Circulo De Paixões. escrita por Lorys Black


Capítulo 31
Capítulo 30 - Linha Mortal.


Notas iniciais do capítulo

N/Bruna:

Ola linda Matilha.

Voltamos.

Primeiro queria agradecer aos lindos comentários que a CP vem recebendo.
Vocês são demais mesmo.
Segundo, eu queria esclarecer os motivos que a CP demora um pouco para ficar pronta.

Pessoal a CP é uma Fic mais complexa. Sempre planejamos algo para o capitulo, e acaba que isso sempre sai do roteiro, pois a CP parece ter vida própria. E sempre acaba consumindo mais tempo e energia do que planejamos.

Aviso Importante.

Esse post é forte, triste, vai mais marcar uma mudança.
Tenham fé nas escritoras, e saibam notar as mudanças.

Obrigada a todas que comentam aqui, me deixam mensagens, e nos acompanham no Face.

PS: quem quiser add no face, mande o Link por mensagem que respondo avisando que vou adicionar ok?! Sempre tem um Spolier quando o capitulo começa a ser escrito.

Agradecendo a nossa Loba, Carla maravilhosa, que fez uma capa realmente linda como sempre. Te amo Marida Minha.

Bem meninas avisos dados, preparem os lenços.
E Boa leitura!

PS: A minha leitora Patricia que sempre aguarda a Fic pelas madrugadas, dedico este post em horário comum a você que merece ler mais cedo.
Mas "Tamo juntas" na madrugada Pati.

Mais um PS hehehe: Lembrem-se meninas, o link das musicas, muitas vezes ao clicar não direciona ao You Tube, então é só colar o endereço e copiar.



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“ É diante da morte, que aprendemos a reconhecer as pessoas importantes.”



“Meu ultimo pensamento foi você.

A força nos seus olhos.

Mesmo não sendo a sua imagem a ultima na minha mente, meu ultimo pensamento feliz, seria a lembrança da vida que compartilhamos.

Foi aceitação.

É tênue a linha separando o que você quer fazer para sobreviver, e o que vai realmente acontecer.

Uma linha mortal, entre vida e morte.

Foi uma reação natural querer me despedir de você.

Dizer o quanto foi bom fazer parte da sua vida. E como nem a eternidade, vai apagar essa alegria. Mesmo não podendo explicar absolutamente nada, do que andava sentindo saber que um dia alguém me entendeu apenas com um olhar, era reconfortante.

Obrigado.”


Algumas horas antes....


Acordei com uma sensação estranha.

Como em dias de sol, onde todos se preparam para ir a praia, e você coloca um guarda chuvas, no porta malas. E acaba sendo o único a não ficar ensopado pela chuva no caminho de volta para o carro.

Era esse vazio, e estranheza enorme no meu peito.

Talvez sejam as mudanças acontecendo na minha vida.

Não sei, mais quem sou, e isso é totalmente desconcertante.

Há muitos anos não me sinto assim.

Como se estivesse vivendo uma vida que não é minha.

Viver para sempre. Lobos. Vampiros, bruxas.

Muita informação que parece sair de um livro para crianças dormir.

Um pesadelo que tomou conta de tudo.

– Mike? – minha Mãe me encarava na porta do quarto. – Tudo bem filho? – ela caminhou e sentou na cama ao meu lado.

– Sim. Precisa de alguma coisa? O Papai, esta bem? – a preocupação afastou o torpor que as novas informações vêm me causando.

– Seu Pai esta bem Mike. Mas e você filho? Como anda se sentindo. Os problemas com seu Pai surgiram, e não pude estar ao seu lado neste momento. Sei o quanto amava seu casamento. Leah. E acredite, Eu sinto muito. Fui relutante no inicio, mas você era tão feliz, ao lado dela. Não queria vê-lo sofrer novamente. – ela passava as mãos por meus cabelos.

– Mãe. – segurei sua mão e levei até meu rosto. – Eu estou bem quanto a isso. Eu acho. Mas são tantas coisas novas. Separação. A doença do meu Pai, essa loucura que parece não ter fim. – ela me olhava sem entender.

– O que você não esta nos dizendo filho? – a preocupação tingiu a expressão dela.

– Todos têm seus segredos Karen. – meu Pai nos olhava parado na porta do quarto. – Deixe nosso filho com os dele.

– Pai. – levantei rapidamente e caminhei até ele. – Você não deveria estar deitado, descansando? – cruzei os braços.

– Descansei demais. E me sinto bem filho. Estou doente, não inválido.

Sorri e me senti bem, com a determinação e a resposta dura dele.

– Mike ficará conosco até ajeitar um novo lugar. – Minha Mãe abraçava meu Pai carinhosamente.

– Fico feliz meu filho. – ele envolveu as mãos na cintura da minha Mãe. – Vamos tomar um café. Estou faminto. Venha Mike, vamos comer.

Os dois desciam as escadas abraçados carinhosamente. Minha mãe passava a mão na cabeça dele, ele beijava sutil a bochecha dela.

Nunca os tinha visto assim. Como dois namorados.

Desci e fiquei observando os movimentos por algum tempo.

Era agradável vê-los assim. Talvez fossem essas as memórias que irão ficar gravadas na minha mente, quando eles partirem.

Levantei e beijei carinhosamente a testa dos dois.

Subi coloquei uma roupa de mergulho, a prancha debaixo do braço.

Antes de alcançar a primeiro degrau da escada a voz do meu Pai, me impediu de continuar.

– Mike. Podemos falar antes que saia. – coloquei a prancha ao lado da porta, do quarto dos meus Pais.

– Claro. Esta tudo bem? – me certifiquei que ele estava bem.

– Sim filho. Comigo esta tudo bem. E você? E não minta, por favor. – os olhos claros dele, penetravam nos meus.

Impossível mentir.

Mais impossível ainda, contar todos os detalhes.

Respirei fundo.

– Não sei ao certo como dizer. Minha vida mudou de uma forma que esta fora do meu controle concertar. Estou com medo. Confuso. Irritado, e com uma raiva dentro do peito, por ter me metido nisso tudo sem saber, e pior, sem me arrepender por ter entrado. – dei de ombros.

– A vida não é uma tela que pintamos o que queremos Mike. Muitas vezes ganhamos adições indesejadas nela. Mais fica a pergunta: O que esta nova entrada impediu de ficar vazio? Qual o beneficio que ela pode trazer a você. Se não tem como mudar, aprenda simplesmente a não ser infeliz com ela. Reclamar e ter raiva, só trará desgaste. – o tom de voz tranqüilo, e a serenidade dele, me acalmavam por completo.

– E se for algo que não queria aprender a conviver? Algo que jamais imaginei ser possível acontecer? Como posso aprender a ser feliz com algo que julguei não ser real Pai? – pensar em viver por tempo indeterminado, tirava meu ar por completo.

– Nem tudo que julgamos ser impossível ou real, é desagradável Mike. A vida vai muito alem do que nossos olhos conseguem alcançar, e o que nossa mente consegue entender. Abra seus olhos, acompanhe o fluxo, e deixe sua mente livre do que você esta acostumado a ver, ouvir, sentir. Você fez isso uma vez, sozinho. Pode fazer outras. – o sorriso, e as palavras eram de uma sinceridade quase palpável.

Podia sentir isso.

– Farei isso pai. Em algum momento. – sorri com ele. – Você esta bem mesmo?

– Melhor que nunca. Sem dores. Sem segredos. Com meus amores. – ele apertou minha mão.

Era verdade. Cada palavra dita por ele.

Não preciso ter habilidade alguma para identificar isso.

Embora essa nova maneira de enxergar as pessoas, confirmasse a verdade nas palavras dele.

– Estarei aqui sempre. – dei um abraço apertado nele.

– Vá viver um pouco. Tirar alguns dias de folga fará bem. – assenti.

– Vou para o mar. Consigo pensar melhor lá. – caminhei até a prancha, a encaixei no meu braço e sai.

Olhava o caminho, e os movimentos na mata.

Infelizmente minha percepção esta mais forte a cada dia, e tenho idéia do que anda por ali.

Ignorei o sentimento de desespero que sempre ameaça me dominar quando penso que Vampiros também podem estar ali.

Estacionei o carro em uma pequena entrada que havia na praia.

O dia estava agradável.

Lancei-me ao mar.

As ondas fortes me distraíram durante algum tempo.

Fiquei no mar, olhando o nada relaxante que aquele lugar proporciona.

Sai da água e deitei sobre a prancha.

– Um humano Imortal. Sou um humano mortal. Vou viver para sempre, ou enquanto ela praticar magia.

Passei mais algum tempo afundando essas palavras no meu cérebro.

Ou vou aceita-las. Ou vou enlouquecer.

Meus olhos fecharam, e o dia virou noite rapidamente. Mais rápido que um piscar de olhos.

Raios, trovões, e um cheiro insuportável de podre pareciam estar na minha pele.

– Mike? Mike? – uma voz conhecida.

Dei um salto.

