Circulo De Paixões. escrita por Lorys Black


Capítulo 8
Capítulo 7 - Totalmente Complicado I - POV Jacob


Notas iniciais do capítulo

Capitulo Editado em Fevereiro de 2022.

Músicas do capitulo:
Creed - My Own Prison
Lucy Rose - Shiver



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POV JACOB

Estúpido, confuso, e idiota.

São as únicas palavras para me definir neste momento. 

Corri para me afastar de todos, de tudo.

Cheguei próximo a minha casa, e entrei na forma humana.

Entrei direto para um banho. Deixei a água morna relaxar meus ossos. Estou me sentindo preso em algo pesado, e não faço ideia como me soltar, e a situação toda me causa um nó inexplicável no estômago.

Sai do banho e fui direto ao meu quarto. Andando de um lado para o outro. 

Me sinto totalmente sem rumo, perdido e agoniado. Sensações que me causam dores no peito, como se tivesse levado uma punhalada, ou pior como se tivesse apunhalado alguém inocente.

Me joguei na cama e deixei meu cansaço dominar.

Meu último pensamento foi o olhar dela, ao meu ver sem controle. A decepção e a dor nos olhos negros de Leah.

Acordei com o barulho da chuva no telhado da minha casa. Meu pai não está em casa, certamente está caçando.

Melhor, sozinho consigo pensar melhor nos últimos dias. Sem vários pensamentos gritando alto na minha mente. Sem meu Pai, me lembrando que vem me alertando a meses sobre Bella.

Refletir sobre o que aconteceu ontem à noite e nos dias anteriores é ainda mais confuso, pois, olhando daqui é difícil acreditar que era Eu, naquela aldeia. Feliz, sem dor e preocupações, ou um coração totalmente partido.

Porque ao lado de Leah, tudo isso simplesmente some? Com ela é tudo simples, descomplicado e leve agora.

Leah, me faz um bem imenso.

Sinto leveza, paz, volto a ser descontraído. Feliz. Chega a ser estranho. Uma estranheza boa de sentir.

Entretanto, quando me afasto dela, meus pensamentos retornam onde eles tem estado no último ano da minha vida. A minha luta incessante pelo amor e pela sobrevivência dela.

Isabella Swan.

Ontem eu jurei, estar diante o momento perfeito. Nós dois juntos, dançando em um casamento. E por um milésimo de segundo, só um, eu acreditei ser o nosso casamento. E a imagem era perfeita, fácil como respirar. 

Até ser informado por ela, da forma mais ridícula que pretende passar a lua de mel humana. Indefesa. E a mercê de um sanguessuga nojento.

Como alguém pode não ter amor à vida dessa forma?

Bella, é a pessoa mais teimosa que conheço.

Uma jovem que brigou para viver como uma Leoa. E hoje, faz questão de negar isso. Talvez essa tenha sido a nossa grande questão, eu não conseguir desistir de fazê-la admitir e deixar de ignorar esse lado. 

Me apaixonei de uma forma tão intensa, e não aceitei os fatos diante meu nariz. Fui teimoso, estupido e inconsequente. Somos parecidos nesse ponto, Bells e eu.

Acreditei inicialmente que grande parte do meu sofrimento, estivesse sendo causado pelo sentimento desesperador, de saber que o coração dela vai parar de bater, uma hora ou outra estando ao lado do Sanguessuga. Depois preferi acreditar ser pelo grande sentimento de rejeição que caminha ao meu lado, sem piedade e diariamente, como uma sombra.

Hoje talvez, eu esteja entendendo… Custei a admitir, que a minha grande questão, é ver Bells, desistindo de viver sendo simplesmente ela mesma. A garota de dois pés esquerdos, com os olhos intensos, que não consegue esconder muito bem as emoções.

Me sinto pesado, por não conseguir controlar minhas reações diante algo que já estou cansado de saber. Não conseguir dominar meu coração, quando estou ao lado dela, às vezes é desesperador.

Não consigo deixar de desejar que ela viva, e lutar para manter sua humanidade, é como lutar por mim mesmo.

