Circulo De Paixões. escrita por Lorys Black


Capítulo 7
Capítulo 6 - Seguindo em Frente - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Capitulo Editado em Janeiro de 2022

Musica do Capitulo:
I Don't Feel it Anymore - William Fitzsimmons & Priscilla Ahn



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Parte II

 

Despertei preguiçosamente com a voz de Kate, que batia suavemente na porta de entrada da casinha. 

Não faço a menor ideia de quanto tempo estamos aqui dentro deste quarto. Somente Jacob e eu.

Olhei para o lado, e ele dormia tranqüilo, como não via acontecer há dias.

Sorri com o pensamento, que talvez esse sono tranquilo, e essa expressão leve no rosto do Garoto, tem algo a ver comigo.

— Garoto… até parece. – sorri mais uma vez, pensando nessa forma de chamar Jacob, a qual me acostumei, mesmo sabendo agora, que garoto, é a última coisa que ele é. 

Passei minha mão levemente pelos cabelos curtos e macios dele. Admirando a tranquilidade da sua expressão.

Jacob, nem se mexeu com meu carinho. Fiquei observando cada pedaço no rosto moreno de dele. Seus lábios, e o desenho perfeito que eles formam, até mesmo quando está dormindo. Sua respiração lenta e calma, automaticamente me acalmam. Senti uma imensa vontade em beijá-lo, e enrolar minhas pernas em sua cintura.

Mordi o lábio com o pensamento, de qual seria sua reação com a minha atitude. Contudo, Jake, está em um sono tão gostoso após dias tão turbulentos… prefiro deixá-lo descansar mais algum tempo.

Sai da cama preguiçosamente, procurando qualquer uma das peças de roupa que vestia ao entrar aqui. 

Encontrei o vestido e as peças íntimas.

Enquanto me vestia, podia escutar a movimentação na cozinha da casa principal. Kate, já estava lá, e andava inquieta de um lado para o outro. Sua Mãe, a está aconselhando a deixar, eu e Jacob, descansarmos

Contudo, Kate está preocupada que nosso sumiço seja por vergonha de sair para nos alimentar.

— Eles devem estar envergonhados Mãe, não saíram de casa o dia todo. Já são quase seis da tarde. – a voz preocupada de Kate, me trouxe de volta a realidade, mesmo ela parecendo não existir dentro do quarto. Perdi a noção de tempo neste lugar.

— Calma, minha filha, não sabemos há quantos dias eles estão sem dormir. Provavelmente deveriam estar percorrendo essas matas sem rumo após o assalto.

Sorri culpada, lembrando a história sem sentido inventada por mim como desculpas a Kate.

Coloquei o vestido rapidamente, e ajeitei meus cabelos.

É estranho acordar assim, bem humorada e disposta a sair da cama. Há muito tempo não me sinto desta forma.

Abri a porta em silêncio tentando não despertar Jacob.

Caminhei até a casa principal com certa dificuldade. Minhas pernas parecem ter sido, descoladas e coladas novamente em meu corpo, elas estão lentas e sem coordenação.

Um calor passeou por meu corpo, ao lembrar de Jacob, percorrendo elas com os lábios.

— Maravilha, o Black, me transformou em uma boneca de pano. Parabéns Leah. – sorri feliz com isso. – Boa tarde! – disse meio envergonhada na porta da cozinha na casa de Kate.

— Leah, até que enfim, estava preocupada com você. – Kate correu em minha direção e me deu um abraço. 

Não estou acostumada com esse tipo de contato, vindo de alguém que mal conheço, mas me sinto confortável com a presença de Kate.

Lara, a mãe de Kate, me olhava com a expressão maliciosa e divertida

— Você dormiu muito Leah? – ela continuou arrumando a mesa, mas seu olhar ainda pairava sobre mim.

Para meu espanto total, corei violentamente. Senti minhas bochechas arderem.

— Er... Hum… sim, sim, muito. – pelos céus eu estava atrapalhada, como isso é possível? – Estava cansada, há dias não dormia de forma tão confortável.

Um flash da expressão de Jacob enquanto fazíamos amor atravessou minha mente.

Não estava mentindo, dormi de uma forma, que talvez jamais tenha dormido antes, ao lado de alguém.

— Você está com uma expressão serena, isso significa descanso, paz e amor. – Kate segurou minhas mãos, e me levou à mesa. – Agora se alimente, afinal amor e paz não enchem barriga.