– Droga, droga! – olhava para os lados. O dia estava claro. Algumas nuvens anunciando que a temperatura em breve não seria tão agradável assim.

Olhei para frente e Merida parecia assustada.

– Esta tudo bem? – ela não se moveu.

– Esta. Tive um pesadelo. – tirava a areia do corpo. – Como chegou aqui? Quem avisou onde eu estava.

– Ninguém. Eu o vi chegar. Estava ali. – ela apontou para uma pedra no alto da colina. – Desculpa, não devia ter me aproximado.

Merida deu dois passos para se afastar.

Lembrei das palavras do meu Pai.

– Espera. – segurei seu braço. – Eu não, queria ser grosso. – tentei justificar o péssimo comportamento.

– Eu sei Mike. Não sou a pessoa que você tem em mente para te ajudar, ou conversar. E não posso me desculpar. Desculpas devemos quando achamos que fizemos algo errado. E não vou me desculpar por salvar você. Jamais. Fiz o certo, e prefiro seu ódio, e um coração batendo, do que simpatia em um corpo frio. – sinceridade.

É irritante saber a certeza das pessoas em suas palavras.

– Não tenho mais como mudar essa atitude sua. Mas preciso mudar a minha. Conviver bem com isso, seja lá o que for.

Ela sorriu.

Um sorriso tímido.

– Bem estou com um pouco de fome. Quer almoçar comigo, assim que eu não parecer mais um frango á milanesa. – batia a areia dos cabelos. E o som da gargalhada dela me deixou estranhamente relaxado.

– Aceito. – quase me senti sem graça, com a forma sutil, e o tom de voz diferente dela, ao aceitar o pedido.

Caminhamos calmamente pela praia. Conversando sobre ela.

No carro ela descrevia a magia de alguns lugares onde passou.

Era natural agora a forma como ela me contava sobre a família.

Editando as partes da magia claramente.

Parei em frente a minha casa.

– Vou tomar banho. – desci do carro e ela permaneceu lá dentro. – Vai ficar ai dentro Merida? Vamos entre.

– Não. Prefiro ficar aqui. Vou caminhar, te espero. – receio, ansiedade, e talvez um pouco de nervosismo.

Dei alguns passos tentando fingir que não havia sentido isso.

Impossível.

– O que foi? Esta com medo, dos meus Pais acharem que estamos juntos? Fique calma, tenho outras amigas mulheres Merida. – brinquei.

– Não é isso. – ela falava a verdade.

– Bem você quem sabe. Volto rápido. – uma sensação de que ela me contou meias verdades me dominava.

Entrei e o silencio na casa chamou minha atenção.

Procurei pelos quartos, varanda. Nada.

Peguei meu celular e liguei para minha Mãe.

– Mãe esta tudo bem? – a preocupação me dominava.

– Sim meu filho, seu Pai e eu saímos para almoçar apenas isso. Venha nos encontrar, estamos no seu restaurante favorito aqui no centro. – a tranqüilidade na voz dela, me acalmou imediatamente.

– Tudo bem. – desliguei o telefone e olhei pela janela.

Merida estava com um vestido branco. Marcando a cintura bem modelada.

Os cabelos negros estavam soltos. Quase chegavam a cintura.

Era como se estivesse olhando Merida pela primeira vez.

Com olhos diferentes talvez.

Ela caminhava calmamente de um lado para o outro.

Porem havia algo na postura, que denunciava a ansiedade.

Subi tentando mais uma vez deixar essa sensação de lado.

Tomei um banho rápido, coloquei uma roupa mais confortável, e desci.

Merida me aguardava encostada na porta do carro.

– Demorei? – abri a porta do passageiro, para ela entrar.

– Nem um pouco. – ela entrou ajeitando os cabelos.

Caminhei para entrar no carro indo por trás.

Fechei os olhos por alguns segundos.

Lembrando do que ela me disse sobre o que herdei quando fui salvo.


“ Então agora, se você se concentrar, pode saber quando alguém mente, ou esconde algo. São pequenos detalhes sutis que a pessoa dá.”


Se eu me focar posso entender.

Abri os olhos, e continuei caminhando, até entrar no carro.

– Tudo bem? – ela parecia despreocupada.

Mentira. Ou omissão de algo, não conseguia distinguir ainda.

– Acho que sim. – não menti, Merida saberia caso o fizesse, assim como Eu sei que ela esta escondendo algo. – Podemos almoçar aqui mesmo no centro, o que acha?

– Ótimo. – um sorriso. Agora sincero, aliviado, a medida que o carro se afastava da minha casa.

Dirigi em silencio.

Eu sabia que ela estava tentando esconder algo, e no fundo sei exatamente em relação a que.

Mas o medo de confirmar minhas desconfianças me proibiu de fazer a pergunta.

Estacionei o carro na porta do restaurante onde meus Pais almoçavam.

– Você ficou calado. O que aconteceu? – Merida analisava minha postura.

– Nada, eu só... Não sei... – antes que pudesse dizer alguma coisa, meus Pais desciam as escadas saindo do restaurante. – Meus pais ali. – estendi o braço acenando para eles.

Merida apertou os olhos.

Fiquei paralisado.

– Não tire conclusões, me deixe falar antes. – a auto defesa confirmou minha desconfiança.

– Te esperamos filho... – a frase do meu Pai morreu, e um sorriso se alargou em seu rosto quando ele viu a bela morena ao meu lado – Merida, não sabia que conhecia meu filho. – minha a Mãe tratava com intimidade.

– Conheço da reserva. – nossos olhos, meu e de Merida, não desviaram um do outro.

– Que coincidência Mike. Conhecer da reserva uma das melhores enfermeiras do seu Pai. – meu coração disparou.

Reprimi o impulso de pega-la pelo braço e sacudir. O que Diabos ela fez?!

– Nicolas, era não era enfermeira. – minha Mãe corrigia. – Merida faz trabalho voluntário no hospital, apenas isso.

– Verdade. – e como vão as garotas outras garotas? – meu Pai olhava inocente para nós.

– Estão bem. – um pedido de desculpas. Era esse o olhar dela. Não conseguia mover um músculo do meu corpo.

Anestesiado, era essa a palavra.

– Bem vamos deixá-los almoçar. – minha Mãe entrelaçou seu braço, no do meu Pai. – Vá nos fazer uma visita Merida. Ficaremos felizes.

– Com certeza. – meu Pai deu um passo à frente e segurou a mão de Merida. – Você foi muito importante na minha recuperação, obrigado.

Merida apenas assentiu, e só então desviou os olhos dos meus.

Meus Pais caminharam felizes para o carro.

– O que você fez? – controlava meu tom de voz, e tentava fazer o mesmo com o meu corpo.

– Eu ia contar. Apenas precisava achar um meio. – seu tom de voz era calmo.

– Não! Não! Eu pedi você me fez enxergar que era errado, o que será dele sem a minha Mãe. – um desespero nublou minha percepção.

– Não foi nada disso. Acalme-se. – Merida segurou minhas mãos.

Minha respiração estava acelerada.

– Explica. O que vocês fizeram? – meu corpo todo começava a relaxar lentamente.

– Se concentre, e vai saber que não estou mentindo, e no fundo saberá o que fiz. Feche os olhos, e saberá que foi algo bom. Apenas uma ajuda. – fechei os olhos, a voz dela parecia mais suave agora.

Sentia minha percepção diferente.

– Não foi nada ruim, nem algo que mude a vida dele, como aconteceu comigo, certo?! – era como ler novamente um livro, que te marcou muito, mas desta vez em um idioma diferente, e tentar achar a frase que mais te marcou ali. Uma questão de saber exatamente onde e em que ponto do livro esta frase esta, ou aprender a ler no idioma.

– Quando você foi me procurar aquele dia, fiquei pensando como poderia ajudar seu pai, sem fazer o mesmo, que fiz com você. Ayra disse que talvez, poderíamos ajudar. Três bruxas, e energias emanando delas. Então íamos todos os dias, assim que você saia. A melhora dele era visível.

– Ele não ficará como eu? É isso? – o alivio me dominava.

– Não, ele apenas não esta mais doente Mike. Conseguimos fortalecer o corpo dele agora. Não vai prevenir outras doenças, mas acabou com esta. Podemos sentir. – era surreal. Totalmente.

– Ele esta curado? Totalmente? – um sorriso largo se espalhou pelos meus lábios.

– Sim esta. Eu ia te falar, queria, mas não tive coragem. Precisa... – foi um gesto natural.

Abracei Merida com vontade, interrompendo sua frase pela metade.

– Ele esta curado. Curado! Curado. – gestos naturais, de quem esta aliviado. – Obrigado Merida. – colei meus lábios nos dela.

O corpo dela ficou imóvel, me fazendo perceber o que acabara de fazer.

Ela se afastou, sem graça, tirando os cabelos dos ombros e jogando para trás.

– Merida desculpe. Eu... Eu... – ela cortou o que eu já não estava conseguindo dizer.