Eu gostaria de ter tido a chance de lutar para não ser um Lobo. Ter a escolha de ser apenas um garoto Quileute, com sonhos e planos, que agora tenho a certeza,  jamais vão se tornar realidade. 

Ultimamente, sempre que penso sobre alguém lutar por mim, a imagem de Leah domina minha mente.

Lembro das tardes, em que ficava à distância olhando Leah, sentada nas pedras, observando as águas do mar se chocando contra as rochas. Ela ficava ali durante algum tempo, e algo nessa atitude me relaxava.

A postura dela sempre me causou admiração, até nos momentos onde Leah, busca qualquer sentimento em nós, menos admiração. Depois da minha história com Bella,  a verdade é, só me identifico e posso ser eu mesmo sem receio com Leah. Ambos sofrendo por pessoas que não nos amam, ambos convivendo com a rejeição, e fingindo uma força que não é real. Ouvindo conselhos sobre superar, de pessoas que não fazem a menor ideia do que sentimos.

Leah deseja tudo aquilo que Bella, parece repudiar, que é viver de forma natural, e não ser um monstro. 

Talvez seja simplesmente por enxergar belezas em coisas simples, naturais, que Leah consiga me fazer tão bem. Ou por ser tão sincera, explosiva, linda e totalmente mal humorada, eu simplesmente não consigo pensar em mais nada quando ela está por perto.

Leah é uma força da natureza. 

Aqui sozinho posso me lembrar de cada nuance no rosto Moreno dela, em meio aquelas luzes no momento que dançávamos na aldeia.

Cada gesto mínimo, o sorriso arrebatador, os cabelos soltos contra o vento, a leveza em seu olhar. Sua voz no momento em que nos transformamos em um só. O primeiro beijo, o último. As palavras leves e a forma arrebatadora com que ela me olha.

Céus, causei tanta dor a ela quando não controlei a minha própria. Mas como posso conter algo que não entendo, não queria dentro de mim?

— Droga Jacob. – sentei derrotado.

Não posso mais perder pessoas importantes na minha vida. Simplesmente não posso deixar Leah partir também!!!

Estou confuso em relação aos meus sentimentos por ela. Em relação a quem sou, quem pretendo me tornar, com medo do que vai acontecer quando perder mais uma pessoa na minha vida, enfim minha confusão é generalizada. 

Porém de uma maneira totalmente inesperada e sem explicação Leah, passou a confiar em mim. Conquistei, sem querer a confiança dela, e ela conquistou a minha.

Eu confio em mim, quando estou ao lado dela. Me sinto forte, e não tenho medo do futuro

Preciso tentar. Lutar por mim, por Leah. 

Ser feliz, fazê-la feliz. Sei que podemos muito juntos.

—Preciso encontrar Leah.

Antes de formalizar o pensamento e ir atrás dela, já estava saindo de casa, correndo em direção a mata novamente. Sorri ao lembrar do sorriso dela… Leah.

Contudo, e antes de conseguir deixar o Lobo dominar meu corpo, fui impedido por Sam.

— Jacob? – sua expressão não era nada amigável. – Precisamos conversar sobre ontem.

Não tenho tempo para conversas, sermões. Não, agora que a minha decisão está clara, é urgente.

— Sam, não criarei mais problemas, não sairei da linha. Bella partiu e pretendo... – tentava explicar, ele me interrompeu.

— Não vim aqui falar sobre a Swan, Jacob. Sabemos que não controla muito bem suas reações em relação a ela e o Cullen. Precisamos conversar sobre sua relação com a Leah. – seu tom de voz me irritou, a propriedade que ele se referiu a ela, me fez ignorar todo resto.

— Precisamos? E por quê? – parei e cruzei os braços.

Sam respirou fundo, me olhando incrédulo, como se a resposta fosse muito óbvia.

— Jacob, Afaste-se. Leah não merece sofrer. Então, não continue causando dor a ela. – seu olhar era sofrido, ao demonstrar sua preocupação com ela, ainda sim, me irritou muito.

