Tinha até esquecido... – Justin revelou seu maior e melhor sorriso amarelo.

– Ele tem razão, Justin, vamos parar um pouco com a cantoria – dessa vez, Pattie se pronunciou em tom rígido.

– Ah! – Justin proferiu uma lamúria, deixando seus ombros flácidos. – Qual foi galera! Só mais umas notas, não vai influenciar em nada...

– Justin... – Pattie o repreendeu com o olhar pelo retrovisor. Seu olhar parou, poucos segundos após, em mim.

– Parem! –Ryan soltou um grito totalmente audível, com uma voz engrossada até então desconhecida por mim.

Justin deu um pulo ao meu lado. Scooter remexeu-se inquieto.

– O que foi cara? – Kenny dispersou seu olhar da pista reta em que nos encontrávamos.

– Nós temos que pedir a opinião da pessoa mais importante aqui dentro...

Todos se encontravam em meio a silêncio, observando atenciosamente. Ryan mantinha um sorriso sarcástico no rosto; quase presunçoso, como se soubesse o que aconteceria logo em diante. Seus cabelos estavam mais desarrumados que o normal. As sobrancelhas grossas e espessas estavam arqueadas formando um meio círculo perfeito acima de seu olhar pequeno e grave; sua íris de cor preta jabuticaba. A barba mal feita estava ali, como sempre.

– Pode falar – a voz de Scooter soou divertida em minhas costas.

Ryan deixou escapar uma risada estridente, fazendo com que dois furinhos em suas bochechas aparecessem.

– Abaixe esse ego, Scooter... Então, Marine, continuamos a cantar ou você concorda que devemos dar uma pausa para poupar Justin de maiores problemas? – ele deu ênfase em meu nome, salientando o evidente.

Meu pulso estrondeou em meus ouvidos, incapacitando-me de ouvir quaisquer outros sons. Os olhares estavam cravados em mim e desencadeavam chamas furiosas que se alastravam por todo meu corpo; estava consciente das respirações e vibrações que chicoteavam os poros de minha pele. Todos os olhares enevoados com presunção e expectativa. O olhar do menino a minha frente era de total súplica. Seus olhos formavam uma poça de chocolate derretido, suas pupilas estavam levemente dilatadas.

Engoli seco, meu rosto estava imerso em brasas furiosas. Tateei meu cérebro com mãos invisíveis a fim de encontrar caminhos até minha voz.

– Bom... Acho que mais uma música não iria fazer mal.

Após pronunciar as difíceis e curtas palavras fui seguida por uivos e gritos entusiasmados de Justin, Kenny e Ryan. Não havia notado que Kenny aguardava a mesma resposta dos outros dois, mas agora isso era visível.

Justin virou seu corpo em minha direção, ele estava em meio aos bancos da frente, centralizado no vão. Direcionou-me o maior sorriso que já havia presenciado; seus lábios grossos esticados sobre os dentes brilhantes e pequenos. Seria clichê demais dizer que tudo parecia estar em uma espécie de câmera lenta, mas seria verdade; seus movimentos eram precisos e vagarosos aos meus olhos. Ele ainda me olhava com o sorriso enfeitando seu rosto, meus olhos faiscaram alegria em sua direção, o garoto movimentou levemente a cabeça para trás. Seu nariz estava levemente esticado sobre a extensão de sua face, por conta do sorriso quilométrico em seus lábios; os dentes agora eram totalmente enfileirados, perfeitamente polidos. Aqueles dois dentes um pouco tortos não existiam mais. Eu gostava deles, mas isso não proporcionava relevância alguma. Sua sobrancelha permanecia levemente arqueada sobre seus olhos profundos, cintilantes.

Depois de alguns momentos idolatrando cada minucioso detalhe do rosto de Justin, ele virou-se e novamente, deixou sua voz fluir por entre suas cordas vocais completamente afinadas. Sua mandíbula se movia de acordo com a batida distanciada em minha mente, seus lábios moviam-se com graciosidade, proporcionando o timbre perfeito; o nariz perfeitamente enfileirado, sem nenhum tipo de imperfeição. Entre os intervalos de sua voz durante a música, ele deslizava sua língua rosa clara rapidamente umedecendo seus lábios.

Forcei minha mente a encontrar meus canais auditivos. O rádio estava evidentemente alto, fazendo os vidros e os bancos tremerem. A melodia era familiar em minhas recordações. Um espasmo percorreu meu corpo quando reconheci a batida tamborizada: ‘’Speaking in Tongues.’’