– Um gesto impensado, natural e involuntário de quem esta apenas feliz. Não se preocupe, eu entendo. – a verdade nas palavras dela, me deixou um pouco mais sem graça.

– Bem agora você me deixou ainda pior. – rimos juntos. – Não se preocupe você tem esse dom, me deixar com cara de bobo.

– Eu vou esperar Mike. Por este mesmo gesto, mas que ele venha com a vontade. Não por instinto. Caso um dia aconteça. – senti meu rosto esquentar. – Vamos almoçar ainda? Ou quer ir abraçar seu Pai?

Não consegui dizer uma palavra.

– As duas coisas. – caminhamos em direção ao restaurante. – Mas preciso me acalmar, e chegar lá assim, Ele vai me achar louco.

Merida sorriu.

Entramos no restaurante.

O lugar estava calmo.

Sentamos no terraço de vidro.

O almoço foi agradável.

A conversa leve, sem maiores informações.

Contava a ela histórias da faculdade, e do cargo de advogado.

Era estranho lembrar como era infeliz naquele mundo.

– Às vezes escolhemos as coisas, e demoramos muito tempo para sentir o impacto que isso nos causa. Sendo bom ou ruim, muitas vezes demoramos a reconhecer o que esta escolha esta nos trazendo. – as palavras dela, coincidiam com o que eu estava sentindo. Fui infeliz tanto tempo, e demorei ainda mais parar retomar minha vida!

– É não quero repetir essa atitude. De ficar parado, sorrindo imerso a infelicidade. – dei de ombros.

– É um começo. Um começo. – concordou ela.

– E por isso estamos aqui. Quero me conhecer mais uma vez. Preciso saber tudo. – pedi.

– Tudo é muita coisa. E podemos ir devagar. Sem excessos. Todo auto conhecimento leva um tempo, vá com calma. – sorri, pois as palavras dela denunciam um conhecimento de vida, que eu ainda não alcancei.

– Quantos anos você tem Merida? – ela corou imediatamente. – Desculpe a pergunta.

– Direto. Sincero. Isso é bom. E indiscreto também. – foi a minha vez de ficar sem graça.

Merida sorriu assim que notou meu embaraço.

– Não sei ao certo se posso dizer qual a minha idade Mike. Parei de envelhecer aos vinte e três anos. Isso aconteceu há cinqüenta anos. – engasguei com o suco. – Mike, calma, apenas respire.

– Tudo bem eu já sabia, mas a confirmação é sempre surpreendente. – respirei fundo. – Sempre me relacionei bem com mulheres mais velhas. – sorri com minha piada, e só notei o duplo sentido nela, quando Merida ingeriu uma quantidade de suco maior que o normal.

– Você deve ter perguntas, e vou responder todas. Com calma. – ela cruzou os braços sobre a mesa. – Comece.

Respirei fundo, não sabia ao certo se queria realmente saber sobre o que me esperava nesta nova condição.

– São muitas perguntas, e... – ela completou a frase.

– E as respostas podem não ser tão bem vindas assim. – levantei os olhos e encarei os grandes olhos verdes dela. – Senti o seu receio. Podemos fazer o seguinte. Ir com calma. Por hoje. – assenti.

Ficamos ali conversando, sobre meus tempos de escola.

Ela me contava como era jamais ter interagido com pessoas comuns antes de completar vinte anos.

Era um choque de duas pessoas completamente diferentes.

Eu nasci para ser um humano como outro qualquer, ia viver envelhecer e morrer, neste meio tempo, ia tentar me realizar.

Merida nasceu para ser algo maior. Proteger ou não era uma escolha que ela faria, usando tudo aquilo que aprenderá com seus Pais. Sem data para essa missão ter fim.

Sem os meio termos de caminhos.

– Sabe o que estava pensando. Na minha idéia de “Para sempre”, e como ela é totalmente errada. – confessei.

– Humanos tem uma idéia de eternidade deles. Até onde vivem. Tudo fora do alcance de seus olhos é lenda. Não existe. Não compreendem, pois, é difícil compreender aquilo que não vivemos. Sentimos. Teorias serão sempre teorias, até que você as viva na prática e pare de ler livros sobre o assunto Mike. Até que alguém, as prove, são sonhos de mentes delirantes. – as palavras dela se encaixam exatamente com o que estou sentindo agora.

Não entendo muito do que vem, mas parece apenas um delírio na minha mente, e de quem acredita que isso é possível.

– Não dizem que sonhos, são apenas sonhos, até que alguém tenha a coragem para vivê-los? Então, os humanos muitas vezes não têm essa coragem, e preferem apenas sonhar, ou acreditar que estão realizando algo. É mais fácil acreditar do que ter certeza. – soltei as palavras.

– Eu fiz isso. Quando meu Pai contou o que praticar a magia, me traria. Era algo tão absurdo, surreal que durante um bom tempo parecia ser mentira. Uma reação natural eu acho. – parecia uma confissão.

– Você me disse sobre seus Pais, que eles eram poderosos, mas não me falou onde estão, ou o que aconteceu com eles. – o interesse sobre a vida dela era natural, e crescente.

– Eles morreram há quatro anos atrás. Não sei se estou pronta para falar sobre isso. A dor é muito recente. – podia sentir a dor, que os lábios dela não diziam. – A forma que eles morreram não foi muito aceitável.

– A dor seria a mesma. – tentei consolar.

– Talvez. – os olhos verdes dela, encheram de lágrimas. – Nunca vou saber. – havia melancolia no tom de voz.

– Não ter respostas é sempre à parte mais difícil. – segurei suas mãos.

– Não acho. A pior parte é ver a tranqüilidade das pessoas. – Merida por um segundo entrelaçou os dedos nos meus, porem, em seguida puxou as mãos.

– Foi difícil ver, e não ter tranqüilidade? Ou aceitar como todos? – sentia que ela de alguma forma precisa soltar, um bolo, preso em sua garganta.

– Sim foi. Ayra e Moira conseguiram aceitar. Dizem que é nosso destino, proteger, correr riscos. Então depois de alguns meses, decidi apenas assentir. Calar. Fingir que acreditava na teoria. Com o tempo a vontade de gritar e despedaçar coisas desapareceu. – ela riu um sorriso negro, sem humor ou o brilho habitual. – Mas não era certo perder meus Pais. Mortes naturais é o destino do ser humano. Coração, doença, velhice. Isso pode ser uma opção de quem pratica magia. Meus Pais optaram por isso. Envelhecer. Estavam decididos a deixar o curso natural de suas vidas seguir. Sem magias. O que aconteceu a eles não foi natural. – um desabafo.

– É difícil quando não conseguimos sofrer da forma que precisamos, por não querer magoar as pessoas. – não sabia o que dizer a ela.

– É muito. Minhas irmãs lidam com a dor melhor que eu. Me senti muito perdida. Enfim... – ela se levantou. – Preciso ir. Prometi a Jacob, que o ajudaria com Leah. A reserva e tudo mais.

Apenas assenti.

Levantamos, e os pensamentos de Merida, pareciam vagar por algum lugar onde ninguém conseguia alcançar. O olhar estava distante dali.

Paguei a conta, e joguei meu casaco nas costas dela, o vento já estava frio.

Merida apenas ficou me observando.

Durante o caminho, falei sobre o alivio de ter meu Pai curado.

– Obrigado por isso. Fui injusto com você, em pensar que faria algo para prejudica-lo. – admiti.

– Desculpas aceitas Mike. – parei o carro diante da casa onde ela mora. – Obrigada pelo dia. O almoço. E por escutar. – Merida deu um beijo rápido na minha bochecha.

– Não se preocupe. Hoje foi o seu dia. Amanhã será o meu! – ela sorriu, pois sabia que logo, as perguntas difíceis começaram a ser feitas.

Merida desceu do carro. E entrou na casa.

Mesmo não querendo, ou tendo dificuldades em admitir, me sinto envolvido pelo mistério que a figura dela traz.

Pela sinceridade, e as possibilidades que tudo isso pode me trazer!

Segui de carro até minha casa vazia.

Os móveis estão aqui. Porem a vida que foi construída, os sonhos, esses partiram sem volta.

Preciso começar a viver uma nova etapa.

– Preciso reinventar a minha vida agora. Não há mais desculpas Newton. Agora é você e seus passos que vão determinar o curso da sua vida!

Abri as janelas para ventilar a casa.

Olhei em volta e descobri que precisava de alguém para limpar a casa.

Vou pedir ajuda a Sue.

Peguei o telefone e estava mudo.

– Droga mandei desligar. – mexi nos bolsos, e peguei meu celular. – Maravilha Mike. Parabéns você conseguiu ficar incomunicável. – meu celular estava sem baterias.

Peguei as chaves do carro e decidi ir até a casa da minha Ex-Sogra.

O vento estava gelado agora.

Uma sensação estranha de que algo vai acontecer quase me fez perder a direção.

O carro parou.

– Droga. Não abasteci. Hoje é o meu dia. – desci do carro.

Adentrei a mata.

Estava bem um pouco distante.