Parte de mim, entende e respeita o que Sam está dizendo, faria o mesmo por Leah. A outra parte, está incomodada com o tom de voz e a intromissão dele.

— Quer dizer, não posso fazê-la sofrer mais do que VOCÊ já fez, certo? – as palavras soaram mais provocativas do que eu tinha a intenção, fazendo os dentes de Sam trincarem de uma forma tão agressiva, que certamente ouviria esse som, mesmo estando a quilômetros de distância.

— Não tive controle sobre o Imprinting Jacob, todos sabem o quanto isso nos domina, e eu tentei. Tentei não fazê-la sofrer, tentei não me jogar aos pés de Emily, tentei. E só por dizer isso  a você agora, me dói. Cogitar não ficar ao lado do meu imprinting. Porém, você tem a opção de não magoar Leah, não fazê-la sofrer. Faça isso, você jamais amará alguém como ama Bella, por esse motivo deixe-a em paz. – seu tom de voz soou ameaçador.

— Não se meta ou tente opinar sobre minhas ações. Não você. Se eu amarei fulana ou beltrana, não diz respeito a ninguém. Inclusive você não tem nada a haver com meu relacionamento com Leah, isso só diz respeito a nós dois. – não me intimidei.

— Eu não quero mais vê-la sofrer. – agora foi a minha vez de trincar os dentes.

— Há muito tempo ela vem sofrendo e todos ao redor, inclusive você, não se importavam. O problema aqui é, não ser  mais você o motivo das lágrimas dela. – disse entre dentes.

— Jacob não me provoque ou eu... – não o deixei finalizar.

— Ou você o que Sam? – desafiei dando um passo a frente. – Vai dar uma ordem como alfa? Interferindo na minha vida particular? Onde você nem deveria estar se metendo. E por puro ciúme da ex namorada.

— Não estou com ciúmes. –  Sam quase rosnou. – Você, mais do que qualquer outro aqui, sabe como não interfiro nos assuntos particulares dos membros desta matilha. – ele respirou fundo. – Só peço que você pondere Jake, pense bem no que está fazendo, antes de ir tirar a paz dela. Nós dois sabemos que ela não merece ser infeliz.

Sam estava irritado, mas também preocupado.

Ignorei os sentimentos nos olhos dele, pois não sinto nada além de incômodo.

— Claro, claro. – dei as costas a ele sem olhar para ver qual era a expressão estampada em seu rosto ao me ver entrando na mata, contrariando seu pedido. 

Tirei minha bermuda e amarrei nos tornozelos, e em segundos o Lobo dominou meu corpo.

Atingi uma velocidade incrível em segundos. 

Tentava rastrear Leah, sentindo seu cheiro para me guiar. Estou desconfiado que ela tenha voltado à aldeia.

As mentes de Embry e Quill conectaram-se à minha.

— Jacob, mano, como você conseguiu domar a fera?– Embry sempre folgado.

— Ei folgado não. Simplesmente admirado, ok. – ele rebateu.

— Desculpa, me expressei mal, folgado não, idiota mesmo.

Minha mente estava uma confusão, as imagens da minha discussão com Sam, brigando com meu desejo de encontrar Leah. E agora mais mentes ligadas a minha, maravilha.

— Jake mano, volte. Leah está em casa. – Quill me alertou, fazendo minhas patas cravarem no chão, quase me arremessando metros à frente. – Hoje de manhã Leah voltou. 

Quill a viu, enquanto ela caminhava de volta para a casa. Céus, como ela estava triste. Na visão dele, essa é sua expressão diária. Comum. 

Senti uma pontada no peito. A expressão de dor estampada em seus olhos, que naquele momento estavam avermelhados.

Tristeza e decepção, foi isso que causei a ela.

Corri em direção a casa dos Clearwater. 

Tentando organizar os pensamentos e tentar reverter essa tristeza nos olhos dela.

Em pouco tempo já estava em frente a casa de Leah, antes de sair da mata, me vesti rapidamente entre as árvores.