Mais uma vez Ryan e Kenny ajudavam a melodia, batucando com os dedos ritmicamente no volante e nos bancos.

Assim que a última batida soou, o carro freou e todos começaram a se agitar.

Scooter abriu a porta ao meu lado, fazendo com que uma brisa gelada e límpida invadisse o interior do carro tocando minha pele quente.

Todos se dispersaram para fora do luxuoso e grandioso automóvel que á minutos atrás, estava parecendo estreito demais.

– Vamos lá galera – incentivou Scooter enquanto todos estiravam seus corpos de forma preguiçosa.

Pattie mantinha o andar pareado a Scooter que seguia quase uma perfeita linha reta no chão. Logo atrás Kenny, Ryan, Justin e eu.

Como não era de se espantar, estávamos em uma espécie de estacionamento, mas esse possuía algo incomum; não era localizado em um subsolo, mas sim, completamente desprotegido, como algumas pessoas o classificariam: ‘’ao ar livre.’’

Mais alguns passos foram sendo distribuídos pelo chão irregular de cimento cinza encardido, até chegarmos á uma cápsula mal iluminada e com baforadas de ar quente. O burburinho da conversa dos adultos a nossa frente era o que acalmava parcialmente meu interior. Não estava prestando atenção na conversa em si, era capaz de distinguir poucas palavras pronunciadas. Eu, simplesmente, jamais apreciei muito silêncio, o barulho me confortava de alguma maneira incoerente.

Contornamos alguns arredores e pude ver uma luz branca florescente no final do corredor escuro que nos encontrávamos agora.

Eu não me importava de não saber – sequer imaginar – o lugar em que meus passos me levavam. Eu não desejava saber; apenas era grata por estar ao lado do meu sonho.

Isso era tudo.

Uma escada amarela ofuscante e chamativa desviou toda a atenção que estava concentrada em meus pensamentos talvez incoerentes. Começamos a subi-la. O material era metal: fino, oco; emitia um som quando os passos caiam sobre sua estrutura.

Logo alcançamos o final da escadaria e todos começaram a se dispersar para lugares distintos.

Justin continuou caminhando pelo corredor iluminado; tudo era repleto de caixas e de pessoas zanzando de um canto para outro, e quando avistavam o garoto a minha frente, o cumprimentavam ofuscantemente.

Contornamos o emaranhado de pessoas apressadas.

– Vamos entrar aqui – balbuciou Justin, abrindo uma porta.

Absolutamente tudo ali estava imerso à escuridão. Eu não conseguia enxergar o que havia por trás do corpo de Justin, que estava parado poucas passadas após a soleira, com um sorriso encorajador estampado no rosto. Analisei a porta limpa e branca; um cartão prata pregado delicadamente sobre a extensão avisava: ‘’limpeza.’’

Hesitei, aparentemente aflita com o abismo a frente de meus olhos.

– Não precisa sentir medo, Marine – a voz de Justin soou diferente em meus ouvidos. Sua íris cor de avelã estava brilhando em expectativa; um sorriso indecifrável agora brincava perigosamente em seu rosto.

– Não estou com medo – consegui replicar em meio a sentimentos famintos que suprimiam meu corpo inerte a adrenalina.

Comandei meu cérebro a mover minhas pernas, propiciando longos passos até o pequeno cômodo indistinguível a minha frente, numa tentativa de provar a verdade – nada verdadeira – de minhas palavras anteriores.

Minha curiosidade agora era maior do que qualquer outra reação involuntária de meu corpo.

Uma lufada de ar quente saudou meu rosto, trazendo consigo um cheiro químico sem igual. A minha frente, um manto escuro existia, apenas o pequeno feixe de luz que entrava pela porta meio aberta iluminava o ambiente, mas ainda assim não conseguia enxergar um palmo a minha frente. Forçava minha vista sem obter sucesso algum.

Pude ouvir a porta sendo fechada; um som quase inaudível. A sala foi banhada pela escuridão. Eu apenas me propiciava a piscar repetidas vezes a fim de acostumar meus sentidos com o ambiente.

– Marine, cadê você? – a voz rouca e grave de Justin ecoou pela extensão pequena do ambiente fechado, fazendo meu coração palpitar desenfreado.