 

Assenti envergonhada. O cheiro de comida na cozinha é delicioso. A mesa arrumada, a Mãe de Kate, gentil e amorosa faziam a saudade de casa apertar.

E me fez notar também a fome que eu sentia.

Porém, eu lembrei do meu Lobinho, deitado no quarto. Ele acordaria faminto e não gostaria de comer sozinho.

— Eu preciso chamar Jacob,  ele deve estar faminto. –avisei a Kate.

— Vá Leah, acorde-o, vamos esperar vocês. – avisou a mãe de Kate.

Caminhei de volta ao quarto com o coração na mão por me aproximar dele novamente.

Impressionante como há poucos dias atrás, eu conseguia disfarçar bem meus sentimentos por ele, e agora eu simplesmente não consigo mais esconder.

Abri a porta lentamente. E fui surpreendida com a mão de Jacob em minha cintura.

Sempre que estou ao lado dele, meus sentidos ficam fracos.

— Então você dormiu muito? – ele beijou a minha nuca. – Hum me ofendi agora.

Senti meu corpo queimar com o toque, e o beijo dele.

— Ah claro, eu diria a mãe de Kate: Minha senhora, a última coisa que eu fiz hoje foi dormir, tinha um Lobo, muito mau no meu quarto se alimentando de todos os doces da cestinha da vovó. – ele gargalhou.

O som dessa gargalhada me faz tão bem. Jacob não imagina o quanto.

— Eu diria a ela, que estou me exercitando para as Olimpíadas, e isso requer muito treino prático, e esforço redobrado. – Ele ironizou. – Inclusive temos treino noturno agora Clearwater.

Jacob girou meu corpo, e me beijou apaixonadamente.

Envolvi meus braços em seu pescoço. Sentindo seus lábios explorarem os meus.

A vontade de arrancar as roupas e me entregar a ele, é  imensa. Contudo, a família de Kate, nos espera.

Com muita dificuldade, separei nossos lábios.

— Jake, precisamos nos alimentar. – tentava sair do aperto de seus braços.

— Eu já estou me alimentando, só que de você. – ele deu um selinho em meus lábios, um olhar malicioso e deliciosamente sedutor dominou sua expressão. – Não está gostando?

O abracei forte.

— Então vamos ficar, e que a comida deliciosa feita com carinho para nós estrague, esfrie porque hoje vamos nos alimentar um do outro. – o empurrei na cama. E me lancei em cima dele.

Jacob sorriu de maneira encantadora como sempre.

— Que covardia, você sabe como eu odeio decepcionar as pessoas. – agora foi minha vez de gargalhar.

Jacob ajeitou meus cabelos para trás, e depositou um beijo na ponta do meu nariz.  

— Queria viver dentro desse quarto para sempre. – confessei.

Jacob sorriu.

— Seria ótimo, até Sam, vir atrás de nós. – revirei os olhos. Jacob riu alto.

— Claro. Claro. – Fiquei em pé, ajeitei meu vestido, e estendi a mão para Jake – Agora vamos Black, mostrar a eles como se come com gosto.

Jacob assentiu ajeitando os cabelos e levantando.

Abri a porta e ao passar por ela senti a mão de Jacob pegar a minha. Meu coração acelerou.

Como um gesto tão simples pode ser tão importante?

Como alguém que conviveu ao meu lado desde pequeno pôde me trazer de volta a vida dessa maneira tão intensa e arrebatadora?

Pareço viver em outra realidade. Onde é possível ser feliz. 

Chegamos a casa, onde realmente todos nos aguardavam.

Entre risos e conversas animadas jantamos junto a família de Kate. Estou me sentindo tão feliz.

Sem medo algum do que a realidade me reserva.

Voltamos para o quarto, combinamos de ir até a festa na praça, com a família de Kate. Fui tomar banho e me arrumar.  

Kate, nos arrumou roupas limpas para esta noite.

Entrei no banho e deixei a água morna cair em minhas costas.  Já podia sentir a aproximação dele.

— Posso? –  Jacob pedia permissão, parado totalmente nu, na entrada do banheiro.

— Deve. –  céus, estou completamente em êxtase, só em observá-lo.

Jacob entrou no chuveiro, encostando seu peito febril nas minhas costas. 