Olhei ao redor, e decidi ir embora.

Uma sensação nada agradável me dominou.

Leah saiu de trás de algumas arvores.

Senti um embaraço imenso, por querer gritar de susto com a aparição silenciosa dela.

– O que esta acontecendo? – ela estava visivelmente preocupada, o que me deixou um pouco mais nervoso com a situação.

– Estava indo embora. Estive com Merida quase a tarde toda. – droga falando como um idiota, e coisas sem sentido.

Respirei fundo.

– Isso é bom. Ela pode te fazer entender tudo o que esta acontecendo, melhor do que ninguém. – Leah parecia preocupada, caminhava ao meu lado, mas a mente, aparentemente não estava ali.

– É sim. Ela errou, tentando fazer algo que julgou ser certo. Não posso culpá-la. Não posso viver com raiva de tudo. Tenho que aprender viver com a minha nova realidade. – fui sincero.

Dizer essas palavras a Leah era uma sentença.

Aqui tudo parecia tornar-se real.

Olhei para o lado, e a expressão mais tranqüila, e serena dela fez um sorriso tímido aparecer em meus lábios.

– Eu vou me surpreender com você sempre Mike Newton, Sempre. – sorri ,abertamente com as palavras dela.

Prestando atenção nos olhos negros dela, tenho uma certeza.

Jamais vou esquecer o que vivi ao lado desta mulher.

Os sonhos, as realidades, os pequenos momentos.

Antes de dizer alguma coisa, vi a postura dela mudar.

Um uivo arrepiante causou um calafrio violento por todo meu corpo.

– Vamos. Você precisa sair daqui agora. – antes de ter tempo de dizer qualquer coisa, Leah puxou meu braço, me lançando em suas costas.

A disparada dela pela mata foi tão grande que quase me fez vomitar.

Tentei abrir a boca para dizer onde estávamos indos, mas desisti, pois provavelmente se abrisse, gritaria como uma garota.

Melhor continuar calado.

– Cuide dele, temos visitas e não posso deixá-lo se ferir. – abri os olhos, e estava diante a casa de Merida.

Graham olhava para as arvores e parecia não me notar.

– Estaremos na mata em segundos. – Ayra se aproximou.

Antes de partir, olhei por um segundo os olhos de Leah, e senti um vazio imenso.

Merida estava parada na porta com um sorriso, de alivio por ver ali, a salvo.

– O que esta havendo? – um medo fez meu coração acelerar.

– Vampiros, muito perigosos. – Merida apontou o sofá.

Olhei para o lado, Ayra e Graham não estavam mais ali.

– Vá Merida. Eu só vou sentir que Leah não vai se machucar caso você esteja lá. Vá. – sentia uma agonia inexplicável.

– Não vou te deixar sozinho aqui. – ela também estava preocupada, eu posso sentir.

– Se algo acontecer lá fora, são seus irmãos que precisarão da sua ajuda, eu estou aqui. Bem e protegido. Mas e eles? Jacob, e os outros não estão aqui Merida, pense. – podia sentir a divisão que minhas palavras estavam causando na mente dela. – Vá, eu prometo ficar aqui e esperar você. – segurei as mãos frias dela.

– Vou até o lugar onde deixo meu corpo, para ajudá-los. Estarei por aqui, mesmo que você não me veja, sei que vai sentir. E se precisar de ajuda, eu sentirei, assim como você sentira caso eu precise de você. – apenas assenti. Olhava minhas mãos sobre as dela, e sentia algo estranho.

– Vá, e, por favor, cuide-se, e cuide da Leah. Vocês duas são importantes, não posso imaginar nada acontecendo, entende? – o sorriso dela foi encantador.

Ela apenas assentiu, e saiu em disparada pela mata.

Mas no instante que ela desapareceu, senti minha visão falhar por um segundo.

Uma sensação forte, e um frio opressor, dominaram o ar.

Subi as escadas e fechei todas as janelas da casa.

De repente a idéia de estar ali sozinho, e pior por escolha própria me pareceu estúpida demais.

Olhei ao redor, e caminhei até a entrada para trancar a porta da frente, porem, antes de conseguir fechá-la totalmente, algo impediu a ação.

– Com licença. – a voz melodiosa, os olhos vermelhos carmim, e o rosto branco e perfeito como mármore, automaticamente me levaram aquela tarde negra na mata. Onde minha vida deixou de ser comum.

Ele passou por mim, com um ar superior.

Não conseguia dizer nada.

Respirei fundo, tentando decidir se corria, ou apenas fechava os olhos.

– Quem é você? – empurrei as palavras.

– Desculpe. Quanta indelicadeza a minha. – Me chamo Vladmir. – ele colocou as mãos no peito, e baixou levemente a cabeça. – Agora não seja indelicado. Sente-se. – ele sentou no sofá.

Olhei para a porta enquanto caminhava para sentar diante daquele homem.

Ele me olhava como um sorriso no canto dos lábios.

– Não tenha medo. Se eu desejasse sua morte, tenha certeza, você não teria tempo sequer de pensar em correr. – a ameaça, saiu em tom de melodia.

– Não tenho medo de morrer. – rebati em pânico.

– Imagino seus motivos. – ele cruzou a perna. – Acontece meu Jovem, que os humanos não sabem o que é dor, e tem a virtude, ou a inocência de achar que podem suportar algo desconhecido.

Meu coração parecia querer saltar pela boca.

– O que você quer comigo? – minha voz parecia firme.

– Com você? – a risada calma, era também ameaçadora. – Meu Querido fique tranqüilo, sua vida, ou presença nada tem a ver com a minha passagem por este lugar. – ele olhava ao redor, com desprezo. – O que eu desejo esta a caminho.

Aquele sorriso no canto dos lábios era sinistro.

Me fez lembrar dos filmes antigos que meu pai ama assistir.

Aqueles que trazem o Drácula como uma figura ameaçadora, e nos faz ter medo antes mesmo de se fazer presente na tela.

– Finalmente a conheci pessoalmente Leah. – ele se levantou. Uma postura solene. muito parecida com filmes medievais, onde os homens se moviam de uma maneira diferente. Muito mais elegante do que fazemos hoje em dia.

– Você esta no lado errado da fronteira. – Leah parou na minha frente.

Meu coração acelerou. Sentia um medo imenso. Não por mim, a presença de Leah me dava segurança. Sentia medo por Merida.

– Nunca estive do lado errado. – aquele homem tinha segurança na voz. Ele sabia exatamente onde pisava, e com quem falava.

– Deixe Mike fora disso. – Leah tinha uma postura protetora. O vampiro a olhava admirado.

– Não era a minha intenção, segura-lo aqui minha querida. – ele parecia não notar sequer minha presença ali. Os olhos vermelhos estavam fixos em Leah.

– Vá Mike, fique ao lado dela, Merida precisa da sua ajuda agora. – um pedido de silencio, seu estampou, e Ela apertou minha mão suavemente. Como as pessoas que desejam nos confortar fazem.

Estava aterrorizado.

Não sabia o que me aguardava quando cruzasse a porta.

Mas posso sentir que ela corre perigo.

Sem estar consciente do que realmente estava fazendo, sai em disparada pela mata.

Cai algumas vezes, sentia que ia desabar.

Merida estava em perigo, eu sentia.

Parei bruscamente.

Meus olhos fecharam automaticamente.

As palavras dela ganhando força.


http://www.youtube.com/watch?v=uHNEYPth_Z4


“ Seu instinto de preservação vai aumentar também.”


Abri os olhos e sai em disparada.

Uivos, e barulhos de pedras sendo arremessadas ao meu redor.

Um homem parou na minha frente, impedindo minha corrida.

– Humanos. – ele disse a palavra, como quem diz olá para uma refeição.

Algo o arremessou longe.

Um Lobo.

Não parei para ficar admirando, ou agradecer quem havia salvado minha vida.

Mas ao olhar um instante para trás, o cenário era surreal.

Lobos, se lançando contra Vampiros.

Senti uma força dominar minhas pernas, e continuei a disparada.

– Onde? Onde? – parei novamente. A respiração ofegante.

Fechei os olhos.

A voz dela preenchendo meus ouvidos.


“Pelo fato, de dar a você partes de mim, criamos um laço.”


Nenhum som me alcançava mais.

Já sabia onde ela estava.

Corri em direção as pequenas grutas, que ficam afastadas.

Um homem segurava o corpo de Merida nas mãos.

– O espírito preso seria interessante. Mas transformar uma Bruxa, em Vampiro é algo infinitamente mais divertido. – ele colocou o corpo no chão. Limpou os lábios cheios de sangue.

Olhei e Notei que ele não desfez o circulo que Merida havia jeito no chão.

– Saia de perto dela. – ele gargalhou.

– Vou beber seu sangue, e deixa-lo vivo apenas para que ela ao acordar como Vampira, termine o jantar. – ele deu um passo à frente, e voou longe.

– Quanta hostilidade. – Reneesme, parou protetoramente a minha frente. – Eu esperava mais educação dos Romenos.