– Eu estou aqui – minha voz saiu num sussurro contido.

Ouvi passos arrastados pelo chão.

Permaneci parada, quase criando raízes no chão. A sensação de que cairia se me movesse imobilizava meus músculos rígidos e doloridos.

Senti dedos quentes pulsando em meu braço, traçando linhas de fogo; esses dedos pararam acima de meu pulso, fechando-se, apertando. Em uma fração de segundos, minhas pernas tropeçaram para frente, entrando em perfeito choque a algo quente. Perfeitamente quente. Meu pensamento estava confuso e desprevenido. Senti braços firmes envolvendo minha cintura, numa ação possessiva e protetora. Esses mesmos braços pressionaram meu corpo violentamente, trazendo a tona lufadas geladas em meu pescoço.

– Eu preciso fazer isso... Seja boa comigo – a voz de Justin sussurrou em meu ouvido; sem pudor, sem censura.

Meu corpo entrou em alerta, analisando as palavras ditas anteriormente. Um fio elétrico e furioso passou desencapando cada terminação nervosa de meu corpo fazendo-me totalmente consciente dos lábios gelados passeando preguiçosamente pela extensão de meu pescoço, indo em direção a minha mandíbula. Estava completamente consciente da mão quente presa em minha nuca, puxando meu rosto cada vez mais para frente.

Eu estava totalmente, completamente e irrevogavelmente consciente daquele cheiro abaixo de minha narina, atordoando-me. Anestesiando-me.

A boca de Justin depositava beijos lentos e pequenos em minha bochecha, aproximando-se de meus lábios que agora formigavam.

Não!, algo em minha mente agitou-se.

Não!, um grito inaudível ecoou pelos cantos de minha mente.

Não. Aquilo não estava certo. Estava errado. Completamente errado. Completamente perigoso. Aquilo traria uma nova conotação ás coisas. E não era adequado.

Era errado.

Eu não podia. Eu não deveria.

Mas para onde eu fugiria? Não possuía lugar para correr, eu dependia de pessoas para estar ali. A razão e a emoção travavam uma batalha frenética e avassaladora dentro de mim.

Minhas estruturam caíram quando os lábios cálidos de Justin pressionaram os meus.

Não me permiti mais pensar.

Passei meus braços por seus ombros, puxando-o mais a frente, não existindo mais espaço físico entre nós. Ele não retrucou, sorriu em vitória. Entrelacei meus dedos em seus fios aveludados, finos e macios. Justin prendeu meu lábio inferior entre seus dentes, puxando meu rosto, iniciando um beijo despretensioso, doce e cheio de ternura. Sua língua acariciava a minha em perfeita sincronia.

Virei meu rosto, a fim de aprofundar ainda mais, puxando seu lábio juntamente aos meus movimentos.

Eu precisava de mais. Meu corpo pedia por mais.

Quase como mágica Justin atendeu aos meus silenciosos desejos.

Seus dedos inquietos pressionaram fortemente minha cintura. Um som rouco e selvagem brotou de sua garganta, banhando minha boca com seu hálito doce. Ele começou a empurrar meu corpo ainda com nossos lábios como apenas um. Nossas pernas se embaraçavam enquanto era guiada pela voracidade de seus gestos.

Um baque surdo soou atrás de mim, mas isso fez com que nossos corpos colidissem ainda mais. Minhas costas encontravam-se presas entre os braços fortes de Justin e uma parede lisa.

Quente. Abrasador. Um sol estava preso entre nós; nosso beijo tomou um rumo diferente do esperado; repleto de voracidade, sem qualquer tipo de pudor. A língua de Justin travava uma batalha ameaçadora com a minha. As curvas de seu corpo estavam moldadas as minhas, eu quase poderia sentir cada saliência. Sua mão desceu urgentemente pela lateral de meu tronco, descendo até minha perna, puxando a mesma para cima, apertando-a fortemente.

Ele me pressionou ainda mais contra a parede, fazendo com que minha respiração trancasse. O pulso era estrondeante em meus ouvidos, estava sendo guiada pelos meus instintos, totalmente inconsciente, totalmente vulnerável.

Justin era um criminoso. Um perfeito criminoso imperceptível.



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Notas finais do capítulo

Me desculpem, eu não sei escrever capítulos como esse muito bem... Mas juro que vou aprender KKKK Mereço algum review? Façam meu coração feliz! ):