— Você é linda Leah. – ele sussurrou enquanto passava o nariz pela lateral do meu pescoço. – Eu amo sua pele assim, sem nenhuma roupa que me impeça de tocá-la.

Me virei para encará-lo.

Estava totalmente inebriada com a postura dele, a forma de falar e me olhar, e como ele aprendeu rapidamente a me dominar por completo apenas com algumas palavras.

Passei a mão por seu peito, até chegar na cintura. 

Jacob apoiou o braço na parede, e com a mão livre, passeava entre meu rosto e meu pescoço.

— Sabe o que mais quero neste exato momento? – Jacob, balançou a cabeça negativamente, sua respiração estava acelerada, desci a mão até o quadril dele tocando em sua excitação, olhei para baixo e a visão era simplesmente maravilhosa, apenas com um toque meu. – Quero você, e mais nada além de você.

O coração dele disparou frenético no peito. Circulei meus braços em seu pescoço, ele segurou minha cintura, me encaixando em seu quadril, e pressionando minhas costas contra a parede. Segurou meus cabelos deixando meu pescoço exposto. Jacob me beijou enquanto se encaixava dentro de mim por inteiro.

Soltei um gemido de prazer. 

— Jacob. – gemi seu nome.

A cada gemido ele aprofundava os movimentos.

Segurei seu rosto em minhas mãos. O beijei desesperadamente. 

Jacob acelerou os movimentos. 

— Eu quero você Leah. Eu quero muito. 

Senti meu corpo ferver. Como se estivesse entrando em combustão.

— Céus Jake. – senti meu corpo explodir sem permissão. Sem aviso. Em seguida Jacob explodiu em prazer dentro de mim.

Jake afundou a cabeça em meu pescoço. Ficamos ali, agarrados, respirações irregulares que pareciam dançar sincronizadas.

Jacob me colocou no chão, sem me soltar do seu abraço. Senti um aperto, tão grande, no peito que o apertei em meus braços. Ele respondeu, fazendo o mesmo.

— Leah? – Kate me chamava na porta da casinha. – Vamos sair em dez minutos.

— Precisamos realmente ir, certo? – Jake disse acariciando meus cabelos.

Ri com o olhar pidão dele.

— Sim, mas podemos fugir mais cedo, e voltar para cá, sem ninguém notar. – prometi.

— Então vamos rápido. Para despistarmos todos depressa. – Jacob me enrolou na toalha. 

—  Vá se trocando, vou me certificar que está tudo bem, para não acontecer nenhuma surpresa desagradavel que estrague a paz desse povo. – Jake foi até a janela nos fundos da casa, se certificou que não estava sendo observado, e saltou.

Observei Jacob correr até desaparecer na mata. Suspirei apaixonada. 

Comecei a me vestir. Kate havia separado outro vestido.

Caminhei até a pequena cômoda ali, e ajeitei meus cabelos. Quero estar linda esta noite.

Caminhei até a cama para pegar o vestido, quando de repente senti meu coração apertar dolorosamente, de uma forma tão forte, que me fez sentar na cama. 

Minha respiração acelerou e uma imagem preencheu minha mente, intrusa e infeliz.

A imagem dela, Isabella Swan.

O ódio percorreu minhas veias. Algo está errado, eu posso sentir.

— Jacob. – Peguei a roupa que Kate separou para que eu pudesse dormir e o coloquei rapidamente.

Saltei pela janela, no mesmo ponto que Jacob havia entrado na mata.

Parei e me concentrei, e não foi difícil ouvir as batidas frenéticas no coração dele.

Não as mesmas que ouvia há minutos atrás. Essas eram batidas pesadas, muito.

Corri adentrando a mata. Ia puxar a roupa para me transformar, quando o vi caminhar de volta. Inicialmente ele não notou minha presença, andava devagar as duas mãos na nuca. Sua expressão era completamente diferente da que ele saltou da janela na casinha de Kate, alguns minutos atrás… agora ele está visivelmente perturbardo, com uma expressão de dor estampando cada linha de seu rosto.

Ao notar minha presença, ele tentou se recompor.

O que causou uma pontada de dor, inexplicável no meu peito.

— Leah? – sua voz saiu menos firme do que ele pretendia. – Não confia mais na minha capacidade de vigiar um perímetro Clearwater? – ele tentou ironizar, mas a alegria que ele tentava passar na voz trêmula e embargada, não alcançou seus olhos.