O caminho até a entrada foi um pouco menos desesperado. Estou nervoso, sem saber ao certo o que fazer, só sentindo que realmente posso fazer Leah feliz, ser feliz ao lado dela.

Respirei fundo. Tentando não parecer um maldito idiota quando ela estiver na minha frente. Subi os degraus para alcançar a porta, porém antes de bater, ela abriu repentinamente.

Seth ficou parado me encarando. Claramente não estava nada feliz com a minha presença ali.

Justamente Seth, que nunca está carrancudo, e está sempre feliz. Realmente fui um idiota e Seth, tem todo direito de me receber assim.

— O que você quer Jake? – Seth me encarou sério, seu tom de voz frio como um dia de neve, mesmo assim ele não foi ríspido.

— Seth, sei que não sou sua pessoa preferida neste momento. – ele assentiu. – Eu só preciso falar com ela, um minuto. – falei pausadamente tentando controlar meu tom de voz, Seth é irmão dela, e só quer vê-la feliz.

— Jake, eu o considero um irmão, sempre admirei, torci e apoiei. – o interrompi, antes que ele me mandasse embora.

— Não me peça para me afastar dela Seth. Eu também o considero um irmão, o amo, e estarei ao seu lado sempre. Mas se me pedir para ir embora, ou me afastar dela, certamente não poderei cumprir, e não seria justo mentir dizendo que vou tentar, pois não vou, e ... – foi a vez dele me interromper.

— Eu não faria isso cara, te pedir para se afastar, quem sou eu para fazer esse tipo de pedido? – me surpreendi. – Jamais me colocaria entre vocês dessa forma. Mas, como irmão, e uma das pessoas que mais ama a Leah, nesse mundo tenho o dever de pedir. Confiar que você não vai magoá-la, e bem menos feri-la ainda mais. Ela já sofreu demais, já passou por muitas coisas que mudaram quem ela realmente é. Por isso tenho um pedido, apenas um. 

— Claro, faça. – assenti ainda surpreso com as palavras dele.

— Cuide dela, assim como ela cuidará de você, caso permita que ela o faça. – as palavras de Seth mexeram comigo.

Respirei fundo.

— Prometo tentar Seth. – soltei as palavras tentando ouvir o som das batidas fortes do coração dela, porém, ela não estava ali. – Onde ela está?

— Bem Jacob, concentre-se, e encontre minha irmã. Se você, realmente a conhecer como parece, será ainda mais fácil. – ele fechou a porta e fiquei paralisado quase incrédulo.

 Às vezes, Seth, parece ter muito mais idade do que o mais velho de nós.

Segui seu conselho. Parei na soleira da varanda, fechei meus olhos, e respirei fundo.

Podia ouvir cada som a quilômetros de distância. Sentir cada movimento, batidas de corações.

O cheiro de chuva se aproximando do mar, os animais correndo na mata, pessoas conversando pela reserva, as patas dos Lobos cravando na terra, enquanto eles fazem ronda.

Pensei somente nela, em nada mais. No sorriso, no aroma da pele, no som único que o coração dela produz a cada batida, no gosto do beijo.

Abri meus olhos, já sei onde ela está.

Corri em direção a praia. Ao me aproximar já podia sentir o cheiro dos cabelos dela se espalhando pelo ar, o cheiro da pele, ouvia sua respiração tranquila.

Caminhei calmo. E já conseguia ver Leah. Ela estava sentada nas rochas que ficam dentro do mar, onde a maré é baixa.

Ela estava sentada, abraçando as pernas junto ao peito e o queixo pousado em cima dos joelhos, parecendo totalmente alheia a qualquer movimentação ao seu redor.

 

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Parecia.

Parei ali e fiquei admirando seu perfil. A curvatura do seu pescoço, o nariz pequeno e bem desenhado a cor da pele contra a luz do sol. Como eu vivi tanto tempo ao lado dela sem notar que Leah, é simplesmente maravilhosa? Como nunca a enxerguei, como estou fazendo neste momento.