– Ele investiu contra Nessie, mas antes de se chocar contra nós, o barulho ensurdecedor de pedras se espatifando, ou uma avalanche delas.

– Vamos! – Nessie me jogou em suas costas, e pegou o corpo de Merida. – segure-se Mike.

Olhei para trás e Edward Cullen, e Jasper, faziam uma fogueira e arremessavam braços e pernas.

Nessie saiu em disparada pela mata. Seguia um caminho que jamais havia visto.

Os barulhos de choque, e pedras, estavam mais distantes.

Ela parou o colocou o corpo de Merida no chão. Segurou seu pulso, e colocou o dedo em seu pescoço.

Sentia parte de mim de esvaindo. Ela estava morrendo, podia sentir.

– Ajude-a, por favor. – sentei ao lado do corpo inerte de Merida. Sentia-me mais fraco.

– Vou tentar. Vire-se, você não vai gostar de ver. – apenas assenti.

Me sentia cansado.

Olhei para baixo, por menos de dois segundos, e senti um medo incontrolável por estar diante de uma cena dessas.

Nessie sugava o pescoço de Merida.

Segurei a mão fria dela.

– Vamos lá. Seja forte, corajosa e não ouse morrer. Vamos lá. – senti um pequeno espasmo.

Olhei para o lado, e ela estava abrindo os olhos lentamente.

De repente ela parecia ter engolido muita água. Parecia ter sido sufocada.

Debateu-se assustada.

– Acalme-se. Acalme-se – Nessie, a segurava em seus braços.

– Ayra. – sua voz saiu sufocada.

– Graham a levou. Carlisle esta com ela. – Nessie continuava com ela nos braços.

Os meus olhos eram fixos nos dela.

Segurei suas mãos.

– Vai ficar tudo bem. – senti uma calma inexplicável.

A respiração dela foi voltando ao normal lentamente.

– Preciso tirá-los daqui. – Nessie levantou-se.

– Ela vai agüentar? – minha preocupação com Merida era alarmante.

– Vou. – Merida se levantou com dificuldade. – Em pouco tempo estarei bem.

– Vamos, as coisas estão complicadas. – Nessie estendeu a mão para Merida.

– Leve Mike primeiro. Ninguém vai conseguir tocar em mim, preciso me fortalecer já para não deixar que ele se machuque. Desça com ele, e vou em seguida. Não posso continuar frágil agora. – olhei Merida irritado.

– Você quase morreu. Estamos no meio de uma guerra, entre vampiros, somos humanos, totalmente mortais, e você tem a coragem de dizer que ficará sozinha aqui? Não. – ela tentou dizer alguma coisa. – Você vem junto.

– Mike, Reneesme precisa deixá-lo em segurança. E isso é prioridade agora. Eu estarei bem, e preciso ajudar Leah. Vou deixá-los em segurança até você estar protegido. – Merida caminhou em minha direção com um esforço visível, e me deu um abraço.

A segurei em meus braços.

– Por favor, não fique aqui. – pedi.

– Não vai acontecer nada. Eu prometo. – a verdade nos olhos dela, não me tranqüilizou. – Agora vá. Vai ficar tudo bem.

– Vamos Mike. – Nessie estendeu a mão, dei dois passos e antes de segurar, voltei.

– Caso seja a ultima vez que nos vemos. E para que você saiba, que mesmo sem saber explicar como, ou quanto, Você já é muito importante na minha vida. – minhas mãos deslizaram pela lateral do rosto de Merida, entrelacei meus dedos em seus cabelos, suavemente, e colei meus lábios nos dela.

Senti suas mãos em minhas costas.

Uma sensação gostosa, em meio à loucura que nos cercava.

Não conseguia distinguir o que me levou a fazer isso, ou quais os sentimentos dentro de mim.

Apenas sei que é um desejo. E não vou mais deixar os meus para trás.

– Fique a salvo. – me afastei, segurando as mãos de Reneesme, que mais uma vez, me lançou como um brinquedo em suas costas.

A disparada dessa vez foi mais veloz.

Os uivos preenchiam os céus.

Abri os olhos e quase podia ver a estrada.

Quase.

Por um segundo acreditei que chegaria ali.

Fomos atingidos por algo.

Não nos derrubou, caiu aos nossos pés.

Mas algo fez Nessie cravar os pés no chão.

Algo que ela gritou segundos após parar.

– Seth! – a dor na voz dela era quase palpável.

Olhei para frente.

– Vá, eu consigo sair daqui. Sei que consigo. – ela parecia anestesiada.

Desci de suas costas.

Porem antes de dar um passo, ela me segurou, e alguns segundos, estava na rodovia.

– Saia daqui o quanto antes Mike. Por favor, não ouse olhar para trás, ficaremos bem. – antes que eu pudesse responder, ela já havia desaparecido.

Nessie havia me deixado na estrada.

O mais longe que conseguiu do centro daquele horror.

Corri o quanto pude.

Quase na entrada de Forks, e no canto já na mata no acostamento, meu coração gelou.

A viatura de Charlie, estava parada próxima a mata.

Corri direto até lá.

Naquele ponto ficava uma espécie de casebre, onde os pescadores, mais conhecidos, deixavam seus materiais.

Não havia notado onde estava, pois a noite dominava a estrada.

– Charlie! Charlie. – meu desespero era imenso.

– Mike. O que faz aqui há essa hora rapaz? – o abracei aliviado. – O que esta acontecendo, você parece aterrorizado.

– Precisamos sair daqui Charlie. Rápido. Vamos te explico no caminho. – ele passou por mim, e impediu minha corrida.

– O que esta havendo? Tem algo a ver....com a minha filha? Ou a nova condição dela após o casamento? – era evidente que ele empurrava as palavras.

– Tem, por isso precisamos sair daqui. – puxei seu braço.

– Seu Pai. – senti meu corpo todo congelar. – Ele esta na beira do mar. Estávamos nos preparando para sair de barco. Íamos antes do amanhecer para auto mar.

Aquela sensação de escuridão que tive mais cedo, voltou e se alojou no meu peito.

– Vamos Mike. – foi à vez de Charlie me puxar.

Saímos em disparada pela mata.

Minha mente estava vazia.

Só a imagem de vampiros molhados preenchiam alguns flash’s.

Enxergava uma luz no meio do nada.

Era a cabana onde eles provavelmente colocavam os artigos de pescaria.

– Lá Mike,.o barco fica naquele lado da margem.

Antes do iniciar mais uma vez a corrida, um barulho, quase imperceptível, me fez ficar em alerta.

– Corra o mais rápido que conseguir Charlie. – antes mesmo de conseguir ganhar velocidade com a corrida um homem parou diante de nós.

Charlie e Eu estávamos ofegantes.

O homem de olhos vermelhos estava com um sorriso nos lábios. Encharcado.

Estranhamente me senti calmo.

– Vejo que vou me divertir um pouco. – a voz era ameaçadora. Os olhos nada gentis, como o dos demais vampiros.

Eu sabia que era o nosso fim.

No exato momento que nos vemos diante da morte, podemos sentir cada batida do nosso coração.

Dois humanos, totalmente desprotegidos diante de um vampiro, com um sorriso vitorioso nos lábios.

Olhei para o lado. Nos olhos de Charlie. Meu olhar continha um pedido silencioso de perdão por tê-lo colocado em uma situação de vida e morte. Perdão infelizmente é tudo que posso pedir.

Deveria ter seguido sozinho, pois sei o quão perigoso poderia ser.

Fechei os olhos.

E nem as mãos gélidas do vampiro em meu corpo, arrancaram a imagem que preenchia minha visão. A força no olhar dela, seria meu porto seguro, a ultima imagem, aquele que agarraria. Antes de morrer, por me passar paz. Mas meu ultimo pensamento não foi em Merida.

Meu ultimo pensamento feliz, foi muito alem de querer me agarrar em algo, para me sentir seguro.

Senti um tranco no meu corpo, e meu corpo levitar.

Mãos quentes me seguraram.

– Parece que você precisa de uma ajuda. – abri os olhos, havia uma sombra enorme a minha frente obstruindo o caminho da luz. – Se algo acontecer a você, estou encrencado para o resto da minha existência. – ele estendeu a mão para me levantar.

– Meu Pai. – segurei a mão e levantei. – Jacob?

– Sim, vamos sair daqui. Assim que conseguirmos. – olhei ao redor.

Muitos homens encharcados.

– Onde ela esta Mike? – ele parou protetoramente a minha frente.

– Não sei. Eles são muitos. Preciso tirar meu Pai do barco Jacob. – o desespero me atingiu ainda mais forte.

– E vai. Não se mexa. – Jacob avançou na direção dos vampiros.

Moira colocou a mão no meu ombro.

Dizia palavras que eu não entendia.

– Caminhe lentamente Mike. – a voz de Merida preencheu o ar.

Um passo, outro passo.

Jacob, Scott, Eike e Aquiles destruíam cada vampiro naquele espaço.

O barulho era insuportável.