— Nunca confiei Black. – empurrei cada palavra, pois, o incômodo por vê-lo desta maneira me dá vontade de gritar.

— Deve confiar mais. – ele se aproximou, mantendo uma distância quase calculada. – Então você vai à festa de shorts e blusinha de dormir. – ele tentou descontrair.

— Não. – eu queria poder fingir não ver a dor nos olhos dele, e me calar, porém não seria eu.

Travei meus pés no chão. Jacob parou um pouco mais a frente.

— O que foi? – ele não olhava em meus olhos.

— Não tente me fazer de idiota Jacob Black. O que aconteceu? – cruzei os braços.

— Nada Leah. Vamos voltar. – ele segurou minha mão, tentou me puxar. Puxei minha mão de volta.

— Nada uma ova, não ouse tentar me fazer de idiota. Fale, o que a sonsa fez desta vez? – ele trincou os dentes, e seu coração disparou.

Ignorei a dor causada em meu peito com esta atitude dele. Continuei:

— Vamos Jacob, fale. Eu sei o quanto você precisa soltar. – ele apertou as têmporas com força. – Ela se transformou antes da lua de mel foi isso? Ou ela o quer para tirá-la de alguma enrascada? Quem está tentando matá-la desta vez, o noivo ou os convidados do casamento? Esqueci que o noivo fará isso a pedido dela, certo?!

— Chega Leah! – ele gritou. – Pare de falar cale-se, por favor. Pare de cuspir tantas coisas, você não vê como eu já estou sofrendo sem isso. – existe dor, em cada palavra dita por ele agora.

E eu sei, e mesmo assim coloco o dedo na ferida, pois, sempre que a realidade me alcança, coloca o dedo na minha, e quero revidar.

Tentando conter as palavras e as lágrimas, porém só consegui conter as lágrimas, as palavras saem sem parar.

É a droga do ciúmes enlouquecedor que eu sinto, nublando meus pensamentos. Não me deixando agir da forma que ele precisa. Droga.

— Otário, idiota, capacho. – passei por ele como uma raiva incontrolável. De mim, dele.

— Se acredita nisso, vá embora então. Deixe para trás esse idiota. Vá Leah. – Jacob sibilou.

Senti uma dor insuportável, que me impediria de sair daqui, mas o ódio, e o ciúmes me empurram para frente.

Passei por ele, sem olhar para trás. 

Quase alcançando a mata, onde é possível acessar a porta dos fundos da casa de Kate, senti um puxão. Jacob segurou meu braço.

 

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— Você prometeu ficar Leah. – ele me puxou de encontro ao seu peito. – Disse que ia roubar meu coração, não faça isso comigo, não desista. Não agora. – seu tom de voz era de súplica.

Eu sabia as dificuldades e os contras, antes de me jogar de cabeça.  

O que eu não fazia ideia, era que não conseguiria controlar minhas reações, mesmo sabendo que não devo agir da forma que estou agindo… não consigo evitar. 

Respirei fundo e derrotada, sem conseguir dar mais um único passo a frente.

— Me desculpe Jacob. – ele afundou o rosto na minha nuca, estava sentindo o cheiro dos meus cabelos. – Você não merece ouvir isso.

— Leah, é tão injusto, tão errado. Você não merece isso, eu também não. – senti as lágrimas dele nos meus ombros.

Mesmo com o peito dilacerado eu já sei. Jacob precisa se despedir. Ver Bella, uma última vez enquanto o coração dela bater. Dizer adeus, enquanto ela ainda for um ser humano, ou ele jamais seguirá adiante.

Agarrei seu braço, girando meu corpo e ficando de frente para ele.

— Você não precisa fingir aqui Jacob. – ele tentou dizer algo, porém o impedi, selando nossos lábios. – Não comigo, por favor não. E eu não tenho que enfiar o dedo na sua ferida, ou jamais ela irá se curar. – o abracei com força.

Queria não precisar dizer, não precisar fazer o que deve ser feito. Mas preciso.

Nossas testas estavam coladas uma na outra.

— Ela também não me deixa partir Leah, é difícil demais. – ele desabafou.

— Eu sei, e por esse motivo você fará isso. – podia sentir meu coração se despedaçar. – Você dirá adeus a ela, é necessário.

