Desci sonolenta, e meus pais estavam sentados em volta da bancada, onde se encontrava meu prato com panquecas e bastante xarope, e meu soco com o que parecia ser suco de laranja. Minha mãe enfim levantou o envelope. Eu deveria estar animada, estava à espera da minha carta de admissão pra estudar na Institut Français du Design, mas simplesmente não estava. Já foram tantas as vezes que minha mãe disse que tinha carta para mim, e fui correndo achando que era minha carta, e era só mais uma coisa idiota como propagandas de iogurteria, que desisti. Mas minha mãe me olhou, com um sorriso no rosto:

– Pode desfazer essa cara de tristeza, querida. É ela. Finalmente é ela! - levantei correndo em direto a minha mãe. Puxei a carta da mão dela, e soltei um berro.

– Não pode ser, estou com medo do que pode estar escrito. Desejem-me sorte. – rasguei o envelope sem pena.

– Abre logo isso. – dizia Aaron, curioso e sem paciência.

Mme Angelinne Gemma Lebrev,

É com prazer que lhe comunicamos que a partir do dia 06/02/2012 faz parte oficialmente do corpo estudantil de nossa faculdade, Institut Français du Design. A senhorita frequentará aulas de segunda-feira a sexta-feira, no horário das 18 às 22 horas. Sua turma é a 103, na sala 2, ao lado da cafeteria. Tolerância de atraso é somente de 3 minutos.

Cordialement,

Institut Français du Design.

– E então, querida? – mamãe me disse com uma cara de aflição.

– Fala logo, Angel. – Aaron suplicava.

– Brigitte, deixe a menina ler com... – meu pai ia dizendo quando o interrompi.

– PASSEI! PASSEI! ESTOU DENTRO DA FACULDADE DE MEUS SONHOS!

– Querida, meus parabéns! Você esperou tanto por isso, e finalmente conseguiu. – estávamos em um abraço família, todos juntos, sorrindo e comemorando. – E por isso, devo dizer-lhe que permito que peça qualquer coisa.

– Não quero nada! – respondi, incrédula, mas sorridente. – Isso é suficiente.

Momentos assim, em família, eram raros, por isso eu ficava tão feliz quando acontecia. Finalmente, tudo estava certo na minha vida! Tudo perfeito, como deveria ser. Subi para meu quarto correndo, e peguei o telefone. Disquei as chamadas recentes, e apertei o botão.

– Adivinha! – eu gritava no telefone.

– Você entrou?!?!?! – era Dominique, minha melhor amiga desde os seis anos de idade. Tinha dezessete anos, cabelos lisos e loiros e pele clara, muito clara. Era linda, e ela sim namorou o capitão do time da nossa escola. Mas isso não subia a cabeça dela. Ela continuava uma menina preocupada com estudos, ótimas notas e um desejo: ir para a mesma faculdade que eu.

– CONSEGUI! FINALMENTE CONSEGUI! – eu estava definitivamente feliz.

– Minha carta também chegou, quero dizer, preciso te contar... – ela fez uma voz desanimada, e rapidamente parei de gritar.

– O que aconteceu? – eu estava realmente preocupada

– EU ENTREI TAMBÉM! CONSEGUI! CONSEGUI! ESTUDAMOS NA MESMA FACULDADE!

– Isso merece uma comemoração. Jantar na torre Eiffel, no 58 Tour Eiffel, primeiro andar, às 9. Só nós duas, te vejo lá. Bisous, bisous.