Então um silencio opressor, e assustador se fez de repente.

Jacob olhou em meus olhos, e pela primeira vez eu o vi com nitidez.

– Sinto muito. – ele olhou para o lado.

Meu pai estava ali parado.

Pálido.

Sem expressão.

– Vamos sair daqui. Agora. – Aquiles me lançou em suas costas. – Segure-se.

Jacob fez o mesmo com meu Pai.

– Não conseguia tirar os olhos do meu Pai. Ele também tinha os olhos fixos em mim.

Paramos diante a casa da Mãe de Leah.

Aquiles parou e pulei.

Jacob colocou meu Pai na varanda.

Scott deixou Charlie.

Sue saiu do interior da casa. A expressão horrorizada.

– Merida e Ayra estão bem? – Scott parecia preocupado.

– Sim. Fizeram algo para proteger a casa. Estão dormindo no quarto de Seth. – ela olhava para Jacob. – Onde esta Leah?

– Vou descobrir agora. – ele se aproximou de mim, parecia um urso. – Seu Pai ficará bem. Seja sincero.

Apenas assenti.

Sem olhar para trás Jacob partiu, com Aquiles, Scott, e Eike.

– Vamos Mike. Precisamos ficar na varanda. Só assim os vampiros não conseguem nos atingir.

Entramos, e ajudei meu pai a se sentar.

Charlie abraçou Sue com carinho.

– Vou ficar lá em cima. Ir para a mata. Não se preocupem, a casa esta protegida agora. Todos vão ficar bem. – Moira nos tranqüilizou. Ou tentou. Subiu as escadas e fechou a porta do quarto.

– Era verdade. Eu não sou louco. Vampiros e Lobos existem. – meu Pai começou a falar, parecia falar para as paredes.

– Pai sente-se. – tentei senta-lo novamente.

– Mike, quando você vai parar de me orgulhar? Então é isso. Leah é uma Vampira? – um sorriso despontava nos lábios dele.

– Não Pai. É complicado. – não sabia ao certo o que sentir, a reação dele me surpreendeu.

– Não é. Você é um homem. Maravilhoso. Meu filho. Não sabia até onde ia a sua coragem, mas agora eu sei. E como eu me orgulho de ser o seu Pai. – ele se aproximou, e me puxou para um abraço.

O abracei forte.

– Eu te amo pai. – não consegui conter a emoção.

– Você é o orgulho da minha vida. Siga sempre em frente Mike. Sem olhar para erros que não mudaram quem você é. Olhe para você, e saiba que pode agüentar tudo. Você é mais forte do que imagina meu filho. Muito. – ele começou a ficar ofegante.

Deu dois passos para trás.

– Pai? – senti meu corpo todo gelar.

– O orgulho de uma vida. Bem vivida. Feliz. Plena. Completa. – ele segurava o peito. – Eu te amo meu filho. – meu pai caiu no chão.

– Pai! – um grito desesperado rasgou minha garganta.

– Nicolas. Nicolas. – Charlie segurava a cabeça dele.

Os olhos azuis eram fixos em mim.

Ele estava morrendo.

– Fique. – o coloquei em meu colo. – Não me deixe. Não faça isso. Eu preciso tanto de você Pai. – espasmos, moviam o corpo dele sobre o chão.

Charlie e Sue tentavam massagear o peito dele.

Senti um aperto das mãos dele, as minha.

Aproximei meu rosto, ficando a centímetros do dele.


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– Preciso te falar. Antes de qualquer outra coisa. Tente ouvir. – a respiração dele era lenta. Difícil. – Meu ultimo pensamento foi você. A força nos seus olhos. Mesmo não sendo a sua imagem a ultima na minha mente, meu ultimo pensamento, foi à lembrança da vida que compartilhamos. Foi aceitação Pai. É tênue a linha separando o que você quer fazer para sobreviver, e o que vai realmente acontecer. Uma linha mortal, entre vida e morte. Foi uma reação natural querer me despedir de você. Dizer o quanto foi bom fazer parte da sua vida. E como nem a eternidade, vai apagar essa alegria. Mesmo não podendo explicar absolutamente nada, do que andava sentindo saber que um dia alguém me entendeu apenas com um olhar, era reconfortante. Obrigado. Por estar simplesmente ao meu lado. E ser esse homem maravilhoso. Obrigado.

O sorriso nos lábios dele se alargou.

Ele fechou os olhos, deixando a lágrima molhar minha mão.

A respiração parou.

Não era desespero dominando meu corpo.

Era dor.

E um vazio imenso.

Balançava o corpo dele. Ninando.

Era isso.

Ele estava morto. Nos meus braços.

– Meu Deus. – Sue ajoelhou ao meu lado, respirou fundo, e o tocou, com os olhos fechados.

– Sue? – Charlie se ajoelhou ao lado dela.

Sue abriu os olhos.

– Eu sinto muito Mike. Muito. Desculpe. – Sue parecia transtornada.

Olhava a expressão tranqüila dele.

Beijei sua testa.

Não sei quanto tempo permaneci ali.

Era alheio a tudo.

– Mike? – a voz de Merida me despertou do torpor.

– Há, você. – os olhos verdes estavam cheios de lagrimas. – Ele estava tão bem não é. Você o ajudou. Mas foi uma emoção muito grande Merida. Ele não agüentou.

– Eu sei. – ela sentou ao meu lado.

– Não consigo soltar o corpo dele. Ele esta quente. Ou deixando de estar. Eu não quero deixá-lo ir. E quando o soltar ele vai. Entende?!

Ela apenas assentiu.

Olhei ao redor, e a sala estava cheia.

Apertei meu Pai em meus braços.

– Mike. – uma voz firme.

Olhei para cima e Jacob se aproximava.

Parou diante de nós.

– Vamos levá-lo. Solte-o. Eu te ajudo. – ele estendeu os braços.

– Não posso. Se eu soltar, isso, isso será para sempre. Real. Ele não vai mais voltar Jacob. – um vazio ameaçava dominar meu peito.

– Ele não esta mais nos seus braços Mike. Deixe-o ir. Descansar. Seja o filho dele pela ultima vez. – respirei fundo.

Olhei uma ultima vez para o corpo inerte nos meus braços.

– Meu Pai morreu. Morreu. – o entreguei para Jacob. – Preciso levá-lo para casa. De qualquer jeito.

– Vamos. Eu vou com você. – Jacob se levantou com meu Pai nos braços.

Merida deu dois passos na direção da porta.

– Não. Quero que todos fiquem aqui. Esse é o momento da minha Mãe. – olhei para Jacob. – Vamos. Sem pressa.

Caminhamos para o carro.

Do lado de fora, vi Nessie e Seth.

Sam.

Kate.

Jacob colocou o corpo do meu Pai no banco de trás de uma picape.

Abriu a porta do passageiro.

Entrei sem dizer nada. Ou sentir.

O caminho foi silencioso.

O dia já estava alto.

– Como eu farei isso? Como direi a ela, que ele... Ele...morreu, quando não consigo nem dizer. Como? – havia um imenso vazio.

– Mesmo que seja difícil, deve ser feito. Não existe uma maneira certa, ou que vá aliviara a dor. Tanto sua, quanto da sua Mãe. Existe apenas a verdade, a realidade. – enxuguei as lágrimas que rolavam pelo meu rosto.

Respirei fundo, e desci do carro.

A luz da sala acendeu.

Jacob abriu a porta do carro.

Uma perguntava silenciosa, se podia tirar o corpo dali. Assenti positivamente.

A porta da sala abriu.

– Mike? Estava preocupada, você não voltou e... – ela avaliou minha expressão. – O que aconteceu? Meu filho o que aconteceu?

– Eu sinto muito Mãe. Tanto. – o olhar dela ainda não havia alcançado Jacob.

– O que houve? – de repente a expressão dela congelou, por um instante. – Seu Pai. Onde ele esta? – os olhos encheram de lágrimas.

Jacob caminhou lentamente com o corpo dele nas mãos.

– Nicolas? Não, não. – ela gritava. – Acorde vamos. Não faça isso. Mike, o que aconteceu?Acorde seu pai, por favor. – segurei seu rosto em minhas mãos.

– Acabou Mãe. Ele se foi. – ela balançava a cabeça negativamente. – Ele se foi. Se foi.

– Não! – ela chorava com o rosto enterrado em meu peito.

Ficamos ali.

Não sei quanto tempo.


.....................


Jacob me ajudou com todos as providencias.

Talvez, ele as tenha tomado sozinho. Não sei ao certo.

Ver meu pai dentro daquele caixão estava atormentando meu juízo.

O Padre e amigo do meu Pai, dizia algumas palavras, que eu não conseguia ouvir.

Olhei para o lado. Merida estava ali.

Estranhamente me senti melhor.

Nada que alterasse o vazio, ou a dor.

Apertei o braço para manter minha Mãe em pé.

Respirei fundo, para fazer o mesmo.

A neve estava fraca, ainda sim os flocos caiam sobre o caixão.