Jacob me olhou incrédulo.

— Não. Já dissemos adeus. Eu e você, vamos ficar aqui, e um dia... – o interrompi.

— Você sente algo por mim Jacob, eu posso sentir, eu vejo quando estamos juntos. – apertei seus braços, o desespero querendo me dominar, respirei fundo e continuei. – Mas é metade de algo. Nem você sabe explicar metade do que. E isso sim não é justo comigo. – dei dois passos para trás. – Eu preciso de algo inteiro, completo, forte. E isso você só conseguirá me dar se conseguir se despedir dela. Deixá-la partir, da mesma maneira que ela fará no momento em que disser sim, ao Sanguessuga. – não consegui conter a lágrima enxerida parada em meus olhos.

Jacob tinha um olhar indecifrável.

E por um segundo, eu desejei que ele pedisse novamente, me falasse que quer ficar.

— Eu não quero te magoar Leah, Mas você não merece ver isso. – ele apontou para si, a voz derrotada.

— Eu sei. – engoli toda a minha dor. – Por isso vá Jacob. Diga adeus a ela. Quem sabe depois disso você possa sentir por mim, o que eu sinto por você. – respirei fundo. – Eu me apaixonei, de uma forma, que jamais pensei ser possível Jake. É esse tipo de sentimento que mereço de volta, e você também. – confessei. 

Jacob se aproximou, e segurou meu rosto entre suas mãos. Seu calor, tem o poder de me aquecer por completo.

— Escuta, se eu pudesse faria tudo diferente, eu… Escolheria você e mais ninguém. – seu olhar estava perdido em uma dor, que me fez lembrar a minha.

— Eu não faria nada diferente Jacob, eu me apaixonei por você assim, desta forma, e se algo fosse mudado, seria tudo diferente e eu não quero. Eu quero você, de uma forma que jamais quis nada na vida. Cada dor no meu peito agora, não me traz nenhum arrependimento. Você valeu mais a pena um único dia, do qualquer coisa que vivi até aqui durante toda a minha vida.

— Leah. – ele me abraçou forte.

O apertei em meus braços. E dei um beijo. Apaixonado. Doloroso, porém, necessário.

— Agora vá. Porque se você não for agora eu não vou deixar você partir, não vou conseguir. E você precisa ir, eu preciso que vá. –   Depressa, estamos a dias fora e se você não correr não chegará a tempo de dizer adeus. Vá por favor!! – pedi desesperada.

Jacob se aproximou tão rápido que não registrei. Me tomou em seus braços e me beijou. De uma forma urgente, desesperada, sofrida. Me deu mais um abraço tão apertado, como se meu corpo estivesse juntando os pedaços do dele.

Como eu o quero, e bem no fundo do meu coração, eu desejava que ele ficasse. Porém, é ingenuidade da minha parte, achar que alguns dias, iam desfazer o estrago que a Swan causou no coração dele.

Jacob se afastou, e explodiu no Lobo que eu tanto admiro, partindo para se despedir.

Senti uma vontade nauseante de gritar. Andei de uma lado para outro, com as duas mãos no peito, como se isso pudesse de alguma forma conter minha dor.

Dessa vez, não consegui. Então soltei.

— Jacob!!! – com toda a força em meus pulmões.

Sentei sozinha na mata. Mais uma vez. Céus, a dor parece querer me engolir.

Fechei meus olhos.

As lembranças dos meus dias ao lado de Jacob invadiram meus pensamentos. Nossas conversas, as risadas constantes que nem percebemos, e agora já são parte da nova rotina. Os beijos. O som do coração dele ao me ouvir dizer que estava apaixonada. O olhar de admiração, paixão e desejo.

Ele sente algo, que vai dominar essa doença que sente por esta mulher. 

Me levantei, e ajeitei minha postura. Caminhei de volta para a casa de Kate.

Ela estava parada na porta na entrada de hóspedes. Ao me avistar ela ficou espantada e largou os morangos que segurava em um cesto no chão, e veio em minha direção. 

Não faço idéia de qual é a minha aparência neste momento.

— Leah, o que houve? Me diga. – O olhar de preocupação dela fez meu coração apertar ainda mais – Vamos, confia em mim. – ela me conduziu até uma escada, segurando forte minhas mãos.

Sentamos.