A postura tranquila dela, sentada ali, me relaxou por completo, me trazendo a paz que somente sua presença anda sendo capaz de conseguir. 

— Vai ficar parado me olhando sem dizer nada, até quando Jacob? – estava tão distraído e relaxado com a postura tranqüila dela, que sua voz me sobressaltou.

Mesmo o tom contendo uma calma, que jamais ouvi vindo dela.

Respirei fundo.

— Até eu saber dizer o que quero dizer. Ter como explicar, sei lá. – havia ensaiado tudo o que dizer na minha mente, e agora simplesmente estou sem palavras na frente dela.

— E você explicaria algo que eu ainda não saiba? – ela não se moveu um único milímetro em cima da rocha. 

Baixei a cabeça, me senti derrotado, sem forças. E aliviado por ela não olhar em minha direção. Não quero estar nessa posição, estou cansado de me sentir assim, porém, não consigo fazer diferente em alguns momentos, mesmo lutando desesperadamente para conseguir.

— Perdão por ontem. Desculpe por me comportar daquela maneira horrível, por não conseguir me controlar, mas principalmente me desculpe por não respeitar você. – se fosse possível, deletaria a noite passada das nossas vidas.

Entretanto, não é possível. 

— Não peça desculpas por sofrer Jacob, não tente justificar sua dor ou tentar controlar isso. Acredite é impossível. – Leah se virou em minha direção, e estendeu a mão. – Venha sente-se aqui.

Caminhei em sua direção, sentindo um frio no estômago. 

Ao colocar meus pés no mar, relaxei novamente, como sempre acontece. 

Sentei-me ao lado dela.

Ficamos uns segundos em silêncio. Então sem me encarar, Leah soltou as palavras. Mais corajosa que eu, como sempre.

— Descobri uma verdade sobre a dor. No início era só uma teoria, depois realmente compreendi, que era a única verdade absoluta em relação a tudo aquilo que estava acontecendo na minha vida. – observava cada nuance no rosto dela. – Por algum tempo Jacob, tentei controlar, minha dor, fingir que ela não estava me engolindo. Depois resolvi que seria mais forte, e a derrotaria sem piedade. – Leah sorriu, mas não havia humor no sorriso. – Quando perdemos alguém importante não queremos encarar a dor que a perda invariavelmente vai nos causar, pois assim como as ondas, não temos controle algum sobre o quão forte isso irá nos atingir. – ela observava atenta a força das ondas. – Olhe as ondas. Como são incontroláveis, ao se chocarem contra as rochas, nos dando a sensação que vão parti-las em um milhão de pedaços. Contudo, as rochas permanecem, intactas, enquanto as ondas se dissipam e desaparecem diante delas. É claro que uma nova onda vem e o ciclo se repete. Mas como controlar isso? Como tentar parar as ondas. O certo é deixar a natureza seguir seu curso. Com a dor funciona de forma parecida. Lutar, ignorar ou tentar controlar é impossível. E no final somos rochas, e permanecemos, e temos que seguir.

Vi a lágrima escorrer pelo rosto dela.

Céus não quero fazê-la sofrer.

— Eu não queria me importar Leah, eu juro. – controlei as lágrimas para não magoá-la ainda mais. – Não quero nada disso. Sofrer, te machucar, eu simplesmente não sei o que fazer. Eu… – Leah não me deixou finalizar a frase.

— Eu sei Jacob, já estive no lugar que você ocupa hoje. Por isso pedi para se despedir, e você o fez. – Leah olhou nos meus olhos pela primeira vez hoje. – Eu também não consegui controlar meu temperamento, não consigo ser forte, e ter ótimas atitudes vinte e quatro horas por dia. Entende?– ela parecia ponderar com algo, parecia lutar com o desejo de ficar e o de partir. – Por este motivo, não sei se, permanecer ao seu lado neste momento, é uma boa escolha.

Um calafrio percorreu meu corpo todo, com a ideia do que ela pudesse me dizer adeus.