Me lembrei como meu Pai gostava de fazer bonecos na neve.

Das palavras significativas.

Da fé inabalável nas minhas atitudes.

Dos olhos.

Do sorriso, mesmo antes de partir.

– Vamos meu filho. – minha Mãe puxava meu braço.

Não havia percebido que todos estavam partindo.

Minha Mãe, seguiu adiante com alguns amigos.

Fiquei ali.

Merida apertou meu braço, e seguiu com Charlie, e os outros meninos da reserva.

Jacob permaneceu parado perto da arvore. Diante do tumulo.

Me aproximei de onde o caixão estava.

Neve e terra já estavam cobrindo a madeira.

Estava lá no fundo.

– Adeus. – respirei fundo, e soltei as lagrimas presas durante o enterro. - Adeus Pai.

A neve aumentou.

Jacob tinha os olhos fixos em mim.

Sentia algo inexplicável.

Vazio. Oco.

Caminhei na direção do carro.

Jacob em silencio atrás.

Antes de abrir o carro me virei para encará-lo.

– Você não precisa fazer isso. – soltei as palavras.

– Eu sei. Mas eu quero. – ele encostou-se ao carro, do meu lado.

– Alguma pista dela? – olhava para o local onde a pouco estava o caixão do meu pai, que agora estava vários palmos abaixo da terra.

– Não. Mas sei que ela esta viva. Posso sentir. – ele respirou fundo.

– Obrigado por ter ficado. Sei que você quer sair pelo mundo e encontra-la. – dei de ombros.

– Ela teria feito o mesmo. Ficado. – ele descruzou os braços e deu dois passos a frente. – Seja forte Mike. Agora a vida vai exigir ainda mais de você. Seja o orgulho da vida do seu pai, mesmo em sua ausência. – as palavras dele me lembraram os últimos momentos do meu pai.

Apenas assenti.

– Vou tentar. – completei.

– Eu sei que vai conseguir. Seu pai também sabia. – ele apertou meu ombro. – Agora vou deixá-lo sozinho.

Fiquei ali. Só sentindo a neve cair em meu rosto.

Dei uma ultima olhada.

E entrei no carro, indo direto para a casa onde minha Mãe estava recebendo nossos amigos.

Era tão surreal toda a situação.

Entrei, e me mantive em pé.


..............


Deitei ao lado da minha Mãe.

Ela estava exausta.

Adormeceu após tomar um calmante.

Olhando o sono tranqüilo dela, adormeci.

Acordei com uma sensação de angustia insuportável.

– Merida!

Levantei rapidamente e peguei o celular.

Antes do segundo toque ela atendeu.

–Oi, esta tudo bem? – sentei na cadeira do lado de fora do corredor.

– Sim esta. – a voz dela era embargada pelo sono. – Sem sono?

– Estava dormindo, mas acordei angustiado. Achei que... sei lá, poderia ser algo relacionado a você. – tentei explicar.

– Nem todas as suas angustias serão relacionadas a mim Mike. Você acabou de sofrer uma perda. É angustiante. – a dor, o vazio, a angustia, sentimentos relacionados a perda do meu Pai.

– Você esta certa. – respirei fundo. – Vou dormir. Obrigado por me ouvir Merida.

– Obrigada por me ligar Mike. – mesmo longe podia enxergar a expressão dela neste momento.

– Alguma pista do que houve com a Leah? Estou com tanto medo disso, que não sei explicar ainda. – desabafei.

– Acalme-se, sabemos que ela esta viva. Nessie consegue ver, só não conseguiu ver onde ela esta. Mas vamos conseguir. – ela tentava me acalmar.

– Eu sei que vão, confio em vocês. – levantei. – Agora preciso ir. Vou tentar dormir. Boa Noite.

– Boa noite Mike.

Desliguei o telefone me sentindo mal.

Sei o quanto é importante ajudar a encontrar Leah.

Mas não consigo pensar em nada agora. Nada.

Caminhei de volta ao quarto, e deitei ao lado da minha Mãe.

Segurei em sua mão e adormeci.



– Mike me ajude. – a voz de Leah parecia aflita.

– Leah, onde você esta?

– Não sei. Agora ouça. Preciso que Jacob saia da reserva. Rápido. – o tom de voz beirava o desespero.

Eu mal conseguia notar que aquela voz era dela.

– Como? Como?

O silencio era opressor.



– Como Leah? Leah? Por favor, como eu farei isso? – me senti sufocado. – Como?

– Mike? Acorde filho. Acorde. – senti meu corpo ser sacudido.

Abri os olhos e minha Mãe me encarava preocupada.

– O que houve? – levantei num salto.

– Você estava tendo um pesadelo. Me assustei. – a puxei para um abraço.

– Desculpe Mãe, não queria assustá-la. – ela se aconchegou em meus braços.

– Não controlamos sonhos. – minha mãe se afastou, sentou na cama.

Sentei ao lado dela.

Permanecemos em silencio por alguns minutos.

Poderiam ser horas.

– O que faremos, sem ele aqui Mãe? Como faremos isso? – as lágrimas escaparam sem permissão.

– Vamos seguir. A vida segue Mike. E vivi com o seu Pai, tempo o suficiente para aprender isso. O vazio que ele nos deixou jamais poderá ser ocupado, mas ele não deve nos engolir. – as lágrimas pingavam nas mãos dela, seu tom de voz era embargado. – Eu farei o que tinha prometido a ele antes. Vou viver, e serei o melhor que posso ser. Ele acreditava em mim. Não o decepcionei em vida, não farei isso na morte. Daremos um passo de cada vez. – ela apertou minha mão.

Assenti colocando minha mão sobre a dela.

– Um passo de cada vez. – repeti, e faria isso a cada segundo do meu dia.

– Vamos tentar comer alguma coisa. – Minha Mãe se levantou e saiu do quarto.

Meus pensamentos voltaram para o meu sonho. Não conseguia me lembrar ao certo.

Sentia-me angustiado.

Desci para tomar café.

Fiquei á mesa. Mas tanto Eu quanto minha Mãe, não conseguimos comer nada realmente.

Antes das dez da manhã, algumas tias, do meu Pai, e da minha Mãe vieram fazer uma visita.

A irmã da minha Mãe veio junto, e ficará uns dias.

Não estava prestando atenção de fato, no que era dito.

Não conseguia deixar de olhar o balanço, na arvore do lado de fora.

Meu Pai costumava passar horas deitado, lendo, ou me empurrando ali quando era pequeno e o deixava fazer isso.

– Mike. Vá tomar um ar filho. Vá respirar. Sei que o que aconteceu foi ainda mais forte para você. Vá respirar, você parece sufocado aqui. – ela abraçava minha cintura, o rosto descansando nas minhas costas. – Eu estarei bem. Sua Tia vai ficar, e ela me deixa mais calma.

Apenas assenti.

Me virei e dei um beijo em sua testa.

Peguei as chaves do carro, e sai.

Dirigi pela cidade.

Parei na praça.

Quando voltei a Forks, passava horas sentado neste lugar, tentando encontrar uma forma de não matar meus Pais de desgosto, sem continuar sendo tão infeliz.

Caminhei até ficar em frente à loja que meu Pai amava tanto.

Olhei para a loja, e agora o café de Toshiro Webber, que ficava ao lado.

A primeira lembrança preenchendo minha mente foi da linda morena, que trabalhou ali, e mudou minha vida.

– Leah! – minha respiração acelerou. – Foi com ela que eu sonhei. – fechei os olhos e lembrei da voz, do pedido. – Jacob!

Sem me dar conta e nem saber ao certo como, já estava girando a chave na ignição.

Dirigi em alta velocidade pela auto estrada.

Parei o caro diante a casa onde Jacob vive com os amigos.

Estava vazia.

– Mike? Esta tudo bem? – Eike saia da mata, me encarava preocupado.

– Preciso falar com Jacob. – a frase saiu mais como um pedido.

Ele assentiu.

– Venha eles estão nos penhascos. Collin viu quando Leah caiu... – ele mediu as palavras, e estendeu as mãos.

– Sei, me leve, preciso falar com ele. – Eike me ajeitou em suas costas.

Tudo ao meu redor parecia um borrão.

– Tudo bem ai? – Eike se certificou.

– Sim, estou começando a me acostumar parecer um boneco. – sorri fraco, assim como Eike.

– Jacob esta ali. – ele apontou.

Merida caminhou em minha direção, e me deu um abraço.

– Oi.

– Oi. – a apertei em meus braços, com os olhos fixos em Jacob. – O que esta havendo? – fiz um gesto na direção onde ele estava.

– Leah caiu neste ponto. Estamos tentando canalizar alguma coisa. Sabemos que havia híbridos com os Romenos. Só isso. – apenas assenti.

Caminhei na direção de Jacob.

– Não vou perguntar como esta se sentindo hoje, Mike. – ele falava sem olhar para trás. – Acho essa pergunta idiota, pois sei bem, como esta se sentindo.