Eu fiquei tanto tempo sozinha com a minha dor, lutei muito para manter uma máscara de prepotência e raiva, na tentativa fracassada de fazer minha mãe sofrer menos, Sam, se sentir mais confortável e Emily, menos culpada por se entregar ao meu namorado. Tentava, agradar a todos escondendo o que eu sentia. Transformei minha dor em uma amargura insuportável, para não deixar ninguém com pena da pobre garota abandonada, e única fêmea da espécie. E a melhor forma de fazer isso, foi transformar minha dor em revolta, e fazer todos ao meu redor sentirem raiva. Afinal, o que sentir por alguém na minha situação? Executei muito bem isso. Mantive a máscara por tanto tempo, que acabei acreditando ser aquela pessoa. Porém, neste momento, eu não consigo mais vestir essa máscara. 

— Leah, eu estou aqui, pode confiar. Você não está sozinha, não está!  – Kate me abraçou. 

As lágrimas caíram sobre meu rosto.

Ter alguém se importando, me ouvindo, me acolhendo.

Senti meu peito transbordar.

— Jacob partiu Kate. Ele foi embora, eu o mandei ir. Era preciso, e mesmo ele pedindo para ficar, eu o mandei embora. Céus, que tipo de idiota eu sou? – desabafei aos prantos.

— Você não é idiota Leah, você fez o que sentiu ser o certo, e muitas vezes, as coisas certas, nos cobram um preço mais alto do que podemos pagar. – Kate me abraçou. – Você vai ver, vai dar tudo certo em algum momento, eu sinto, eu acredito. 

— Como dói Kate, como eu não quero perder Jacob. Como o quero na minha vida. – as palavras fluem livres e necessárias.

Kate levantou meu queixo.

— Você não vai. – Kate me encarou séria. – E essa sua atitude, o trará para você Leah, mesmo que agora não pareça. Agora desabafe. Sinta. Guardar dores não nos fortalece, só nos derruba, deixe ir, e logo estará pronta para lutar por ele novamente.

Abracei Kate, e ficamos assim por um tempo.

— Preciso descansar Kate. – sentia um cansaço imenso. 

Levantei e sem olhar para trás entrei no quarto. 

O cheiro dele, impregnado em tudo me aqueceu. Deitei na cama e me agarrei ao travesseiro que Jacob havia dormido hoje. Afundei meu rosto nele. Deixando as lembranças desta manhã preencherem o buraco que a ausência dele, está abrindo no meu peito.

Impressionante, passei tanto tempo me segurando sendo forte e agora pareço uma adolescente, sem conseguir conter minhas próprias emoções.

Segurei o travesseiro entre as minhas pernas, e permaneci com o rosto afundado nele. Deixei a lembrança do melhor som no mundo, invadirem meus ouvidos. Adormeci com o som das batidas do coração dele na minha mente.

Acordei com uma leve batida na porta.

— Leah você está bem? – Kate, se aproximava cuidadosamente. 

Abri os olhos confusa.

— Estou viva. – me sentei na cama. – Nossa que horas são? – estou totalmente perdida no tempo.

— São seis da manhã, chegamos a pouco da festa, e vim ver como você está. – Kate sentou ao meu lado na cama.

— Estou bem agora, estava muito cansada. – menti.

Kate estreitou os olhos.

— Não minta Leah. Eu estou vendo que é mentira. Estou aqui por você. Desabafe você parece precisar. – ela segurou minha mão.

Sentei na cama e respirei fundo. Sinceramente, neste momento preciso me priorizar, e desabafar é o primeiro passo para não repetir os mesmos erros do passado, e voltar a ser a mesma Leah, que tanto desprezo hoje.

— Preparada? A história é longa. – Kate assentiu, e também respirou fundo.

Comecei a contar tudo. Editando a parte de Lobos e Vampiros, é claro! Ela ouviu calada, e atenta a cada pedaço da minha história.

Quando terminei, ela se levantou bruscamente. Ficou parada ao lado da cama, e colocou as mãos na cintura.

— Levante-se daí Leah, você não faz esse tipo. – Kate puxou o travesseiro das minhas pernas. 

— Não faço, qual tipo Kate? O da mulher rejeitada. Acredite, anda mais comum do que eu gostaria de vivenciar. – ironizei.

