Reita's P.O.V.

Sim, eu tinha razão quanto a ser um passeio perigoso. Estava ficando extremamente fácil sorrir pra ele, e princialmente conversar. em meia hora, já sabíamos a maior parte da vida um do outro, e confesso nem ter ficado surpreso quando ele deixou escapar a informaçãosobre a sua opção sexual. Na verdade, até sorri da forma como ele ficou sem jeito ao perceber o que havia dito.

- Não precisa ficar sem jeito, Taka.

Ele apenas assentiu com a cabeça, ainda sem jeito.

- Quando eu tinha uns quinze anos - comecei, e ele me olhou com expectativa -, eu resolvi que havia me apaixonado pelo meu melhor amigo.¹

Takanori ergueu uma sobrancelha.

- E então?

- Nos beijamos e eu decidi que aquilo não era pra mim. Era como se eu estivesse beijando... a minha irmã.²

O menor riu, negando com a cabeça.

- O que aconteceu depois?

- Eu me casei e ele se mudou pro outro lado da cidade com um rapaz mais bonito que eu. O interessante é notar que hoje eu fiquei sozinho.

Ele deu de ombros.

- Talvez você só tenha escolhido a pessoa errada. Em ambos os casos.

- É, pode ser...

Nos sentamos num banco debaixo de uma cerejeira, de costas para a árvore e para o público. Eu ainda pensava sobre o que ele havia me dito.

- Mas não tem como saber qual é a pessoa certa. Ou tem?

Ele se virou pra mim, me mostrando o sorriso mais bonito que eu já havia visto na minha vida.

- É nessa parte que você se arrisca, Akira.

Ficamos nos encarando por alguns segundos, eu completamente sem palavras. Mordi o lábio inferior e sem pensar, segurei seu rosto e colei meus lábios nos dele. Logo depois senti senti sua mão no meu pescoço, indo até os meus cabelos. E de repente, nossas línguas se encontraram, o beijo se aprofundando antes mesmo da minha mente conseguir formar um protesto coerente. Mas na mesma velocidade que tudo começou, Takanori se afastou. Levei alguns segundos pra fazer meu cérebro voltar a funcionar.

- Takanori... Takanori, volta aqui!

Infelizmente os segundos que eu havia usado para me recompor foi o suficiente pra ele sumir. Droga, por que eu tinha que fazer aquilo? Me apoiei na cerejeira, batendo a minha cabeça no tronco da árvore, pra ver se eu deixava de ser tão burro. Pronto, havia virado oficialmente gay. E pedófilo. Inferno de vida.

Nem sei como eu cheguei em casa, mas com certeza havia sido num tempo muito menor que o normal. Bati a porta com força, indo direto pra cama, simplesmente me jogando nela. Peguei o travesseiro, apertando-o contra o rosto. No que diabos ele estava pensando? Que seria divertido experimentar beijar uma pessoa do esmo sexo outra vez? Girei na cama, encarando um ponto fixo na parede, tetando não pensar.

Vinte minutos depois =, ouvi batidas na minha porta. Sentei-me na cama, assustado e apreensivo. Era ele? Bem, em algum momento teríamos que conversar. Até porque seria segunda-feira no dia seguinte. Suspirei, tentando me acalmar, e fui até a porta. Akira estava lá, parado, completamente perdido, despenteado e lindo. Suspirei mais uma vez, dando espaço para o mais velho passar e fechando a porta quando ele entrou. Akira nem me deu tempo pra respirar e começou a falar.

- Taka, por favor me desculpe, eu não sei o que deu em mim, eu fui um idiota, um estúpido, não devia ter feito aquilo com você, justo com você, eu não sei se você pode me desculpar, ou me perdoar...

- Suzuki, respira.

- Desculpe.

Um minuto de silêncio.

- Não vai me desculpar?

- Estou pensando.

- Ah.

Ele abaixou a cabeça, constrangido. Mordi o lábio inferior, sentando-me no braço do sofá mais próximo.

- Eu... não vou ser hipócrita de jogar toda a culpa nos seus ombros.

Akira ergueu uma sobrancelha, esperando.

- Eu poderia ter te parado.

Ele fez cara de quem percebia isso pela primeira vez, quase sorrindo. Já estava ficando confuso.

- É, podia... podia. Mas não fez isso.

abaixei a cabeça, constrangido. Não sabia responder àquilo. Senti as pontas dos seus dedos no meu rosto e mesmo assim me neguei a olhá-lo.

- Takanori, eu não queria envolver sentimentos nisso, mas eu também não quero te magoar. Então... eu não sei o que fazer.

- Acho melhor você ir pra casa.

Ele retirou os dedos do meu rosto e eu quase pude lamentar pela quebra de contato. Levantei os olhos e ficamos um tempo assim, nos encarando. No segundo seguinte ele vinha na minha direção e eu ia de encontro a ele, nos agarrando, as bocas e línguas se encontrando com certa violência. Ainda daquele jeito, fomos caminhando meio que por instinto até a parede mais próxima, o corpo do maior me prensando contra ela. Por reflexo, ergui uma das mimnhas pernas, que foi prontamente explorada por uma das mãos fortes de Akira. Separamos os rostos, ofegantes. E ficamos corados logo em seguida. O que diabos estávamos fazendo?

- Eu... acho melhor eu ir pra casa.

Acenei afirmativamente, ainda incapaz de falar. akira soltou a minha perna, se afastando. Respirei fundo algumas vezes até finalmente conseguir abrir a porta. Ele passou de cabeça baixa, mas não pude deixar de notar que ele estava tão animado quanto eu.

- Boa noite, Akira.

- Boa noite, Takanori.

Fechei a porta, me apoiando nela e deslizando até o chão. Ainda estava ofegante, tentando pensar. Aquilo era loucura. Que bom que eu era louco.




Continua...