Moira e Ayra estavam paradas de mãos dadas e olhos fechados ao lado dele.

– Preciso falar com você. – fui direto.

Ele se virou para me olhar.

Parecia me analisar.

– Claro. Venha. – ele caminhou por uma trilha.

Passamos por Seth, e Nessie.

– Se não se importa. – Jacob estendeu a mão.

Revirei os olhos.

– Vocês deveriam aprender que caminhar lentamente é interessante em algum lugar do planeta. – Jacob me lançou em suas costas, me senti um idiota.

– Claro, claro. – ele respondeu.

Fechei os olhos, e trinta segundos depois. Ele parou.

Desci das costas imensas dele desconfortável.

– O que houve? – Jacob parou um pouco a frente.

– Porque viemos para cá? – olhava ao redor me sentindo desconfortável. E com a sensação de que algo nada agradável ia me atingir.

– Achei que queria conversar sem espectadores. – ele olhou ao redor. – O que esta havendo?

http://www.youtube.com/watch?v=hBcXe2B97TQ

– Leah. Eu sonhei com ela. Ou melhor, aquilo não me pareceu ser sonho Jacob. – a postura calma desapareceu. – Você precisa sair daqui Jacob. Rápido. Ou será pego. Vá embora. – as palavras sem permissão.

– O que você conseguiu ver? – o tom dele era desesperado.

– Nada, só consegui ouvir. Ela me pedia para mandá-lo embora. Vá.

– Como farei isso... – a frase dele morreum antes de se completar, e ele parou a minha frente, deu um assovio alto, que pareceu sacudir as arvores por um momento. – Afaste-se.

Só consegui dar alguns passos, e fiquei paralisado.

Uma mulher toda de preto saia da mata. Ao lado dela mais dois homens.

– Acalme-se. – ela apenas estendeu a mão na direção de Jacob. Parecia tê-lo paralisado.

Atrás dela, surgiu aquele maldito vampiro, que esteve na reserva, com Leah aquela tarde.

– Finalmente. Você é difícil de encontrar. Mas finalmente conseguimos nos conhecer pessoalmente. – o sorriso de alegria era mórbido.

Não conseguia me mover. Pelo canto do olho, vi Alguns Lobos no chão.

– Onde ela esta? – a voz forte de Jacob parecia sufocada.

– Ela? Você quer dizer a fêmea? Adorável Alfa Leah. Ela esta viva. E não quero mudanças nesta situação. – ele parecia quase gentil. Mais a ameaça velada no tom de voz era predominante.

– O que diabos você quer comigo? Deixe-a fora disso. – Jacob disse entre dentes.

– Podemos tentar. E quero algo simples. Você nasceu para fazer. E fará. Depois vou deixá-lo em paz, para desfrutar esta forma medíocre de vida que você escolheu viver. – ele se aproximou de Jacob que não se movia. Olhou em minha direção. – O corajoso humano de olhos azuis. Você seria um vampiro interessante.

– Deixe-o em paz, ou nenhuma magia, me fará ajuda-lo em nada. – a tom ameaçador na voz de Jacob, chamou atenção do vampiro.

– Você não faz idéia o motivo para o qual nasceu ainda sim é imponente, soberano. Criança, quando souber o poder em suas mãos, será rei. Contudo, agora virá comigo, e dormindo, pois quero chegar inteiro ao nosso destino. Ravenna. – a mulher ao lado dele, se aproximou, e tocou a testa de Jacob.

O corpo dele caiu aos pés dela.

Dois homens imensos pegaram Jacob, e definitivamente não se pareciam Vampiros.

– Desculpe parecer hostil, mas quando se luta em uma guerra, os efeitos colaterais não são agradáveis. – ele parou a centímetros do meu rosto. – Diga as Bruxas, e aos Espíritos Guerreiros, que respondo a altura visitas hostis. Eles não são as únicas linhagens de Guerreiros, e elas não são as únicas Bruxas neste mundo. Pensem bem antes de qualquer ato. Sejamos amigos, e tudo se encaixará. – o sorriso quase simpático se espalhou pelos lábios dele.

Minha visão escureceu.

– Vamos acorde Mike.

A voz se parecia tanto com a do meu Pai.

Abri os olhos, e estava cercado por várias pessoas.

– O que aconteceu Mike? Onde esta Jacob? – o tom de voz de Moira beirava o desespero.

– Mike você esta bem? – Merida me olhava aliviada.

– Eles o levaram. – me sentei

– O que?! – quase todos disseram em uníssono.

– Como? – Moira sentou ao meu lado, parecia sem rumo.

– Não sei o que houve ao certo, ele não se movia. – me levantei meio zonzo.

Sam me amparou.

– Ninguém ouviu aproximação. – Graham ponderou.

– Bruxas? – Scott e Aquilles disseram juntos.

– Não seria a primeira vez que isso acontece aqui. – Quill andava de um lado para o outro.

– Bruxas, e Lobos. Se não eram pareciam. – ajeitei a blusa. – Ele mandou um recado. – Merida e Ayra se entreolharam.

– O que disseram? – Sam continuava ao meu lado.

– Quem pensem bem antes de atacar, pois eles tem espíritos e outras Bruxas ao lado deles. – a silencio foi opressor.

– Vamos trazê-los de volta. – Graham abraçou Moira.

– Venha Mike, você precisa descansar. – Merida estendeu a mão.

– Eu o levo. – Nessie ofereceu. – Vamos Mike. – ela estendeu a mão.

A segurei e senti meus pés saindo do chão.

Nessie saiu em disparada pela mata.

Não me levou para reserva, ou minha casa.

Me levou para o chalé dos Pais.

Ao chegar lá Kate abriu a porta aflita.

– O que esta havendo? – perguntei confuso.

– Mike preciso das imagens na sua mente. – Nessie parecia me pedir algo precioso.

– Como assim? – me senti confuso.

– Apenas lembre-se Mike, o que aconteceu a pouco, quando Nessie tocar seu braço.

– Isso vai ajudar os dois? – me senti desconfortável.

– Sim muito. – Kate sorriu.

Fechei os olhos. Repassando mentalmente o que acabara de presenciar.

Abri os olhos junto com Nessie.

– O que esta havendo? – cruzei os braços.

– Leah não esta com as mesmas pessoas que levaram Jacob. – Nessie olhava para Kate.

– Vamos contar a eles quando? – Kate fechou os olhos, quando Reneesme tocou em seu braço.

– Quando conseguirmos ter certeza onde Leah esta. – Nessie andava e um lado para o outro. – Eles têm Jacob agora. Isso pode parecer ruim, e é, mas enquanto eles não souberem, ela esta segura, pois esta longe deles.

– Por favor. Digam agora o que esta havendo, ou saio daqui e conto a todos que vocês sabem onde Leah esta, ou estão quase chegando a essa conclusão. – ameacei.

– Mike, para sua segurança, é melhor não saber tudo. – Nessie me olhava com cautela.

– Não saber tudo? – a imagem do meu Pai preencheu minha mente. – Reneesme, meu Pai morreu nos meus braços. Ele não deveria saber tudo. Ele ia pescar. Pescar! Ele sim estava em segurança, ou achava que estava, pois no mundo onde ele vivia o único mal na mata aquele momento seria o escuro, e seus dois pés esquerdos. Mas ele não sabia que o mundo em que vivia não existia, e que monstros existem. Ele deveria ter ficado em segurança, na ignorância, que eu queria voltar a ter. Mas a realidade um dia nos alcança. Se eu cheguei vivo, e estou em pé diante dos seus olhos, nada mais vai me derrubar. Eu não sabia o quanto podia agüentar até ver meu Pai morrer, nos meus braços. Eu cheguei até aqui. Eu não queria sequer ter dado um passo neste mundo. Mas agora não vou fugir. Então desista de me poupar, e querer uma segurança que eu não tenho a muito tempo. Diga. – enxuguei as lágrimas que molharam meu rosto, e que não consegui segurar ao falar do meu Pai.

– Ok. – Kate enxugou o rosto.

– Sente-se. Vamos contar a história toda. – sentei ao lado de Nessie.

Pelo visto tudo o que eu achava que estava vivendo não era metade do que ainda esta por vir.

Mas ouvi do meu Pai que, “A vida vai muito alem do que nossos olhos conseguem alcançar, e o que nossa mente consegue entender.”

Reclamar, sentir ódio, ou tentar fugir agora, só me trará desgaste.

Não vou decepcioná-lo em sua morte.

Serei o melhor que posso ser. Por mim, por ele e minha Mãe. E por Leah.

O levarei para sempre, e é nele que vou me apoiar em momentos como este.

Serei o homem que ele acreditou, e que Eu sempre soube que seria.



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Notas finais do capítulo

N/Bruna: Esta ai Matilha.

Espero que tenham gostado.
Que tenhamos conseguido passar a emoção que o capitulo exigiu de nós. Pois este foi muito, muito difícil de sair, por conta dessas emoções.

Próximo post será a narrado por nosso Alfa sequestrado Jacob Black.

Até mais Matilha.