— Não. Você não faz o tipo garotinha perdedora, choramingando e desolada. – ela jogou a roupa que estava na cadeira em cima de mim. – Vá não o deixe sozinho agora, ele precisa de você, não o perca agora. Vá até ele, e prove o que já sabemos.

Sorri admirada com a atitude de Kate.

— O que sabemos? – segurei as roupas, indecisa, se isso é ou não uma boa ideia. 

— Que você é infinitamente melhor que essa tal Bella, que o Sam é imbecil, e até a Emily encantadora, é uma idiota. Você é melhor que todos eles Você é apaixonante, é forte, impressionantemente linda, e não é uma fracassada perdedora, que fica choramingando aqui ao invés de lutar pelo homem que ama. Vamos levante-se. – Kate parecia rugir.

As palavras dela acenderam algo dentro de mim, me dando um tapa de realidade.

Céus eu o mandei partir e fui dormir, inacreditável. Como tive essa coragem?

— Vou pedir ao meu pai que a leve. – Kate já fazia uma mochila, segurei seus braços.

— Não preciso Kate. Chegarei mais depressa usando meus métodos. – sua expressão confusa é a constatação, ela não faz idéia do que houve na mata na tarde que a conheci. 

— Leah, nos deixe te ajudar. – ela pediu.

— Você ajudou, não tem ideia do quanto. – a abracei com firmeza. – Obrigada Kate, você salvou a minha vida de uma forma tão simples, e verdadeira sendo apenas você. Me fazendo rever quem eu realmente sou. Jamais vou agradecer o bastante por isso. 

Kate estava emocionada.

— Você vai voltar Leah? – Kate, segurou minhas mãos com lágrimas nos olhos.

— Vou, isso é uma promessa. E faço poucas, então, tenho obrigação com cada uma delas. – enxuguei a lágrima que caia de seus olhos claros. – E voltarei pois, onde acharei bolos de carne como o da sua Mãe? – ela sorriu. – Em lugar nenhum.

É a mais pura verdade, pretendo fazer desse lugar um refúgio. Fiz mais amigos por aqui, nos últimos dias, do que ando fazendo a vida toda.

— Vou buscar um lanche para você levar e não sentir fome durante a viagem. – ela saiu correndo em direção a cozinha. 

Assenti. Observei Kate partir, sabendo que essa é a minha deixa. 

Abri a janela, e dei uma última olhada, no lugar que me fez feliz, como não me lembro ter sido nos últimos anos.

Respirei fundo e saltei. Corri para dentro da mata. Tirei a bermuda e a blusinha, amarrei nos tornozelos. Saltei segundos depois, já estava na forma Lupina.

O silêncio me surpreendeu. Não consegui ver Jacob, e nenhum outro lobo. Meu coração se comprimiu no peito.

Acelerei minha corrida, afinal eu era a mais rápida da matilha  e vou usar minha agilidade em benefício próprio.

Minha mente silenciosa ajuda a ganhar foco, sobre o motivo que me trouxe aqui, e o que está me levando de volta à reserva.

Esses dias longe me ajudaram tanto, mesmo sofrendo com a partida do Black. Acabei me re-descobrindo, me perdoando, me libertando de ser a Leah amarga. Jacob, mesmo sem saber, me ajudou tanto. 

Farei por amor, com calma, ir até ele mostrar o que uma mulher é capaz de fazer por um amor de verdade. O amor que nós dois merecemos ter na vida.

Aumentei a velocidade na corrida. Não posso permitir que Jacob, tenha o coração despedaçado por alguém que jamais o amou.

…..

Não tenho a menor ideia de quanto tempo estou a caminho da reserva, tudo foi um borrão de imagens até aqui.

De repente,  as mentes de Paul e Sam, se conectaram a minha.

— Quem é viva sempre se transforma. Achei que você desistiu de fazer isso Leah. – Paul me provocou. 

— Eu estava tentando não ouvir sua voz irritante e seus pensamentos infantis Paul, porém, como alegria de Lobo é uma cesta cheia de doces a caminho da casa da vovó... – seus pensamentos eram malcriados agora.

— Parem os dois. – Sam advertiu.

Não dar ouvidos é muito, é impossível.

Mas no final, estava com saudades de casa.

Já estava em Forks. Quando as mentes de Embry, Quill e Jared se conectaram às nossas.

Comecei a prestar atenção onde eles estavam. Acelerei as passadas. 