— Eu não quero ficar longe de você Leah. Essa talvez seja a atitude mais egoísta que já tive na vida. Estou te pedindo para ficar, sem garantias do que posso ou não te oferecer, porém, não posso te perder. – a abracei com força. – Vamos aprender a lidar com tudo, vamos tentar ao menos.

Leah suspirou, e após alguns segundos, imóvel cedeu ao meu abraço e envolveu seus braços em meu pescoço.

— Eu também não quero ficar longe Jake… Só é tão difícil e complicado. – seu desabafo só me faz ter mais certeza de como eu a quero, como ela é importante e já faz parte da minha vida. E por ela, e por nós, vou reiniciar tudo. Começar da forma correta.

— Façamos o certo então, vamos tentar descomplicar tudo. – soltei meu corpo do seu abraço, e dei um salto. Sem colocar os pés no mar parando diretamente na areia branca da praia.

— Jacob. – Leah soltou um grito de surpresa. – O que você está fazendo, garoto?

— Fazendo as coisas da forma certa, lembra? Começando novamente, do jeito certo – estendi a mão na direção dela. – Olá, me chamo Jacob Black.

A gargalhada dela foi tão espontânea e alta que minha mão bambeou.

Leah não tem noção do poder que o sorriso dela tem. Como ele me mantém inteiro, não deixa minha paz escapar por entre meus dedos.

— Você está brincando certo, Jacob? – balancei a cabeça negativamente, olhando para a minha mão, e para o seu rosto.

— Prazer meu nome é Jacob Black. E você como se chama? – ela sorriu e saltou agilmente parando ao meu lado.

— Sempre fui orientada pela minha mãe a não conversar com estranhos. – ela jogou o cabelo para o lado e passou por mim sem estender a mão.

Agora foi a minha vez de gargalhar.

— Nossa que difícil essa morena, olha lá eu amo uma causa perdida. – ela sorriu e continuou.

— Eu trato estranhos assim. Mas como você me parece interessante. – ela parou e estendeu a mão com um sorriso brincando nos lábios. – Prazer meu nome é Leah.

Olhei para sua mão e apertei sorrindo, entretanto, seu olhar feliz, desafiador, e arrebatador, fez algo dentro do meu peito transbordar.

Puxei Leah para os meus braços, colando nossos corpos.

Uma das minhas mãos mergulhou em seus cabelos, e a com a outra acariciava sua cintura. Rocei meu nariz em suas bochechas, fazendo seu coração disparar.

— Jacob os meninos estão por perto. – ela sussurrou. – Jared e Quill estão na mata. – ela ensaiou tentar se desvencilhar dos meus braços. Mesmo eu sabendo que caso ela realmente quisesse, faria sem nenhum problema.

— Não estamos nem ai. Não ligamos para o que eles pensam, ou quais suas opiniões. – com muito esforço me afastei. – Aqui agora somos apenas nós. E a decisão de não perder o que temos. – estendi minha mão para ela. – Vamos juntos Leah. 

E lá estava o sorriso arrebatador, que faz meu coração disparar.

Leah assentiu positivamente e segurou minha mão com força.

Caminhamos juntos pela reserva. Em silêncio, apenas curtindo o bem que fazemos um ao outro.

Levei Leah, até sua casa. 

Mesmo longe do campo de visão, já sabia que Charlie, estava na porta da casa dos Clearwater, com Sue.

Vi pelo canto do olho Leah me olhar especulativa. Tentando investigar alguma reação pela presença de Charlie ali.

Leah tentou soltar minha mão, quando estávamos há poucos metros da sua casa, contudo a impedi entrelaçando nossos dedos.  

O Olhar de espanto de Sue e Charlie por nos ver chegar ali de mãos dadas foi engraçado.

— Oi Charlie. – estendi a mão para cumprimentá-lo. – Vai pescar com meu pai hoje?

— Vamos amanhã ao amanhecer. – ele olhava fixamente para nossas mãos. – Não sabia sobre isso, quero dizer vocês.

— Porque não é da sua conta. – Leah respondeu grosseiramente, antes que eu pudesse dizer algo. Apertei ainda mais sua mão.

