- Tá! Tá! Eu saio está bem? – Eu falei já fora do quarto, enquanto a Cat havia finalmente parado de me arrastar para fora. Afinal, eu namorava a Jade... Por que eu tinha que sair então? Que injustiça...

- Obrigado pela sua compreensão. – Ela fez aquela voz de atendente, e deu um sorriso divertido. Fechando a porta do hospital na minha cara.

Me sentei no mesmo banco que havia sentado a um tempo atrás.Afinal, Jade era uma garota, e iria demorar uma eternidade para ficar pronta, e ainda mais que a Cat também estava lá... Conformado com a demora, minha mente começou a procurar vagas lembranças dos últimos dias, e certamente me lembrei do Jonh.

Aquele idiota! Ele é o motivo disso tudo está acontecendo... Argh.

- Beck Oliver... – Ouvi uma voz familiar chamando meu nome, era do Jonh.Só que não presunçosa como sempre, e sim... pacífico.

Quando olhei em volta pude ver ele. Com uns envelopes nas mãos, e uma mochila na costa e uma mala de viagem.

- O que está fazendo aqui? Se tocar um dedo nela de novo eu te mato. Está me ouvindo? Eu te mato! – Falei rapidamente, enquanto me levantava da cadeira e ameaçava ele. As poucas pessoas que estavam no local ficaram com medo, algumas foram embora.

- Isso não vai ser preciso. Ela e muito menos você, não me verão novamente. – Ele falou com um sorriso no rosto, e balançando a cabeça enquanto fitava os envelopes brancos nas mãos.

- Jura? Pois esse é meu maior desejo. – Falei presunçoso. Estava me tornando realmente muito melhor nas respostas, estou virando a Jade. Ah meu Deus!

- Beck. Tome isto. – Ele me entregou um dos envelopes. Pude ver vagamente que estava destinado a Jade... O que seria aquilo?

- Para que? – Eu perguntei. – E por que é para a Jade? Como ficou sabendo que estávamos aqui?

-  É para ela ler. Um pedido de desculpas. E eu tenho meus contatos.

- Ah... Pedido de desculpas? – Zombei, não estava acreditando nisso. Percebi que as ultimas pessoas estavam indo embora...

- É. Eu realmente percebi que estava errado e que... Não deveria ter feito isso. – O tom de voz dele, mudou. Dava para ver que ele estava falando a verdade, ou então ele realmente é um bom ator.

- Não deveria ter feito mesmo. – Mesmo achando por um segundo que ele estava falando a verdade, falei mesmo assim. Não confiaria no Jonh, e aprendi isso da maneira mais difícil.

- Vamos conversar. – Ele disse calmo. Nos sentamos lado a lado nas cadeiras.

- Fale. – Eu disse depois de algum tempo de silencio. Não queria que a Jade saísse e visse o Jonh aqui.Ele tinha que ir embora o mais depressa o possível.

-  Desde que voltei, achei que a amava mais que tudo no mundo. Mas... Depois de um tempo, percebi que não era amor que eu sentia por ela. Eu sempre tive tudo que quis, e ela foi a única pessoa com coragem para me dizer “não”... Eu fiquei horrorizado, obtive um pensamento de vingança, eu quis voltar com ela, quis ter ela para mim. E para mostrar a vocês que eu poderia ter tudo o que eu queria... – Ele deu uma pausa, parecia estar falando a verdade. - ... Eu não quero fazer ela sofrer mais, eu realmente sou um monstro... Não era para eu ter feito aquilo com ela.

- E então, por que  você fez? – Eu perguntei.

- Eu tinha apenas 13 anos. Não sabia o que era certo e racional fazer.

- Jonh. Ela tinha 12 anos! E você era o mais velho. Por que começou a namorar ela? Por que começou a agredi-la? – Eu perguntei, eu queria mesmo chegar ao fim disso tudo.

- Eu sei. Ela era uma criança. Éramos crianças. Sabe, estávamos na sexta série... Eu sempre tive as meninas que eu queria... E ela parecia perfeita para mim... E então eu pedi, ela aceitou... Um dia brigamos, e eu bati nela. E desde então...

- Desde então você começou a bater nela. Ela se distanciou de todos, maltratou a todos. Se mudou completamente e saiu de suas vistas.

- E se eu não estivesse feito isso, ela poderia hoje não ser a Jade West que você ama e que conhece. Mesmo assim, ainda ficaria com ela?

Isso me pegou de surpresa, nunca passou pela minha cabeça que se ele não estivesse feito aquilo no passado,talvez não teríamos um futuro juntos. Ela poderia ser qualquer garota doce e sorridente que se encontra por ai. Eu poderia ter escolhido qualquer outra ... E nunca ter conhecido a maravilhosa pessoa que ela é.

- Vo- você... Tem razão. – Eu parei, e comecei a pensar um pouco. - ... Mesmo assim, nossos destinos seriam juntos, de alguma forma nos apaixonaríamos. Você sabe... – Sorri. – Ela é apenas perfeita para mim.

 Ele sorriu de volta. – Eu estou indo embora, iria pedir desculpas pessoalmente a ela. Mais,eu achei melhor me lembrar dela apenas por lembranças do passado.  Então vim ao hospital, e dei a carta a você.

- Vai mesmo embora? – Perguntei. Isso soou estranho, afinal até uns 2 minutos atrás eu desejava que esse imbecil saísse da minha frente o mais rápido o possível.

- Vou. A carta diz onde que eu vou morar. De a ela, assim que estiver boa.Vou sentir saudades. – Ele disse se levantando. – Desejo a maior felicidade do mundo a vocês dois. E por favor, fique com ela, e não a perda de jeito nenhum.

- Eu já faço isso a muito tempo, não é agora que vou deixar ela escapar de  meus braços. – Confessei, a verdade era essa.

- Até mais.

- Até mais. – Eu respondi. Observei ele ir em direção as malas, pegar elas e desaparecer  da minha vista.

- Beck. – Ouvi a voz da Jade. Olhei para  a porta, e a vi já vestida, ao lado de Cat.

- Jade! – Me levantei rapidamente  e fui para perto dela, a envolvi em meus braços, dando o abraço mais demorado que eu já tinha dado. A beijei profundamente, só nos separamos por causa de falta de ar.

- Beck... De onde tirou esse envelope? – Cat me perguntou, apontando para o papel, que estava a um bom tempo em minha mão e eu nem havia percebido.

- Longa historia. Vem eu conto mais tarde, agora estou louco para sair deste hospital. – Eu disse, segurando a Jade pela cintura, e andando ao lado da Cat em direção a saída.

- Eu também, não aguento mais esse cheiro. – Ouvi Jade sussurrar, colocando a cabeça no meu ombro.

Essa era uma das melhores sensações que senti na vida, de ter na mente o pensamento de que tudo estava voltando ao normal, bem e  realmente perfeito. Eu não deixaria ninguém estragar aquilo.