E então os vi. Jacob e Bella dançavam juntos. Uma dança desajeitada, mas cheia de emoção, e isso foi o bastante para minhas patas cravarem no chão.

A dança dos dois, não era  remotamente parecida com a nossa aquela noite na aldeia. Porém o olhar deles é intenso, cheio de sentimentos de ambas as partes. 

Senti uma dor incontrolável, atravessar meu peito.

Sem poder controlar, conter ou disfarçar meus pensamentos voltei a minha forma humana.

— Meu Deus eu não vou conseguir não vou! – sentei nua em uma pedra, abraçando meus joelhos não me importo em ser vista, isso é irrelevante. – Vou sair daqui vou voltar para a aldeia e nunca mais colocarei meus pés em La Push. Droga, o que vim fazer aqui, sabendo exatamente onde ele estaria, já que o fiz voltar. – respirei fundo tentando conter as lágrimas.

Então ouvi um uivo, e um rosnado de alerta vindo de Sam, rasgando os céus.

Saltei no ar e quando senti o chão, já estava sobre quatro patas.

A confusão era enorme. Seth e Sam, tentavam na forma lupina, conter Jacob. 

Sam o empurrava para longe de Bella, e Edward tinha uma postura ameaçadora.

Senti meu sangue ferver. Avancei ainda mais rápido, e novamente tudo ao meu redor se tornou um borrão. 

Minha vontade de arrancar a cabeça daquele sanguessuga nojento fazia tudo à minha frente desaparecer.

Jacob tremia convulsivamente e no exato momento que Sam conseguiu jogá-lo na floresta, Jacob explodiu em suas roupas, deixando o Lobo Marrom-Avermelhado surgir furioso.

— Saiam da frente. – Jake sibilava furiosamente, se dirigindo a Sam, Paul, Quill e Jared a sua frente.

— Pare já Jacob e vá embora. – Sam usava o tom de alfa.

— Ele vai matá-la sem querer e não poderá trazê-la de volta. Não posso permitir. – ele não me notou ali.

— Isso não é, e nunca foi da sua conta. Bella escolheu assim, ela escolheu o sanguessuga Jacob. Sempre. – Sam foi categórico.

Parei onde estava. Vendo as imagens da conversa entre Bella e Jacob, inundarem minha mente. Ver o motivo da fúria dele, de camarote, mais uma vez.

Não importa em qual forma ela esteja, ele a quer de qualquer maneira.

A raiva e a dor por vê-lo sofrer daquela maneira por uma amante de sanguessuga, fez meus pensamentos saírem do eixo e do controle. Droga.

— Leah!! – Jacob se assustou ao notar a minha presença, e não foi o único. Todos tiveram suas mentes invadidas com as minhas lembranças da noite anterior e algumas dos dias em que estivemos sozinhos.

Uma grande surpresa em grupo. Minha privacidade e meus sentimentos estão na mente de todos. Como se minha vida não fosse ruim o suficiente. Porcaria!! 

Corri sem rumo, fugi de mim, e de Jacob. De todos.

— Leah espere, por favor, Leah. – Jacob me mandava imagens da nossa dança. – Vamos conversar, por favor.

— Me deixe sozinho Black estúpido. – preenchi a minha mente com a dança dele com a sonsa da Bella, com o motivo da sua revolta.

— Leah, por favor. – Jacob continuava pedindo. 

Acelerei a corrida, sabendo que nenhum deles podia me alcançar.

A mente de Sam e dos garotos eram um misto de confusão e surpresa.

— Parem já!!! – rugi. 

Não posso lidar com eles agora.

Me concentrei em árvores. Podia ouvir as vozes na minha mente ao longe, porém, elas pareciam uma tv, ligada no volume mínimo. Um rádio quebrado em uma estação muito ruim.

Preciso ficar sozinha. E pensar na minha capacidade de aguentar, ou não, essa situação por mais tempo.

Será que vale a pena amar novamente quem não me ama? Preciso pensar e ficar sozinha antes de tomar uma decisão.

Aumentei a velocidade, sem saber ao certo para onde ir, perdida. Mas com a certeza que preciso me distanciar o quanto antes, para não enlouquecer. E neste momento a única coisa capaz de me ajudar, é a velocidade.




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Notas finais do capítulo

Capitulo editado em Janeiro( and Junho) de 2022