Charlie ficou claramente desconcertado.

— Mas é da minha e eu também não sabia. – Sue parecia desaprovar completamente a situação no geral. Não só a resposta grosseira de Leah, para Charlie, mas também o fato de estar olhando nossas mãos entrelaçadas. 

Leah se preparava para responder, pude sentir, pelas batidas aceleradas em seu coração.

Antes que ela pudesse ser grossa com mais alguém intercedi.

— Sue, nós viemos conversar sobre isso. – ponderei.

Leah me interrompeu.

— Não, eu converso com a minha mãe sobre isso Jacob. Por favor, vamos devagar certo?! Agora vá. – ela me empurrou e sorri com o comportamento dela.

Sue, cruzou os braços irritada. Se despediu de Charlie e entrou, batendo a porta com força.

Leah suspirou calmamente. 

— Sem brigas, sem impor nada, ela só te ama. – me aproximei e segurei o rosto dela entre minhas mãos, depositando um beijo em sua testa.

— Eu sei. – Leah apertou meus braços.

Charlie pigarreou.

—Bom, essa é minha deixa. – ele colocou o chapéu e caminhou até o carro. Antes de entrar no veículo, parou e nos observou,  parecendo feliz e satisfeito com a cena que estava vendo. – Vocês formam um belo casal.

Leah revirou os olhos, mas não deixei de registrar seu coração acelerando suavemente.

— Obrigado Charlie. – agradeci, pois, sei a sinceridade nas palavras dele.

— Agora, vou enfrentar minha fera, e explicar, como me apaixonei por um garoto, mais novo, e mais problemático do que eu. –  ela sorriu, e bagunçou meu cabelo.

— Nossa. Poderia me ofender, mas, pensando melhor Leah, toda essa situação, te faz parecer, como posso dizer… –  fingi buscar as palavras. –  Te faz parecer uma garota. – gargalhei com a expressão nada alegre em seu rosto.

— Vá Jacob antes que eu me arrependa de não dar uns belos tapas em você pela noite de ontem. – golpe baixo.

— Certo vou correr. – antes de partir uma idéia surgiu. – Ah, vou passar aqui às oito para te buscar. Vamos ao cinema.

Virei as costas, sem olhar a expressão que atravessava o rosto dela, só ouvindo as batidas frenéticas que seu coração está produzindo, após, meu aviso sobre o cinema.

Fui para casa, feliz. Me sentindo leve. Durante todo o caminho a presença de Leah, me aquecendo por completo.

Impressionante pensar que não ficava sozinho com ela, por mais de dez minutos, e hoje o simples fato de ver um sorriso em seu rosto me aquece, colando cada pedaço do meu coração. 

Sua ausência deixa tudo frio e a dor surge rapidamente.

Entrei na minha casa e meu pai estava sentado à mesa.

— A comida está pronta. – o sorrisinho em seu rosto é malicioso. Cerrei meus olhos em sua direção.

— Tá certo. – lavei minhas mãos, peguei um prato, me servi.

Ao sentar na mesa Billy, continuava com a expressão maliciosa. 

Dei a primeira garfada, tentando ignorar o sorriso vitorioso em seus lábios.

Impossivel.

— Okay pai, quem já veio fazer fofocas, e o que disseram? – a gargalhada dele foi gutural.

— Do que você está falando meu filho? – ele se fez de desentendido. – Não falei com ninguém hoje a não ser você.

— Claro. Claro. – coloquei mais comida na boca, porém, não consigo desviar meu olhar, da expressão no rosto dele, e engoli a comida sem mastigar. 

— Tá bom pai. Eu fui atrás da Leah, fiz como você recomendou ontem a noite. Ela aceitou minhas desculpas e eu a chamei para sair, satisfeito? 

— Muito, feliz por vocês. – ele colocou o prato com os talheres no colo, girou a cadeira de rodas na direção da pia depositando as coisas ali, o sorriso não saia dos seus lábios, antes de ir para a sala ele se virou em minha direção. – E ninguém esteve aqui, eu notei onde você estava no momento em que entrou aqui. Sua expressão quando passa as tardes ao lado de Leah, muda totalmente. Você volta a ser aquele jovem alegre, e cheio de amor pela vida, que costumava ser antes dessa loucura toda.

Cada palavra dele contém uma verdade surreal.

Leah me devolveu o ânimo. A felicidade.

Meu pai seguiu para seu quarto, e finalizei meu almoço, pensando em suas palavras.

Após comer, lavei a louça na pia. E fui para o meu quarto tentar descansar afinal não dormi a noite toda. Tomei um banho demorado, e pela primeira vez em meses estava me sentindo totalmente bem.

Adormeci.

Acordei com meu despertador gritando sob minha cabeça.

Pulei da cama ao olhar a hora, quinze para as oito.

— Droga Jacob seu burro. – Leah arranca a minha cabeça se eu a deixar esperando.

Resolvi tomar um banho rápido novamente. 

Coloquei uma camiseta branca, uma bermuda jeans e meu velho tênis all star, afinal ir descalço ao cinema não será nada educado da minha parte.

Sai rapidamente.

O tempo fechado e os pingos denunciam a impossibilidade de ir buscar Leah de moto. Fui à garagem peguei o carro e parti.

No caminho vi de relance Quill e Embry na mata. A ronda era deles hoje.

Um nervosismo tomou conta de mim ao chegar na porta da casa dos Clearwater.

Senti minhas mãos suarem. A última vez que estive no cinema, saí de casa como um garoto normal e desajeitado, com dois pés esquerdos e amanheci como um Lobo.

Sem contar quem estava ao meu lado naquela noite. Bella.

Afastei a dor que esta lembrança me causou por vários motivos.

Verifiquei se estava tudo bem com a minha aparência ao descer do carro. Respirei fundo e toquei a companhia.

Podia ouvir o coração dela no andar de cima na casa dos Clearwater, o tecido da roupa deslizando pelo seu corpo, os passos apressados de um cômodo para o outro. O aroma suave e amadeirado natural dela, preenchendo o ar.

Estava tão embriagado e encantado com esses detalhes, e sequer percebi quando Sue, abriu a porta.

— Jacob. – ela usou um tom mais alto.

— Er… desculpe Sue. Estava distraído. – tentei disfarçar.

— Notei. –  ela permaneceu séria.

— De qualquer maneira, foi bom você notar minha presença por aqui, eu gostaria, quero dizer quero falar com você, explicar de alguma maneira, sobre nós dois. –  ela me olhou especulativa, e me dei conta, que eu parecia estar falando de Sue e eu. – Nós dois, digo eu, e Leah. Não nós dois. – gesticulei balançando o dedo entre nós dois. – Estou um pouco atrapalhado, mas isso vai melhorar, eu espero, quero dizer, eu vou trabalhar para isso – gaguejei. Sue, gargalhou

— Jacob, o conheço antes mesmo do seu nascimento. você não precisa me explicar nada, ficar procurando palavras para dizer o que quer dizer. –  Sue, segurou minhas mãos. – Estou feliz por vocês. Não quero ver nenhum dos dois sofrendo novamente. Cuide bem da minha filha, ela merece. – Sue, me deu um abraço apertado. Meu corpo relaxou novamente.

Antes de ter tempo para responder. Fomos interrompidos.

— Sou bem crescidinha dona Sue. E caso alguém precisar ser cuidado, certeza que seria eu cuidando dele, e não contrário. – ela ironizou.

Não consegui rebater o comentário com nenhuma ironia ou deboche, estava paralisado diante a beleza dessa mulher.

Perdi o ar por alguns segundos olhando para ela.

Leah, está absolutamente maravilhosa.

Céus, como fiquei tanto tempo sem olhar essa mulher, como agora?

Não importa, o tempo perdido, vou recuperar segundo a segundo.

CONTINUA….




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Notas finais do capítulo

Capitulo editado em Fevereiro de 2022